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segunda-feira, 2 de outubro de 2023

A Crise de Identidade Adventista: Uma Visão da Música de Adoração

 

A Crise de Identidade Adventista: Uma Visão da Música de Adoração

on 3 de julho de 2012 at 21:22

por: Dr. Samuele Bacchiocchi

 

Introdução

O último artigo escrito pelo pastor Lloyd Grolimund intitulado “Fogo na Igreja” destacou a forma como o estilo de adoração neo-pentecostal, com música rock, drama, danças, falar em línguas e curas está encontrando seu espaço dentro de um crescente número de igrejas adventistas na Austrália.

O problema não está limitado à Austrália. Assinantes de diversas partes do mundo têm respondido, compartilhando sua preocupação acerca da influência do pentecostalismo em suas igrejas locais.

A adoção de estilos pentecostais de adoração é o principal fator contribuinte para a crise de identidade adventista. Um número cada vez maior de adventistas lamentam que não podem mais frequentar suas igrejas locais porque estão ofendidos pelo novo estilo de adoração, com música ritmada e drama. Esta crise é sentida de forma profunda de diversas formas em diversos países.

Em outubro de 2003 fui convidado a falar em várias igrejas na Suécia e Noruega. Durante os 10 dias que passei nestes dois países, fui lembrado com frequência que nossos crentes estão enfrentando uma crise de identidade adventista, porque um número cada vez maior deles está adotando o estilo de adoração e o estilo de vida de outros cristãos. À minha chegada em Estocolmo, Bobby Sjolander, o pastor de nossa Igreja do Colégio Ekebyholm, na Suécia, pediu-me especificamente que eu falasse sobre “A Crise de Identidade Adventista no Século 21”.

O mesmo aconteceu há algum tempo atrás, em 8 de junho de 2004, quando me foi solicitado que falasse em uma reunião de todos os pastores e anciãos que estavam assistindo a campal da Inglaterra do Sul, ocorrida perto de Bristol, Inglaterra. Esta era a maior reunião campal da Europa, com mais de 3.000 pessoas participando durante a semana e 5.000 no final de semana. O título de minha apresentação feita aos pastores e anciãos foi “A Crise de Identidade Adventista”. A resposta foi muito encorajadora, pois vários pastores e anciãos me entregaram CDs virgens para que eu lhes fornecesse uma cópia da apresentação para seu uso pessoal.

Em minha palestra sugeri que nossa identidade adventista tem três componentes principais: teológicos, existenciais e litúrgicos, ou seja,

 Nossas doutrinas,

 Estilo de vida

 E adoração.

Aquilo que cremos, como vivemos e como adoramos têm, tradicionalmente, definido a nossa identidade. Temos nos visto como um povo remanescente, chamado a viver uma vida de temperança e um estilo de vida santo, de forma a proclamar a mensagem final de advertência (as três mensagens angélicas) à humanidade.

Desafios Teológicos

Em épocas recentes, cada um destes três componentes de nossa identidade adventista esteve sob severos ataques. Neste artigo me concentrarei principalmente na música de adoração, porque é o aspecto mais controvertido e crítico de nossa identidade adventista. À guisa de introdução, discutirei brevemente os desafios teológicos e de estilo de vida que estão erodindo a nossa identidade adventista.

Teologicamente, várias de nossas distintivas crenças adventistas têm sido questionadas e mesmo desafiadas. A última edição da revista “Reflections” (Reflexões) (Janeiro a Maio de 2004), o periódico oficial do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, oferece uma análise perspicaz dos desafios teológicos oferecidos tanto por adventistas liberais quanto conservadores. Uma vez que o foco deste artigo é o desafio da música de adoração para a nossa identidade adventista, faremos apenas uma breve menção de algumas influências teológicas e de estilo de vida que estão enfraquecendo a nossa identidade adventista.

1. Criação.

 “Durante aproximadamente os últimos trinta anos” escreve a revista Reflections, “um pequeno número de adventistas nos círculos acadêmicos tem estado a levantar questões concernentes à credibilidade de nossa posição acerca da criação, com base na evidência científica reunida pelos evolucionistas… Desta forma, as duas opiniões principais oferecidas à igreja por estes eruditos e teólogos são a evolução teísta ou o agnosticismo, com relação às origens” (Janeiro, pp. 3-4).

Dito de forma simples, alguns professores adventistas de Ciências e teólogos sustentem que Deus usou a evolução como método de criação, enquanto outros simplesmente afirmam que não sabemos como a vida começou neste planeta.

Questionar ou mesmo rejeitar a doutrina bíblica da criação em seis dias, significa solapar a credibilidade de crenças fundamentais adventistas, tais como o Sábado e a Encarnação. Se Deus não criou o mundo em seis dias, então dificilmente Deus teria instituído o Sábado do sétimo dia para celebrar o término de Sua criação em seis dias. De forma semelhante, se Deus não participou do tempo humano na criação, para trazer os seres humanos e sub-humanos à existência, então não havia razão para que Ele participasse da carne humana na encarnação, para redimir e restaurar Suas criaturas a uma perfeição original que nunca existiu.

2. O Sábado. 

Em anos recentes o sábado tem sido atacado de diversas formas, por vários ex-instrutores bíblicos e ex-pastores adventistas. Estes homens têm escrito numerosos livros e artigos que argumentam que o sábado é uma instituição do antigo concerto, dado aos judeus, pregado na cruz e, consequentemente, não se aplicando mais aos cristãos da atualidade. Infelizmente, este ensino, conhecido como “Teologia do Novo Concerto” tem influenciado milhares de adventistas a abandonar a igreja.

Durante os últimos cinco anos tenho passado incontáveis horas expondo as falhas da chamada Teologia do Novo Concerto. Meu livro The Sabbath Under Crossfire (O Sábado Sob Fogo Cruzado) e, em grande parte, o desdobramento de discussões sobre o sábado com nossos ex-irmãos. É difícil de acreditar que mesmo antigos sabatistas estejam questionando o aspecto global do sábado, quando Jesus afirmou inequivocamente que “O sábado foi feito por causa do homem” (Marcos 2:27), não apenas para os judeus. De fato, Jesus fez tudo o que estava a Seu alcance para esclarecer o intento divino do sábado, ao proclamar o dia como um tempo para demonstrar misericórdia (Mateus 12:7), para “fazer o bem” (Mateus 12:12), para salvar vidas (Marcos 3:4), e para libertar pessoas de fardos físicos e espirituais (Lucas 13:12, 16). Todas as declarações de Jesus sobre o sábado indicam claramente que Jesus queria abrilhantar o sábado, e não torná-lo nulo.

Mas o sábado é atacado hoje não apenas teologicamente, mas também existencialmente por um número cada vez maior de adventistas que estão adotando a mentalidade da guarda do domingo. Esta mentalidade consiste em reduzir o sábado a uma hora de assistência à igreja. Quando o culto divino acaba, o sábado termina. Eles colocam suas roupas de sábado de volta no armário, fecham o armário e fecham o sábado. Gastam o resto do dia comendo em restaurantes, fazendo compras em shopping centers ou visitando lugares de entretenimento.

Ao atacar o sábado a partir de fora e de dentro da igreja, Satanás está minando a nossa identidade adventista, porque este dia serve como constante lembrança de nossa identidade e missão. Um erudito judeu escreveu: “O Sábado preservou os judeus mais do que os judeus preservaram o sábado.” Creio que o mesmo é verdade para a nossa igreja adventista. O sábado pode nos ajudar a nossa identidade adventista, nos lembrando que observarmos um dia santo significa aceitar o desafio de sermos um povo santo em meio a uma geração de mente secularizada e perversa.

3. O papel de Ellen White.

É impossível estimar quantos adventistas abandonaram a igreja em anos recentes por causa da questão do papel profético de Ellen White. Dificilmente passa-se uma semana sem que eu receba um e-mail de adventistas angustiados, à beira de abandonar a igreja, depois de haver lido os ataques contra Ellen White, os quais estão publicados em incontáveis websites. Não há dúvidas de que o desafio ao papel profético de Ellen White está enfraquecendo de forma significativa a identidade adventista.

O que preocupa alguns de nossos crentes é a descoberta de que a sua imagem mental de Ellen White como uma profetiza que escreveu de forma precisa sob a inspiração do Espírito Santo não pode ser reconciliada com algumas imprecisões encontradas em seus escritos. Este é um problema sério, ao qual a nossa igreja precisa atentar com urgência; não dando desculpas para as imprecisões dos escritos de Ellen White, mas auxiliando nossos membros a compreender as limitações do dom profético manifestado na Bíblia e nos escritos de Ellen White. Analisei estas questões em meus periódicos “Endtime Issues” (Questões do Tempo do Fim), números 88 e 89. Demonstrei que Ellen White reconhecia suas limitações e convidei eruditos competentes a fazerem as correções necessárias na versão de 1911 de O Grande Conflito.

O dom profético não torna um profeta uma autoridade em história, ciência, ou interpretações doutrinárias. Ao invés disso, o dom de profecia capacita o profeta a falar aos membros da igreja “para edificação, exortação e consolação.” (I Coríntios 14:3). A Bíblia nos diz que as mensagens dos profetas devem ser testadas e avaliadas para nos certificarmos de que a verdade não seja misturada com erro (I Tessalonicenses 5:20-21; I Coríntios 14:29).

Durante os 70 anos de seu ministério profético, Ellen White deu amplas evidências de possuir o dom profético. Ela produziu milhares de mensagens para encorajamento, consolação, reprovação e edificação da igreja. Suas mensagens ainda vão ao encontro das necessidades espirituais de nossas almas e podem nos ajudar a crescermos até a estatura de nosso Senhor. Nossa igreja Adventista não seria hoje um movimento mundial, não fosse pela visão profética de Ellen White, que ajudou a definir a nossa mensagem e missão.

4. Outras Doutrinas. 

Existem várias outras doutrinas que são questionadas por alguns adventistas hoje.

Elas incluem:

a) Juízo investigativo,

b) O conceito do remanescente,

c) Interpretação tradicional de Babilônia,

d) os períodos proféticos dos 1260/2300 anos,

e) O Anticristo e

f) A doutrina do santuário.

g) O estilo de vida adventista

Não é possível fazermos neste artigo uma tentativa de examinarmos a controvérsia que cerca essas doutrinas. Elas são mencionadas simplesmente para demonstrar alguns fatores que estão enfraquecendo nossa identidade adventista.

Desafios ao Estilo de Vida Adventista

O segundo componente de nossa identidade adventista que está sob ataque é o estilo de vida.

Tradicionalmente, os adventistas têm se tornado conhecido por sei estilo de vida simples e saudável.

Este estilo consiste em:

·      abster-se de café e bebidas alcoólicas,

·      em comer principalmente comidas vegetarianas saudáveis,

·      em vestir-se de forma modesta, evitando roupas reveladoras,

·      em cultivar o adorno interior do coração em vez da ornamentação exterior do corpo com jóias e

·      em envolver-se em recreações e entretenimentos saudáveis, evitando filmes que exibam cenas que são contrárias aos padrões morais adventistas.

Os padrões de estilo de vida tradicionais estão gradualmente sendo substituídos por atitudes mais permissivas.

Uma pergunta que me é feita com freqüência durante meus seminários de final de semana é:

“O que há de errado…?”

O que há de errado com a bebida moderada?

O que há de errado com vestir-se e adornar nossos corpos de acordo com a última moda?

O que há de errado em ser gay ou lésbica?

O que há de errado em viver com alguém sem ser casado?

O que há de errado em ir a um concerto de rock ou a um cinema?

Essas perguntas indicam que existem muitos adventistas sinceros que estão sinceramente fazendo o que é errado.

Eles acreditam sinceramente que não há nada de errado em sexo pré-marital, desde que amem seu/sua parceiro (a).

Eles acreditam sinceramente que os cristãos podem assistir filmes violentos ou permeados de sexo, desde que não fiquem emocionalmente envolvidos.

Eles acreditam sinceramente que podem ouvir música rock, desde que a batida não seja muito forte e as palavras não sejam mundanas demais.

 Eles acreditam sinceramente que podem se divorciar de seu cônjuge, se não encontram mais a plenitude em seu relacionamento.

Eles acreditam sinceramente que podem consumir uma quantidade moderada de álcool e drogas, desde que não se tornem dependentes.

Eles acreditam sinceramente que podem usar diversos tipos de jóias, desde que não sejam muito extravagantes ou muito caras.

Poderíamos nos perguntar: Como podem tantos cristãos ser sinceros e ainda assim estarem sinceramente enganados sobre aspectos vitais das declarações do Evangelho para nossas vidas quotidianas?

Me parece que parte do problema está na falta de compreender as declarações do Evangelho para nossas vidas quotidianas. A preocupação predominante parece ser ensinar as pessoas como serem salvas, ao invés de treiná-las sobre como viver uma vida cristã.

Parece haver uma relutância em ajudar as pessoas a compreenderem como a aceitação do evangelho afeta a forma como comemos, bebemos, nos vestimos, nos enfeitamos, e nos entretemos. O resultado é que, para usarmos as palavras de Oséias, “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento” (Oséias 4:6)

É minha convicção que não podemos culpar os membros da igreja por fazerem o que é errado, se seus líderes espirituais não os ajudam a verem as razões bíblicas para fazerem o que é correto.

Durante os últimos 30 anos de ensinos e pregações ao redor do mundo, tenho visto, em incontáveis ocasiões, mudanças radicais no estilo de vida de pessoas que foram convencidas pelas escrituras e convertidas pelo Espírito Santo de que certos hábitos ou atos eram errados.

Existem muitos cristãos sinceros que querem saber como viver de acordo com os princípios que Deus tem revelado na Bíblia. Eles apreciam quando alguém devota algum tempo para lhes mostrar, pela Bíblia, e, por exemplo, pessoal, como viver uma vida cristã.


Resumo

“O que há de errado…?” Tudo

a) Não usamos bebidas alcoólicas, nem mesmo moderada?

b) Devemos nos vestir e adornar nossos corpos de forma decente, e não apenas de acordo com a última moda

c) É totalmente errado em ser gay ou lésbica

d) É errado viver com alguém sem ser casado

e) E errado em ir a um concerto de rock ou a um cinema

f) É errado participar de festas juninas


Apelo

Jesus nos aceita como somos, perdoa nossos erros, não nos castiga por que erramos, nos ama, mesmo quando erramos, porém ele deseja que haja em nós desejo de mudança. Uma nova vida,

Deseja que vivamos como remanescentes

Não somos uma igreja qualquer. Somos a igreja verdadeira

Somos a igreja adventista do sétimo dia.

A igreja remanescente

 

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