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sábado, 23 de janeiro de 2016

Retornar é muito difícil

Retornar é muito difícil

Às vezes eu me pego imaginando como deve ter sido difícil para o filho pródigo retornar ao lar. A decisão de voltar atrás não é fácil de ser tomada, pois vêm à nossa mente todas as possíveis dificuldades da jornada ao passado.

Imagino aquele rapaz arrependido, maltrapilho, decepcionado com a vida e com as pessoas, sem muitas perspectivas de um futuro acolhedor... Imagino suas dúvidas, angústias, temores... "Será que meu pai me aceitará?"... "E meu irmão?".

Em Sua maravilhosa história, Jesus foi detalhista em nos mostrar o antes e o depois da decisão do jovem em retornar ao lar (releia o relato em Lucas 15). Entretanto, é muito gratificante ver que nosso Deus já inicia esta narrativa com as confortadoras palavras:

"Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" (Luc. 15:10).

Todos conhecemos o desfecho. 
Sim, é claro que o pai o aceitou de volta!

"E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai- o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se" (Luc. 5:20-25).

"O jovem, alegre e despreocupado, quando abandonou a mansão paterna, pouco imaginou a dor e saudade deixadas no coração do pai.  Quando dançava e folgava com  os companheiros devassos, pouco meditava na sombra que caíra sobre a casa paterna. E agora, enquanto percorre o caminho de volta, com cansados e doloridos passos, não sabe que alguém aguarda a sua volta. Mas “quando ainda estava longe” o pai distingue o vulto. O amor tem bons olhos. Nem o definhamento causado pelos anos de pecados pode ocultar o  filho  aos  olhos  do  pai.  “E  se  moveu  de  íntima  compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço” num abraço terno e amoroso" (Parábolas de Jesus, p. 127). 

Que cena linda!
Que profundo gesto de perdão e amor foi expressado por este pai!
Quão aliviado deve ter ficado o jovem ao ouvir estas palavras de graça e libertação!


Aliás, não podia ser diferente, pois este pai representa o Grande Pai, Aquele que nos conforta, perdoa, liberta, beija, abraça... não importa quão sujos ou imundos estejamos... Ele nos beija e nos abraça.

Aleluia!

Posso imaginar o nó na cabeça daqueles fariseus que ouviam Jesus dizer tais palavras. Elas não se harmonizavam em nada com o que eles aprenderam e ensinavam sobre o Deus Todo-Poderoso. Em suas mentes, só havia reprovação ao pecado, chicotes, ladainhas mecânicas... e nada mais!

Mas, no meio da multidão haviam pessoas sedentas, famintas pela bênção do perdão, da cura, da libertação do pecado. Estas pessoas, homens e mulheres, pecadores, ouviram as palavras de Cristo e renovaram suas esperanças. Deus é real! Ele me ama! Ele não me rejeita quando vou em Sua direção!

"Em sua irrequieta juventude, o filho pródigo considerava o pai inflexível e austero. Que diferente é sua concepção dele agora! Assim também os engodados por Satanás consideram Deus áspero e severo. Veem-nO esperando para os denunciar e condenar, como se não tivesse vontade de receber o pecador enquanto houver uma desculpa legítima para não o auxiliar. Consideram Sua lei uma restrição à felicidade humana, jugo opressor de que se alegram em escapar. Todavia o homem cujos olhos foram abertos por Cristo, reconhecerá a Deus como cheio de compaixão. Não lhe parece um tirano inexorável, mas um pai ansioso por abraçar o filho arrependido. O pecador, com o salmista, exclamará: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem.” Salmos 103:13" (Parábolas de Jesus, p. 127-128).

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E hoje?!

Da mesma forma que na época de Cristo, hoje também existem milhares de filhos e filhas de Deus que estão ansiosos por receberem o perdão no retorno ao Lar. São pessoas que um dia já trilharam a seara do Mestre, conquistaram outras ovelhas para Seu rebanho, lideraram, pregaram, evangelizaram, inspiraram outros... Mas... o pecado falou mais forte em determinado momento, e hoje eles vivem como a garota da imagem que ilustra esta postagem: sozinhos, desamparados, pensando em desistir.

Você conhece alguém assim? Alguém que um dia já sentou do teu lado no banco da igreja, ouviu sermões junto com você... Bebeu o mesmo suco de uva e comeu o mesmo pão não fermentado na santa-ceia... Talvez você até tenha lavado seus pés nestas cerimônias...

Mas hoje, onde está?! Que falta ele(a) tem feito a você e à igreja? Que demonstrações de verdadeiro (verdadeiro!) afeto esta pessoa tem recebido de seus antigos "irmãos"?

Conheço inúmeros exemplos de pessoas que foram disciplinadas, humilhadas, menosprezadas... O motivo? Seus pecados de tornaram públicos. Aqueles cujos pecados estavam, ainda, em segredo, se sentiram no direito/dever de repreender o pecado, chamá-lo "pelo nome", muitas vezes, não apenas "repreender", mas "expor" o pecador. 

"Chamar o pecado pelo nome" - que expressão mais farisáica esta hoje em dia, usada comumente por pessoas que gostam de sentir o sangue dos seus "irmãos" que caem na fé.

Em alguns casos, nem mesmo o Manual da Igreja foi seguido, exceto quando o foi para reprovar o "infiel". 

"A remoção de um indivíduo de sua condição de membro da igreja, o corpo de Cristo, é a disciplina final que a igreja pode administrar. Unicamente após haver seguido a instrução dada neste capítulo, depois da orientação do pastor ou da Associação, quando o pastor estiver indisponível, e depois de terem sido feitos todos os esforços para conquistá-lo e restaurá-lo ao caminho certo, deve um indivíduo ser removido de sua posição de membro da igreja" (Manual da Igreja, ed. 2010, p. 65).

"Ao excluir membros de sua comunhão, a igreja lhes notificará por escrito o voto tomado,
mas com o compromisso de dedicar interesse espiritual e cuidado pessoal permanente. Essa comunicação deve, quando possível, ser entregue pessoalmente pelo pastor ou alguém designado pela Comissão da Igreja. Aos ex-membros deve ser assegurado que a igreja tem a esperança de que voltarão voluntariamente e que um dia haverá comunhão eterna no reino de Deus
" (Idem, p. 69).


Na teoria, é lindo! 

É claro que a Igreja tem o direito (e, em alguns casos, o dever) de disciplinar seus membros. Mas a parábola nos mostra que, por vezes, temos agido como o "irmão mais velho" do que como os "servos que acolhem e se alegram".

Somos muito ágeis e sedentos por promover a disciplina daqueles que caem no pecado, mas não temos a mesma agilidade e interesse em resgatá-los de volta ao rebanho.

Na parábola, Jesus ensinou que o Pai não faz acepção de filhos. Ele ama a todos por igual. Mas Ele Se alegra de modo especial quando aquele filho que estava longe, comendo com os porcos deste mundo, resolve retornar e pedir Seu perdão.

Já pensou como as igrejas seriam muito mais poderosas se a atmosfera do perdão, da graça e do amor mútuo (verdadeiramente, de verdade, na "vera") fosse sentida?!

O que acha de fazer uma listinha daqueles antigos "irmãos" que se afastaram, e enviar-lhes um "oi", apenas para que eles saibam que alguém se lembra deles?!

Mãos à obra!

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"Os seres humanos são propriedade de Cristo, resgatados por preço infinito, e estão vinculados a Ele pelo amor que Ele e o Pai têm manifestado. Que cuidado devemos por isso exercer em nosso relacionamento! O homem não tem o direito de suspeitar mal de seu semelhante. Os membros da igreja não têm o direito de seguir seus próprios impulsos e inclinações no trato com irmãos que cometeram falhas. Não devem nem mesmo manifestar qualquer preconceito em relação a eles, porque assim fazendo implantam no espírito de outros o fermento do mal" (Testemunhos para a Igreja, vol. 7, p. 260 - citado noManual, ed. 2010, p. 58).

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