Primeiro dia da assembleia mundial é marcado pela busca da unidade
Filme, orações e testemunhos apontaram nessa direção
A assembleia mundial da Igreja Adventista é um fenômeno único, não só no meio religioso, mas numa consideração mais ampla. Qualquer comparação com reuniões semelhantes se mostra insuficiente para traduzir a grandeza e o sentido desse megaevento. A celebração feita por membros do mundo todo, que até lembra a confraternização universal de uma Olimpíada, ainda é mais do que isso. Por reunir líderes que conduzem a Igreja em mais de 200 países, parece um encontro da ONU, mas vai além.
Ao proporcionar uma oportunidade única para centenas de expositores de organizações, ministérios, empresas e artistas de todo o planeta, também é mais do que isso. Por movimentar uma massa humana capaz de alterar o ritmo de uma grande cidade como San Antonio, o encontro também é mais do que números. A assembleia mundial combina todos esses elementos e muitos outros para formar um evento singular, mundial, que impressiona corações, transforma a igreja e define rumos.
Ao se encontrar periodicamente, o adventismo se descobre cada vez maior. E isso não poderia ser mais válido do que na 60a Assembleia da Associação Geral. Com 18,5 milhões de membros, a Igreja Adventista do Sétimo Dia já é a quinta maior denominação cristã do mundo e desempenha um papel cada vez mais relevante na sociedade, num sentido coletivo e em nível individual. Seus membros têm desempenhado papéis cada vez mais importantes. No momento desta assembleia, por exemplo, Ben Carson é pré-candidato à presidência americana, e a cidade de San Antonio tem uma prefeita adventista, Ivy Taylor.
As bênçãos de um crescimento notório trazem consigo seus desafios. O gigantismo de uma igreja representada pela face de um menino pequeno que dá estudos bíblicos numa comunidade no Amazonas também tem seu rosto refletido numa instituição médica de alcance internacional, ou na jovem que serve como voluntária da ADRA em Myanmar. A igreja é vista debaixo de um flamboyant na savana africana, tanto quanto na areia branca da longínqua Micronésia ou no ambiente climatizado de uma igreja em Chicago. Seu alcance global, sua natureza multifacetada, sua missão todo-abrangente produzem um peso equivalente que a igreja precisa administrar.
Expectativa
Os anos assim como as horas que antecederam a assembleia de 2015 foram marcados pela expectativa, até que o momento finalmente chegou com o amanhecer de 2 de julho. Sob o sol nascente do Texas, delegados e participantes caminhavam para não perder a abertura. Protegidos por barreiras e policiais que guiavam o trânsito nos cruzamentos, os primeiros contatos com o estádio coberto Alamodome, próximo à belíssima Torre das Américas, acrescentavam ainda mais solenidade à caminhada. “Esta já é minha sexta assembleia”, compartilhou o pastor Geovani Queiroz, enquanto dava passos rápidos, e acrescentou: “só sabe o que é uma assembleia mundial quem participou de uma.”
Pontualmente às 8 da manhã, música suave e inspiradora era cantada em sequência, sem apresentações, até que oração e cântico congregacional foram seguidos pela leitura do capítulo 7 de Apocalipse (do projeto Reavivados por Sua Palavra) e pelo primeiro devocional, dirigido pelo pastor Janos Kovacs-Biro. As reuniões de oração e adoração servem especialmente para se buscar reavivamento e reforma espiritual.
Primeiras votações
Os momentos de reflexão deram lugar à chamada business session (algo como “sessão administrativa”), em que temas foram apresentados aos delegados para votação, num tipo de comissão de igreja. A assembleia de delegados exerce a autoridade máxima da igreja, definindo as questões pelo voto individual. A participação de membros e líderes, numa proporção de 50% cada, resguardam o princípio de igualdade nas votações.
Inicialmente, o próprio ato de votar se tornou um motivo para questionamentos. Com a introdução de aparelhos eletrônicos individuais, alguns delegados questionaram a confiabilidade do novo sistema. As perguntas respeitosas, porém, diretas, foram respondidas pelo presidente da comissão, Lowell Cooper, bem como pelo secretário da sede mundial, o cingapuriano G. T. Ng, que reafirmaram a funcionalidade do sistema, que foi utilizado e aprovado no concílio anual da igreja, realizado em outubro de 2014. A habilidade em lidar com questionamentos sinceros chamou a atenção de Friedbert Hartmann, secretário da sede adventista para o Norte da Alemanha: “temos líderes excelentes. Representam bem a igreja”.
As diversas participações chamaram a atenção para notícias animadoras da igreja mundial. Uma homenagem feita pelo pastor Ted Wilson, presidente da Associação Geral, a Alberto Gulfan, ex-presidente da Divisão do Pacífico Sul-Asiático, que deixou o cargo por motivo de saúde e se aposentou. O pastor Wilson também chamou atenção para os 18 chineses presentes na assembleia, que foram saudados por todos os presentes.
Em seguida, Wilson convidou o pastor Raafat Kamal, líder da igreja na Hungria, para falar da reconciliação ocorrida nesse país (clique aqui para saber mais). Famílias dissidentes se mantinham afastadas da denominação há mais de 40 anos. O fim do cisma na Hungria, que conta com apenas 6 mil membros, foi celebrado após décadas de diálogo, especialmente, nos últimos quatro anos.
Consenso
Mas o ponto alto do primeiro dia da assembleia foi a ênfase na unidade. Após um filme “O que poderia ter sido?” (What Might Have Been – Can Be), que retrata um clima de humildade, perdão e reconciliação na assembleia de 1901, que, na verdade, não passou de uma visão de Ellen White sobre o que poderia ter sido aquela reunião e o impacto que ela teria produzido na igreja e no cumprimento da missão. “Se a igreja de Cristo tivesse feito o trabalho, como o Senhor havia ordenado, o mundo inteiro teria sido alertado, e o Senhor Jesus teria vindo à Terra em poder e grande glória” (Review and Herald, 13 de novembro de 1913).
Após o vídeo de 28 minutos, o pastor Wilson conclamou os delegados a tornarem realidade a visão da mensageira do Senhor, buscando um espírito de perdão, reconciliação e respeito mútuo. O chamado foi seguido por um longo momento de oração em duplas e trios. Isso chamou a atenção de um professor da Universidade Valley View, em Gana. “Não devemos vir às reuniões com ideias preconcebidas e divididas. Como no filme, precisamos orar a Deus por perdão, para que ele tenha misericórdia de nós. Os momentos de oração foram muito bons, e eu orei para que isso perdure em nossa mente.”
O chamado à unidade também foi o ponto alto para o pastor Bruno Raso, vice-presidente da sede sul-americana da igreja: “Gostei do apelo à unidade para uma experiência de reavivamento e reforma, que leva ao batismo do Espírito Santo e a igreja a terminar a obra de Deus”. “A busca do entendimento de opiniões foi o que mais me chamou a atenção”, disse Marlon Lopes, tesoureiro e colega de Raso na sede sul-americana. “Se as pessoas prestarem bem a atenção, vão perceber essa tentativa (da liderança) de manter harmonia e o respeito às diferenças.”
As expectativas quanto às reuniões deste ano são grandes: “independentemente das decisões, desejo que a igreja saia mais forte e mais unida. Tenho confiança de que será assim”, conta o pastor Lopes. Lea Jano, líder associada do Ministério da Família na Missão Guam-Micronésia deseja “continuar a ver a igreja unida e que a voz de Deus seja ouvida”. Por sua vez, o pastor Raso acredita que Deus “vai manifestar seu poder. O que Deus permitir será o melhor para a igreja. E a maior expectativa do coração é que essa seja a última assembleia”, afirma. “Deixemos a Palavra de Deus ser suprema em tudo o que estamos fazendo, mesmo em nossas práticas, assim como em nossas crenças, que a Palavra de Deus nos guie”, completa o professor Robert Osei Bosu.
A tarde do primeiro dia das reuniões da assembleia mundial foi ocupada pelas reuniões das comissões de nomeação das sedes continentais (divisões) e pelo funcionamento dos estandes no prédio anexo ao Alamodome, no centro de San Antonio. O restante da tarde contou com a aprovação dos nomes das comissões de nomeações. À noite, a reunião foi marcada pela adoração, louvor e testemunhos, como de costume nas assembleias, com destaque para o relatório das atividades realizadas pela igreja mundial nos últimos cinco anos sob a administração do pastor Ted Wilson.
Apelo da assembleia da Associação Geral
No apelo à unidade, feito pelo pastor Ted Wilson, foi lida a seguinte mensagem, projetada nos telões e distribuída aos delegados:
“Nós, oficiais da Associação Geral e das Divisões, apelamos a todos os delegados da assembleia da Associação Geral, assim como os demais participantes a aceitar uns aos outros como irmãos e irmãs em Cristo, a despeito de algumas diferenças de opinião que possam ser evidentes sobre certos temas. Pedimos que busquemos a semelhança a Cristo e um respeito humilde de uns pelos outros em nossas palavras e atividades durante esta assembleia da Associação Geral e depois dela. Pelo poder de Deus, nosso comportamento humilde e atitudes falarão alto àqueles que nos veem. Apelamos intensamente para que façamos tudo ao nosso alcance para fortalecer a igreja – este precioso movimento adventista. Nós nos apoiamos completamente em Cristo pelo espírito unificador que nós necessitamos ao proclamar as três mensagens angélicas nestes últimos dias da história da Terra.“
http://www.revistaadventista.com.br
A assembleia mundial da Igreja Adventista é um fenômeno único, não só no meio religioso, mas numa consideração mais ampla. Qualquer comparação com reuniões semelhantes se mostra insuficiente para traduzir a grandeza e o sentido desse megaevento. A celebração feita por membros do mundo todo, que até lembra a confraternização universal de uma Olimpíada, ainda é mais do que isso. Por reunir líderes que conduzem a Igreja em mais de 200 países, parece um encontro da ONU, mas vai além.
Ao proporcionar uma oportunidade única para centenas de expositores de organizações, ministérios, empresas e artistas de todo o planeta, também é mais do que isso. Por movimentar uma massa humana capaz de alterar o ritmo de uma grande cidade como San Antonio, o encontro também é mais do que números. A assembleia mundial combina todos esses elementos e muitos outros para formar um evento singular, mundial, que impressiona corações, transforma a igreja e define rumos.
Ao se encontrar periodicamente, o adventismo se descobre cada vez maior. E isso não poderia ser mais válido do que na 60a Assembleia da Associação Geral. Com 18,5 milhões de membros, a Igreja Adventista do Sétimo Dia já é a quinta maior denominação cristã do mundo e desempenha um papel cada vez mais relevante na sociedade, num sentido coletivo e em nível individual. Seus membros têm desempenhado papéis cada vez mais importantes. No momento desta assembleia, por exemplo, Ben Carson é pré-candidato à presidência americana, e a cidade de San Antonio tem uma prefeita adventista, Ivy Taylor.
As bênçãos de um crescimento notório trazem consigo seus desafios. O gigantismo de uma igreja representada pela face de um menino pequeno que dá estudos bíblicos numa comunidade no Amazonas também tem seu rosto refletido numa instituição médica de alcance internacional, ou na jovem que serve como voluntária da ADRA em Myanmar. A igreja é vista debaixo de um flamboyant na savana africana, tanto quanto na areia branca da longínqua Micronésia ou no ambiente climatizado de uma igreja em Chicago. Seu alcance global, sua natureza multifacetada, sua missão todo-abrangente produzem um peso equivalente que a igreja precisa administrar.
Expectativa
Os anos assim como as horas que antecederam a assembleia de 2015 foram marcados pela expectativa, até que o momento finalmente chegou com o amanhecer de 2 de julho. Sob o sol nascente do Texas, delegados e participantes caminhavam para não perder a abertura. Protegidos por barreiras e policiais que guiavam o trânsito nos cruzamentos, os primeiros contatos com o estádio coberto Alamodome, próximo à belíssima Torre das Américas, acrescentavam ainda mais solenidade à caminhada. “Esta já é minha sexta assembleia”, compartilhou o pastor Geovani Queiroz, enquanto dava passos rápidos, e acrescentou: “só sabe o que é uma assembleia mundial quem participou de uma.”
Pontualmente às 8 da manhã, música suave e inspiradora era cantada em sequência, sem apresentações, até que oração e cântico congregacional foram seguidos pela leitura do capítulo 7 de Apocalipse (do projeto Reavivados por Sua Palavra) e pelo primeiro devocional, dirigido pelo pastor Janos Kovacs-Biro. As reuniões de oração e adoração servem especialmente para se buscar reavivamento e reforma espiritual.
Primeiras votações
Os momentos de reflexão deram lugar à chamada business session (algo como “sessão administrativa”), em que temas foram apresentados aos delegados para votação, num tipo de comissão de igreja. A assembleia de delegados exerce a autoridade máxima da igreja, definindo as questões pelo voto individual. A participação de membros e líderes, numa proporção de 50% cada, resguardam o princípio de igualdade nas votações.
Inicialmente, o próprio ato de votar se tornou um motivo para questionamentos. Com a introdução de aparelhos eletrônicos individuais, alguns delegados questionaram a confiabilidade do novo sistema. As perguntas respeitosas, porém, diretas, foram respondidas pelo presidente da comissão, Lowell Cooper, bem como pelo secretário da sede mundial, o cingapuriano G. T. Ng, que reafirmaram a funcionalidade do sistema, que foi utilizado e aprovado no concílio anual da igreja, realizado em outubro de 2014. A habilidade em lidar com questionamentos sinceros chamou a atenção de Friedbert Hartmann, secretário da sede adventista para o Norte da Alemanha: “temos líderes excelentes. Representam bem a igreja”.
As diversas participações chamaram a atenção para notícias animadoras da igreja mundial. Uma homenagem feita pelo pastor Ted Wilson, presidente da Associação Geral, a Alberto Gulfan, ex-presidente da Divisão do Pacífico Sul-Asiático, que deixou o cargo por motivo de saúde e se aposentou. O pastor Wilson também chamou atenção para os 18 chineses presentes na assembleia, que foram saudados por todos os presentes.
Em seguida, Wilson convidou o pastor Raafat Kamal, líder da igreja na Hungria, para falar da reconciliação ocorrida nesse país (clique aqui para saber mais). Famílias dissidentes se mantinham afastadas da denominação há mais de 40 anos. O fim do cisma na Hungria, que conta com apenas 6 mil membros, foi celebrado após décadas de diálogo, especialmente, nos últimos quatro anos.
Consenso
Mas o ponto alto do primeiro dia da assembleia foi a ênfase na unidade. Após um filme “O que poderia ter sido?” (What Might Have Been – Can Be), que retrata um clima de humildade, perdão e reconciliação na assembleia de 1901, que, na verdade, não passou de uma visão de Ellen White sobre o que poderia ter sido aquela reunião e o impacto que ela teria produzido na igreja e no cumprimento da missão. “Se a igreja de Cristo tivesse feito o trabalho, como o Senhor havia ordenado, o mundo inteiro teria sido alertado, e o Senhor Jesus teria vindo à Terra em poder e grande glória” (Review and Herald, 13 de novembro de 1913).
Após o vídeo de 28 minutos, o pastor Wilson conclamou os delegados a tornarem realidade a visão da mensageira do Senhor, buscando um espírito de perdão, reconciliação e respeito mútuo. O chamado foi seguido por um longo momento de oração em duplas e trios. Isso chamou a atenção de um professor da Universidade Valley View, em Gana. “Não devemos vir às reuniões com ideias preconcebidas e divididas. Como no filme, precisamos orar a Deus por perdão, para que ele tenha misericórdia de nós. Os momentos de oração foram muito bons, e eu orei para que isso perdure em nossa mente.”
O chamado à unidade também foi o ponto alto para o pastor Bruno Raso, vice-presidente da sede sul-americana da igreja: “Gostei do apelo à unidade para uma experiência de reavivamento e reforma, que leva ao batismo do Espírito Santo e a igreja a terminar a obra de Deus”. “A busca do entendimento de opiniões foi o que mais me chamou a atenção”, disse Marlon Lopes, tesoureiro e colega de Raso na sede sul-americana. “Se as pessoas prestarem bem a atenção, vão perceber essa tentativa (da liderança) de manter harmonia e o respeito às diferenças.”
As expectativas quanto às reuniões deste ano são grandes: “independentemente das decisões, desejo que a igreja saia mais forte e mais unida. Tenho confiança de que será assim”, conta o pastor Lopes. Lea Jano, líder associada do Ministério da Família na Missão Guam-Micronésia deseja “continuar a ver a igreja unida e que a voz de Deus seja ouvida”. Por sua vez, o pastor Raso acredita que Deus “vai manifestar seu poder. O que Deus permitir será o melhor para a igreja. E a maior expectativa do coração é que essa seja a última assembleia”, afirma. “Deixemos a Palavra de Deus ser suprema em tudo o que estamos fazendo, mesmo em nossas práticas, assim como em nossas crenças, que a Palavra de Deus nos guie”, completa o professor Robert Osei Bosu.
A tarde do primeiro dia das reuniões da assembleia mundial foi ocupada pelas reuniões das comissões de nomeação das sedes continentais (divisões) e pelo funcionamento dos estandes no prédio anexo ao Alamodome, no centro de San Antonio. O restante da tarde contou com a aprovação dos nomes das comissões de nomeações. À noite, a reunião foi marcada pela adoração, louvor e testemunhos, como de costume nas assembleias, com destaque para o relatório das atividades realizadas pela igreja mundial nos últimos cinco anos sob a administração do pastor Ted Wilson.
Apelo da assembleia da Associação Geral
No apelo à unidade, feito pelo pastor Ted Wilson, foi lida a seguinte mensagem, projetada nos telões e distribuída aos delegados:
“Nós, oficiais da Associação Geral e das Divisões, apelamos a todos os delegados da assembleia da Associação Geral, assim como os demais participantes a aceitar uns aos outros como irmãos e irmãs em Cristo, a despeito de algumas diferenças de opinião que possam ser evidentes sobre certos temas. Pedimos que busquemos a semelhança a Cristo e um respeito humilde de uns pelos outros em nossas palavras e atividades durante esta assembleia da Associação Geral e depois dela. Pelo poder de Deus, nosso comportamento humilde e atitudes falarão alto àqueles que nos veem. Apelamos intensamente para que façamos tudo ao nosso alcance para fortalecer a igreja – este precioso movimento adventista. Nós nos apoiamos completamente em Cristo pelo espírito unificador que nós necessitamos ao proclamar as três mensagens angélicas nestes últimos dias da história da Terra.“
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