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Manifesto comunista: manifesto contra a família
Eguinaldo
Hélio Souza
Comentário de Julio Severo: Este
artigo do Pr. Eguinaldo apresenta o marxismo em contraposição ao capitalismo e
à propriedade privada. Duas considerações: 1. Na época em que Marx escreveu seu
manifesto, as sociedades mais capitalistas eram as mais protestantes. 2.
Propriedade privada é um conceito romano que é diferente do conceito judaico,
que era muito mais pró-família. Enquanto no direito romano a propriedade
privada era do indivíduo, na tradição judaica a propriedade era do clã. Então,
o capitalismo da época de Marx era profundamente odiado por ele porque o
capitalismo estava profundamente ligado ao protestantismo, que era pró-família.
Mas hoje o capitalismo está totalmente desatrelado do protestantismo e sua
ética. Aliás, o capitalismo moderno muitas vezes anda confortavelmente com o
marxismo, até mesmo financiando-o generosamente. A China, por exemplo, é uma
nação onde comunismo e capitalismo (de Estado) andam juntos. E mesmo a nação
mais protestante e capitalista do mundo, os EUA, financiam fartamente a China e
seu maior comunismo do mundo, através da transferência em massa de empresas
americanas que fornecem, através da produção em solo chinês, mão de obra
baratíssima que possibilita uma comercialização de produtos americanos a preços
confortáveis para consumidores americanos. É nessa transação do capitalismo
oportunista que o comunismo oportunista se financia. Capitalismo sem Deus e sem
valores cristãos é apenas oportunismo, convivendo muito bem com o marxismo. Embora
o texto no trate disso, pode-se dizer que o capitalismo se divorciou do
protestantismo e está agora amigado com o marxismo. Não sei o que Marx acharia dessa
mudança drástica do capitalismo, mas sei que não é bom para a civilização cristã.
Leia agora o artigo do Pr. Eguinaldo:
Karl Marx |
“Abolição
da família! Até os mais radicais ficam indignados diante desse desígnio infame
dos comunistas. Sobre que fundamento repousa a família atual, a família
burguesa? No capital, no ganho individual. A família, na sua plenitude, só
existe para a burguesia, mas encontra seu complemento na supressão forçada da
família para o proletário e na prostituição pública. A família burguesa
desvanece-se naturalmente com o desvanecer de seu complemento. E uma e outra
desaparecerão com o desaparecimento do capital.” [1]
Segundo
o marxismo, qual o fundamento da família? O capital. Como acabar com ela?
Acabando com o capitalismo e a propriedade privada. Enquanto a moral
judaico-cristã compreende a importância da família e luta para que ela se
mantenha coesa, o comunismo a despreza, a desvaloriza e desenvolveu ao longo do
tempo inúmeros ataques contra ela. A Lei da Palmada nada mais do que afronta
marxista contra a autoridade paterna. O feminismo nada mais do que a luta de
classes transferida para a identidade sexual. A defesa da união entre pessoas
do mesmo sexo, nada mais é do que uma tentativa maquiavélica de anular o
sentido de família, pois se família é qualquer coisa que se denomine família,
então nada é família. Na raiz desses movimentos está a raiz marxista.
Friedrich
Engels, buldogue de Marx, escreveu o que seria um verdadeiro manifesto contra a
família:
“A
monogamia não aparece na história, portanto, como uma reconciliação entre o
homem e a mulher e, menos ainda, como forma mais elevada de matrimônio. Pelo
contrário, ela surge sob a forma de escravização de um sexo pelo outro, como a
proclamação de um conflito entre os sexos, ignorado, até então, na
pré-história. (...) Hoje posso acrescentar: o primeiro antagonismo de classes
que apareceu na história coincide com o antagonismo entre o homem e a mulher na
monogamia; e a primeira opressão de classes, com a opressão do sexo feminino
pelo masculino”[2]
E ele
continua:
“A
família individual moderna baseia-se na escravidão doméstica, franca ou
dissimulada, da mulher, e a sociedade moderna é uma massa de cujas moléculas
são as famílias individuais”[3]
Ainda
dúvida que o Manifesto Comunista é também entre outras coisas um libelo contra
a família? Então basta ler mais um pouco da obra de Engels:
“Então
é que se há de ver que a libertação da mulher exige, como primeira condição, a
reincorporação de todo o sexo feminino à indústria social, o que, por sua vez,
requer a supressão da família monogâmica como unidade econômica da sociedade”[4]
Bastaria
ouvir minha esposa para desmascarar tamanha besteira. Entretanto, infelizmente,
nem sempre as novas gerações são tão sábias quanto ela e inoculadas pelo veneno
marxista, muitos só mais tarde compreendem as bênçãos de uma família estável em
um mundo instável.
Isso
não significa que o marxismo seja o único inimigo da família. A natureza humana
com seu desamor e infidelidade, a vida moderna com suas pressões e aflições, a
cultura sexualizada, a perda de valores. Tudo isso tem agredido e corroído a
família. E para a mente socialista isso é muito bom. Não foram poucos os ataques
socialistas contra essa instituição.
No
entanto, o marxismo não é um simples inimigo da família. Ele é inimigo do
simples conceito de família. Isso significa que no pensamento marxista o
conceito de família não tem qualquer consistência em si. Não há “verdades
eternas”, não há estruturas sociais permanentes. A família não é a celular
matter da sociedade. É apenas uma instituição que desaparecerá com o
capitalismo.
Não
devemos ficar admirados se em uma cultura marxizada a família começar a sofrer
todo tipo de ataques e distorções. A cultura judaico-cristã valoriza a família,
como muitos já notaram. “Talvez nenhum outro povo do Oriente Próximo tivesse a
vida de família em nível tão alto quanto os judeus”[5],
escreveu o historiador e filósofo Will Durant. E Peter Kreeft, apologista
cristão, justificou historicamente a importância do conceito de família. “As
quatro civilizações mais estáveis, mais bem sucedidas, pacíficas em seu
interior e duradouras da história foram a judaica (mosaica), a confuciana, a
islâmica e a romana. Elas duraram cerca de 35, 21, 14 e 7 séculos,
respectivamente, por um motivo dominante: todas eles respeitavam muitíssimo a família”.[6]
As
ideias marxistas sobre família faziam parte da Revolução Bolchevique: “Muitos
bolcheviques acreditavam que a família, sendo uma instituição baseada na
propriedade privada, seria abolida em uma sociedade comunista, com o Estado
assumindo a responsabilidade de cuidar das crianças e do trabalho doméstico”[7]. E se os pais
educassem seus filhos conforme seus valores e não conforme os valores da
revolução marxista, então esses filhos podiam rebelar-se com o total apoio do
Estado. “Se os pais persistem em transformar os filhos em pequenos senhores ou
em místicos bitolados, então as crianças têm o direito ético de abandoná-los”[8]. E o mandamento de
honrar pai e mãe é suplantado pela “verdade absoluta” do Marxismo.
Na
década de 80 Marilena Chauí lançou seu livro “O que é ideologia?” E nele já
estavam contidos ataques à família, bem como a defesa da união homossexual. O
que temos hoje é apenas o resultado de décadas de semeadura marxista.
“Se
a ideologia [capitalista] mostrasse todos os aspectos que constituem a
realidade das famílias no sistema capitalista, se mostrasse como a repressão da
sexualidade está ligada a essas estruturas familiares (condenação do adultério,
do homossexualismo, do aborto, defesa da virgindade e do heterossexualismo,
diminuição do prazer sexual para o trabalhador porque o sexo diminui a
rentabilidade e produtividade do trabalho alienado), como, então, a ideologia
manteria a idéia e o ideal da Família? Como faria, por exemplo, para justificar
uma sexualidade que não estivesse legitimada pela procriação, pelo Pai e pela
Mãe? Não pode fazer isto. Não pode dizer isto”[9]
Para
eles a família não é uma necessidade da estrutura social. É apenas uma
conveniência humana que se opõe aos seus propósitos.
Este é
mais um dos pontos que torna o Manifesto Comunista o pior livro do Ocidente.
Seu Estado monstro, seu anticristianismo, sua defesa da violência política, são
motivos suficientes para que sua leitura seja, senão suprimida, pelo menos
contra-indicada. Sua venda deveria ser feita sob um rótulo: “Cuidado, esta
leitura é prejudicial à sua existência e à existência de toda a humanidade”. A
história que o diga.
Fonte:
www.juliosevero.com
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