Ellen White
Tudo é de Deus
A criação pertence a Deus. Se abandonasse o homem, o Senhor poderia deter-lhe imediatamente a respiração. Tudo que ele é e tudo que ele possui pertence a Deus. O mundo inteiro é de Deus. As casas dos homens, suas aquisições pessoais, tudo que é valioso ou brilhante é a própria dotação de Deus. Tudo isto é Sua dádiva para ser devolvida a Deus para ajudar a cultivar o coração humano. As ofertas mais esplêndidas podem ser colocadas sobre o altar de Deus, e os homens enaltecerão, exaltarão e louvarão o doador por sua liberalidade. Em quê? "Tudo vem de Ti, e da Tua mão To damos." I Crôn. 29:14. Nenhuma obra do homem pode fazer com que mereça o amor perdoador de Deus, mas o amor de Deus, imbuindo a alma, o levará a efetuar as coisas que sempre foram requeridas por Deus e que o homem deve realizar com prazer. Ele só efetuou o que o dever sempre requereu dele.
Os anjos de Deus no Céu que nunca caíram fazem continuamente a Sua vontade. Em tudo que eles fazem no seu laborioso encargo de misericórdia para nosso mundo, amparando, guiando e guardando a obra das mãos de Deus através dos séculos - tanto os justos como os injustos -, eles podem dizer verdadeiramente: "Tudo é Teu. Das Tuas mãos To damos." Oxalá o olhar humano pudesse ter vislumbres dos anjos! Oxalá a imaginação pudesse compreendê-los e demorar-se sobre o esplêndido e glorioso serviço dos anjos de Deus e dos conflitos em que se empenham em favor dos homens para os proteger, guiar e conquistar, e para desviá-los das ciladas de Satanás. Quão diferente seria a conduta e o sentimento religioso!
Mérito das Criaturas
Poderão ser travadas discussões por seres humanos que defendem ardorosamente o mérito das criaturas e por todo homem que luta pela supremacia, mas eles simplesmente não sabem que durante todo esse tempo, em princípio e caráter, estão deturpando a verdade como ela é em Jesus. Encontram-se num nevoeiro de perplexidade. Necessitam do divino amor de Deus que é representado pelo ouro provado no fogo; necessitam das vestiduras brancas do puro caráter de Cristo; e necessitam também do colírio celestial, para que possam discernir com assombro a completa desvalia do mérito das criaturas para ganhar a recompensa da vida eterna. Pode haver fervorosa labuta e intensa afeição, elevada e nobre realização intelectual, amplitude de compreensão e a maior humilhação, que sejam depositadas aos pés de nosso Redentor; mas não há nisso nem um pouquinho mais do que a graça e o talento originalmente dados por Deus. Não deve ser dado nada menos do que ordena o dever, mas não se pode dar nada mais do que se recebeu a princípio; e tudo precisa ser colocado sobre o fogo da justiça de Cristo, a fim de que seja purificado de seu odor terreno, antes que ascenda numa nuvem de fragrante incenso ao grande Jeová e seja aceito como aroma suave.
Pergunto: Como posso apresentar este assunto assim como é? O Senhor Jesus comunica todo o poder, toda a graça, toda a penitência, toda a inclinação, todo o perdão dos pecados, ao apresentar Sua justiça para que o homem dela se apodere por meio de fé viva - a qual também é o dom de Deus. Se juntássemos tudo que é bom e santo, nobre e belo no homem, e apresentássemos o resultado aos anjos de Deus, como se desempenhasse uma parte na salvação da alma humana ou na obtenção de mérito, a proposta seria rejeitada como traição. Encontrando-se na presença de seu Criador e contemplando a glória insuperável que envolve Sua Pessoa, eles consideram o Cordeiro de Deus dado desde a fundação do mundo a uma vida de humilhação, a ser rejeitado por homens pecaminosos, e a ser desprezado e crucificado. Quem pode avaliar a imensidão desse sacrifício!
Cristo Se fez pobre por amor de nós, para que pela Sua pobreza nos tornássemos ricos. E quaisquer obras que o homem pode prestar a Deus serão muito menos do que nada. Meus pedidos só se tornam aceitáveis por estarem baseados na justiça de Cristo. A idéia de fazer algo para merecer a graça do perdão é errônea do começo até o fim. "Senhor, não trago na mão valor algum; simplesmente me apego a Tua cruz."
O que o Homem não Pode Fazer
O homem não pode realizar proezas dignas de louvor que lhe dêem alguma glória. Os homens têm o hábito de glorificar os homens e de exaltá-los. Estremeço ao ver ou ouvir algo a esse respeito, pois me foram revelados não poucos casos em que a vida familiar e a obra no interior do coração desses próprios homens se acham repletas de egoísmo. Eles são corruptos, desprezíveis e vis; e nada que procede de todos seus feitos pode elevá-los diante de Deus, pois tudo que fazem constitui uma abominação à Sua vista. Não pode haver verdadeira conversão sem o abandono do pecado, mas não é discernida a grave natureza do pecado. Com uma agudeza de percepção jamais atingida pela vista humana, anjos de Deus discernem que seres tolhidos por influências corruptoras, com a mente e mãos impuras, estão decidindo seu destino para a eternidade. No entanto, muitos têm pouca compreensão do que constitui pecado e qual é o remédio.
Ouvimos serem pregadas tantas coisas a respeito da conversão da pessoa que não são verdade. Os homens são ensinados a pensar que se alguém se arrepende, será perdoado, supondo que o arrependimento é o caminho e a porta para o Céu; que há no arrependimento certo valor garantido que compre o perdão para ele. Pode o homem arrepender-se por si mesmo? Não mais do que pode perdoar a si próprio. Lágrimas, suspiros, resoluções - tudo isso constitui apenas o apropriado exercício das faculdades que Deus concede ao homem e o ato de afastar-se do pecado na regeneração de uma vida que é de Deus. Onde está o mérito do homem para ganhar sua salvação ou para colocar diante de Deus algo que seja valioso e excelente? Pode uma oferta de dinheiro, casas, terras, colocar-vos na lista do merecimento? Impossível!
Há o perigo de considerar que a justificação pela fé concede algum mérito à fé. Quando aceitamos a justiça de Cristo como um dom gratuito somos justificados gratuitamente por meio da redenção de Cristo. Que é fé? "O firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem." Heb. 11:1. É uma aprovação do entendimento às palavras de Deus que leva o coração a uma voluntária consagração e serviço a Deus, o qual deu o entendimento, o qual sensibilizou o coração, o qual primeiro levou a mente a contemplar a Cristo na cruz do Calvário. Fé é entregar a Deus as faculdades intelectuais, submeter-Lhe a mente e a vontade e fazer de Cristo a única porta de entrada no reino dos Céus.
Quando os homens aprendem que não podem obter a justiça pelo mérito de suas próprias obras e olham com firme e inteira confiança para Jesus Cristo como sua única esperança, não haverá tanto do próprio eu e tão pouco de Jesus. Almas e corpos são maculados e poluídos pelo pecado, o coração é alienado de Deus, contudo muitos estão-se debatendo, em sua própria força finita, para conquistar a salvação por boas obras. Jesus, pensam eles, efetuará uma parte da salvação, e eles precisam fazer o resto. Necessitam ver pela fé a justiça de Cristo como sua única esperança para o tempo e para a eternidade
Do Livro Fé e Obras Pags 22 - 26
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