Billy Graham
FIDELIDADE,
MANSIDÃO, DOMÍNIO PRÓPRIO
A vida cristã
autêntica tem sua própria escala de prioridades: Primeiro Deus, depois os
outros, por último nós mesmos. Por isto ao falarmos do terceiro cacho do fruto
do Espírito focalizaremos nossa atenção no homem interior. O Espírito Santo
atua em nós para poder atuar através de nós. "Ser" é mais importante
que "fazer". Mas quando somos interiormente o que devemos ser, então
produziremos fruto, mais fruto, muito fruto. Este é o objetivo final do
apóstolo Paulo ao escrever: "É Deus quem efetua em nós tanto o querer como
o realizar, Segundo a sua boa vontade" (Filip. 2:13). Ele diz também:
"Aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo
Jesus" (Filip.
1:6).
O terceiro
cacho do fruto espiritual trata do homem interior. Inclui fidelidade, mansidão
e domínio próprio.
O Fruto do Espírito: Fidelidade
A fidelidade de
que se fala aqui não é uma referência à fé do crente, mas à fidelidade que o
Espírito Santo produz em uma vida cristã entregue a Ele.
A mesma palavra
aparece em Tito 2:10; a Escritura elogia muito este traço de caráter.
Fidelidade nas coisas pequenas é um dos teste de caráter mais seguros, como num
Senhor mostra na parábola dos talentos: "Foste "fiel no pouco, sobre
o muito te colocarei" (Mat. 25:21). Moralidade não é tanto questão de
grandeza, mas de qualidade. Certo é certo, errado é errado, tanto nas coisas
pequenas como nas grandes.
Pedro contrasta
os que arcam fielmente com Deus com os que se emaranham de novo com a sujeira
do mundo. Ele escreve: "Melhor lhes fora que nunca tivessem conhecido o
caminho da justiça, do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se
do santo mandamento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio
verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: a porca lavada voltou a
revolver-se no lamaçal!" (2 Pedro 2:21, 22).
A terceira
epístola de João conta só catorze versículos. Demétrio e Diótrefes são as
personagens principais. Demétrio era o discípulo fiel: "Todos falam bem de
Demétrio, e a própria verdade fala bem dele" (v. 12, BLH). Ele é elogiado
porque seguiu o Senhor fielmente, em palavra, em verdade, na prática e no
princípio.
Uma expressão
familiar na indústria é "prazo de entrega", o tempo entre o
recebimento do pedida de fabricação e o dia em que ele é entregue. Muitos
cristãos um dia se arrependerão do tempo que gastaram depois de Deus lhes
mostrar Seu plano para eles e antes de começar a agir. Os israelitas poderiam
ter feito a sua viagem do Egito até Canaã em poucos meses; mas, por causa da
sua infidelidade e falta de fé (a palavra é a mesma, no grego), a viagem foi
feita em não menos que 40 anos, e toda uma geração morreu.
Falta de
fidelidade é um sinal de imaturidade espiritual. Um sinal de imaturidade
emocional é a recusa em aceitar responsabilidade. Os jovens querem ter todos os
privilégios dos adultos, mas não querem assumir responsabilidades. O mesmo
princípio vale espiritualmente. Deus nos deu certas responsabilidades, como
cristãos adultos. Quando somos desobedientes e nos recusamos a assumir estas
responsabilidades, então somos infiéis. Por outro lado, quando somos fiéis é
porque assumimos as responsabilidades que Deus nos deu. Isto é um sinal de
maturidade espiritual, e é um dos frutos importantes que Espírito produz em
nós.
Sem dúvida
muitos de nas crescem mais lentamente do que deveriam porque não querem
permitir que o Espírito Santo controle todas as áreas da sua vida. Nossa
obediência, permitindo que Deus Espírito Santo remova todos os maus hábitos que
se desenvolvem, deveria ser imediata. Às vezes somos impacientes, porque demora
tanto para sermos como Ele é, mas devemos ser pacientes e fiéis, porque vale a
pena esperar até sermos como Ele é. E eu tenho certeza de que não vamos saber
que somos maduros, quando o formos. Quem de nós pode dizer que já é perfeito?
Sabemos que quando estivermos diante dEle na eternidade, então seremos
glorificados com Ele. O Espírito Santo começará a aperfeiçoar e executar o
plano de Deus em nossa vida sempre que estivermos dispostos a dizer
"sim" à Sua vontade!
A Escritura
está repleta com histórias de homens como Abraão (Heb. 11:8-10) que andaram
fielmente com Deus. Todo o capitulo onze de Hebreus fala de homens e mulheres
que Deus considerou fiéis.
É perigoso
tentar Deus, como alguns homens "infiéis" fizeram nos dias de Amós.
Deus disse a eles: "Eis que vêm dias. . . em que enviarei fome sobre a
terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor"
(Amós 8:11).
Devemos prestar
atenção, isto sim, à advertência de Tiago: "Bem--aventurado o homem que
suporta com perseverança a provação; porque, depois de ter sido aprovada,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam" (1:12).
Mais adiante Tiago diz: "Mas aquele que considera atentamente na lei
perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas
operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar" (1:25).
Sempre de novo nós somos
exortados a sermos fiéis. Eu já disse
algumas vezes que no fim desta era haverá diversos julgamentos. Um destes
julgamentos é chamado de o trono da justiça de Cristo. Algum dia todos os
cristãos estarão diante de Jesus Cristo para prestarem contas do que fizeram
depois da conversão. Nós seremos julgados não com base no quanto fomos bem
sucedidos aos olhos do mundo mas no quanto fomos fiéis no lugar em que Deus nos
colocou. O apóstolo Paulo indica isto em 1 Coríntios 3:9-16: a fidelidade será
a base na qual Deus fará o julgamento.
O maior teste
para nossa fidelidade pode ser quanto tempo nas dedicamos à leitura da Bíblia,
à oração, vivendo de acordo com os princípios de justiça quando abençoados com
prosperidade.
Um cristão
devoto me surpreendeu recentemente, quando disse: "É tão difícil ser um
cristão nos dias atuais." É tão fácil esquecer e abandonar o nosso Deus em
meio à prosperidade, principalmente onde o materialismo domina. É por isto que
Jesus disse que é tão difícil para os ricos entrar no reino de Deus. Os ricos
podem ser salvos – mas a Bíblia fala da "fascinação das riquezas"
(Mat. 13:22).
As preocupações
e ocupações deste mundo muitas vezes interferem na nossa vida fiel na presença
de Deus. No meio da prosperidade nós devemos nos cuidar para não cairmos na
mesma armadilha que a gente de Laodicéia, que incorreu no desagrado e na ira de
Deus porque pensava que não precisava de nada, já que era materialmente rica
(Apoc. 3:17). "Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e
em muitas concupiscências (desejos) insensatas e perniciosas, as quais afogam
os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todas os
males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmo se atormentaram
com muitas dores" (1 Tim. 6:9, 10).
Se nós
pudéssemos gravar um epitáfio no túmulo do apóstolo Paulo, poderia ser este:
"Fiel até à morte." Já à espera da execução Paulo escreveu sem
hesitação: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já
agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele
dia" (2 Tim. 4:7, 8). Sejam quais forem os fracassos de Paulo e quanto lhe
faltava para a perfeição, ele sabia que tinha sido fiel ao Senhor até o fim.
Este gomo
maravilhoso do cacho do fruto do Espírito – fidelidade inclui fidelidade no
falar de Cristo, fidelidade na nossa entrega e no nosso chamado, e fidelidade
aos mandamentos de Cristo. A recompensa final para a fidelidade está em
Apocalipse 2:10: "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida."
O Fruto do Espírito: Mansidão
A palavra mansidão
(humildade, na Bíblia na Linguagem de Hoje) vem de uma palavra grega que
significa "brando; ser suave no trato com outros". Jesus disse:
"Felizes os humildes, porque receberão o que Deus tem prometido"
(Mat. 5:5). Em nenhum lugar da Escritura esta palavra implica em desânimo ou
timidez. Nos templos bíblicos mansidão ou humildade significava muito mais do
que na nossa língua hoje em dia. Continha a idéia de ser domesticado, como um
cavalo selvagem que foi controlado.
Antes de Ser
chamado pelo Espírito Santo Pedro era rude e explosivo. Depois toda a sua
energia passou a ser usada para a glória de Deus. Moisés foi chamado de o mais
manso dos homens, mas antes de Deus o chamar ele era altivo e independente, e
levou quarenta anos no deserto até se submeter completamente ao controle de
Deus. Um rio sob controle pode ser usado para gerar energia elétrica. Fogo sob
controle pode servir para cozinhar alimentos. Mansidão é poder, força,
temperamento e violência sob controle.
Em outro
sentido podemos comparar mansidão a modéstia, porque é o oposto de arrogância e
comodismo. Pelo contrário, ela dá atenção aos outros e torna cuidado para nunca
deixar de perceber os direitos dos outros.
Mansidão abriga
uma força silenciosa que confunde os que a consideram fraqueza. Esta foi a
reação de Jesus depois de preso – durante as acusações, as torturas e a
crucificação Ele suportou as dores físicas e emocionais que Seus algozes
espectadores escarnecedores o faziam sofrer sem misericórdia. "Ele foi
oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao
matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a
sua boca" (Isa. 53:7).
Mansidão também
é chamada de amar sob disciplina. Charles Allan diz: "Deus nunca espera de
nós que sejamos menos do que realmente somos .. . Autodiminuição é um insulto
ao Deus que nos fez. Mansidão adquirimos por outros meios ... O orgulho vem
quando nós olhamos para nós mesmos; a mansidão vem quando nós olhamos para
Deus."1
Como todo o
crescimento do cristão a mansidão também se desenvolve em atmosfera pesada de
hostilidade. Esta estabilidade espiritual e força interior, produzida pelo
Espírito Santo, não a adquirimos em um parque de diversões mas no campo de
batalha espiritual.
David Hubbard dá ainda outra
definição de mansidão, dizendo que ela nos faz estarmos sempre à disposição dos
que contam conosco; estamos em paz com nossa força, e por isso não a usamos com
arrogância ou ofendendo outros. E Dewitt Talmadge diz: "Assim como profeticamente os céus são
tomados de violência a terra é tomada de mansidão, e Deus, como proprietário,
não quer outros inquilinos ou não arrenda a ninguém mais que aos meigos de
coração e espírito."
Dr. V. R.
Edman, falando de Andrew
Murray, o grande pregador de Keswick, diz assim em seu livro They Found the Secret (Eles Acharam o Segredo): "De fato
este é o tipo de vida submissa que tira sua força e seu sustento da Videira.
Com esta seiva refrescante e avivante do Espírito Santo percorrendo o íntimo, a
oração è eficaz, a pregação é com poder, o amor é contagiante, a alegria
transborda e há paz maior do que podemos compreender. É a adoração que é
silêncio para conhecer Deus só para nas. É a obediência que faz o que o Senhor
ordena à luz da Palavra. É a fertilidade espontânea porque permanece na
Videira."2
Outra
ilustração que me ajudou a compreender a mansidão é o icebergue. Quando cruzei
o Atlântico vi alguns do navio. Mesmo sendo alto acima da superfície, a maior
parte do icebergue está debaixo da água. Eles podem ser formidavelmente
destrutivos quando entram na rota dos navios. Mas a maior ameaça aos icebergues
é algo muito bom, o sol. O sol traz calor à vida e morte aos icebergues. Assim
como a mansidão é uma força poderosa o sol é mais poderoso que qualquer
icebergue. A mansidão ou humildade de Deus em nós permite que os solares do
Espírito Santo de Deus trabalhem em nossos corações gelados, fazendo deles
instrumentos para o bem e para Deus. Espiritualmente, o cristão manso e
humilde, cheio do Espírito, é um prisma que dirige o espectro dos raios do Sol
sobre os icebergues da nossa carnalidade.
Como você e eu
podemos aplicar a mansidão a nós? Jesus pôs diante de nós o Seu próprio
exemplo, dizendo-nos para sermos "mansos e humildes de coração" (Mat.
11:29).
Em primeiro
lugar, não devemos reagir defensivamente quando nossos sentidos são
perturbados, como Pedro fez quando cortou a orelha do soldado que foi junto
para prender Jesus no jardim; ele só recebeu uma repreensão do Senhor (Mat.
26:51, 52).
Em segundo
lugar, não devemos querer ter a preeminência, como Diótrefes (3 João 9). Nosso
desejo é que em tudo Jesus Cristo tenha a primazia (Col. 1:18).
Em terceiro
lugar, não devemos procurar reconhecimento e recompensa, ou ser considerado a
voz da autoridade, como Janes e Jambres (2 Tim. 3:8). Estes magos do Egito
rejeitaram a autoridade do Senhor em Moisés e se opuseram a ele pouco antes do
êxodo. "Cada um de vós não pense de si mesmo além do que convém, antes,
pense com moderação. . . Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,
preferindo-vos em honra uns aos outros" (Rom. 12:3, 10).
Quando Jesus
Cristo governa a nossa vida a mansidão pode se tornar uma das nossas virtudes.
A humildade pode ser o sinal mais visível da grandeza que há em nós. Talvez
você e eu nunca seremos respeitados como voz de autoridade; talvez nunca
recebamos os aplausos do mundo; pode ser que nunca governemos ou tenhamos em
mãos o bastão do poder. Mas um dia os mansos hão de herdar a Terra (Mat. 5:5),
porque ninguém pode nos tirar a parte que nos cabe de direito da herança divina
e cheia de alegria que Deus preparou para nós.
O Fruto do Espírito: Domínio Próprio
Domínio próprio
(ou temperança, em algumas versões) é a terceira parte deste cacho. A palavra
grega significa senhorio forte e pesado, capaz de controlar nossos pensamentos
e ações.
A mãe de John Wesley escreveu uma vez
para ele, enquanto ele ainda era estudante em Oxford, assim: "Tudo que
aumenta a autoridade do corpo sobre a mente é mau." Esta definição me
ajudou a compreender "domínio próprio".
A falta de
domínio próprio já derrubou reis e tiranos. A história ilustra isto. Alguém
disse uma vez: "Existem homens que podem comandar exércitos, mas não podem
comandar a si mesmos. Existem homens que com suas palavras inflamadas podem
cativar multidões, que não conseguem ficar quietos diante de provocações ou
insultos. O maior sinal de nobreza é o domínio próprio. Ele é mais sinal de
realeza do que coroa e púrpura."
Alguém mais
disse também:
"Não nos
aplausos de uma multidão,
Não no clamor
que entra lá de fora;
Está em nós
derrota ou vitória."3
Esta história
passada e presente ilustra como os excessos de um apetite incontrolado e dos
desejos carnais trazem desgraça à nossa vida.
Duas são as
causas do pecado da intemperança, da falta de domínio próprio : uma é o apetite
físico; a outra são os hábitos da mente.
Quando alguém
fala em temperança ou moderação, logo pensamos em bebidas alcoólicas. Isto se
deve aos grandes defensores da moderação que durante muitos anos tentaram
erradicar este veneno que prejudica tantas pessoas no mundo. Mas por alguma
razão nós aprovamos a glutonaria, que a Bíblia condena tanto quanto a
embriaguez. Também temos a tendência de fechar um olho diante de indelicadeza,
fofocas, orgulho e inveja. Em todas estas áreas também precisamos ter domínio
próprio. A Escritura diz: "Porque os que se inclinam para a carne cogitam
(têm suas mentes presas em) das coisas da carne; mas os que se inclinam para o
Espírito, das coisas do Espírito" (Rom. 8:5). Moderação ou domínio
próprio, fruto do Espírito, é a vida normal do cristão na prática.
Domínio próprio
em coisas de comida é moderação. Domínio próprio com respeito ao álcool é
sobriedade. Domínio próprio em assuntos de sexo é abstinência para os que não
são casados. Mesmo nós que estamos unidos às vezes precisamos de domínio
próprio, quando nós nos abstemos da atividade sexual lícita, por mútuo
consentimento, para nos dedicarmos melhor ao estudo da Palavra de Deus, à
oração e às boas obras (veja 1 Cor. 7:5).
Temperança
quanto ao nosso temperamento é domínio sobre ele.
Há poucos dias
eu estava junto com um homem que estacionou em uma área proibida no aeroporto.
Um funcionário lhe pediu gentilmente que estacionasse um pouco adiante, onde
fosse permitido. Ele respondeu com nervosismo: "Se você não tem farda de
policial, então cale a boca." Este cristão estava tão nervoso e tenso por
causa das responsabilidades que pesavam sobre ele que tinha perdido quase todo
o controle sobre seu temperamento. Ele não tinha mais temperança. O seu pecado
era tão grande como se estivesse bêbado.
Domínio próprio
quanto a roupas é modéstia apropriada. Domínio próprio na derrota é esperança.
Domínio próprio em relação aos prazeres pecaminosos é nada menos que
abstinência completa.
Salomão
escreveu: "Vale mais ter paciência do que ser valente; é melhor saber se
controlar do que conquistar cidades inteiras" (Prov. 16:32, BLH). A Bíblia
Viva faz uma paráfrase da última parte do versículo: "É melhor ter domínio
próprio do que comandar um exército." O autor de Provérbios disse ainda:
"Quem não sabe se controlar é tão sem defesa como uma cidade sem
muralhas" (25:28, BLH).
Paulo ensinou a importância
do domínio próprio. Qualquer atleta que queira ganhar uma corrida deve treinar
até controlar totalmente o seu corpo, diz ele aos seus leitores. E enfatiza que
o prêmio não é uma coroa perecível, mas uma que dura para sempre: "Todo
atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós,
porém, a incorruptível. ... Eu esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão,
para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado"
(1 Cor. 9:25, 27).
Na lista que
Pedro faz das virtudes do cristão, ele diz: "Associai... com o
conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança" (2
Pedro 1:5, 6). Todos estes andam juntos. E não resta dúvida que se deixarmos
nossas paixões nos governarem o resultado final será bem menos desejável do que
imaginamos no momento do prazer.
Quem pode dizer
onde termina o domínio próprio e começa a intemperança? Alguns cristãos têm uma
consciência bem elástica quando se trata dos seus pontos fracos – e uma
consciência de ferro quando se trata das fraquezas dos outros. Talvez seja esta
a razão de ser tão fácil para muitos cristãos condenar alguém que toma um copo
de vinho ocasionalmente, mas nunca se repreendem por comer demais, que é pecado
da mesma forma. Comer demais é um dos
pecados mais aceitos e praticados entre os modernos cristãos ocidentais. É
fácil condenar um adúltero, mas como o que condena tem direita para tanto, se
ele mesmo é culpado de alguma outra forma de intemperança? Não deveríamos todos
ter as mãos limpas e o coração puro em tudo? Um tipo de escravidão é mais
errado do que outro, em princípio? Não estamos igualmente amarrados, se o que
nos prende são cordas ou cabos de aço?
Os desejos que controlam uma
pessoa podem ser diferentes dos que controlam outra. Alguém que deseja
ardentemente possuir coisas é tão diferente de alguém que deseja sexo, jogos,
ouro, comida, bebida ou drogas?
Nunca foi tão
necessário ter domínio próprio em todas os aspectos da vida como hoje. É
imperativo que os cristãos sejam o exemplo em uma época em que violência,
egoísmo, apatia e vida indisciplinada tentam destruir este planeta. O mundo
precisa deste exemplo – algo firme em que possa segurar, uma âncora em mar
bravio.
Durante séculos
os cristãos pregaram que Cristo é a âncora. Se nós, que temos o Espírito Santo
vivendo e atuando em nós, falhamos e caímos, que esperança resta para o
mundo?
Espaço para o Fruto Crescer
Demos uma
rápida olhada em cada uma destas nove facetas que perfazem o fruto do Espírito:
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
e domínio próprio. Eu peço a Deus que todas elas sejam parte da sua vida, e da
minha.
O Espírito
Santo já está no coração de cada cristão, e Ele quer produzir o fruto do
Espírito em nós. Mas é preciso que haja uma mudança. Um barco não afunda quando
está na água, mas afunda quando a água está nele. Se nós não temos o fruto do
Espírito não é por vivermos em um mar de corrupção, mas por o mar de corrupção
estar em nós.
O maior inimigo da combustão
interna da máquina é o carvão que se fixa no cilindro. Ele reduz a potência e a
eficiência do motor. O óleo melhorará a máquina, mas não removerá o carvão,
para que o motor possa funcionar novamente com eficiência. Tem de ser feita uma
"cirurgia mecânica", para tirar o carvão e deixar o óleo cumprir sua
tarefa de ajudar o motor a fazer o que se espera dele. De modo semelhante, nós
temos de eliminar do nosso interior as obras da carne, para que o carvão e
resíduos não prejudiquem nosso rendimento espiritual. Um produtor de óleo
anunciou: "Mais potência Para melhor retraimento." Espiritualmente só
podemos conseguir isto submetendo-nos ao controle do Espírito Santo. Temos de
deixar o holofote da Palavra de Deus nos revistar, para detectar algum pecado
que permanece e qualidades infrutíferas que prejudicam nosso crescimento
pessoal e nossos frutos.
Conta-se a
história de um homem que estava lendo a coluna de falecimentos do jornal da sua
cidade. Ficou surpreso ao ver ali o seu nome, dizendo que ele tinha morrido.
Primeiro teve de rir. Mas logo o telefone começou a tocar. Amigos e parentes
queriam saber o que houve e dar condolências. Irritado ele telefonou para o
jornal reclamando por ter sido declarado morto apesar de estar muito vivo. O
editor pediu desculpas, com embaraço, e então disse num lampejo de inspiração:
"Não se preocupe, amigo, amanhã eu vou pôr tudo em ordem, colocando seu nome
na coluna de nascimentos."
Isto pode
parecer somente uma anedota humorística, mas é também uma parábola espiritual.
Enquanto o nosso "eu" não estiver crucificado com Cristo, o novo ser
em nós não pode dar o maravilhoso fruto que é característico da vida de Jesus
Cristo.
Só o Espírito
pode fazer com que o Cristo em nós seja visível por fora também. Nenhum esforço
humano pode produzir o tipo de pessoa que Deus quer que nós sejamos. Mas quando
o Espírito nos enche, Ele produz Seu fruto em pessoas cada vez mais semelhantes
com Cristo, o protótipo do que nós seremos um dia.
Billy Graham
Do Livro, O Espirito Santo
Nenhum comentário:
Postar um comentário