Houve uma reunião no Céu para definir qual seria a última mensagem a ser dada ao planeta em rebelião. “É essencial incluir o evangelho eterno, porque ele expressa o amor demonstrado pelo Meu Filho amado para salvar o mundo”, disse Deus. “Deve ser um chamado para adorar o Criador do Céu, da Terra e das fontes das águas”, ponderou o Filho, que sempre buscou glorificar o Pai. “Além disso, precisamos incluir as consequências de ficar do lado errado na guerra entre o bem e o mal”, acrescentou o Espírito Santo, com Seu toque de sensibilidade. E assim o aviso final chegou a João, que viu três anjos voando pelo meio do Céu, o espaço de Deus, um lugar de grande visibilidade, e o registrou em Apocalipse 14.
A reunião é imaginária, mas o conteúdo é real. Encapsulada em sete dos 404 versos do Apocalipse (14:6-12), essa tríplice mensagem tem um roteiro impressionante: vem de Deus, sintetiza conteúdo teológico riquíssimo, aplica-se a um momento crítico, é proclamada com senso de urgência, visa a uma audiência global e deve ser pregada por um povo especial.
Não é por acaso que líderes da igreja, editores, teólogos, evangelistas, dissidentes, todos gostam de falar da mensagem dos três anjos. Por sua importância, precisamos proclamá-la com poder e rapidez, não com lentidão e timidez, a fim de alcançar cada nação, tribo, língua, povo, pessoa e neurônio… E na ordem correta, uma mensagem servindo de fundamento para a outra, embora as três sejam cumulativas: (1) temam a Deus, deem-Lhe glória e adorem o Criador, pois chegou a solene hora do julgamento; (2) está caindo o gigantesco sistema de Babilônia, a cidade da conspiração que engana o mundo com a mentira e o embriaga com o vinho da corrupção moral e espiritual; (3) quem adorar o monstro imperial e aderir ao seu falso sistema de adoração sofrerá penalidade eterna.
Desde o início do adventismo, essas mensagens foram compreendidas como a síntese do plano da redenção, pois falam da criação, destacam o sábado como o sinal de lealdade ao Criador, indicam que o julgamento começou em 1844 e denunciam o antievangelho promovido pela trindade satânica descrita no Apocalipse.
Na textura do Apocalipse, com reflexos no capítulo 14, há um choque de cosmovisões, valores, filosofias, métodos e comportamentos. A linguagem não reflete primariamente a cultura da época, mas a intertextualidade dos profetas; o foco não está somente na brutalidade do Império Romano, mas no conflito entre o dragão e o Cordeiro; o tempo não é exclusivamente o 1º século, mas toda a história; o escopo não é simplesmente geográfico, mas cósmico. Os pioneiros perceberam esses detalhes e suas implicações para a identidade e a missão da igreja.
Aos adventistas, acentuou Ellen White, “foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer”, que é a proclamação das três mensagens angélicas. “Nenhuma obra há de tão grande importância” (Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 19). Por isso, o Comitê Executivo da Associação Geral agiu bem ao decidir, em 14 de outubro de 2020, dar-lhe uma ênfase especial.
Curiosamente, dias atrás um líder cogitou se a igreja deveria comprar um satélite para potencializar a pregação global, o que é um plano ousado. Mas, acima de qualquer tecnologia no espaço, os verdadeiros “anjos” somos nós. Quem não viver e não compartilhar essas verdades agora, dificilmente vai defendê-las no momento da crise final.
Marcos De Benedicto (Editorial da edição de março de 2021 da Revista Adventista)
Do Blog, Megafone adventista / Angelo Repetto
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