Billy Graham
A Atuação do Espírito Desde a Criação até Belém
No capítulo
anterior analisamos alguns versículos que mostram como o Espírito Santo estava
atuando na criação. De acordo com Gênesis1:2,
"a terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo".
Logo em seguida lemos que "o Espírito de Deus pairava por sobre as
águas".
Algumas versões
trazem "mover-se", mas a palavra hebraica é "estar sobre",
assim como uma galinha fica sobre seus ovos para chocá-los e trazer nova vida
ao mundo; da mesma forma o Espírito Santo pairou sobre a criação original de
Deus para encher seu vazio com as várias formas de vida, de onde resultou o
relato de Gênesis 1 e 2. Assim, desde o princípio o Espírito Santo estava ativo
na criação, junto com o Pai e o Filho.
Quando Deus
"formou o homem do pó da terra" (Gên. 2:7), o Espírito Santo estava
envolvido. Isto poremos concluir indiretamente de Jó 33:4: "O Espírito de Deus me fez; e o sopro do
Todo-Poderoso me dá vida." Um jogo de palavras aqui mostra como o Espirito
de Deus e a nossa respiração estão intimamente relacionados:
"Espírito" e "sopro" no hebraico são a mesma palavra.
Também lemos em
Gênesis 2:7 que o Senhor Deus
"lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma
vivente". Embora a palavra "fôlego" não seja aqui a mesma que
significa Espírito, é claro, de acordo com esta passagem, que o homem deve sua
vida a Deus. E o sopro de Deus que "deu partida" no homem para sua
peregrinação terrena foi de fato o Espírito Santo, como Jó 33:4 deixa claro.
O Salmo 104:30 nos leva um passo adiante
na compreensão do papel do Espírito na criação. O Espírito não só colaborou na
formação da terra e do primeiro ser humano, mas Ele é sempre o criador da vida.
"Envias (Deus) o teu Espírito, eles são criados, e assim renovas a face da
terra." Quem do os "eles" que o Espírito cria? Todo o Salmo o
explica, mas nos versículos 18-26 vemos que estão incluídos cabras selvagens e
coelhos do mato (V. 18, BLH), animais selvagens como leõezinhos (Vs. 20, 21), o
homem (V. 23) e tudo que vive sobre a terra ou no mar (Vs. 24, 25).
No Antigo
Testamento, uma mulher casada que não conseguia ter filhos, sabendo que quem dá
a vida é o Espírito, ia ao tabernáculo ou ao templo. Lá, ou ela orava ou o
sacerdote pedia a Deus que abrisse o seu ventre. Bem, uma mulher assim conhecia
as realidades básicas da vida como nós também, mesmo não tendo um conhecimento
científico do processo de gestação como nós hoje. Mesmo para nós ainda é um
mistério da natureza que um espermatozóide possa penetrar num óvulo e iniciar
urna nova vida. Esta é simplesmente urna maneira médica ou biológica para
descrever o toque da mão de Deus na criação de uma nova vida.
Ana é urna
ilustração clássica para isto. Ela foi para o tabernáculo para orar por um
filho. O sumo sacerdote Eli a princípio pensou que ela estivesse bêbada, mas
ela lhe disse que era uma mulher atribulada que tinha derramado seu coração
diante do Senhor. Eli respondeu: "Vai-te em paz, e o Deus de Israel te
conceda a petição que lhe fizeste" (I Sam. 1:17). Mais tarde ela deu à luz
ao profeta Samuel. Apesar de o Espírito não ser mencionado na história, a nossa
compreensão das suas funções, de acordo com o Salmo 104 (e Jó 33:4) nos mostra
que cabia ao Espírito de Deus conceder vida.
O Salmo 104:30
diz mais do que isto, que devermos nossa criação ao Espírito. Ele também renova
a face da terra. Deus alimento o que cria.
Os crentes do
Antigo Testamento tinham a convicção, e com razão, de que Deus tinha algo a ver
com plantação e colheita. Uma boa colheita era atribuída a Ele. "Fazes
crescer a relva para os animais, e as plantas para o serviço do homem, de sorte
que da terra tire o seu pão" (Salmo 104.14). Em Deuteronômio 28 são
relacionadas as condições para bênção ou maldição da terra prometida. Se Israel
obedecesse a Deus, tinha a promessa: "Bendito o fruto do teu ventre, e o
fruto da tua terra", e "o Senhor te dará abundância . . . no fruto do
teu solo" (Deut. 28:4, 11). A Festa das Primícias que Israel comemorava
reconhecia formalmente que Deus era responsável pela abundância. Hoje, curvando
nossas cabeças à mesa para agradecer a Deus pelos alimentos, continuamos
reconhecendo Deus como Aquele que nos sustenta.
Todavia, Deus
abençoa e amaldiçoa, liberta e castiga. Diversas vezes o Antigo Testamento
atribui a salvação de Israel ao Espírito de Deus. Ele agiu nas pessoas antes do
dilúvio (Gên. 6:3). Eu creio que Ele está agindo nas pessoas hoje exatamente
corno antes do dilúvio. Jesus disse: "Assim como foi nos dias de Noé, será
também nos dias do Filho do Homem" (Lucas 17:26). As mesmas perversões
doentias, a mesma decadência e corrupção moral predominam hoje em dia. O
Espírito Santo está agindo poderosamente, mas a grande maioria da raça humana
não quer ouvir.
Depois, de
tempo em tempo o Espírito Santo tomou posse de diversas pessoas para libertar o
povo de Deus. Por exemplo somente no livro de Juízes Ele veia sobre Otniel
(Juí. 13:10), Gideão (16:34), Jefté (11:29) e Sansão (13:25).
Há no Antigo Testamento
três expressões principais para a atuação do Espírito Santo nas pessoas:
1) Ele vinha sobre alguém: "O Espírito
de Deus se apoderou de Zacarias (2 Crôn. 24:20).
2) Ele repousava sobre alguém: "O
Espírito repousou sobre eles" (Núm. 11:25).
3) Ele enchia alguém: "Eu o enchi do
Espírito de Deus" (Êxodo 31:3).
O Espírito não
só usou juízes e profetas para libertar Israel, mas também reis. Estes eram
ungidos com óleo, símbolo de que eles estavam sendo revestidos com o poder do
Espírito Santo, como podemos ver na unção de Davi por Samuel, em 1 Sam. 16:13:
". . . daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apossou de
Davi."
No versículo
seguinte nos deparamos com uma afirmação solene. No livro de Juizes geralmente
o Espírito Se retirava depois de a pessoa escolhida concluir a sua obra. Aqui
vemos que Ele poria retirar-se também quando esta pessoa desobedecia. l Sam.
16:14 diz isto de Saul, e comparando Juízes 14:19 com 16:14 vemos que aconteceu
a mesma coisa a Sansão. No uso de Davi, vemos até em suas orações como ele se
preocupava com a retirada do Espírito: "Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu
Santo Espírito." (Salmo 51:11).
A grande
libertação que Deus providenciou, é claro, não veio com um rei ungido por
homens, mas com o Messias, título que significa "Ungido". Isaías
escreveu profeticamente que o Messias diria: "O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim, porque o Senhor me ungiu" (Isa. 61:1). Jesus, lendo esta
passagem 800 anos depois na sinagoga, disse: "Hoje Se cumpriu a Escritura
que acabais de ouvir" (Lucas 4:21).
Nem sempre é
fácil separar o papel do Pai, do Filho e do Espírito Santo no Antigo
Testamento. Mas sabemos que Jesus apareceu de tempo em tempo em
"teofanias", que são aparições do nosso Senhor antes da sua
encarnação. Sabemos também que o nome de Deus no Antigo Testamento pode estar
Se referindo a diferentes pessoas da Trindade.
Em resumo,
vimos que o Espírito Santo estava agindo antes de o mundo começar. Depois Ele
renovava e alimentava Sua criação. Estava ativo em todo o Antigo Testamento,
tanto na natureza como no meio do Seu povo, guiando-o e libertando-o através de
juízes, profetas, reis e outras pessoas. E falou daquele dia em que viria o
Ungido.
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