Fonte - http://www.revistaadventista.com.br/2015/03
Tempo de erguer a cruz
Há 45 anos, adventistas aproveitam a tradição da Semana Santa para apresentar Cristo ao mundo
“Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12:32). A cada Páscoa, os adventistas têm a oportunidade de olhar novamente para a cruz e de apresentar o Cristo crucificado e ressurreto para o mundo. Ellen White chegou a afirmar que é a centralidade da cruz que torna poderosa a mensagem cristã: “Na cruz do Calvário, Jesus levanta-se como a revelação de um amor sem igual. Apresentem-no assim às multidões famintas, e a luz de seu amor ganhará os homens das trevas à luz, da transgressão à obediência e verdadeira santidade” (Review and Herald, 22/11/1898).
Desde 1970, isso tem sido feito na América do Sul por meio de séries especiais de pregação. Inicialmente, somente nas igrejas; hoje, em 56 mil pequenos grupos e 25 mil congregações. Essa tradição adventista nasceu com o pastor Daniel Belvedere, que atuava como evangelista em Buenos Aires, na Argentina. A ideia do ministro era aproveitar o sentimento despertado pela data e unir os ministérios da igreja num projeto comum. Naquele ano foram organizados 147 pontos de pregação, com 262 oradores e 600 voluntários. Os resultados apareceram logo: 4.300 pessoas acompanharam a programação, e o número de batismos dobrou. Em 2014, a iniciativa resultou no batismo de 36 mil pessoas.
O modelo começou a ser rapidamente replicado em outros lugares. Já na edição de agosto de 1971 daRevista Adventista havia relatos do sucesso do evangelismo de Semana Santa: primeiramente na Região Norte, depois no Nordeste e, por fim, no restante do país. Hoje, em algumas cidades, como Curitiba (PR), o programa é antecipado em uma semana para contar com a adesão dos membros que viajam no feriado.
Em 2015, segundo o pastor Everon Donato, que coordena o evangelismo de Semana Santa para todo o subcontinente, “o tema vai mostrar o quanto somos importantes para Jesus, a ponto de ele nascer, viver, chorar, se entregar, sofrer, morrer, ressuscitar e voltar para nos salvar”. Para mobilizar os membros, um treinamento via web foi realizado no dia 21 de fevereiro (disponível em videos.adventistas.org), e os materiais promocionais podem ser baixados em downloads.adventistas.org.
CULTURA LATINA
No livro Terra de Esperança, o historiador Floyd Greenleaf interpreta esse período do adventismo como uma fase de adaptação dos métodos norte-
americanos para a realidade sul-americana. Foi um processo de contextualização, iniciado pelo pastor Walter Schubert, visando a entender o coração latino. “Por causa da forte influência católica em toda a América do Sul, atribuímos grande importância à celebração da Semana Santa”, explicou em 1985 o pastor João Wolff, então presidente da igreja em nível sul-americano.
americanos para a realidade sul-americana. Foi um processo de contextualização, iniciado pelo pastor Walter Schubert, visando a entender o coração latino. “Por causa da forte influência católica em toda a América do Sul, atribuímos grande importância à celebração da Semana Santa”, explicou em 1985 o pastor João Wolff, então presidente da igreja em nível sul-americano.
Logo os líderes perceberam que, além de engajar a igreja no evangelismo, o programa também beneficiava os membros desanimados. Em alguns períodos, a Semana Santa e o plantio de igrejas caminharam juntos. O Projeto Pioneiro, na década de 1980, por exemplo, propunha que 15 a 20 adventistas ou uma classe da Escola Sabatina abrissem novos pontos de pregação.
Até hoje, a data é utilizada com sucesso para se compartilhar esperança. O que facilita a estratégia é a sensibilidade a uma cultura de matriz católica. Sensibilidade que, aguçada pelo Espírito de Deus, pode continuar a nos mostrar quais abordagens são mais adequadas para cada tempo e lugar.
WENDEL LIMA é editor associado da Revista Adventista
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