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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

O Comércio de Bebidas e a Proibição

 O Comércio de Bebidas e a Proibição

CBV - Pag. 337 

"Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos sem direito; ... que diz: Edificarei para mim uma casa espaçosa e aposentos largos, e lhe abre janelas, e está forrada de cedro e pintada de vermelhão. Reinarás tu, só porque te encerras em cedro? ... Os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua avareza, e para o sangue inocente, a fim de derramá-lo, e para a opressão, e para a violência, a fim de levar isso a efeito." Jer. 22:13-15 e 17.


A Obra do Vendedor de Bebidas

Essa passagem apresenta a obra dos que fabricam e dos que vendem bebidas intoxicantes. Seu comércio quer dizer roubo. Pelo dinheiro que recebem, não dão eles nenhum valor equivalente. Cada centavo que ajuntam a seus lucros trouxe ao comprador uma maldição.

Com mão liberal tem Deus derramado Suas bênçãos sobre os homens. Fossem Suas dádivas sabiamente empregadas, quão pouco o mundo havia de conhecer de pobreza ou aflição! É a impiedade dos homens que Lhe transforma as bênçãos em maldição. É mediante a ganância de lucro e a concupiscência do apetite que os cereais e as frutas dadas para nossa manutenção se convertem em venenos que produzem miséria e ruína.

Todos os anos se consomem milhões e milhões de litros de bebidas intoxicantes. Milhões e milhões de dólares são gastos na compra da miséria, pobreza, enfermidade, degradação, concupiscência, crime e morte. Por amor do ganho, o vendedor de bebidas passa a suas vítimas aquilo que corrompe e destrói a mente e o corpo. Traz sobre a família do bêbado a pobreza e a ruína.

Morta a sua vítima, não cessam as cobranças do vendedor de álcool. Rouba a viúva, e leva os filhos à mendicidade. Não hesita em tirar da despojada família até o que é indispensável à vida, a fim de se pagar a conta do marido e pai. Os clamores das sofredoras crianças, as lágrimas da mãe angustiada, não servem senão para o exasperar. Que lhe importa se esses pobres coitados morrerem de fome? Que lhe importa se também eles forem compelidos à degradação e à ruína? Ele enriquece à custa do bocado daqueles a quem está arrastando à perdição.

Casas de prostituição, antros de vícios, tribunais criminais, prisões, casas de caridade, asilos de alienados, hospitais - todos, em alto grau, se acham cheios em resultado da obra do vendedor de bebidas. Como a Babilônia mística do Apocalipse, ele está mercadejando com "corpos" e "almas de homens". Por trás do vendedor de bebidas está o grande destruidor de almas, e toda arte, que a Terra ou o inferno possa imaginar, é empregada para atrair as criaturas humanas para debaixo de seu poder. Na cidade e no campo, nos trens da estrada de ferro, nos grandes navios, nos lugares de comércio, nos salões de prazer, no dispensário médico, e mesmo na igreja, na sagrada mesa da comunhão, são lançadas suas armadilhas. Coisa alguma é esquecida a fim de criar e fomentar o desejo de intoxicantes. Em quase todas as esquinas, acha-se um bar, com suas luzes brilhantes, seus atrativos e animação, convidando o trabalhador, o rico ocioso e o incauto jovem.

Nos restaurantes particulares e lugares de recreio, oferecem-se, às senhoras, sob alguma designação aprazível, bebidas populares que são na verdade intoxicantes. Para os

 doentes e debilitados, há os largamente preconizados aperitivos, que consistem em grande parte de álcool.

Para despertar nas crianças o apetite de bebida, introduz-se o álcool em confeitos ou bombons. Esses são vendidos nas confeitarias. E por meio desses confeitos o vendedor de bebidas atrai para si as crianças.

Dia a dia, mês a mês, ano a ano, prossegue a obra. Pais e maridos e irmãos, o esteio, a esperança e o orgulho da nação, vão decididamente passando para os antros do traficante de bebidas para serem devolvidos desgraçados em ruínas.

Mais terrível ainda, a praga está ferindo o próprio coração do lar. Mais e mais estão as mulheres formando o hábito da bebida. Em muitas casas, estão crianças, mesmo na inocência e desamparo de seus primeiros dias, em perigo diário, devido à negligência, ao mau trato, à vileza de mães embriagadas. Filhos e filhas estão a crescer à sombra desse terrível mal. Quais as perspectivas para seu futuro, senão que venham a abismar-se ainda mais fundo que seus pais?

Das terras chamadas cristãs, é a praga levada às regiões da idolatria. Os pobres e ignorantes selvagens são ensinados a beber. Mesmo entre os pagãos, homens de inteligência reconhecem e protestam contra o álcool como veneno mortífero; em vão, porém, têm eles procurado proteger sua terra contra as devastações que ele traz. Povos civilizados forçam a entrada do fumo, do álcool e do ópio entre as nações pagãs. As desenfreadas paixões dos selvagens, estimuladas pelo álcool, arrastam-nos a uma degradação antes desconhecida, tornando-se empreendimento quase desesperado o envio de missionários a essas terras.

Mediante seu contato com os povos que lhes deviam ter dado o conhecimento de Deus, são os pagãos levados a vícios que têm causado a destruição de tribos e nações inteiras. E por isso, nos lugares obscurecidos da Terra, os homens das nações civilizadas são odiados.


Ellen White

A Ciencia do Bom Viver Pags 337 - 339 

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