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segunda-feira, 4 de maio de 2015

Chip na mão, boatos e a Bíblia

Felipe Lemos

Felipe Lemos

Chip na mão, boatos e a Bíblia

Boato é algo muito antigo, só que com a vida plena online o alcance e a dimensão dos boatos aumentaram de maneira impressionante. Nem toda a informação que se propaga, inclusive sobre assuntos religiosos, é real. Tudo é passível de checagem.
E um alerta: cristãos que se dizem conhecedores da Bíblia precisam aprender a diferenciar boatos de fatos. Devem desenvolver o hábito de investigar mais, pesquisar detalhes de certos assuntos antes de compartilhar determinados conteúdos ou mesmo fazer comentários. Um princípio básico do conhecimento é checar se determinados dados são verdadeiros ou não.
Mas por que digo isso? Porque, entre tantas informações desencontradas que circulam nos meios virtuais, há uma que fala a respeito de uma lei, no Brasil, que obrigaria as pessoas a implantar chips sob a pele e que ali estarão todos os dados de registro dos cidadãos. Já surgiu esse boato referente à implantação em outros países. Mas a informação, até o presente momento, não é confirmada por nenhum site, portal ou blog conceituado e de credibilidade que se conhece, portanto é boato (mentira).
O que existe no Brasil, de fato, é um projeto sem conclusão prevista para implementação de um Registro de Identidade Civil (RIC) que supostamente reunirá todas as informações de um cidadão (número de RG, CPF, CNH, etc) de forma eletrônica. E isso poderia ser por meio de um chip colocado em um documento. Tal Registro poderia ser emitido pela Justiça Eleitoral, mas não há nada concretizado ainda. E estou falando do que a própria presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou em entrevista concedida em março deste ano acerca do assunto. Nada aponta para um chip colocado sob a pele! Pelo menos não em relação ao Registro.
Marca da besta?
Muitos cristãos têm se perguntado, nos meios virtuais, se esse suposto chip e o projeto de integração do registro civil seria a tal marca da besta mencionada no Apocalipse.
O assunto requer mais tempo de leitura e estudo comparativo inclusive com o livro de Daniel, mas de maneira rápida – para se entender a marca da besta – é fundamental se compreender quem é a besta e que tipo de marca se faz alusão no livro da revelação divina.
Há, no Apocalipse, a indicação de duas bestas. A besta que sobe do mar é, fundamentalmente, um poder político-religioso que atua para desqualificar os ensinos bíblicos por meio de contrafação e não para confirmá-los. Segundo explica o pastor Arilton de Oliveira, apresentador do programa Bíblia Fácil da TV Novo Tempo, essa besta “representa Roma em suas duas fases, imperial e papal”. Mas há a besta que sobe da terra (identificada como os Estados Unidos por conta das características ali descritas) e que tem total relação com a primeira besta, ou poder, conforme o capítulo 13 do Apocalipse.
Em uma análise dos versículos desse capítulo, Arilton comenta o papel de cada um dos poderes no panorama profético ainda não concretizado ou cumprido. Em um vídeo resumido produzido para a web, ele esclarece que a imagem que a segunda besta (EUA) fará da primeira (Roma papal ou Vaticano) “sem dúvida será para honrar alguma criação da primeira besta”. E detalha mais o que significa essa imagem. “Quando olhamos para a história nós percebemos que o sistema papal trocou a santidade do quarto mandamento, do sábado, para o primeiro dia da semana. O que os Estados Unidos farão justamente será levar os habitantes da terra a passar a santificar o primeiro dia da semana. A isso chamamos na profecia de o decreto dominical”. Resumindo: a questão aqui colocada é a de poderes tentando impor a observância de um dia de descanso e adoração não bíblico (é a tal imagem). Isso ocorre em oposição a um grupo (que deduz-se ser bem menor) que defende a guarda do sábado tal como a ensinada e contextualizada desde o livro de Gênesis até o Apocalipse, passando pelos profetas maiores, menores, evangelhos e cartas de Paulo.
Evidência de lealdade
E a marca, o que tem a ver com imagem e bestas? Segundo o Comentário Bíblico Adventista, produzido a partir de muito estudo teológico e análise histórica e de contexto, “os eruditos adventistas entendem que esta não é uma marca literal; em vez disso, consiste em um sinal de aliança que identifica o portador como alguém leal ao poder representado pela besta. A controvérsia nessa época girará em torno a lei de Deus, sobretudo, do quarto mandamento. Logo, a observância do domingo será o sinal, mas isso só ocorrerá quando o poder da besta for reavivado e a observância do domingo no lugar do sábado se tornar lei…quando tudo estiver claro diante das pessoas e, mesmo assim, escolherem seguir a instituição da besta, observando-a e desobedecendo ao sábado de Deus, elas mostrarão sua fidelidade ao poder da besta e receberão sua marca”.
O tema, como eu já frisei, exige estudo mais prolongado e consistente. Mas duas coisas podem ficar bem claras: necessidade de profundo apego à Bíblia e à oração como instrumentos seguros para compreensão equilibrada das profecias e grande atenção a boatos que não fortalecem a fé, e sim, criam alarmismos, falsa sensação de espiritualidade e catastrofismo barato.
Precisamos realmente ter a Bíblia como alicerce firme para nossa crença cristã e não só como mera fonte de informação.
http://noticias.adventistas.org/pt/coluna/felipe-lemos

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