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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

COMPAIXÃO SEM LIMITES

 

COMPAIXÃO SEM LIMITES

Romanos 6:23

 

Introdução

Miguel era um menino inquieto como quase todos. Sua vida familiar fora harmoniosa e calorosa até o dia em que conheceu uns maus amigos os quais o introduziram a algumas atividades ilícitas. Por ser de complei­ção magra, um dia entrou por entre as grades da janela na sala do diretor da escola, pegou algumas moedas e ninguém ficou sabendo o que acon­teceu. Assim, pouco a pouco, seus roubos foram ficando maiores até que um dia, quando ele tinha 12 anos, aconteceu o pior. Naquela noite, seu pai reuniu a família e contou a eles sua alegria de ter recebido o salário de seu novo emprego. Ele disse à família: “Juntos, vamos fazer um orçamento, e cada um vai receber uma parte para seus gastos pessoais”. Terminada a reunião, colocou com confiança o dinheiro entre os livros da biblioteca. A seguir, depois da oração, cada um foi dormir. Miguel não conseguia dormir. Uma estranha força o mantinha acordado, concentrado no di­nheiro que seu pai havia deixado entre os livros. Infelizmente, essa força o venceu, e, às escondidas, ele pegou o dinheiro e escondeu debaixo de uma pedra no jardim. No dia seguinte, todos foram acordados com o grito do pai ao perceber que o seu salário havia desaparecido. Falou com cada um e ninguém sabia de nada. Depois de alguns dias, os professores notaram alguns artigos extravagantes nas mãos de Miguel. Avisaram ao pai, e ali começou outra história. Não passou muito tempo para descobrir a ver­dade. Toda a família estava espantada. Eles sabiam que Miguel teria que receber um castigo exemplar. Consternado, o pai o levou à cozinha e acen­deu uma das bocas do fogão. A mãe tentou impedir o feito. O filho implo­rou desesperado: “Pai, me perdoa!” Ao que o pai respondeu: “Não, filho. Não posso perdoar. Você cometeu um grande pecado”. Logo, um cheiro de carne queimada surgiu na cozinha. Um silêncio assustador envolveu a família e logo perceberam como a mão foi inchando rapidamente. No entanto, era a mão do pai e não a do culpado. Ele teve que ser atendido em um hospital. Quando o médico perguntou como isso tinha acontecido, nunca entendeu a explicação. Quem entenderia que ele tinha feito isso para receber o castigo que deveria ser de seu próprio filho? Passados 20 anos, toda a vez que Miguel olha ou toca a mão de seu pai, sua alma se estremece e diz: “essas cicatrizes deveriam ser minhas”.

Essa frase merece ser lembrada sempre: “essas cicatrizes deveriam ser minhas”.

Quando realmente compreendermos o que aconteceu naquela tarde na cruz do Calvário, entenderemos o que significa o amor e a compaixão.

Para compreender isso, revisemos juntos o que aconte­ceu em dois jardins: no Jardim do Éden e no Jardim do Getsêmani.

 

I. O QUE ACONTECEU NO JARDIM DO ÉDEN

a. Quando Deus criou o homem, deu-lhe uma ordem: “De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvo­re do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:16, 17).

Nessa ordem estava envolvido o princípio da retribuição. Isso significa que a obediência merece a vida e a desobediência merece a morte. O homem pecou. Todos nós pecamos, e a desobediência produz a morte. Deveríamos morrer. “Porque o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23).

 

b. O homem não quer morrer, mas alguém tem que morrer. Al­guém tem que pagar o preço do pecado no lugar do ser hu­mano. É então que aparece a figura compassiva do Filho. Ele diz: “Pai, o homem merece morrer porque pecou, mas antes de cumprir a sentença, quero ir à Terra como homem e viver como ele. Quero assumir sua natureza, experimentar seus pro­blemas, sofrer suas tristezas, suas alegrias e tentações”. Foi por isso que Cristo veio a este mundo como um menino.

c. Ele não apenas parecia ser humano, mas era um ser humano de verdade, como você e eu. Teve as mesmas lutas que você tem, às vezes se sentiu sozinho e incompreendido. Experimen­tou as mesmas tentações que você e, por isso, e não simples­mente porque é Deus, Ele está mais perto de amá-lo e perdoá­-lo do que de julgá-lo e condená-lo. 

d. Depois de ter vivido neste mundo, Cristo poderia dizer: Pai, eu vivi na Terra como um ser humano e fui tentado em tudo, mas não pequei. Como ser humano, ganhei o direito à vida. O ho­mem, pelo contrário, pecou e merece a morte. Agora, Pai, o princípio de retribuição não impede que haja uma troca. Sendo assim, a morte que o homem merece, eu quero morrê-la. E a vida que eu mereço, porque não pequei, quero oferecê-la ao ho­mem. Foi isso o que aconteceu na cruz do calvário. Uma troca de amor. Alguém morreu em nosso lugar.

II. O QUE ACONTECEU NO JARDIM DO GETSÊMANI


a.   Uns dias antes da morte de Cristo, a polícia prendeu um crimino­so chamado Barrabás. O delinquente foi julgado e condenado à pena de morte. Devia ser cravado numa cruz. Esta era uma morte cruel. Ninguém morre por causa de feridas causadas nas mãos e nos pés. Na cruz, o sangue vai se acabando gota a gota. Às vezes, o marginal ficava cravado vários dias. O sol abrasador, o frio da noite, a fome e a sede iam acabando pouco a pouco com sua vida.

 

b. Depois do julgamento, as autoridades contrataram um carpin­teiro para preparar a cruz de Barrabás. Ali estava o delinquente e ali estava sua cruz, com suas medidas e com seu nome. Mas naquele dia, os judeus prenderam Jesus. Ele também foi julgado e condenado.

 

c.     A história conta que um homem chamado Pilatos, tentando defendê-Lo, apresentou perante o povo Cristo e Barra­bás e disse: —Em datas como esta, temos o costume de soltar um prisioneiro. A quem quereis que eu solte desta vez, Cristo ou Barrabás? (Mt 27:17). O povo enlouquecido gritou: —Solta Bar­rabás! Crucifica a Cristo! (Mt 27:22, 23)

 

d. O pastor A. Bullón, comentando esse acontecimento em seu livro Conhecer Jesus É Tudo, diz que se alguém entendeu algu­ma vez a plenitude do sentido da expressão “Cristo morreu em meu lugar”, foi Barrabás.


e.   Ele não podia acreditar. Ele, o marginal, o homem mau, estava livre. E aquele Jesus, manso e simples, que só viveu semeando amor, devolvendo saúde aos doentes e vida aos mortos estava ali para morrer em seu lugar.

d. Bullón continua imaginando: Já não havia mais tempo para cha­mar o carpinteiro e preparar uma cruz para Cristo. Ali havia uma cruz vaga, com as medidas de outro, com o nome de outro, pre­parada para outro.

E aquela tarde, Cristo ascendeu ao monte do Calvário carregando uma pesada cruz, uma cruz alheia, porque para Ele nunca ninguém preparou uma cruz. Sabe por quê? Sim­plesmente porque Ele não merecia uma cruz. Aquela tarde, Cris­to estava carregando minha cruz. Era eu que merecia morrer, mas Ele me amou tanto que decidiu morrer em meu lugar e me ofe­recer o direito à vida, que, como homem, Ele tinha conquistado.

e. Ali no Calvário, Cristo foi crucificado. A cruz foi levantada, e, com o peso do corpo, Suas carnes se rasgaram. A coroa de espinhos que lhe foi colocada, incomodava mais do que nunca. O sangue escor­ria lentamente pelo rosto. Um soldado Lhe feriu o lado com uma lança. Ali estava o Deus-homem morrendo por amor.

f. Ellen White descreve:

“O sol se escureceu por completo, o terror se apoderou de todos que ali estavam. Os relâmpagos pareciam lançados contra Ele... Ao entregar Sua vida preciosa, Cristo não Se sentiu animado de um gozo triunfante. Seu cora­ção estava desgarrado pela dor. Mas não foi o medo da morte nem o suplício da cruz o que causou a Cristo tão terríveis pa­decimentos. Foi o gravíssimo peso dos pecados do mundo e o sentimento de Se achar separado do amor de Seu Pai o que quebrantou Seu coração e causou tão rápida morte ao filho de Deus” (Cristo Nuestro Salvador, p. 131 - tradução livre).

f.   Até as aves dos céus e as bestas dos campos corriam de um lado para outro perscrutando em sua irracionalidade que al­guma coisa estranha estava acontecendo. Só o homem, a mais bela e inteligente das criaturas, parecia ignorar que naquele instante seu destino eterno estava em jogo. 

h. Logo, tudo ficou em paz. As pessoas começaram a voltar para suas casas deixando a montanha solitária. Ali, pendurado em meio a dois ladrões, estava Jesus entregando a Sua vida pela da humanidade.

Conclusão

Não foi um herói nem um louco suicida que morreu na cruz, não foi um revolucionário social. Foi Deus feito homem, e como homem tinha medo de morrer.

As palavras do Getsêmani refletem esse momento. “Pai, se que­res, passa de mim este cálice” (Lc 22:42).

A vida toda da humanidade estava em Suas mãos. Ele tinha medo, mas Seu amor foi maior que o medo.

Como abandonar o homem no mundo de morte?

Isso é o que talvez nunca consi­gamos entender. Por que Ele me amou tanto?

Por que tanta compaixão?

Ele o ama tanto que mesmo tendo medo da morte, aceitou-a para vê-lo feliz.

Miguel, o menino da história inicial, agora um homem, estremecia cada vez que olhava as cicatrizes na mão de seu pai. Essas cicatrizes falavam tão forte ao seu coração que sua vida mudou. Sempre se perguntava: Como seria tão ingrato em não amar alguém que fez isso por mim? Essas cicatrizes tão horríveis deveriam ser minhas.

A compaixão de Cristo nos transforma e nos impulsiona a ter a mesma compaixão pelos que ainda não contemplaram o amor de Cristo, manifestado no Calvário.

Eu nunca terei palavras para agra­decer o que Ele fez por mim.

Nunca poderei entender a plenitude de Seu amor por mim.

Mas ao levantar os olhos para a montanha e ver pendurado na cruz um Deus de amor, o meu coração se amolece e exclamo:

Essa cruz era minha!

Como seria tão ingrato para não amar alguém que fez tanto por mim? 

O que você diz?

( Desconheço o autor )

 

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