"Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês. "Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: 'Deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão. "(Mateus 7:1-5)
E porquanto esta passagem é muito usada pelos críticos do ministério da apologética, em especial quando se está apontando os desvios doutrinários de falsos profetas e “ungidos fingidos”, temos aqui neste site dezenas de estudos e artigos sobre o tema “Devemos julgar?”, os quais, no fim das contas, demostram que o julgamento condenável é o julgamento hipócrita, jamais aquele segundo a reta justiça.
De fato, somos, pela ação do Espírito Santo, instados a uma intolerância genuína ao pecado, na mesma medida em que somos chamados a estender misericórdia ao pecador. O que não significa ser tolerante com pecado do próximo, mas guiado a ajuda-lo na sua fraqueza, assim como nós mesmos o fomos pela pregação da Evangelho. Ou seja, agimos na base do amor e da piedade, não da bolacha e da acusação...
E, em se tratando de desvios doutrinários, o julgamento e a admoestação não são facultativos, mas obrigatórios. Ao testemunharmos, mentiras, porfirias, falsos ensinos e agressões à sã doutrina, as Escrituras Sagradas atestam que somos OBRIGADOS a intervir, denunciar e, se necessário tapar a boca dos contradizentes ao Evangelho.
Porque convém que o presbitero seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância. Tito 1:7-11
Francis Schaeffer |
Estabelecida a distinção entre o bom julgamento e o mau julgamento e a apresentação do julgamento que é mandatório, voltemos a Mateus 7, desta vez, na perspectiva proposta na famosa “ilustração do gravador” de Francis Schaeffer, pra mim o mais perfeito entendimento desta passagem bíblica:
"Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês.
É comum que as pessoas leiam esta passagem e concluam que assim como hoje você acusa alguém e o julga, no dia do juízo você será acusado e julgado com a mesma severidade. No entanto, é incrível e absolutamente mais amoldado ao caráter santo do nosso Deus, a proposta que Schaeffer nos apresenta onde o “acusador” da nossa alma somos nós mesmos. Hipócritas e caídos diante do Deus Santo, nos acusando com as nossas próprias palavras, segundo a nossa própria medida – sem qualquer misericórdia.
O gravador de Schaeffer
"Você, meu amigo, gosta de julgar os outros? Muito mal! Pois saiba que você não tem justificativa, estatura, impoluta dimensão qualquer para julgar quem quer que seja. Sabemos que Deus é justo quando Ele julga as pessoas. Deus é Santo. Mas você, meu amigo, você faz as mesmíssimas coisas que estas pessoas que você condena. Você acha que você vai escapar do julgamento de Deus?"
Imagine que cada bebê nasce no mundo com um gravador invisível pendurado em seu pescoço. Imagine também que estes são gravadores muito especiais que só se ligam quando a pessoa faz julgamentos morais sobre outros. Julgamentos estéticos, por exemplo: "Isto é belo!" não são gravados. Contudo, sempre que a pessoa disser coisas como: "Fulana é fofoqueira”; “Ciclano é preguiçoso”; “Beltrano é mentiroso” etc. O gravador liga, registra o comentário e desliga. E assim seguirá, todos os dias, meses e anos da sua vida, registrando todos os juízos que a pessoa fez sobre outros. Centenas, milhares, milhões de julgamentos morais sobre a vida alheia gravados de própria voz.
Então, um dia, cada um estará diante de Deus. E haverá quem alegue: “Deus, não é justo que o Senhor me julgue! Eu nunca conheci a Cristo. Dele nunca ouvi falar. Ninguém me ensinou os Seus Mandamentos. Eu nunca li o Sermão da Montanha...”
Então Deus dirá: “-Muito bem, assim seja. Já que você afirma que desconhecia a Minha Lei, Eu então, no seu caso, vou deixar de lado a Minha Perfeita Justiça. Em vez disso, irei julgá-lo com base nisto aqui.” E , então, Deus apertará a tecla PLAY do gravador da pessoa e esta passará a escutar, em crescente temor e horror, a sua própria voz derramando uma torrente de condenações sobre as pessoas que estiveram a seu redor durante a sua vida: " Ela não deveria estar fazendo isso"; "Ele estava errado naquilo"; etc. Milhares e milhares de julgamentos morais. Cruéis, venenosos, sem compaixão.
E quando a gravação finalmente acabar, Deus dirá: “-Com esta medida farei o Meu julgamento. Vejamos então, o quão bem você foi capaz de manter os padrões morais que você mesmo demonstrou ter compreendido, já que constantemente os aplicou àqueles ao seu redor? Aqui você acusou alguém de mentir. E você nunca mentiu? Jamais distorceu um pouquinho a verdade? Aqui você se disse zangado com aquele sujeito por ele ser egoísta. E você? Jamais colocou os seus próprios interesses acima das necessidades de outra pessoa? "
Quem poderá se calar diante disto? Será que existe alguém já tenha vivido segundo os padrões que exige dos outros?
É interessante pensar que a ilustração Francis Schaeffer é a resposta até mesmo para quem jamais ouviu o Evangelho. Que evidencia estado de total depravação da humanidade!
Agora, imagine a si mesmo, diante do Trono de Deus. Você, um dito crente. Conhecedor do caráter Justo de Deus. Existe alguma outra palavra que defina melhor a sua indigna pessoa do que “HIPÓCRITA”?
Que cenário de horror. Condenado, humilhado e acusado pelas próprias palavras. Prestes a ser separado por toda a eternidade da presença de Deus. A um passo do eterno fogo consumidor.
Como seguir adiante...
Como seguir em frente nesta vida, dar um passo sequer, diante da perspectiva trágica de um dia estar diante do Deus Todo Poderoso, quando será apertada a tecla play do gravador de nossas acusações, sabendo que não iremos poder contar com um Advogado que nos defenda. Alguém que no instante em que o último impropério sair do gravador, a última acusação de morte for dita diretamente pela sua própria boca, este Alguém se levante e, no papel de seu Advogado, diga:
- Sim! Ele é tudo isto! Ele é traste pútrido, um sepulcro caiado, um hipócrita depravado e mentiroso...
CONTUDO,
Contudo, Eu o comprei com o Meu sangue derramado na Cruz.
Eu o Amo.
Eu o separei para Mim, para que ele esteja comigo por toda a eternidade.
Pai, o Senhor o me deu. E dele eu cuidei, livrei, admoestei, tratei, quebrantei e ensinei...
O meu Espirito o humilhou.
Ele tremeu diante da Minha santidade revelada na Minha Lei.
Ele se ajoelhou e Me prestou louvor. E eu o recebi.
Ele se arrependeu dos seus pecados e Eu o acolhi na família do Pai.
Temos Advogado.
Temos Jesus Cristo.
Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça. (Efésios 1:6-7)
Fonte - Genizah
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