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segunda-feira, 16 de março de 2015

O SELO, O PENHOR E O TESTEMUNHO DO ESPÍRITO SANTO

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O  SELO,  O  PENHOR  E  O  TESTEMUNHO  DO   ESPÍRITO  SANTO

Um missionário inglês morreu na Índia no começo deste século. Assim que ele estava morto, seus vizinhos arrombaram sua casa e começaram a levar tudo que era dele. O cônsul inglês foi comunicado, e como não havia fechadura na porta da casa do missionário, ele colou sobre ela uma grande falha de papel, que carimbou com a selo, o lacre da Inglaterra. Os saqueadores não se arriscaram a quebrar o lacre, porque a nação mais poderosa do mundo o garantia.
O selo do Espírito Santo é um de uma série de acontecimentos simultâneos ao nosso arrependimento e recebimento do Senhor como Salvador, sem nós o percebermos. Em primeiro lugar, é claro, Deus nos regenerou e justificou. Em segundo lugar, o Espírito nos batizou no corpo de Cristo. Em terceiro lugar, o Espírito imediatamente se instalou nos nossos corações. Neste e nos próximos capítulos enfocaremos outras coisas que acompanham nossa salvação, além da Sua atuação contínua em nós.

O Selo

O quarto acontecimento a Bíblia chama de "Selo". Esta palavra traduz um termo grego que quer dizer confirmar ou imprimir. Três vezes a palavra é usada no Novo Testamento em relação aos crentes. É também mencionada na vida de Jesus. João diz: "Neste (Jesus), Deus, o Pai, imprimiu o seu selo" (João 6:27, IBB). Aqui vemos que o Pai selou o Filho.
No momento da conversão os crentes são selados com o Espírito para o dia da redenção: "Tendo nele (no evangelho) também crido, fostes selados com o santo Espírito da promessa" (Efés. 1:13; cf. 4:30).
Parece-me que Paulo tinha duas idéias em mente quando fala de nós sermos Selados com o Espírito Santo. Uma é segurança, a outra propriedade. Ser Selado, no sentido de segurança, é ilustrado no Antigo Testamento, quando o rei Dario colocou Daniel na cova dos leões, pôs uma pedra sobre a entrada e a lacrou com seu selo (Dan. 6:17) para que Daniel não saísse. Nos tempos antigos, como por exemplo no tempo da rainha Ester (Ester 8:8), os reis também costumavam colocar com um anel sua marca ou selo em cartas e documentos escritos em seu nome. Depois de feito isto, ninguém podia reverter o que estava escrito ou dar ordens em contrário.
Pilatos fez a mesma coisa quando deu ordens aos soldados para guardarem o túmulo de Jesus. Ele disse aos sacerdotes: "Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta" (Mat. 27:65, 66). A palavra "selo" usada nesta passagem é a mesma, no grego, usada em passagens que falam do selo do Espírito Santo.
A. T. Robertson diz que o selo na pedra do sepulcro era "provavelmente uma corda presa sobre a pedra e lacrada em cada ponta à rocha da caverna, como em Daniel 6:17. Isto foi feito na presença da guarda romana, encarregada de proteger esta marca de autoridade e poder de Roma".1 Quando o Espírito Santo nos sela ou põe em nós Sua marca, nós estamos seguros em Cristo de uma maneira muito mais significativa.
Um dos pensamentos mais eletrizantes que já passou por minha mente foi a consciência de que o Espírito Santo me selou. E ele selou você também – se você for um crente.
Nada pode tocar em você. "Porque estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rom. 8:38, 39).
Mas este selo do Espírito significa mais que segurança, Significa também propriedade. Lemos no Antigo Testamento que Jeremias comprou uma propriedade, pagou por ela diante de testemunhas e selou o documento de acordo com a Lei e os costumes (Jer. 32:10). Agora ele era o proprietário.
A alusão ao selo como prova de compra deve ter sido especialmente significativa para os efésios. Éfeso era um porto marítimo, e havia intenso comércio de madeira com os portos vizinhas. O método usado na compra era este: o mercador, depois de escolher a madeira, carimbava-a com seu anel, seu sinete – uma prova reconhecida de propriedade. No tempo devido, o mercador enviava um encarregado de confiança, com o sinete; este localizava todos os troncos que tinham a mesma marca e os levava.
Matthew Henry resume a idéia assim: "Os crentes são selados por Ele (o Espírito Santo), ou seja, separados para Deus, colocados à parte, distinguidos com a Sua marca, pois pertencem a Ele."2
Você e eu somos propriedade de Deus para Sempre!

O Penhor

Quando confiamos em Cristo, Deus não nos dá o Espírito somente como selo. Ele é também o penhor (algumas traduções trazem "garantia") de acordo com passagens como 2 Cor. 1:22 e Efésios 1:14.
"Porque é o Próprio Deus que nos dá a certeza, com vocês, de nossa vida em Cristo. E foi Deus quem nos separou para si mesmo. Como dono, pôs sua marca (selo) em nós, e colocou o Espírito Santo em nossos corações como garantia de tudo o que ele tem para nós" (2 Cor. 1:21, 22).
Nos tempos do apóstolo Paulo os comerciantes usavam penhores com três finalidades: como pagamento adiantado, "entrada" que fechava um negócio; representava um compromisso de pagamento, e era uma amostra do que haveria de vir.
Imagine que você esteja querendo comprar um carro. O penhor seria a entrada que você paga, fechando o negócio. Representaria também o compromisso de pagar o carro. E seria urna amostra do que seguiria – as parcelas restantes do dinheiro. De maneira semelhante o Espírito Santo é o penhor de que Deus nos comprou, a garantia. Sua presença mostra o compromisso que Deus assumiu de nos redimir completamente. Talvez o melhor de tudo, a presença do Espírito Santo, vivendo em união conosco, nos dá um gosto antecipado, uma amostra de nossa herança, da nossa vida futura na presença de Deus.
Em Números 13, quando os espias de Israel partiram para olhar a terra de Canaã, era a época das primeiras uvas maduras. "Vieram até ao vale de Escol, e dali cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas" (Núm. 13:23). Este eles levaram consigo para mostrar ao povo de Israel. O cacho de uvas era o penhor da sua herança. Era um pequeno antegosto do que os esperava na Terra Prometida. Era a garantia de Deus de que se eles marchassem adiante em fé, receberiam completamente o que agora tinham só em parte.
Recentemente uma das maiores lojas de mantimentos de Nova Iorque expôs um cesto de belíssimas uvas na vitrine. Sobre o cesto havia um cartaz: "Esperamos para os próximos dias um caminhão de uvas como estas." As uvas eram um "penhor" do que haveria de vir. As primícias, comparadas com a colheita toda, são somente um punhado; assim, concluindo do conhecido para o desconhecido, perguntamos com o poeta :  "O que Tua presença há de ser,
Seja na terra um tal prazer
Coroa a vida em Ti?"
O Novo Testamento fala três vezes do penhor do Espírito:
1) "(Deus) também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nossos corações" (2 Cor. 1:22). A presença do Espírito em nossa vida é a garantia de que Deus vai cumprir Sua promessa.
2) "Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito" (2 Cor. 5:5). Aqui o contexto dá a idéia de que o Espírito em nós é a garantia de que Deus nos dará corpos espirituais quando Jesus vier.
3) "(O Espírito Santo) é o penhor da nossa herança até ao resgate da Sua propriedade, em louvor da Sua glória" (Efés. 1:14). Nesta passagem o Espírito é a prova de que Deus garante a nossa herança até que o futuro traga a redenção total dos que são propriedade de Deus.
Em resumo, podemos dizer que quando somos batizados no corpo de Cristo, o Espírito entra em nossas vidas e nos sela através da Sua presença. Ele é a garantia de Deus, dando-nos certeza de que nossa herança virá.
A conclusão sobre este assunto nos é fornecida por Matthew Henry: "A garantia (esta é a palavra usada pelo Novo Testamento na Linguagem de Hoje para penhor) é parte de pagamento, que assegura o pagamento integral. A mesma coisa acontece com o dom do Espírito Santo; toda a sua influência e atuação, santificando e confortando, tem sua origem no céu e é glória em semente e botão. A iluminação do Espírito é garantia (penhor) de luz eterna; a santificação é garantia de santidade perfeita; Seu conforto é garantia de alegrias eternas. Ele é a garantia até a redenção da propriedade que foi comprada. Já podemos falar de propriedade, porque a garantia dá tanta certeza aos herdeiros como se já a tivessem; foi comprada para eles pelo sangue de Cristo. Fala-se de redenção, de resgate, porque ela foi confiscada e hipotecada pelo pecado; Cristo a devolve a nós. É resgate em alusão à lei da redenção."3

O Testemunho do Espírito

O Espírito Santo não é somente nosso selo e penhor, mas também é o testemunho dentro de nós, dando-nos certeza da realidade da nossa salvação em Jesus Cristo. Jesus falava pessoalmente com Seus discípulos e lhes transmitia segurança enquanto estava com eles. De maneira semelhante o Espírito Santo testemunha aos e nos corações de todos os crentes verdadeiros. Diversas passagens do Novo Testamento tocam neste assunto.
Em 1º lugar a Escritura ensina que o Espírito Santo é testemunha do caráter decisivo e da suficiência da expiação de Jesus Cristo. Lemos isto em Hebreus 10:15-17, onde o autor bíblico contrasta a ineficácia dos sacrifícios levíticos que sempre se repetiam com o sacrifício de Cristo, que foi oferecido um por todos e de uma vez por todas. Nunca a nossa consciência receberia alívio completo do peso do pecado por sacrifícios de animais, Por outro lado, "com uma única oferta (Jesus Cristo) aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo" (Heb. 10:14,15). Este testemunho está ligada a Jeremias 31: "Perdoarei as suas iniqüidades e dos Seus pecados jamais me lembrarei" (v. 34). Já que este testemunho está impresso na Palavra escrita de Deus que nunca muda, o conforto que ele nos dá nos liberta do medo através de cada mudança dos tempos.
Em segundo lugar a Escritura ensina que o Espírito Santo nos dá testemunho de que nós nos tornamos filhos de Deus, pela fé em Jesus Cristo e no que Ele fez na cruz. "O próprio Espírito testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus" (Rom. 8:16). Nós não só fomos salvos e batizados no corpo de Cristo, mas também fomos adotados na família de Deus. "E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus" (Gál. 4:6, 7). Nós podemos exclamar: Aba, Pai, porque o Espírito testifica que nós somos filhos de Deus. Esta é a Carta Magna da libertação do cristão do poder do pecado para os privilégios e a riqueza de Cristo. A declaração de que nós somos filhos é repetida muitas vezes. Você e eu deveríamos untar todo dia : "Eu sou filho do Rei".
C. S. Lewis escreveu sobre o relacionamento pessoal entre o cristão e Deus nestes termos: "Colocar-nos num nível pessoal com Deus, sem autorização, é em si nada mais que presunção e ilusão. Mas a Bíblia nos ensina que é Deus que nos coloca nesta posição. Porque é pelo Espírito Santo que nós clamamos 'Pai'. Descobrindo e confessando nossos pecados e 'fazendo conhecidos' os nossos pedidos, nós assumimos a alta posição de pessoas diante dEle. E Ele, descendo, Se torna Pessoa para nós."4
Assim, o cristão tem no Espírito Santo uma testemunha dentro dele. "Aquele que crê no Filho de Deus tem em si o testemunho" (1 João 5:10). Ninguém mais se lembrará dos nossos pecados. A família celestial nos adotou, O Espírito dá testemunho de que como crentes no Senhor Jesus Cristo nós temos vida eterna.
Por último, a Escritura ensina que o Espírito Santo dá testemunho da verdade de cada promessa que Deus nos faz em Sua Palavra. O Espírito, que inspirou a Palavra escrita de Deus, também atua em nossos corações para nos dar a certeza de que as promessas são verdadeiras e que valem para nós. Nós sabemos que Cristo é nosso Salvador porque a Bíblia o diz e o Espírito o confirma. Nós sabemos que nos tornarmos filhos de Deus porque a Bíblia o diz e o Espírito novamente é quem nos dá a certeza disto. "Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade" (João 16:13). "A tua palavra é a verdade" (João 17:17).
Às vezes converso com pessoas que me dizem não ter certeza da sua salvação, Quando lhes faço mais perguntas, geralmente eu descubro que não estiveram dando tempo à Palavra de Deus. "E o testemunho é este, que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no Seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus" (1 João 5:11-13, grifo meu).
O Espírito dá testemunho a nossos corações, convencendo-nos da verdade da presença e segurança de Deus. Isto é muitas vezes difícil de explicar a um descrente, mas crentes sem conta sabem da certeza que o Espírito dá a Seus corações.
John Wesley, o fundador da Igreja Metodista, certa vez fez esta observação: "É difícil achar palavras na língua humana para explicar as profundas coisas de Deus. Na verdade não há ninguém que possa expressar adequadamente o que o Espírito de Deus opera em seus filhos. Mas... pelo testemunho do Espírito, quero dizer, por uma impressão interior, o Espírito de Deus fala ao meu espírito imediata e diretamente que eu sou filho de Deus; que Jesus Cristo me amou e deu a Si mesmo por mim; que todos os meus pecados foram apagados e eu, até mesmo eu, estou reconciliado com Deus."5
Podemos ver, então, que Deus nos lacra com Seu selo quando nós recebemos a Cristo. Este selo é uma Pessoa – o Espírito Santo. Pela presença do Espírito Deus nos dá segurança e nos marca como Sua propriedade. Além disto o Espírito é o penhor divino. Além de selar o contrato, ele representa o compromisso voluntário de Deus de não nos iludir. E união com o Espírito é uma amostra do que podemos esperar quando recebermos nossa herança no céu.

E o Espírito nos dá testemunho, através da Sua Palavra e dentro dos nossos corações, que Cristo morreu por nós e que pela fé nEle nós nos tornamos filhos de Deus. Que coisa maravilhosa saber que nós temos o Espírito como selo – penhor – e testemunho! Que cada um destes três nos dê nova certeza do amor de Deus por nós, e confiança na tentativa de viver por Cristo. E que digamos com o apóstolo Paulo: "Graças a Deus pelo seu dom incomparável" (2 Cor. 9:15, BLH). 

Billy Graham

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