A identidade do adventismo
Adolfo soares
Termos seculares
e humanistas, por mais legitimados e usados que possam ser, nem sempre estão de
acordo com a compreensão bíblica. Por isso, é necessário refletir nisto: “Tenho
sido bíblico em todos os meus ensinos, em meus projetos, minhas atividades? Ou
tenho propagado ideias seculares, humanistas, porque elas encantam mais as
pessoas?”
Não devemos esconder nossa identidade nem disfarça-la
com um discurso e uma postura determinada pelo grupo ou pela pessoa a quem queremos
evangelizar.
Por isso, quando dialogarmos com os que não têm simpatia
pela religião institucionalizada, devemos ter respeito, sim, mas temos que conversar como remanescentes.
Quando
dialogarmos com universitários inteligentes e engajados, façamos isso como remanescentes.
Quando
dialogarmos com empresários e pessoas de negócios, respeitemos, mas façamos
isso com linguagem de remanescentes.
O nosso discurso
deve ser de remanescente. A nossa postura
deve ser de remanescente. O nosso estilo
de vida deve ser de remanescente.
O nosso sermão deve ser de remanescente.
O nosso louvor deve ser de remanescente.
Nesse sentido,
tenho uma preocupação, que é o surgimento de grupos, movimentos, comunidades ou
igrejas adotando elementos seculares como ferramenta de evangelismo. Vejo que
surgem grupos na Igreja Adventista que querem um tratamento diferente, sob o
argumento de que querem alcançar grupos diferentes, e propõem estratégias tão
diferentes que não se configuram mais como adventistas, e muito menos como remanescentes.
Muitos desses
grupos se especializaram tanto em falar aos pós-modernos, por exemplo, que no final acabam sendo
pós-modernos. Dias atrás assisti a um culto pela internet, um culto de domingo
de uma comunidade adventista dessas que pretendem alcançar pessoas
pós-modernas. Fiquei estupefato! O sermão era pós-moderno, o pregador era
pós-moderno, a liturgia era pós-moderna, o ambiente era pós-moderno, a calça
rasgada… tudo era pós-moderno. Um barril de 200 litros de gasolina foi pintado
transformado em púlpito.
Será que
realmente precisamos de igrejas diferentes para grupos específicos? Ou será que
o que precisamos, na verdade, é revitalizar a igreja normal para
que alcance, acolha, receba e evangelize os pós-modernos?
Será que o
grande evangelista Paulo ainda serve de referência? Que eu saiba, ele não criou
uma igreja específica para grupos diferenciados. Ele, sim, preparou a igreja
“normal” para evangelizar os diferentes.
Assim, sugiro
que reflitamos nisto: Meu discurso e prática me caracterizam claramente como
sendo do povo remanescente? Ou sou influenciado pelo secularismo,
tanto no discurso quanto na prática?
Atentemos para
cinco preocupações:
1) LEITURA: A
preocupação de que livros seculares e evangélicos tenham se tornado fundamento
da teologia.
2) PÚLPITO: A
preocupação grande com o empobrecimento do púlpito (pregação) adventista.
3) VOCÁBULOS:
Uso de termos seculares, humanistas, para expressar atividades e conceitos
supostamente bíblicos.
4) VERDADE:
Supervalorização de diversas fontes para a comunicação da verdade.
5) ECLESIOLOGIA:
Preocupação com o surgimento de grupos, movimentos, comunidades ou igrejas
adotando elementos seculares como ferramenta de evangelismo.
Amigos queridos,
vocês são líderes. Vocês são formadores de opinião. Gostaria de desafiá-los
como líderes: coloquemos o melhor do nosso intelecto, o melhor do nosso esforço
e o melhor da nossa influência para resgatar e fortalecer a identidade do
remanescente. Como igreja, temos uma responsabilidade, mas como indivíduos
também temos uma responsabilidade.
Os membros da
nossa igreja precisam ver claramente a identidade do remanescente; os que não
são membros da igreja também precisam ver claramente a identidade do
remanescente.
Fortalecer a identidade da igreja é, antes de tudo, um dever de cada
adventista; mas é um imperativo aos líderes. E lembrem-se de que retroceder é
um elemento essencial para avançar. Isso tem que ver com a nossa identidade. A
identidade da igreja não é responsabilidade da instituição. É responsabilidade
sua e minha.
(Trecho
de um sermão do pastor Adolfo
Suarez dirigido a pastores e líderes da IASD; ele é reitor do
Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia)
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