Manoel Barbosa da Silva
Mateus 17: 24 – 27
Tendo eles chegado a
Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe
perguntaram: O vosso mestre não paga as didracmas?
Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando:
Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra imposto ou tributo? dos
seus filhos, ou dos alheios?
Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são isentos os
filhos.
Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro
peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-lo
por mim e por ti.
Voltando a Cafarnaum, Jesus
não procurou os bem conhecidos lugares em que havia ensinado o povo, mas,
tranquilo, buscou com os discípulos a casa que Lhe devia servir temporariamente
de lar. Durante o resto de Sua permanência na Galileia, era Seu intuito
instruir os discípulos, de preferência a trabalhar em favor das multidões.
Na viagem pela Galileia,
tentara Cristo outra vez preparar o espírito dos discípulos para as cenas que o
aguardavam. Disse-lhes que devima ir a Jerusalém para ser morto e ressuscitar.
E acrescentou a estranha e solene comunicação de que devia ser entregue nas
mãos dos inimigos.
Nem ainda então compreenderam
os discípulos as Suas palavras. Embora os envolvesse a sombra de uma grande
tristeza, ainda em seu coração encontrou lugar o espírito de rivalidade.
Discutiram entre si qual
seria considerado maior no reino.
Essa contenda pensou eles
ocultar de Jesus, e não procuraram, como de costume, achegar-se para mais perto
dEle, mas demoraram-se atrás, de modo que Ele lhes ia na dianteira quando
entraram em Cafarnaum.
Jesus leu-lhes os
pensamentos, e ansiou aconselhá-los e instruí-los. Esperou, porém, para isso,
uma hora de sossego quando os corações estivessem abertos para Lhes receber as
palavras.
Pouco depois de haverem
chegado à cidade, o coletor do tributo
do templo foi ter com Pedro, fazendo a pergunta:
"O vosso Mestre não paga
as didracmas?" Mat. 17:24.
Esse tributo não era uma taxa
civil, mas uma contribuição religiosa, exigida de todo judeu,
anualmente, para manutenção do templo.
A recusa de pagar o tributo
seria considerada como deslealdade ao templo - segundo o conceito dos rabis, um gravíssimo pecado.
A atitude do Salvador para
com as leis dos rabis, e Suas positivas reprovações aos defensores da tradição,
proporcionaram pretexto para a acusação de estar Ele procurando deitar por
terra o serviço do templo.
Agora, os inimigos viram um ensejo de lançar
descrédito sobre Ele. No coletor dos
tributos encontraram um ponto aliado.
Pedro viu na pergunta do dito
funcionário uma insinuação quanto à lealdade de Cristo ao templo.
Zeloso da honra do Mestre,
respondeu precipitadamente, sem O consultar, que Jesus pagaria o tributo.
Mas Pedro não compreendeu
senão em parte o intuito do que o interrogava.
Havia algumas classes
consideradas isentas do pagamento do tributo.
No tempo de Moisés, quando os
levitas foram separados para o serviço do santuário, não lhes foi dada herança
entre o povo. O Senhor disse: "Levi com seus irmãos não têm parte na
herança; o Senhor é a sua herança." Deut. 10:9.
Nos dias de Cristo, os sacerdotes e levitas eram ainda
tidos como especialmente consagrados ao templo, não lhes sendo exigida a
contribuição anual para a manutenção do mesmo. Também os profetas estavam isentos desse pagamento.
Requerendo tributo de Jesus,
os rabis punham à margem Seus direitos como profeta e mestre, e tratavam-no como uma pessoa comum.
A recusa de Sua parte, de
pagar o tributo, seria apresentada como deslealdade ao templo; ao passo que,
por outro lado, o pagamento do mesmo seria tomado como justificação de O
rejeitarem como profeta.
Havia pouco tempo, apenas,
Pedro reconhecera Jesus como o Filho de Deus; mas deixara nesse caso de
salientar o caráter divino do Mestre. Por sua resposta ao coletor, de que Jesus
havia de pagar o tributo, sancionara, virtualmente, o falso conceito que os
sacerdotes e principais estavam procurando generalizar a Seu respeito.
Ao entrar Pedro em casa, o
Salvador não fez referência ao que sucedera, mas perguntou: "Que te
parece, Simão? de quem cobram os reis da Terra os tributos, ou o censo? Dos
seus filhos, ou dos alheios?" Pedro
respondeu: "Dos alheios." E Jesus disse: "Logo, estão livres os filhos." Mat. 17:25 e 26.
Ao passo que o povo de um país é obrigado a pagar imposto
para manutenção de seu Rei, os filhos do próprio Rei ficam livres. Assim de
Israel, o professo povo de Deus, era exigido que mantivesse Seu serviço; mas Jesus, o Filho de Deus, não estava sob
tal obrigação. Se os sacerdotes e levitas estavam isentos, em virtude de
sua ligação com o templo, quanto mais Aquele para quem o templo era a casa de
Seu Pai!
Se Jesus houvesse pagado o
tributo sem protestar, teria, virtualmente, reconhecido a justiça da
reclamação, tendo assim negado Sua divindade.
Mas ao passo que viu ser bom
satisfazer à exigência, negou o direito sobre que esta, se pretendia basear.
Provendo o necessário para pagamento do tributo, deu Ele o testemunho de Seu
caráter divino. Foi demonstrado que Ele era um com Deus e, portanto, não Se
achava sob tributo, como um simples súdito do reino.
"Vai ao mar", disse Ele a Pedro, "lança o anzol, tira o
primeiro peixe que subir, e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter;
toma-o, e dá-o por Mim e por ti." Mat. 17:27.
Conquanto houvesse revestido
Sua divindade com a humanidade, revelou, nesse milagre, a Sua glória.
Era evidente ser Este Aquele
que, por meio de Davi, declara: "Porque Meu é todo animal da selva, e as
alimárias sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e
Minhas são todas as feras do campo. Se Eu tivesse fome, não to diria, pois Meu
é o mundo e a sua plenitude." Sal. 50:10-12.
Conquanto Jesus tornasse
claro não Se achar sob obrigação de pagar o tributo, não entrou em discussão
com os judeus a respeito do assunto; pois teriam interpretado mal Suas palavras,
virando-as contra Ele.
Para não escandalizá-los por não dar o tributo, fez
aquilo que não Lhe poderia com justiça ser exigido.
Essa lição deveria ser de
grande valor para os discípulos. Notáveis mudanças se haveriam de em breve
operar nas relações deles para com o serviço do templo, e Cristo os ensinou a não se colocarem, desnecessariamente, em
antagonismo com a ordem estabelecida.
Deveriam, o quanto possível,
evitar dar ocasião a que sua fé fosse mal interpretada. Conquanto os
cristãos não devam sacrificar um único princípio da verdade, cumpre-lhes evitar
debates sempre que isso seja possível
Quem é o Maior?
Quando Cristo e os discípulos
se achavam a sós em casa, enquanto Pedro se dirigira ao mar, Jesus chamou os
outros a Si e perguntou:
"Que estáveis vós
discutindo pelo caminho?" Mar. 9:33.
A presença de Jesus e Sua
pergunta fizeram a questão aparecer-lhes num aspecto inteiramente diverso
daquele em que a tinham considerado quando questionavam pelo caminho. A
vergonha, e um sentimento de condenação própria fê-los emudecer. Jesus lhes
dissera que havia de morrer por amor deles, e sua egoísta ambição achava-se em
doloroso contraste com o abnegado amor dEle.
Quando Jesus lhes disse que
havia de ser condenado à morte e ressurgir dos mortos, buscava atraí-los a uma
conversação a respeito da grande prova de fé porque haviam de passar.
Houvesse os discípulos estado
prontos a receber o que Ele lhes desejava comunicar, e ter-se-iam poupado a
atroz angústia e desespero. Suas palavras lhes teriam levado consolo na hora de
se verem privados dEle, cheios de decepção.
Mas se bem que lhes houvesse
falado tão claramente acerca do que O aguardava, a menção de Sua próxima ida a
Jerusalém lhes suscitou novamente as esperanças de que o reino estava para ser
estabelecido. Isto levara à questão quanto a quem deveria ocupar os mais altos
lugares. Voltando Pedro do mar, contaram-lhe os discípulos a pergunta do
Salvador, e por fim alguém se animou a perguntar a Jesus: "Quem é o maior
no reino dos Céus?"
O Maior
O Salvador reuniu os
discípulos em torno de Si, e disse-lhes: "Se alguém quiser ser o primeiro,
será o derradeiro de todos e o servo de todos." Mar. 9:35.
Havia nestas palavras uma
solenidade e impressividade que os discípulos estavam longe de compreender. O
que Cristo discernia não podiam ver.
Não compreendiam a natureza de Seu reino, e
esta ignorância era a causa aparente de sua contenda.
A causa real, porém, jazia
mais fundo. Explicando a natureza de Seu reino, Cristo acalmaria
temporariamente a questão; isto, no entanto, não teria tocado no motivo básico.
Mesmo depois de haverem recebido o mais pleno conhecimento, ter-se-ia renovado
a dificuldade a qualquer questão de precedência. Assim sobreviria ruína à
igreja de Cristo depois de Sua partida.
A luta pelo mais alto lugar
era a operação do mesmo espírito que dera origem à grande controvérsia nos
mundos de cima, e trouxera a Cristo do Céu para morrer. Diante dEle surgiu a
visão de Lúcifer, o "filho da alva",
sobrepujando em glória a todos os anjos que rodeavam o trono, e ligado pelos
mais íntimos laços ao Filho de Deus. Lúcifer dissera: "Serei semelhante ao Altíssimo" (Isa. 14:12 e 14); e o
desejo de exaltação própria levara conflito às cortes celestiais, e banira uma
multidão das hostes de Deus.
Houvesse na verdade Lúcifer
desejado ser semelhante ao Altíssimo, e nunca teria perdido o lugar que lhe
fora designado no Céu; pois o espírito do Altíssimo manifesta-se em abnegado
ministério.
Lúcifer desejava o poder de
Deus, mas não o Seu caráter. Buscava para si mesmo o mais alto lugar, e toda
criatura que é movida por seu espírito fará o mesmo. Assim serão inevitáveis a
separação, a discórdia e a contenda.
O domínio torna-se o prêmio
do mais forte. O reino de Satanás é um reino de força; cada indivíduo considera
todos os outros como obstáculo no caminho de seu próprio progresso, ou um
degrau sobre o qual pode subir para chegar a uma posição mais elevada.
Enquanto Lúcifer reputava o
ser igual a Deus uma coisa de que se devesse apoderar, Cristo, o Exaltado,
"aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem,
humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz".
Filip. 2:7 e 8. Agora a cruz se achava justamente diante dEle; e Seus próprios
discípulos estavam tão cheios de interesse egoísta - o próprio princípio do
reino de Satanás - que não lhes era possível encher-se de compassivo interesse
para com seu Senhor, ou mesmo compreendê-Lo ao falar de Sua humilhação por
eles.
Mui ternamente, mas com
solene acento, Jesus procurou corrigir o mal. Mostrou qual o princípio que
domina no reino do Céu, e em que consiste a verdadeira grandeza, segundo a
estimativa das normas do alto. Os que eram atuados por orgulho e amor de
distinções, estavam pensando em si mesmos e nas recompensas que deveriam obter,
em vez de cuidar em como devolver a Deus os benefícios recebidos. Eles não
teriam lugar no reino do Céu, pois achavam-se identificados com as fileiras de
Satanás.
"Diante da honra vai a
humildade." Prov. 15:33. Para ocupar um elevado cargo diante dos homens, o
Céu escolhe o obreiro que, como João Batista, assume posição humilde diante de
Deus. O mais infantil dos discípulos é o mais eficiente no trabalho para Deus.
Os seres celestes podem cooperar com aquele que procura não se exaltar, mas
salvar almas.
Aquele que mais profundamente
sente sua necessidade de auxílio divino, há de pedi-lo; e o Espírito Santo lhe
dará vislumbres de Jesus que lhe fortalecerão e elevarão a alma.
Da comunhão com Cristo sairá
ele para trabalhar pelos que estão perecendo em seus pecados. Está ungido para
sua missão; e é bem- sucedido onde muitos instruídos e intelectualmente sábios
fracassariam.
Mas quando os homens se
exaltam a si mesmos, sentindo que são uma necessidade para o êxito do grande
plano de Deus, o Senhor faz com que sejam postos de lado. Torna-se evidente que
o Senhor não depende deles. A obra não se detém por causa de seu afastamento da
mesma, mas vai avante com maior poder.
A alma sincera e contrita é
preciosa diante de Deus. Ele coloca o Seu sinete sobre os homens, não por
posição, não por fortuna, não por sua grandeza intelectual, mas pela sua
unidade com Cristo. O Senhor da glória fica satisfeito com aqueles que são
mansos e humildes de coração. "Também me deste o escudo da Tua salvação:
... e a Tua mansidão" - como elemento no caráter humano - "me
engrandeceu." Sal. 18:35.
"Qualquer que receber um destes meninos em Meu nome", disse Jesus,
"a Mim Me recebe; e qualquer que a Mim Me receber, recebe, não a Mim, mas
ao que Me enviou." Mar. 9:37. "Assim diz o Senhor: O Céu é o Meu trono, e a Terra o escabelo dos Meus
pés:... mas eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito, e que
treme da Minha palavra." Isa. 66:1 e 2.
As palavras do Salvador
despertaram nos discípulos um sentimento de desconfiança de si mesmos.
Ninguém fora especialmente
apontado na resposta; mas João foi levado a duvidar de que em certo caso sua
atitude fora correta. Com espírito de criança, expôs a questão a Jesus. "Mestre", disse ele, "vimos um que em Teu nome expulsava demônios,
o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue." Luc.
9:49.
Tiago e João pensaram que,
opondo-se a esse homem, tinham tido em vista a honra de seu Senhor; começaram a
ver que tiveram ciúmes da sua própria. Reconheceram seu erro e aceitaram a
reprovação de Jesus: "Não lho
proibais; porque ninguém há que faça milagres em Meu nome e possa logo falar
mal de Mim." Mar. 9:39.
Pessoa alguma que se
mostrasse de algum modo amiga de Cristo, devia ser repelida. Muitos havia que
tinham sido profundamente movidos pelo caráter e a obra de Cristo, e cujo
coração se estava abrindo para Ele com fé; e os discípulos, que não podiam ler
os motivos, deviam ter cuidado em não desanimar essas almas.
Quando Jesus não mais Se
achasse pessoalmente com eles, e a obra fosse deixada em suas mãos, não
deviam ceder a um espírito estreito, exclusivista, mas manifestar a larga
simpatia que tinham visto em seu Mestre.
O fato de uma pessoa não se
conformar em tudo com nossas próprias ideias e opiniões, não nos justifica
proibir-lhe o trabalhar para Deus.
Cristo é o grande Mestre; não
nos compete julgar ou ordenar, mas deve cada um sentar-se com humildade aos pés
de Jesus e dEle aprender. Toda alma que Deus tornou voluntária, é um
instrumento por onde Cristo revelará Seu amor cheio de perdão.
Quão cuidadosos devemos ser
para não desanimar um dos que transmitem a luz de Deus, interceptando assim os
raios que Ele queria fazer brilhar no mundo!
A aspereza e a frieza
manifestadas por um discípulo para com uma pessoa a quem Cristo estava atraindo
- um ato como o que João praticara ao proibir alguém de operar milagres em nome
de Cristo - poderia dar em resultado o encaminhar aquela criatura para a senda
do inimigo, ocasionando a ruína de uma alma. De preferência a fazer alguém
isso, disse Jesus: "Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma
mó de azenha e se submergisse na profundeza do mar." E acrescentou: Se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti
entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o
fogo que nunca se apaga. E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para
ti entrares coxo na vida do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno."
Mar. 9:42-44.
LIÇÕES
Não devemos ser porta voz dos
outros.
Pedro não deveria ter dito
que Jesus pagaria o imposto. O certo seria dizer: Perguntem a Ele.
Há pessoas que adoram
determinar o que os outros devem ou não devem fazer .
Não devemos fazer confusão
por coisa pouca.
Mesmo que você tenha direito,
é preferível abrir mão desses direito, do que criar uma confusão. Jesus não
tinha obrigação de pagar as tais didracmas, mas preferiu pagar.
Para trabalhar por e para
Jesus, não é necessário ser importante ou ter um cargo de visibilidade.
O maior no reino de Deus é
aquele que está mais disponível, o cargo mais importante na igreja é o daquele
que mesmo sem cargo nenhum, está sempre disposto a colaborar, e é humilde como
uma criança
Não devemos proibir os outros
de fazer a obra de Deus, só por que não faz parte de nosso grupo.
João queria proibir alguns de
falar e fazer milagres só por que os mesmos não faziam parte do grupo dos doze.
A resposta de Jesus foi: “deixai-os, que
não é contra mim é por mim”.
Devemos estar prontos e
manter o templo de Deus, nosso dízimo ajuda na manutenção e expansão da
pregação do evangelho, nossas ofertas, ajudam a manter o templo.
Quando estamos dispostos a
colaborar com a igreja de Deus, o milagre acontece, Pedro tirou da boca de um
peixe, e nós tiramos de algum lugar.
A irmã Aldimar, em Piracema, esta ajudando a
igreja, fazendo igual Pedro, indo pescar. Como os peixes que ela pesca não tem
dinheiro na boca, ela os vende e leva o
dinheiro para a igreja.