A Crise de Identidade Adventista: Uma Visão da Música de
Adoração
on 3 de
julho de 2012 at 21:22
por: Dr. Samuele Bacchiocchi
Introdução
O último
artigo escrito pelo pastor Lloyd Grolimund intitulado “Fogo na Igreja”
destacou a forma como o estilo de adoração neo-pentecostal, com música rock, drama, danças, falar em
línguas e curas está encontrando seu espaço dentro de um crescente número
de igrejas adventistas na Austrália.
O
problema não está limitado à Austrália. Assinantes de diversas partes do mundo
têm respondido, compartilhando sua preocupação acerca da influência do
pentecostalismo em suas igrejas locais.
A adoção
de estilos pentecostais de adoração é o principal fator contribuinte para a
crise de identidade adventista. Um número cada vez maior de adventistas
lamentam que não podem mais frequentar suas igrejas locais porque estão
ofendidos pelo novo estilo de adoração, com música ritmada e drama. Esta crise é sentida de forma profunda de
diversas formas em diversos países.
Em
outubro de 2003 fui convidado a falar em várias igrejas na Suécia e Noruega.
Durante os 10 dias que passei nestes dois países, fui lembrado com frequência
que nossos crentes estão enfrentando uma crise de identidade adventista, porque
um número cada vez maior deles está adotando o estilo de adoração e o estilo de
vida de outros cristãos. À minha chegada em Estocolmo, Bobby Sjolander, o
pastor de nossa Igreja do Colégio Ekebyholm, na Suécia, pediu-me
especificamente que eu falasse sobre “A Crise de Identidade Adventista no
Século 21”.
O mesmo
aconteceu há algum tempo atrás, em 8 de junho de 2004, quando me foi solicitado
que falasse em uma reunião de todos os pastores e anciãos que estavam
assistindo a campal da Inglaterra do Sul, ocorrida perto de Bristol,
Inglaterra. Esta era a maior reunião campal da Europa, com mais de 3.000
pessoas participando durante a semana e 5.000 no final de semana. O título de
minha apresentação feita aos pastores e anciãos foi “A Crise de Identidade
Adventista”. A resposta foi muito encorajadora, pois vários pastores e anciãos
me entregaram CDs virgens para que eu lhes fornecesse uma cópia da apresentação
para seu uso pessoal.
Em minha
palestra sugeri que nossa identidade adventista tem três componentes
principais: teológicos, existenciais e
litúrgicos, ou seja,
Nossas doutrinas,
Estilo de vida
E adoração.
Aquilo que cremos, como vivemos e como adoramos têm, tradicionalmente, definido a nossa identidade. Temos nos visto como um povo remanescente, chamado a viver uma vida de temperança e um estilo de vida santo, de forma a proclamar a mensagem final de advertência (as três mensagens angélicas) à humanidade.
Desafios Teológicos
Em épocas
recentes, cada um destes três componentes de nossa identidade adventista
esteve sob severos ataques. Neste artigo me concentrarei principalmente na
música de adoração, porque é o aspecto mais controvertido e crítico de nossa
identidade adventista. À guisa de introdução, discutirei brevemente os desafios
teológicos e de estilo de vida que estão erodindo a nossa identidade
adventista.
Teologicamente, várias
de nossas distintivas crenças adventistas têm sido questionadas e mesmo
desafiadas. A última edição da revista “Reflections” (Reflexões) (Janeiro a
Maio de 2004), o periódico oficial do Instituto de Pesquisas Bíblicas da
Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, oferece uma análise perspicaz
dos desafios teológicos oferecidos tanto por adventistas liberais quanto conservadores.
Uma vez que o foco deste artigo é o desafio da música de adoração para a nossa
identidade adventista, faremos apenas uma breve menção de algumas influências
teológicas e de estilo de vida que estão enfraquecendo a nossa identidade
adventista.
1. Criação.
“Durante
aproximadamente os últimos trinta anos” escreve a revista Reflections, “um
pequeno número de adventistas nos círculos acadêmicos tem estado a levantar
questões concernentes à credibilidade de nossa posição acerca da criação, com
base na evidência científica reunida pelos evolucionistas… Desta forma, as duas
opiniões principais oferecidas à igreja por estes eruditos e teólogos são a
evolução teísta ou o agnosticismo, com relação às origens” (Janeiro, pp. 3-4).
Dito de
forma simples, alguns professores adventistas de Ciências e teólogos sustentem
que Deus usou a evolução como método de criação, enquanto outros simplesmente
afirmam que não sabemos como a vida começou neste planeta.
Questionar
ou mesmo rejeitar a doutrina bíblica da criação em seis dias, significa solapar
a credibilidade de crenças fundamentais adventistas, tais como o Sábado e a
Encarnação. Se Deus não criou o mundo em seis dias, então dificilmente Deus
teria instituído o Sábado do sétimo dia para celebrar o término de Sua criação
em seis dias. De forma semelhante, se Deus não participou do tempo humano na
criação, para trazer os seres humanos e sub-humanos à existência, então não
havia razão para que Ele participasse da carne humana na encarnação, para
redimir e restaurar Suas criaturas a uma perfeição original que nunca existiu.
2. O Sábado.
Em anos
recentes o sábado tem sido atacado de diversas formas, por vários
ex-instrutores bíblicos e ex-pastores adventistas. Estes homens têm escrito
numerosos livros e artigos que argumentam que o sábado é uma instituição do
antigo concerto, dado aos judeus, pregado na cruz e, consequentemente, não se
aplicando mais aos cristãos da atualidade. Infelizmente, este ensino, conhecido
como “Teologia do Novo Concerto” tem influenciado milhares de adventistas a
abandonar a igreja.
Durante
os últimos cinco anos tenho passado incontáveis horas expondo as falhas da
chamada Teologia do Novo Concerto. Meu livro The Sabbath Under
Crossfire (O Sábado Sob Fogo Cruzado) e, em grande parte, o desdobramento
de discussões sobre o sábado com nossos ex-irmãos. É difícil de acreditar que
mesmo antigos sabatistas estejam questionando o aspecto global do sábado,
quando Jesus afirmou inequivocamente que “O sábado foi feito por causa do
homem” (Marcos 2:27), não apenas para os judeus. De fato, Jesus fez tudo o que
estava a Seu alcance para esclarecer o intento divino do sábado, ao proclamar o
dia como um tempo para demonstrar misericórdia (Mateus 12:7), para “fazer o
bem” (Mateus 12:12), para salvar vidas (Marcos 3:4), e para libertar pessoas de
fardos físicos e espirituais (Lucas 13:12, 16). Todas as declarações de Jesus
sobre o sábado indicam claramente que Jesus queria abrilhantar o sábado, e não
torná-lo nulo.
Mas o
sábado é atacado hoje não apenas teologicamente, mas também existencialmente
por um número cada vez maior de adventistas que estão adotando a mentalidade da
guarda do domingo. Esta mentalidade consiste em reduzir o sábado a uma hora de
assistência à igreja. Quando o culto divino acaba, o sábado termina. Eles
colocam suas roupas de sábado de volta no armário, fecham o armário e fecham o
sábado. Gastam o resto do dia comendo em restaurantes, fazendo compras em
shopping centers ou visitando lugares de entretenimento.
Ao atacar
o sábado a partir de fora e de dentro da igreja, Satanás está minando a nossa
identidade adventista, porque este dia serve como constante lembrança de nossa
identidade e missão. Um erudito judeu escreveu: “O Sábado preservou os judeus
mais do que os judeus preservaram o sábado.” Creio que o mesmo é verdade para a
nossa igreja adventista. O sábado pode nos ajudar a nossa identidade
adventista, nos lembrando que observarmos um dia santo significa aceitar o desafio de sermos um povo santo em meio a uma geração
de mente secularizada e perversa.
3. O papel de Ellen White.
É
impossível estimar quantos adventistas abandonaram a igreja em anos recentes
por causa da questão do papel profético de Ellen White. Dificilmente passa-se
uma semana sem que eu receba um e-mail de adventistas angustiados, à beira de
abandonar a igreja, depois de haver lido os ataques contra Ellen White, os
quais estão publicados em incontáveis websites. Não há dúvidas de que o desafio
ao papel profético de Ellen White está enfraquecendo de forma significativa a
identidade adventista.
O que
preocupa alguns de nossos crentes é a descoberta de que a sua imagem mental de
Ellen White como uma profetiza que escreveu de forma precisa sob a inspiração
do Espírito Santo não pode ser reconciliada com algumas imprecisões encontradas
em seus escritos. Este é um problema sério, ao qual a nossa igreja precisa
atentar com urgência; não dando desculpas para as imprecisões dos escritos de
Ellen White, mas auxiliando nossos membros a compreender as limitações do dom
profético manifestado na Bíblia e nos escritos de Ellen White. Analisei estas
questões em meus periódicos “Endtime Issues”
(Questões do Tempo do Fim), números 88 e 89. Demonstrei que Ellen White
reconhecia suas limitações e convidei eruditos competentes a fazerem as
correções necessárias na versão de 1911 de O Grande Conflito.
O dom
profético não torna um profeta uma autoridade em história, ciência, ou
interpretações doutrinárias. Ao invés disso, o dom de profecia capacita o
profeta a falar aos membros da igreja “para edificação, exortação e
consolação.” (I Coríntios 14:3). A Bíblia nos diz que as mensagens dos profetas
devem ser testadas e avaliadas para nos certificarmos de que a verdade não seja
misturada com erro (I Tessalonicenses 5:20-21; I Coríntios 14:29).
Durante
os 70 anos de seu ministério profético, Ellen White deu amplas evidências de
possuir o dom profético. Ela produziu milhares de mensagens para encorajamento,
consolação, reprovação e edificação da igreja. Suas mensagens ainda vão ao
encontro das necessidades espirituais de nossas almas e podem nos ajudar a
crescermos até a estatura de nosso Senhor. Nossa igreja Adventista não seria hoje
um movimento mundial, não fosse pela visão profética de Ellen White, que ajudou
a definir a nossa mensagem e missão.
4. Outras Doutrinas.
Existem
várias outras doutrinas que são questionadas por alguns adventistas hoje.
Elas
incluem:
a) Juízo
investigativo,
b) O
conceito do remanescente,
c) Interpretação
tradicional de Babilônia,
d) os
períodos proféticos dos 1260/2300 anos,
e) O Anticristo
e
f) A
doutrina do santuário.
g) O
estilo de vida adventista
Não é possível fazermos neste artigo uma tentativa de examinarmos a controvérsia que cerca essas doutrinas. Elas são mencionadas simplesmente para demonstrar alguns fatores que estão enfraquecendo nossa identidade adventista.
Desafios ao Estilo de Vida Adventista
O segundo
componente de nossa identidade adventista que está sob ataque é o estilo de
vida.
Tradicionalmente,
os adventistas têm se tornado conhecido por sei estilo de vida simples e
saudável.
Este
estilo consiste em:
· abster-se de café e bebidas alcoólicas,
· em comer principalmente comidas vegetarianas
saudáveis,
· em vestir-se de forma modesta, evitando
roupas reveladoras,
· em cultivar o adorno interior do coração em
vez da ornamentação exterior do corpo com jóias e
· em envolver-se em recreações e entretenimentos
saudáveis, evitando filmes que exibam cenas que são contrárias aos padrões
morais adventistas.
Os
padrões de estilo de vida tradicionais estão gradualmente sendo substituídos
por atitudes mais permissivas.
Uma
pergunta que me é feita com freqüência durante meus seminários de final de
semana é:
“O que há
de errado…?”
O que há
de errado com a bebida moderada?
O que há
de errado com vestir-se e adornar nossos corpos de acordo com a última moda?
O que há
de errado em ser gay ou lésbica?
O que há
de errado em viver com alguém sem ser casado?
O que há
de errado em ir a um concerto de rock ou a um cinema?
Essas
perguntas indicam que existem muitos adventistas sinceros que estão
sinceramente fazendo o que é errado.
Eles
acreditam sinceramente que não há nada de errado em sexo pré-marital, desde que
amem seu/sua parceiro (a).
Eles
acreditam sinceramente que os cristãos podem assistir filmes violentos ou
permeados de sexo, desde que não fiquem emocionalmente envolvidos.
Eles
acreditam sinceramente que podem ouvir música rock, desde que a batida não seja
muito forte e as palavras não sejam mundanas demais.
Eles acreditam sinceramente que podem se
divorciar de seu cônjuge, se não encontram mais a plenitude em seu
relacionamento.
Eles
acreditam sinceramente que podem consumir uma quantidade moderada de álcool e
drogas, desde que não se tornem dependentes.
Eles
acreditam sinceramente que podem usar diversos tipos de jóias, desde que não
sejam muito extravagantes ou muito caras.
Poderíamos
nos perguntar: Como podem tantos cristãos ser sinceros e ainda assim estarem
sinceramente enganados sobre aspectos vitais das declarações do Evangelho para
nossas vidas quotidianas?
Me parece
que parte do problema está na falta de compreender as declarações do Evangelho para
nossas vidas quotidianas. A preocupação
predominante parece ser ensinar as pessoas como serem salvas, ao invés de
treiná-las sobre como viver uma vida cristã.
Parece
haver uma relutância em ajudar as pessoas a compreenderem como a aceitação do
evangelho afeta a forma como comemos, bebemos, nos vestimos, nos enfeitamos, e
nos entretemos. O resultado é que, para usarmos as palavras de Oséias, “O meu
povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento” (Oséias 4:6)
É minha
convicção que não podemos culpar os membros da igreja por fazerem o que é
errado, se seus líderes espirituais não os ajudam a verem as razões
bíblicas para fazerem o que é correto.
Durante
os últimos 30 anos de ensinos e pregações ao redor do mundo, tenho visto, em
incontáveis ocasiões, mudanças radicais no estilo de vida de pessoas que foram
convencidas pelas escrituras e convertidas pelo Espírito Santo de que certos
hábitos ou atos eram errados.
Existem muitos cristãos sinceros que querem saber como viver de acordo com os princípios que Deus tem revelado na Bíblia. Eles apreciam quando alguém devota algum tempo para lhes mostrar, pela Bíblia, e, por exemplo, pessoal, como viver uma vida cristã.
Resumo
“O que há
de errado…?” Tudo
a) Não
usamos bebidas alcoólicas, nem mesmo moderada?
b)
Devemos nos vestir e adornar nossos corpos de forma decente, e não apenas de
acordo com a última moda
c) É
totalmente errado em ser gay ou lésbica
d) É
errado viver com alguém sem ser casado
e) E errado
em ir a um concerto de rock ou a um cinema
f) É errado participar de festas juninas
Apelo
Jesus nos
aceita como somos, perdoa nossos erros, não nos castiga por que erramos, nos
ama, mesmo quando erramos, porém ele deseja que haja em nós desejo de mudança.
Uma nova vida,
Deseja
que vivamos como remanescentes
Não somos uma igreja qualquer. Somos a igreja
verdadeira
Somos a igreja adventista do sétimo dia.
A igreja remanescente
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