O AZEITE DA VIÚVA
Pr
Manoel Barbosa da Silva
2. Reis 4: 1-7
Uma das mulheres que me chama a atenção na Bíblia e me comove é esta mulher do capítulo quatro do livro dos Reis.
Quem era essa mulher?
A Bíblia a apresenta como sendo esposa de um dos discípulos dos profetas, a
esposa de um aluno de teologia que estudava na escola dos profetas que ficava
em Jericó.
No tempo do profeta Elizeu, havia algumas
escolas chamadas de escolas dos profetas. Nessas escolas os alunos aprendiam,
além de ler e escrever, noções de direito, pois poderiam se tornar juízes,
noções de saúde, e todo o cerimonial religioso, pois esses alunos poderiam vir
a ser sacerdotes ou trabalhar como levitas.
Quem já foi para faculdade, depois casado,
sabe das dificuldades que passa para conciliar as atividades acadêmicas, e a
família, principalmente no que se refere à manutenção, a menos que seja rico.
A vida desse aluno, esposo dessa mulher,
imagina-se que fosse difícil, e para piorar a situação, ficou doente.
Doente, sem poder trabalhar e ganhar
dinheiro, para as despesas da casa e compra de remédios, passou a tomar dinheiro
emprestado a um agiota, na esperança de que, quando sarasse, daria um jeito da
pagar.
Não sarou, morreu, e a viúva ficou devendo.
Em todos os lugares e em todas as épocas,
os agiotas agem iguais, não tem dó de ninguém, matam até, mas recebem o que
emprestaram.
O credor daquela viúva foi receber a
conta. Como ela não tinha com o que pagar ele quis lhe tomar os filhos, para
vender como escravos, e reaver seu dinheiro.
Era comum, naqueles dias pessoas serem vendidas para a escravidão. José é um exemplo.
Ela,
desesperada, procurou o pastor.
É
sempre assim, na hora do aperto, o pastor é lembrado.
Pode
ser doenças, desemprego, crise conjugal, falta de dinheiro, qualquer problema,
o primeiro a ser chamado é o pastor.
Pastor me ajuda. Certamente, você já ouviu isto.
Resposta do pastor. Que posso fazer?
Parece que naqueles dias, os pastores, eram iguais aos de hoje, não tinham
dinheiro.
Só que o pastor Eliseu possuía mais fé do
que eu.
E aquela mulher tinha mais fé do que todos
nós.
Não sei se um de nós faria o que fez
aquela mulher.
“O que você tem em casa?” O profeta
pergunta.
E ela responde “nada, a ao ser, um pouco
de azeite. ” “
É suficiente”, diz o homem de Deus e com
aquele pouco de azeite fez um dos milagres mais bonitos da Bíblia.
“Vai”, disse ele. “pede emprestadas
vasilhas a todos os teus vizinhos; vasilhas vazias, não poucas”. Ela fez o que
lhe foi ordenado.
É por isto onde fico comovido com a fé e a simplicidade daquela mulher.
Se em uma situação de emergência, você chegasse
para o pastor, pedindo auxilio, e ele te mandasse fazer o mesmo, você faria?
“O que você tem em casa?” Pergunta o pastor. “Nada”. Você responde.
“Nada mesmo?”
“Tenho meio litro de óleo de soja, e só”. Então ele
diz: Então ele diz. “junta muitos baldes, latas, garrafas pets, mas muitas, e
derrama o meio litro de óleo nelas”. Você faria?
Eu fico a imaginar aquela mulher e seus
filhos batendo de porta em porta pedindo emprestado; potes, cântaros, talhas,
bacias .... Quando a casa estava cheia de vasilhas, ela começou a derramar o
óleo nas mesmas, não parava; uma, duas, três, todas. Quando disse a um dos
filhos, “traga mais uma’, o menino respondeu, “não tem mais vasilha nenhuma”,
então o azeite parou”.
Não secou, por que as benções de Deus não
secam, apenas parou. As bênçãos de Deus só param no final de nossa fé.
LIÇÕES
A Bíblia é nosso guia, todas as suas histórias estão repletas de lições para nossa vida pessoal, para nosso ministério e para a vida da igreja. São lições simples, óbvias, mas que firmam nossa fé nesse nosso Grande Poderoso Deus, e nos anima a prosseguir em nosso ministério.
1.
A primeira lição que me vem à mente,
ao ler esta história, é que; ninguém está isento de passar por problemas apenas
por que é fiel.
2.
Religião não é seguro contra
problemas, como ensina a teologia da prosperidade.
Os fieis, tanto quanto os infiéis passam pelos mesmos
problemas e dificuldades da vida.
Aquele moço era fiel, o profeta Elizeu o
conhecia e sabia disto, por isso, a mulher falou. ”Meu marido temia ao Senhor”.
Era um estudante que estava se preparando
para o ministério, ou seja, era um servo de Deus, porém ficou doente e além de
doente ficou devendo.
Por que crente fica doente, fica devendo,
fica com restrição no Serasa, no SPC, na padaria, na farmácia? Porque os Crentes
passam pelos mesmos problemas de todo o mundo, assim como recebem as bênçãos
que Deus dá para todo o mundo
3.
Pastores
Pastor também passa por dificuldades.
Doenças, dívidas, desentendimento na família, problemas com os filhos, problemas
de rejeição na igreja, membros que ficam comparando-o com o pastor anterior, e
dizendo. “O pastor fulano era muito melhor”.
Às vezes, o pastor tem desentendimento com
colegas, e algumas vezes, até com a administração. Já vi colegas serem
transferidos apenas por que o presidente não gostava da cara dele. “Comigo você
não trabalha”, dizia.
Culpa do pastor? Não. É que a vida é
assim. Todos passam por dificuldades, só muda o tipo, mas elas sempre virão.
“No mundo tereis aflição...”, “já li isto em algum lugar”.
4.
Membros da igreja.
Os membros da igreja também enfrentam
dificuldades.
b)
Problemas em casa. Desentendimento entre
marido e mulher, entre pais e filhos,
c)
Problemas com os colegas de trabalho,
problemas com o chefe,
d)
Outras dificuldades. Dificuldades
financeiras, doenças, desemprego, dívidas,...
5. outra importante lição desta história, é que
precisamos de um ombro para chorar. Alguém com quem desabafar. Alguém para
dizer: “Por favor, me ajuda. ”
Experiência
Um
novo convertido foi entrevistado por um irmão experiente da igreja. Lhe foi
perguntado como ele estava se sentindo agora, convertido, membro batizado, se
estava feliz.
Resposta.
“Cara, para ser sincero, não”. “Sinto muita saudade do barzinho da esquina. Lá
é muito democrático. A gente conversa, conta piadas, fala bobagens, na certeza
que ninguém ali vai assumir um ar de santidade e repreender a gente”.
A
gente chega, senta na roda de amigos, e abre o coração. “cara, hoje eu pisei na
bola, fiz uma grande sacanagem com minha esposa, estou até com vergonha”. Ou,
minha esposa me traiu, que eu faço? ”. Lá no boteco, qualquer coisa que a gente
contar, recebe a atenção dos amigos, a solidariedade dos colegas, e a certeza
que o assunto fica ali mesmo.
Aqui
na igreja me sinto só. Não tenho com quem conversar. Não tenho com quem
repartir minhas mágoas, sinto saudades do boteco.
Não
estou feliz na igreja
Esse
é o nosso problema. Os crentes em crise nos procuram. Contam suas mágoas, seus
pecados, suas dúvidas, seus problemas, e nós os ajudamos, ou pelo menos
tentamos.
E
nós, vamos procurar quem? Somos humanos, vivemos no mesmo planeta, também somos
tentados, enfrentamos dificuldades, doenças, desespero. Na hora da crise, a
quem devemos pedir socorro? Mais do que
orar, precisamos abrir o coração com alguém.
Porém
temos medo de abrir o coração a um amigo e o assunto vazar. Temos medo de abrir o coração à administração
e passarmos por fracos, ou incompetentes. Sendo assim, carregamos nossos fardos
sozinhos. Feliz aquele que tem uma mulher compreensiva.
Graças
a Deus temos neste campo, nesta missão, uma administração confiável, onde
podemos ficar à vontade. Mas já vi em meu ministério, presidentes que causavam
medo. Um deles, em um ano e meio, trocou
quase todo o corpo de obreiros, ou transferindo, ou trocando por outros, de
outros campos ou simplesmente mandando-os embora.
Aquela
mulher tinha onde chorar, onde pedir socorro: a casa do profeta. Ali encontrou
o alívio necessário.
Ele
não tinha dinheiro para socorrê-la, mas sabia onde fica a fonte de toda a
riqueza, todo poder, e ela tinha plena confiança nas palavras daquele servo de
Deus. E muita fé, pois seguiu ao pé da letra a orientação do profeta.
6. Outra lição.
As
ordens de Deus, muita delas, não tem lógica. Do ponto de vista humana são
loucuras.
Não
fazia nenhum sentido: alguém está endividado, com o risco de perder os filhos,
sair por aí pedindo vasilhas emprestadas na vizinhança, para untá-las com o
pouco do óleo que restava.
Mas a fé daquela mulher foi grande suficiente para crer nas palavras do homem de Deus.
7. Loucuras
Se
você deseja alcançar algumas metas, faça loucuras. Acredite, e vá em frente,
deixe que te chamem de louco, não importa.
Temos
na Bíblia muitos exemplos de fatos, que do ponto de vista humano não faria
sentido. Mas deu certo, por que Deus usa
o que temos para fazer os seus milagres.
Moisés usou um cajado. Davi, algumas pedras, Pedro uma rede de pesca, um menino, com cinco pães e dois peixes, e a mulher, o pouco de óleo que restava.
8. Outra lição.
Para
recebermos “o óleo” precisamos buscar as vasilhas. Não se consegue nada em casa
chorando e lamentando “ninguém gosta de mim, ninguém me ajuda, estou só...”
Quer
ter sucesso? Busque as vasilhas que o óleo virá.
9. As bênçãos de
Deus nunca se acabam.
Elas
apenas param no final de nossa fé. Se aquela mulher tivesse buscado o dobro das
vasilhas, teria recebido óleo para todas. Poderia ter se tornado a maior
distribuidora de óleo do país, se tivesse buscado vasilhas para tanto.
10. Outras
aplicações.
Vivemos
em um mundo que está cheio de pessoas escravizadas. Pelas drogas, prazeres, status, sucesso,
falsas religiões e etc. E o grande “agiota” cobra um preço muito alto pelo
resgate desses escravos.
Nossa
missão é resgatá-las. Se elas não vem a nós, mesmo assim, devemos buscá-las. Somos
o agente. Somos o profeta e ao mesmo tempo a vasilha.
Para que possamos alcançar o objetivo temos que estar vazios e cheios. Esvaziar-nos do eu e nos encher do Espírito Santo.
11. Esse milagre
também nos lembra do maior milagre de todos:
O
perdão que recebemos, pela graça, de todas as nossas dívidas, com o Senhor, por
meio da fé em Jesus Cristo.
Nós
mesmos éramos os filhos, que estava sendo levados para a escravidão, mas Jesus
nos resgatou.
12. Elizeu não teve
que pagar coisa alguma para que Deus provesse o dinheiro para quitar a dívida
daquela mulher, mas Jesus teve que pagar com a sua vida, para que os nossos
pecados fossem perdoados.
13. Que possamos ser
sempre gratos a Deus por este dom maravilhoso.
A nossa salvação. E a
este chamado, para livrar outros da escravidão do pecado.
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