A Igreja Remanescente não é Babilônia
Ellen White
Ellen White
Muito me entristeci ao ler o
folheto publicado pelo irmão S. e pelos que com ele se associam na obra
que está fazendo. Sem meu consentimento, têm eles feito seleções dos
Testemunhos e as inseriram no folheto que publicaram, para dar a
aparência de que meus escritos apóiam e aprovam a posição que advogam.
Ao fazê-lo, fazem o que nem é justo nem correto.
Ao tomarem
desautorizadas liberdades, apresentam ao povo uma teoria que engana e
destrói. Em tempos passados, muitos outros fizeram a mesma coisa, e
deram a parecer que os Testemunhos apoiavam posições que eram
insustentáveis e falsas.
Tenho recebido luz no
sentido de que a posição assumida pelo irmão S. e seus simpatizantes não
é verdadeira, mas um dos "eis aqui" e "eis ali" que caracterizam os
dias em que vivemos. Como exemplo da maneira em que o irmão S. compilou
este folheto, relatarei o seguinte incidente: Escrevi uma carta
particular a um de nossos pastores, e de maneira bondosa, pensando que
isso seria um auxílio ao irmão S., esse irmão lhe enviou uma cópia dela,
mas em vez de a considerar como uma questão para o seu auxílio pessoal,
ele imprime porções dela num panfleto, como Testemunho não publicado,
para apoiar a posição que ele assumira. É isso honroso? Nada há no
Testemunho para apoiar a posição mantida pelo irmão S.; mas ele faz mau
uso disto, como muitos fazem com as Escrituras, para prejuízo de sua
própria alma e da dos outros. Deus julgará os que tomam desautorizada
liberdade fazendo uso de meios desonrosos com o fim de dar caráter e
influência àquilo que eles consideram como sendo uma verdade. Usando uma
carta particular enviada a outra pessoa, abusa o irmão S. dos bondosos
esforços envidados por alguém que o desejava ajudar. As facções que
publicaram o folheto sobre o Alto Clamor, e a queda de todas as igrejas,
evidenciam que o Espírito Santo de Deus não está atuando com eles. "Por
seus frutos os conhecereis." Mat. 7:16.
Os que recebem os folhetos
que advogam essa falsa posição, terão a impressão de que eu a apóio, e
de que estou unida com esses obreiros na proclamação daquilo que eles
chamam a "nova luz". Sei que sua mensagem está misturada com a verdade,
mas a verdade
é mal aplicada e torcida
pela sua ligação com o erro. Quero dizer ao irmão que enviou a esses
homens a cópia da carta que eu lhe escrevi, que nenhum pensamento tenho
de censurá-lo, e ninguém deve fazer-lhe a mínima censura quanto a este
assunto. Se eu fizesse um mau juízo e o censurasse, quando seus motivos e
intenções eram bons, incorreria no desagrado de Deus. Se o irmão que
ele desejou ajudar tomou liberdades, e traiu a sua confiança, não
censure a si mesmo, nem se aflija pelos resultados da infidelidade dele.
Instrução aos Discípulos
Questões há nos Testemunhos
escritos que não são para o mundo em geral, mas para os filhos de Deus
crentes, e não é próprio tornar públicos para o mundo instruções,
advertências, reprovações ou conselhos dessa espécie. O Redentor do
mundo, o Enviado de Deus, o maior Mestre que os filhos dos homens já
conheceram, apresentou algumas questões instrutivas, não para o mundo,
mas somente para os Seus discípulos. Embora tivesse mensagens destinadas
às grandes multidões que O acompanhavam, também tinha alguma luz e
instrução especial a comunicar aos Seus seguidores, as quais não
comunicava à grande congregação, visto que elas nem seriam por ela
compreendidas nem apreciadas. Enviou Seus discípulos a pregar, e ao
voltarem de seu primeiro trabalho missionário, e terem várias
experiências a relatar quanto a seu êxito na pregação do evangelho do
reino de Deus, Ele lhes disse: "Vinde vós, aqui à parte, a um lugar
deserto, e repousai um pouco." Mar. 6:31. Num lugar de reclusão
comunicou Jesus a Seus discípulos as instruções, conselhos, avisos e
correções que Ele viu serem necessários na sua espécie de trabalho; mas a
instrução que então lhes deu não devia ser lançada
a esmo ao grupo promíscuo,
pois Suas palavras se destinavam apenas aos Seus discípulos.
Em várias ocasiões em que o
Senhor realizara obras de cura, ordenou Ele àqueles a quem abençoara que
a ninguém contassem o que fizera. Devem eles ter ouvido Suas exortações
e reconhecido que Cristo não exigira levianamente silêncio de sua
parte, mas tinha uma razão para Sua ordem, e de modo algum deviam ter
desrespeitado o Seu expresso desejo. Deveria ter-lhes sido suficiente
saber que Ele desejava que observassem o seu conselho, e que tinha boas
razões para Seu premente pedido. Sabia o Senhor que ao curar o enfermo,
ao realizar milagres para restaurar a vista dos cegos, e para a
purificação do leproso, punha em perigo Sua própria vida, pois se os
sacerdotes e príncipes não aceitassem as evidências de Sua missão divina
que Ele lhes deu, haveriam de interpretar mal, dizer falsidades e
contra Ele fazer acusações. É verdade que Ele fez abertamente muitos
milagres, contudo, em muitos casos, pediu que aqueles a quem abençoara a
ninguém contassem o que por eles fizera. Ao se levantar o preconceito,
ao serem alimentados a inveja e o ciúme, e Seu caminho embargado,
abandonou as cidades e foi à procura dos que ouviriam a verdade que Ele
veio transmitir e a apreciariam.
Achou o Senhor Jesus
necessário esclarecer muitas coisas aos discípulos, coisas essas que Ele
não revelou às multidões. Tornou-lhes claramente manifestas as razões
do ódio demonstrado para com eles pelos escribas, fariseus e sacerdotes,
e lhes falou de Seu sofrimento, traição e morte. Mas para o mundo não
tornou tão claras essas questões. Tinha advertências a dar a Seus
seguidores, e diante deles desdobrou os tristes acontecimentos que
haviam de ocorrer, e o que eles deviam
esperar. Deu a Seus
seguidores preciosa instrução que até nem mesmo eles compreenderam senão
depois de Sua morte, ressurreição e ascensão. Ao ser o Espírito Santo
derramado sobre eles, foram-lhes todas essas coisas trazidas à
lembrança, tudo o que Ele lhes dissera.
Traição da Confiança
Era uma traição da sagrada
confiança tomar aquilo que Jesus determinara que fosse conservado em
segredo e publicá-lo aos outros, trazendo sobre a causa da verdade
desonra e prejuízo. O Senhor deu a Seu povo apropriadas mensagens de
advertência, repreensão, conselho e instrução, mas não é próprio tirar
essas mensagens de sua conexão, e pô-las onde pareçam reforçar mensagens
do erro. No folheto publicado pelo irmão S. e seus companheiros, ele
acusa a igreja de Deus de ser Babilônia, e insiste em que haja uma
separação da igreja. Esta é uma obra que não é honrosa nem justa.
Compondo aquele folheto, serviram-se de meu nome e de meus escritos para
apoio do que eu desaprovo e denuncio como erro. O povo a quem esse
folheto chegar às mãos, acusar-me-á a mim da responsabilidade dessa
falsa atitude, quando ela é completamente contrária aos ensinos de meus
escritos e da luz que Deus me deu. Não hesito em dizer que os que
insistem nessa obra estão muito enganados.
Uma Falsa Mensagem
Desde anos tenho apresentado
meu testemunho dizendo que, em surgindo quaisquer pessoas pretendendo
possuir grande luz e não obstante advogando a demolição daquilo que o
Senhor por Seus agentes humanos tem estado a edificar, acham-se eles
muito enganados, e não trabalham em
cooperação com Cristo.
Aqueles que afirmam que as igrejas adventistas do sétimo dia constituem
Babilônia, ou qualquer parte de Babilônia, deveriam antes ficar em casa.
Que eles se detenham e considerem qual é a mensagem que deve ser
pregada presentemente. Em vez de trabalhar com meios divinos para
preparar um povo que subsista no dia do Senhor, eles se puseram ao lado
daquele que é um acusador dos irmãos, que os acusa dia e noite perante
Deus. Agentes satânicos têm vindo das profundezas, inspirando os homens a
unir-se numa confederação do mal, para perturbarem e atormentarem o
povo de Deus, causando-lhe grande aflição. O mundo todo há de ser
instigado à inimizade contra os adventistas do sétimo dia, porque eles
não rendem homenagem ao papado, honrando o domingo, instituição desse
poder anticristão. É desígnio de Satanás fazer com que eles sejam
exterminados da Terra, a fim de que não seja contestada sua supremacia
no mundo.
As Acusações de Satanás
Ao profeta foi apresentada a cena da acusação feita por Satanás.
Diz ele: "E me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do
Anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se Lhe opor."
Zac. 3:1. Jesus é o nosso grande Sumo Sacerdote no Céu. E que faz Ele? -
Faz intercessão e expiação por Seu povo que nEle crê. Pela Sua justiça
imputada, são aceitos por Deus, como sendo aqueles que estão
manifestando ao mundo que reconhecem a fidelidade a Deus, observando
todos os Seus mandamentos. Satanás está cheio de maligno ódio contra
eles, e para com eles manifesta o mesmo espírito que manifestou para com
Jesus Cristo quando Este estava na Terra. Quando Jesus estava perante
Pilatos, o governador romano procurou soltá-Lo, e desejou que o povo
escolhesse libertar Jesus da
prova pela qual estava prestes a passar. Apresentou à multidão que
clamava o Filho de Deus e o criminoso Barrabás, e perguntou: "Qual
quereis que vos solte? Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?" Mat. 27:17.
"E eles disseram: Barrabás. Disse-lhes Pilatos: Que farei, então, de
Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado." Mat. 27:21
e 22.
O mundo foi instigado pela
inimizade de Satanás, e quando lhe pediram que escolhesse entre o Filho
de Deus e o criminoso Barrabás, escolheram um ladrão em vez de a Jesus.
As multidões ignorantes foram levadas pelo raciocínio enganoso dos que
estavam em posição elevada, a rejeitar o Filho de Deus e a escolher em
Seu lugar um ladrão e assassino. Lembremo-nos todos de que ainda estamos
num mundo em que Jesus, o Filho de Deus, foi rejeitado e crucificado,
em que ainda repousa a culpa de desprezar a Cristo e preferir um ladrão
ao imaculado Filho de Deus. A menos que individualmente nos arrependamos
diante de Deus devido à transgressão de Sua lei, e exerçamos fé em
nosso Senhor Jesus Cristo, a quem o mundo tem rejeitado, estaremos sob a
absoluta condenação que o ato de escolher a Barrabás em vez de a Cristo
merece. Todo o mundo está hoje sob a acusação de deliberada rejeição e
assassínio do Filho de Deus. A Palavra de Deus registra que judeus e
gentios, reis, governadores, ministros, sacerdotes, e o povo - todas as
classes e seitas que revelam o mesmo espírito de inveja, ódio,
preconceito e descrença manifestados pelos que levaram à morte o Filho
de Deus - caso lhes fosse concedida a oportunidade, desempenhariam a
mesma parte desempenhada pelos judeus e pelo povo do tempo de Cristo.
Participariam do mesmo espírito que exigiu a morte do Filho de Deus.
Na cena que representa a
obra de Cristo em nosso favor, e a determinada acusação de Satanás
contra nós, Josué figura como sumo sacerdote e roga em favor do povo que
guarda os mandamentos de Deus. Ao mesmo tempo, apresenta Satanás o povo
de Deus como sendo grandes pecadores, e apresenta diante de Deus a lista
dos pecados que ele os tentou a cometer durante toda a vida, e insiste
em que devido às suas transgressões sejam eles entregues nas suas mãos
para serem destruídos. Insiste em que não sejam protegidos pelos anjos
ministradores contra a confederação do mal. Está enfurecido porque não
pode unir o povo de Deus nos laços do mundo, para lhe prestar completa
obediência. Reis, legisladores e governadores têm colocado sobre si o
estigma do anticristo, e são representados pelo dragão que sai a
guerrear contra os santos - contra os que guardam os mandamentos de Deus
e têm a fé de Jesus. Em sua inimizade contra o povo de Deus, também se
revelam culpados da escolha de Barrabás em vez de Cristo.
Do livro Testemunhos para ministro pags. 32-37
Nenhum comentário:
Postar um comentário