aAaaa — Apelo em favor de um reavivamento
Ellen White
Apelo em Favor de um Reavivamento
A maior necessidade da igreja — Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação. Importa haver diligente esforço para obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos encontramos carecidos de preparo para recebê-la. Nosso Pai celestial está mais disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos, porém, mediante confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa oração, corresponder às condições estipuladas por Deus em Sua promessa para conceder-nos Sua bênção. Só podemos esperar um reavivamento em resposta à oração. Enquanto o povo se acha tão destituído do Espírito Santo de Deus, não pode apreciar a pregação da Palavra; mas quando o poder do Espírito lhes toca o coração, então os sermões não ficarão sem efeito. Guiados pelos ensinos da Palavra de Deus, com a manifestação de Seu Espírito, no exercício de sã discrição, os que assistem a nossas reuniões adquirirão preciosa experiência e, voltando ao lar, acham-se preparados para exercer saudável influência. RV 9.1
Os pioneiros adventistas sabiam o que significava lutar com Deus em oração, e fruir o derramamento de Seu Espírito. Esses, porém, estão se retirando do cenário; e quem está surgindo para preencher-lhes o lugar? Como se comporta a geração que surge? Está convertida a Deus? Estamos nós atentos quanto à obra que se está desenvolvendo no santuário celestial, ou estamos à espera de algum poder que agite a igreja antes de despertarmos? Temos esperança de ver toda a igreja reavivada? Tal tempo nunca há de vir. RV 9.2
Há na igreja pessoas não convertidas, e que não se unirão em fervorosa e prevalecente oração. Precisamos entrar na obra individualmente. Precisamos orar mais e falar menos. Abundante é a iniquidade, e o povo deve ser ensinado a não se satisfazer com uma forma de piedade sem o espírito e o poder. Se intentarmos esquadrinhar o próprio coração, afastando nossos pecados, corrigindo nossas más tendências, nossa alma não se inchará em vaidade; desconfiaremos de nós mesmos, possuindo permanente senso de que nossa suficiência está em Deus. RV 9.3
Temos muito mais a temer de dentro do que de fora. Os obstáculos à força e ao êxito são muito maiores da parte da própria igreja do que do mundo. Os incrédulos têm direito de esperar que os que professam observar os mandamentos de Deus e ter a fé de Jesus façam muito mais que qualquer outra classe para promover e honrar mediante sua vida coerente, seu exemplo piedoso e sua influência ativa, a causa que representam. Mas quantas vezes se têm os professos defensores da verdade demonstrado o maior obstáculo ao seu progresso! A incredulidade com que se transige, as dúvidas expressas, as sombras acariciadas, animam a presença dos anjos maus e abrem o caminho para a execução dos ardis de Satanás.
Abrindo a porta ao adversário — O adversário não tem permissão de ler nossos pensamentos; é, porém, perspicaz observador, e nota as palavras; registra-as e adapta habilmente suas tentações de modo a se ajustarem ao caso dos que se colocam em seu poder. Caso trabalhássemos para reprimir os pensamentos e sentimentos pecaminosos não lhes dando expressão em palavras ou ações, Satanás seria derrotado; pois ele não poderia preparar suas sedutoras tentações para adaptar ao caso. RV 10.2
Mas quantas vezes, por sua falta de domínio próprio, os que se dizem cristãos abrem a porta ao adversário! Divisões, e até amargas dissensões que infelicitariam qualquer comunidade mundana, são comuns nas igrejas, porque há tão pouco esforço para controlar os sentimentos errôneos, e reprimir toda palavra de que Satanás se possa aproveitar. Assim que surge uma discórdia de sentimentos, a questão é exposta diante de Satanás para sua inspeção, sendo-lhe oferecida oportunidade de usar sua sabedoria e habilidade de serpente para dividir e destruir a igreja. Grande prejuízo há em toda dissensão. Os amigos pessoais de ambos os lados tomam partido ao lado de seus respectivos amigos, e assim abre-se mais a brecha. Uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir. Engendram-se e multiplicam-se incriminações e recriminações. Satanás e seus anjos operam ativamente para obter uma colheita da semente assim semeada. RV 10.3
Os mundanos contemplam isso, e exclamam zombeteiramente: “Como esses cristãos se aborrecem uns aos outros! Se isso é religião, não a queremos!” E olham a si mesmos e a seu caráter não religioso com grande satisfação. Assim são confirmados na impenitência, e Satanás exulta ante seu êxito. RV 10.4
O grande enganador tem preparado seus ardis para toda alma não protegida para a provação nem guardada por oração constante e fé viva. Como pastores, como cristãos, cumpre-nos trabalhar para remover do caminho todas as pedras de tropeço. Temos de remover todos os obstáculos. Confessemos e abandonemos todo pecado, para que o caminho do Senhor seja preparado, para que Ele venha a nossas reuniões e comunique Sua preciosa graça. O mundo, a carne e o diabo precisam ser vencidos. RV 10.5
Não podemos preparar o caminho conquistando a amizade do mundo, que é inimizade contra Deus; com Seu auxílio, porém, podemos romper com sua sedutora influência sobre nós e os outros. Não podemos, como indivíduos ou como corporação nos proteger das constantes tentações de um implacável e resoluto inimigo; mas, no poder de Jesus, podemos resistir-lhes. RV 11.1
De todo membro da igreja pode irradiar firme luz para o mundo, de modo que as pessoas não sejam levados a indagar: Que faz esse povo mais que os outros? Pode e deve haver uma retração da conformidade com o mundo, um recuo de toda aparência do mal, de maneira que não seja dada nenhuma ocasião aos contraditores. Não podemos escapar ao vitupério; ele virá; devemos, porém, ser muito cautelosos para não sermos acusados por nossos próprios pecados ou insensatez, mas por amor de Cristo. RV 11.2
Não há coisa que Satanás tema tanto como que o povo de Deus desimpeça o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de modo que o Senhor possa derramar Seu Espírito sobre uma enfraquecida igreja e uma congregação impenitente. Se Satanás pudesse fazer o que ele deseja, jamais haveria outro despertamento, grande ou pequeno, até o fim do tempo. Não somos, porém, ignorantes de seus ardis. É possível resistir-lhe ao poder. Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, a bênção virá. Satanás não pode impedir uma chuva de bênção de cair sobre o povo de Deus, assim como não pode fechar as janelas do Céu para que a chuva não caia sobre a Terra. Homens ímpios e demônios não podem impedir a obra de Deus ou excluir Sua presença das reuniões de Seu povo, caso eles, de coração rendido e contrito, confessem e afastem de si seus pecados, reivindicando com fé as promessas de Deus. Toda tentação, toda influência contrária, seja ela franca ou oculta, será resistida com êxito, “não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos”. Zacarias 4:6. RV 11.3
Estamos no Dia da Expiação — Achamo-nos no grande dia da expiação, quando nossos pecados devem, por confissão e arrependimento, ser apresentados ao juízo. Deus não aceita agora um testemunho frouxo e sem vigor da parte de Seus ministros. Tal testemunho não combina com a verdade presente. A mensagem para estes dias precisa ser alimento a seu tempo para nutrir a igreja de Deus. Mas Satanás tem procurado gradualmente roubar o poder dessa mensagem, para que o povo não esteja preparado para subsistir no dia do Senhor. RV 11.4
Em 1844, nosso grande Sumo Sacerdote entrou no lugar santíssimo do santuário celestial, para iniciar a obra do juízo investigativo. Os casos dos justos mortos têm estado a passar em revista diante de Deus. Quando essa obra se completar, o juízo deve ser pronunciado sobre os vivos. Quão preciosos, quão importantes são esses solenes momentos! Cada um de nós tem um caso pendente no tribunal celeste. Temos, individualmente, de ser julgados pelos atos praticados em vida. No serviço simbólico, quando era efetuada a obra da expiação pelo sumo sacerdote no lugar santíssimo do santuário terrestre, requeria-se do povo que se afligisse diante de Deus, e confessasse seus pecados, para que fossem expiados e apagados. Será exigido menos de nós neste antitípico Dia da Expiação, quando Cristo está intercedendo por Seu povo no santuário celestial, e deverá ser proferida a decisão final e irrevogável sobre cada caso? RV 12.1
Qual é nosso estado neste terrível e solene tempo? Ai, que orgulho prevalece na igreja, que hipocrisia, que engano, que amor ao vestuário, à frivolidade e ao divertimento, que desejo de supremacia! Todos esses pecados têm obscurecido a mente, de modo que as coisas eternas não têm sido discernidas. Não pesquisaremos as Escrituras, para sabermos onde nos encontramos na história deste mundo? Não nos tornaremos esclarecidos quanto à obra que se está efetuando por nós neste tempo, e a atitude que nós como pecadores devemos ter enquanto essa obra de expiação está em andamento? Se temos qualquer consideração pela nossa salvação, precisamos fazer decidida mudança. Precisamos buscar ao Senhor com genuíno arrependimento; importa que, com profunda contrição, confessemos nossos pecados, para que sejam apagados. RV 12.2
É preciso não ficarmos por mais tempo no terreno encantado. Aproximamo-nos rapidamente do fim do nosso tempo de graça. Indague cada pessoa: Como estou eu perante Deus? Não sabemos quão breve nosso nome pode ser tomado nos lábios de Cristo, e nosso caso ser finalmente decidido. Que decisões serão essas! Seremos nós contados entre os justos, ou numerados entre os ímpios? RV 12.3
A igreja desperta e arrependida — Levante-se a igreja e arrependa-se de suas prevaricações diante de Deus. Levantem-se os vigias, e deem à trombeta sonido certo. É uma advertência definida que temos de proclamar. Deus ordena a Seus servos: “Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados”. Isaías 58:1. A atenção do povo precisa ser atraída; a menos que se possa fazer isso, todos os esforços serão nulos; ainda que viesse um anjo do Céu e lhes falasse, suas palavras não operariam mais benefício do que se ele estivesse falando ao frio ouvido de um morto. RV 12.4
A igreja precisa despertar para a ação. O Espírito de Deus não poderá vir enquanto ela não preparar o caminho. Deve haver diligente exame de coração. Deve haver oração unida e perseverante, e o reivindicar, pela fé, as promessas de Deus. Deve haver, não o cobrir o corpo de pano de- saco, à semelhança da antiguidade, mas profunda humilhação espiritual. Não temos a mínima razão para congratulação e exaltação própria. Devemos humilhar-nos sob a potente mão de Deus. Ele aparecerá para confortar e dar bênçãos aos que verdadeiramente O buscam. RV 13.1
A obra está diante de nós; empenhar-nos-emos nela? Precisamos trabalhar depressa, precisamos avançar constantemente. Temos de preparar-nos para o grande dia do Senhor. Não temos tempo a perder, tempo para empenhar-nos em desígnios egoístas. O mundo deve ser advertido. Que estamos fazendo, como indivíduos, para levar a luz a outros? Deus deixou a cada homem sua obra; cada um tem sua parte a desempenhar, e não podemos negligenciar essa obra senão com risco para nossa salvação. RV 13.2
Ó meus irmãos, entristeceremos o Espírito Santo, e daremos lugar a que Ele Se afaste? Deixaremos fora o bendito Salvador, por não estarmos preparados para Sua presença? Deixaremos pessoas perecendo sem o conhecimento da verdade, porque amamos demasiado nossa comodidade para levarmos o fardo que Jesus carregou por nós? Despertemos do sono. “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”. 1 Pedro 5:8. — The Review and Herald, 22 de Março de 1887. RV 13.3
A reforma acompanha o reavivamento — Em muitos corações mal parece haver um sopro de vida espiritual. Isso me faz muito triste. Receio que não tenha sido mantida luta ativa contra o mundo, a carne e o diabo. Alegrar-nos-emos por um cristianismo quase morto, o espírito egoísta e cobiçoso do mundo, partilhando de sua impiedade e sorrindo às suas mentiras? — Não! Pela graça de Deus, sejamos firmes aos princípios da verdade, mantendo fiéis até o fim o princípio de nossa confiança. Não devemos ser “vagarosos no cuidado”, mas “fervorosos no espírito, servindo ao Senhor”. Romanos 12:11. Um é nosso Mestre, isto é, Cristo. A Ele devemos olhar. DEle devemos receber nossa sabedoria. Por Sua graça devemos conservar nossa integridade, permanecendo diante de Deus em mansidão e contrição, e representando-O perante o mundo. RV 13.4
Os sermões têm tido grande procura em nossas igrejas. Os membros têm confiado em declamações do púlpito em vez de no Espírito Santo. Não solicitados nem utilizados, os dons espirituais a eles concedidos têm-se reduzido a fraqueza. Caso pastores saíssem a novos campos, os membros seriam obrigados a assumir responsabilidades, e pelo uso suas aptidões aumentariam. RV 13.5
Deus apresenta contra os pastores e o povo a séria acusação de fraqueza espiritual, dizendo: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da Minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas”. Apocalipse 3:15-18. Deus pede um reavivamento espiritual e uma reforma espiritual. A menos que isso se realize, os que são mornos continuarão a se tornar mais aborrecíveis ao Senhor, até que Ele Se recuse a reconhecê-los como Seus filhos. RV 14.1
Precisa haver um reavivamento e uma reforma, sob a ministração do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas diversas. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, um avivamento das faculdades da mente e do coração, uma ressurreição da morte espiritual. Reforma significa uma reorganização, uma mudança nas ideias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não trará o bom fruto da justiça a menos que seja ligada com o reavivamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem efetuar a obra que lhes é designada, e no realizá-la, precisam fundir-se. — The Review and Herald, 25 de Fevereiro de 1902. RV 14.2
Instrumentos simples serão utilizados — Têm-me sido feitas exposições, mostrando que o Senhor executará Seus planos mediante uma variedade de maneiras e instrumentos. Não são apenas os mais talentosos, nem só os que ocupam altas posições de confiança, ou são mais finamente educados do ponto de vista mundano, que o Senhor usa para realizar Sua grande e santa obra de salvação. Ele Se servirá de meios simples; usará muitos que tiveram poucas vantagens para ajudarem a levar avante Sua obra. Pelo emprego de meios simples, trará para a crença da verdade os que possuem propriedades e terras, e eles serão influenciados a se tornarem mão ajudadora do Senhor no progresso de Sua obra. — Carta 62, 1909. RV 14.3
Do livro Reavivamento Verdadeiro Pags 9 - 14