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sábado, 14 de março de 2015

Batismo com o Espírito Santo - Parte 2


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Calvário e Pentecostes

Quando Jesus morreu na cruz, levou sobre Si nossos pecados: "Deus condenou o pecado na natureza humana, enviando seu próprio Filho, que veio na forma da nossa natureza pecaminosa para acabar com o pecado" (Rom, 8:3, BLH).
Isaías profetizou: "O Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós" (Isa. 53:6). Paulo disse: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós" (2 Cor. 5:21). Isto fez com que no santo Jesus estivesse o pecado de todo o mundo.
Jesus disse com muita clareza que Sua morte na cruz não seria o fim do Seu ministério. Na noite antes da Sua morte Ele disse repetidamente aos discípulos que enviaria o Espírito Santo.
Naquela noite Jesus disse aos Seus discípulos: "Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" (João16:7). Antes de poder enviar o Espírito, que é o Confortador, Jesus teve de ir: primeiro, para a morte na cruz; depois, para a ressurreição; por último, para a direita do Pai. Só então pôde mandar o Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Depois da Sua morte e ressurreição, Ele lhes ordenou que ficassem em Jerusalém, esperando o dom do Espirito: "Permanecei, pois, na cidade. . . até que do alto sejais revestidos de poder" (Lucas 24:49). Antes de subir aos céus Ele lhes disse que ficassem em Jerusalém até que fossem "batizados com o Espírito Santo, não muito depois destas dias" (Atos 1:5).
Por esta razão é que João Batista tinha proclamado a missão dupla de Cristo: proclamou primeiro o ministério de Cristo como "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29); depois predisse que o ministério de Cristo no Calvário seria seguida do seu ministério batizando com o Espírito Santo (João 1:33).
Quando Jesus ressuscitou dos mortos, este batismo com o Espírito, que indicaria a nova época, ainda estava por vir; acorreu cinqüenta dias depois da ressurreição. Dez dias depois da ascensão veio Pentecostes. A promessa foi cumprida. O Espírito Santo veio sobre 120 discípulos. Pouco depois, falando a uma multidão bem maior, Pedro referiu-se ao "dom do Espírito Santo". Ele insistiu com seus ouvintes: "Arrependei-vos, e cada um seja batizado. . . e recebereis o dom do Espírito Santo" (Atos 2:38).
John Stott destaca que "não parece que os 3.000 experimentaram o mesmo fenômeno milagroso (o vento impetuoso, as línguas de fogo, o falar em línguas estranhas). Nada é dito sobre estas coisas. Mas pela promessa de Deus, feita através de Pedro, eles devem ter herdado a mesma promessa e recebido o mesmo dom (versículos 33 e 39). Mesmo assim, havia a diferença: os 120 já estavam regenerados, recebendo o Espírito Santo depois de esperarem em Deus por dez dias. Os 3.000, incrédulos, receberam o perdão dos seus pecados e o dom do Espírito ao mesmo tempo – e isto aconteceu no mesmo instante em que se arrependeram e creram, sem necessidade de esperar.
"É de grande importância esta distinção entre os dois grupos, de 120 e 3.000 pessoas, porque a regra para hoje com certeza deve ser o segundo grupo, de 3.000 pessoas, e não o primeiro (como muitos pensam). O fato de a experiência dos 120 se dar em duas etapas distintas deve-se simplesmente a circunstâncias históricas. Eles não poderiam ter recebido o dom de Pentecostes antes de Pentecostes. Mas estas circunstâncias históricas deixaram de existir há muito. Nós vivemos depois de Pentecostes, como estes 3.000. Assim como eles, nós recebemos o perdão dos pecados e o "dom" ou "batismo" do Espírito ao mesmo tempo."1
Daquele dia em diante o Espírito Santo esteve habitando no coração de todos os verdadeiros crentes, a começar com os 120 discípulos que O receberam no dia de Pentecostes. Quando eles receberam o Espírito Santo, Ele os uniu em um corpo com Sua presença – o corpo místico de Cristo, que é a Igreja. É por isto que eu, quando ouço termos como "ecumenismo" ou "movimento ecumênico", digo comigo mesmo: Se nós nascemos de novo, o ecumenismo já existe. Estamos todos unidos pelo Espírito Santo, que mora em nossos corações, sejamos presbiterianos, metodistas, batistas, pentecostais, luteranos ou anglicanos.
É verdade que houve diversas outras ocasiões, mencionadas pelo livro de Atos, semelhantes a Pentecostes: o assim chamado "Pentecostes Samaritano" (Atos 8:14-17) e a conversão de Cornélio (Atos 10:44-48). No entanto, os dois acontecimentos marcaram o início de um novo estágio na expansão da Igreja. Os samaritanos eram urna raça mista, desprezada por muitos como indigna do amor de Deus. O batismo deles com o Espírito foi um sinal claro de que também eles podiam ser do povo de Deus, pela fé em Jesus Cristo. Cornélio era gentio, e sua conversão foi outro passo de destaque na divulgação do Evangelho. O batismo do Espírito que ele e seus familiares receberam mostra que o amor de Deus era também para os gentios.
Tendo em vista tudo isso, nenhum cristão precisa esforçar-se, esperar ou "orar até receber o Espírito". Ele já O recebeu, não com trabalho e lutas, sofrimento e oração, mas como presente da graça, imerecido e não conquistado.
W. Graham Scroggie certa vez falou em Keswick algo assim: "No dia de Pentecostes foi formado o corpo de Cristo, pelo batismo do Espírito, e desde então cada crente individual, cada pessoa que aceita a Cristo pela fé simples, no mesmo momento e por este mesmo ato se torna participante da bênção do batismo. Por isso, esta bênção não precisa ser procurada para ser recebida depois da hora da conversão." 


 Explicação de Três Possíveis Exceções

Eu dei agora a impressão que todos os crentes têm o Espírito santo, que na hora da conversão e regeneração vem morar neles. No entanto, alguns têm insistido que o livro de Atos nos dá diversos exemplos de pessoas que não receberam o Espírito santo quando creram pela primeira vez. Em vez disto, dizem, estes incidentes indicam que o batismo com o Espírito acorre depois de sermos incorporados no corpo de Cristo. Três passagens nos interessam principalmente, quanto a este assumo. Eu pessoalmente, quando crente jovem, achei difícil entender estas passagens (até certo ponto ainda acho), e sei que muitas pessoas têm esta mesma impressão. Não quero afirmar Ter todas as respostas para as perguntas levantadas por estas passagens, mas meu estudo do assunto me fez observar certos fatos que podem ser de boa ajuda.
A primeira passagem achamos em Atos 8, onde é relatada a viagem de Filipe a Samaria. Ele pregou a Cristo e fez diversos milagres. Os samaritanos foram emocionalmente estimulados, muitos fizeram profissão de fé e foram balizados. Os apóstolos, em Jerusalém, estavam tão preocupados com o que estava acontecendo em Samaria, que enviaram para lá dois de seus líderes, Pedro e João, para investigar. Eles se depararam com uma grande agitação, com muitas pessoas prontas para receberem o Espírito. "Então lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo" (Atos 8:17).
Comparando versículo com versículo, logo descobriremos um aspecto extraordinário desta passagem: quando Filipe foi pregar em Samaria, era a primeira vez que o evangelho era pregado fora de Jerusalém, evidentemente porque judeus e samaritanos sempre tinham sido ferrenhos inimigos. Isto nos fornece a chave do mistério por que o Espírito foi retido até que chegassem Pedro e João: para que eles virem pessoalmente que Deus recebia até samaritanos odiados que cressem em Cristo. Depois disto não poderiam mais duvidar.
Observe também o que aconteceu quando o Espírito do Senhor subitamente tomou Filipe e o transportou até a estrada de Gaza, onde ele falou de Cristo ao eunuco etíope. Quando o etíope creu e recebeu a Cristo, ele foi batizado com água. Mas Filipe não fez nenhuma menção de impor-lhe as mãos e orar para que ele recebesse o Espírito Santo, e nada foi dito sobre um segundo batismo. De forma que a situação de Samaria, relatada em Atos 8, foi única, e não combina com outras passagens da Escritura, comparando versículo com versículo.
Outra passagem que traz para alguns certa dificuldade é a que trata da conversão de Saulo na estrada de Damasco, como está registrada em Atos 9. Algumas Pessoas dizem que quando ele foi enchido com o Espírito Santo na presença de Ananias, mais tarde (v. 17), ele experimentou um segunda batismo do Espírito.
Novamente temos urna situação única, em que Deus escolheu este perseguidor dos cristãos "para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel" (v. 15). Quando Saulo chamou Jesus de "Senhor", ele usou um termo que pode significar "meu próprio Senhor", demonstrando que se convertera, ou simplesmente "senhor", um título de respeito e não uma profissão de fé. Sabemos que mais tarde Ananias chamou Paulo de "irmão" (v. 17), mas muitos judeus daquele tempo chamavam-se de "irmãos". Ele pode ter chamado Saulo de irmão no sentido mais amplo, como em muitas regiões do nosso país as pessoas chamam umas às outras de "irmão".
Em outras palavras, quando ocorreu a regeneração de Saulo? Na estrada de Damasco, ou durante aqueles três dias em que Ananias falou com ele (pode ter sido durante toda a cegueira de Saulo)? Eu tenho certeza que muitas vezes o novo nascimento é como o nascimento físico: a concepção, nove meses de gestação, e depois o nascimento. Às vezes o Espírito Santo leva semanas para convencer uma pessoa. Eu vi pessoas virem mais de uma vez à frente em nossas cruzadas, e só experimentarem a certeza da sua salvação na terceira ou quarta vez. Quando estes foram regenerados? Só Deus Espírito Santo sabe; pode ter sido quando foram batizados ou confirmados, e eles vieram à frente para terem certeza. Pode ser que alguns venham (como eu costumo dizer) para "reconfirmar sua confirmação".
Atos 9:17 diz ainda que Paulo ficou cheio do Espírito Santo. A palavra batismo não aparece no versículo, e não é dito que falou em outras línguas quando ficou cheio. A minha opinião é que mesmo se Paulo foi regenerado na estrada de Damasco, quando mais tarde ficou cheio de Espírito isto não foi um segundo batismo. Possivelmente Sua regeneração só ocorreu quando Ananias o visitou. De forma que esta passagem não ensina que Paulo foi duas vezes batizado com o Espírito.
O terceiro texto que deu motivos para alguma controvérsia encontramos em Atos 19:1-7. Paulo passou por Éfeso e encontrou doze discípulos que não tinham recebido o Espírito Santo. Lendo esta passagem, imediatamente surge a pergunta: estes doze eram cristãos verdadeiros antes de se encontrarem com Paulo? Pareciam não saber nada sobre o Espírito Santo e sobre Jesus. Também falavam do batismo de João. Sem dúvida Paulo não viu no seu primeiro batismo argumento suficiente para chamá-los de crentes. Submeteu-os a novo batismo na água, no nome de Cristo.
Milhares de pessoas tinham ouvido João ou Jesus durante os primeiros anos. Elas ficaram profundamente impressionadas com o batismo de João, mas provavelmente perderam todo o contato com os ensinos de João e Jesus nos anos intermediários. Assim, novamente temos uma situação única. Só o fato de o apóstolo ter feito perguntas tão precisas indica que ele duvidava que a conversão deles tenha sido uma experiência genuína.
Mesmo assim temos de analisar Atos 19:6 mais de perto: "E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam".
O Dr. Merrill Tenney os chama de "crentes retardatários". O interessante é que todas estas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Não sabemos se estas línguas são do tipo que Paulo aborda em 1 Coríntios 14 ou Lucas em Atos 2. A palavra "profetizavam" inclui a idéia de testemunho e proclamação. Ao que parece, eles saíram para dizer aos seus amigos de que forma tinham chegado a crer em Cristo. Na minha maneira de pensar, isto não é prova de um segundo batismo com o Espírito, posterior ao batismo com o Espírito na hora da regeneração. Parece-me antes que eles foram regenerados e batizados com o Espírito ao mesmo tempo.
Em resumo, eu creio que o dia de Pentecostes deu início à Igreja. Tudo o que restava por fazer era integrar com destaque na Igreja samaritanos, gentios e "crentes retardatários". Isto aconteceu em Atos 8 com os samaritanos, em Atos 10 com os gentios (de acordo com Atos 11:15), e em Atos 19 com crentes que sobraram do batismo de João. Uma vez ocorrido este batismo representativo com o Espírito, aplica-se o padrão normal – batismo com o Espírito cada vez que uma pessoa crê em Cristo (sejam quais forem seus antecedentes).

 Billy Grahan
O Batismo com o Espirito pags. 8 - 11

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