Ellen White
Caim e Abel
HR - Pag. 52Caim e Abel e Suas Ofertas
Caim e Abel, filhos de Adão, diferiam grandemente em caráter. Abel temia a Deus. Caim acariciava sentimentos de rebeldia e murmurava contra Deus por causa da maldição pronunciada sobre Adão e porque fora a Terra amaldiçoada por seu pecado. Estes irmãos tinham sido instruídos com respeito à provisão feita para a salvação da raça humana. Deles era requerido que praticassem um sistema de humilde obediência, mostrando sua reverência a Deus e fé no Redentor prometido. Mediante o sacrifício dos primogênitos do rebanho e sua solene apresentação, com o sangue, como oferta queimada a Deus mostrariam sua dependência dEle. Este sacrifício devia levá-los a ter sempre em mente o seu pecado e o Redentor por vir, o qual devia ser o grande sacrifício pelo homem.
Caim trouxe suas ofertas perante o Senhor com murmuração e infidelidade no coração em referência ao Sacrifício prometido. Ele não estava disposto a seguir estritamente o plano de obediência, procurar um cordeiro e oferecê-lo com os frutos da terra. Meramente tomou dos frutos da terra e desrespeitou as exigências de Deus. Deus tinha feito saber a Adão que, sem o derramamento de sangue, não podia haver remissão de pecados. Caim não estava preocupado em trazer nem mesmo o melhor dos frutos. Abel aconselhou a seu irmão que não viesse diante do Senhor sem o sangue do sacrifício. Caim, sendo o primogênito, não quis ouvir seu irmão. Desprezou seu conselho e, com dúvida e murmuração com respeito à necessidade das ofertas cerimoniais, apresentou sua oferta. Mas Deus não a aceitou.
Abel trouxe dos primogênitos de seu rebanho e da gordura, como Deus tinha ordenado; e cheio de fé no Messias por vir, e com humilde reverência, apresentou a sua oferta. Deus aceitou a sua oferta. Uma luz brilhou do Céu e consumiu a oferta de Abel. Caim não viu manifestação de que a sua era aceita. Irou-se com o Senhor e com seu irmão. Deus condescendeu em mandar um anjo para conversar com ele.
O anjo inquiriu quanto à razão de sua ira, e informou-o de que, se ele fizesse o bem e seguisse as orientações que Deus tinha dado, Ele o aceitaria e estimaria sua oferta. Mas se não se submetesse humildemente aos planos de Deus, crendo e obedecendo, Ele não podia aceitar sua oferta. O anjo declarou a Caim que isto não era injustiça da parte de Deus, ou parcialidade mostrada para com Abel, mas que era em virtude de seu próprio pecado e desobediência à expressa ordem de Deus, que Ele não podia aceitar sua oferta; e se fizesse o bem seria aceito por Deus, e seu irmão lhe daria ouvidos, e Caim o guiaria, porque era o mais velho.
Mas mesmo depois de ser assim fielmente instruído, Caim não se arrependeu. Em vez de censurar-se e aborrecer-se por sua incredulidade, ainda se queixou da injustiça e parcialidade de Deus. Em sua inveja e ódio, contendeu com Abel e o reprovou. Abel mansamente apontou o erro de seu irmão e mostrou que o equivocado era ele próprio. Caim porém, odiou a seu irmão desde o momento em que Deus lhe manifestou as provas de Sua aceitação. Seu irmão Abel procurou acalmar-lhe a ira, mostrando que houve compaixão de Deus em salvar a vida de seus pais, quando podia ter trazido sobre eles morte imediata. Disse a Caim que Deus os amava, ou não teria dado Seu Filho, inocente e santo, para sofrer a ira de que o homem, pela sua desobediência, era merecedor.
Os Prenúncios da Morte
Enquanto Abel justificava o plano de Deus, Caim tornou-se enraivecido, e sua ira cresceu e ardeu contra Abel até que em sua raiva o matou. Deus o inquiriu a respeito de seu irmão, e Caim proferiu uma culposa falsidade: "Não sei: sou eu guardador do meu irmão?" Gên. 4:9. Deus informou a Caim que sabia a respeito de seu pecado - que estava informado de todos os seus atos, mesmo os pensamentos de seu coração, e disse-lhe: "A voz do sangue do teu irmão clama a Mim desde a terra. És agora, pois, maldito por sobre a terra cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. Quando lavrares o solo não te dará ele a sua força; serás fugitivo e errante pela Terra." Gên. 4:10-12.
A princípio, maldição sobre a terra tinha sido sentida apenas levemente; mas agora, uma dupla maldição repousava sobre ela. Caim e Abel representam as duas classes, os justos e os ímpios, os crentes e os incrédulos, que deviam existir desde a queda do homem até o segundo advento de Cristo. O assassínio de Abel por seu irmão Caim, representa os ímpios que teriam inveja dos justos, odiando-os porque são melhores do que eles. Teriam inveja e perseguiriam os justos e os arrastariam à morte, porque seu reto proceder lhes condenava a conduta pecaminosa.
A vida de Adão foi de um triste, humilde e contínuo arrependimento. Quando ensinava seus filhos e netos a temerem o Senhor, era com freqüência amargamente reprovado por seu pecado, de que resultara tanta miséria sobre sua posteridade. Quando deixou o belo Éden, o pensamento de que deveria morrer fazia-o estremecer de horror. Olhava para a morte como uma terrível calamidade. Foi primeiro familiarizado com a horrível realidade da morte na família humana, pelo seu próprio filho Caim ao matar seu irmão Abel. Cheio de amargo remorso por sua própria transgressão e privado de seu filho Abel, olhando a Caim como um assassino, e conhecendo a maldição que Deus pronunciara sobre ele, o coração de Adão quebrantou-se de dor. Amargamente ele se reprovou por sua primeira grande transgressão. Suplicou o perdão de Deus mediante o Sacrifício prometido. Ele havia sentido profundamente a ira de Deus pelo crime cometido no Paraíso. Testemunhou a corrupção geral que mais tarde finalmente forçou Deus a destruir os habitantes da Terra por um dilúvio. A sentença de morte pronunciada sobre ele por seu Criador, que a princípio lhe pareceu tão terrível, depois que ele viveu algumas centenas de anos, parecia justa e misericordiosa em Deus, pois trazia o fim a uma vida miserável.
Ao testemunhar Adão os primeiros sinais da decadência da Natureza com o cair das folhas e o murchar das flores, chorou mais sentidamente do que os homens hoje choram os seus mortos. As flores murchas não eram a razão maior do desgosto, visto serem tenras e delicadas; mas as altaneiras, nobres e robustas árvores arremessando suas folhas e apodrecendo, apresentavam diante dele a dissolução geral da linda Natureza, que Deus criara para especial benefício do homem.
Para seus filhos e os filhos deles, até a nona geração, ele descrevia a perfeição de seu lar edênico, e também sua queda e seus terríveis resultados, e a carga de pesar que veio sobre ele, em conseqüência da ruptura em sua família, que redundou na morte de Abel. Referiu-lhes os sofrimentos que Deus tinha trazido sobre ele, para ensinar-lhe a necessidade de estrito apego à Sua lei. Declarou que o pecado seria punido, em qualquer forma que existisse. Instou com eles para que obedecessem a Deus, que os trataria misericordiosamente, se O amassem e temessem.
Os anjos mantinham comunicação com Adão depois da queda, e informaram-no do plano da salvação, e que a raça humana não estava além da redenção. Apesar da terrível separação que tivera lugar entre Deus e o homem, uma providência tinha sido tomada mediante o oferecimento de Seu amado Filho, pela qual o homem podia ser salvo. Mas sua única esperança estava numa vida de humilde arrependimento e fé na provisão feita. Todos os que aceitassem a Cristo como seu único Salvador,
seriam de novo colocados no favor de Deus mediante os méritos de Seu Filho.
Do Livro Historia da Redenção Pags 52 - 56
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