A Atuação do Espírito de Pentecostes até Hoje
Em Atos Lucas
relata a ascensão de Jesus ao céu (Atos 1:9-11). No capítulo 2 ele destaca a
descida do Espírito Santo à terra (Atos 2:1-4). Jesus tinha dito: "Se eu
não for, o Consolador (Espírito Santo) não virá para vós outros; se, porém eu
for, eu vo-lo enviarei" (João 16:7). Foi em cumprimento desta promessa que
Pedro disse a respeito do Cristo glorificado: "Exaltado, pois, à destra de
Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que
vedes e ouvis" (Atos 2:33).
Há muitos anos
um famoso explorador do Ártico partiu com uma expedição para o Polo Norte. Depois
de caminhar dois anos por aquela região desolada ele escreveu uma curta
mensagem, amarrou-a no pé de um pombo-correio, e preparou-se para soltá-lo,
para que fizesse a longa viagem de mais de três mil quilômetros até a Noruega.
O explorador olhou para a solidão ao Seu redor. Nenhum ser vivo, até onde seus
olhos podiam alcançar. Nada além de gelo, neve e um frio incrível. Segurou a
ave trêmula em suas mãos por alguns instantes e depois soltou-a na atmosfera
gelada. O pombo deu três voltas, e depois partiu em direção ao Sul, sobrevoando
centenas de quilômetros de gelo e mar, até descer junto à esposa do explorador.
Com a chegada do pombo-correio, esta sabia que estava tudo bem com seu marido
na longa noite do Ártico.
Da mesma forma
a vinda do Espírito Santo, a Pomba Celeste, provou aos discípulos que Cristo
tinha entrado no santuário celestial. Tinha se assentado à direita de Deus Pai,
porque Sua obra redentora estava concluída. A chegada do Espírito Santo cumpriu
a promessa que Cristo tinha feito; também testemunhou que a justiça de Deus
tinha sido feita. Tinha-se iniciado a era do Espírito Santo, que não podia
começar antes que Cristo fosse glorificado.
Sem dúvida a
vinda do Espírito Santo em Pentecostes marcou uma mudança crucial na maneira de
Deus se relacionar com a raça humana. É um dos cinco acontecimentos passados,
todos eles componentes básicos do evangelho cristão: a encarnação, a redenção,
a ressurreição, a ascensão e Pentecostes. O sexto componente ainda está para
ser realizado: a Segunda Vinda de Jesus.
O primeiro
acontecimento básico, a encarnação, marcou a entrada redentora de Deus na vida
humana, como verdadeiro homem. O segundo acontecimento foi a maneira de Deus
permanecer justo e mesmo assim justificar homens culpados – a redenção. O terceiro,
a ressurreição, demonstrou que os três grandes inimigos do ser humano – a
morte, Satanás e o inferno tinham recebido o golpe de misericórdia. O quarto –
a ascensão – mostrou que o Pai tinha aceito a obra redentora do Filho, e que as
exigências da Sua justiça tinham sido cumpridas. O quinto evento, o
Pentecostes, nos assegura que o Espírito de Deus veio para realizar Seus
propósitos no mundo, na Igreja e no crente individual!
O calendário
judaico estava orientado em diversas festas durante o ano. As três mais
importantes eram as em que todos do sexo masculino deveriam comparecer perante
o Senhor (Deut. 16:16). Estas três festas eram a Páscoa, o Festa dos
Tabernáculos e Pentecostes.
"A Festa
da Páscoa" comemorava o dia em que os israelitas foram libertados
milagrosamente de um longo período de escravidão no Egito. Depois de matarem um
cordeiro "sem defeito" (Êxodo 12:5) os israelitas passaram o sangue
nas portas de todas as suas casas, e assaram e comeram os cordeiros. O sangue
do cordeiro livrou-os do julgamento de Deus. A páscoa do Antigo Testamento teve
Seu cumprimento final na marte de Cristo no Calvário, "pois Cristo, nosso
Cordeiro pascal, foi imolado" (1 Cor. 5:7). O livro aos Hebreus nos ensina
que devido a isto não há mais necessidade de sacrificar o sangue de novilhos e
bodes. Jesus Cristo, de uma vez por todas, ofereceu a Si mesmo pela salvação de
todos os homens, derramando Seu sangue.
"A Festa
dos Tabernáculos" (a palavra que nós usaríamos hoje seria
"cabana" ou "tenda") lembrava Israel dos dias do êxodo do
Egito, quando as pessoas não viviam em casas mas em cabanas feitas de ramos de
árvores. A festa era celebrada depois da colheita, por isso é chamada de
"Festa da Colheita" em Êxodo 23:16. Talvez a comemoração da
libertação do Egito tenha sido cumprida na libertação e bênção muito mais ampla
que veio com a redenção em Cristo. João 7:38 sugere que a vinda do Espírito
Santo mata mais a sede que a água no deserto e a chuva necessária para a
colheita.
Pentecostes
ficou conhecida como "A Festa das Semanas", porque era comemorada no
dia seguinte ao sétimo sábado depois da Páscoa – uma semana de semanas. Como
isto perfaz 50 dias, o nome passou a ser "Pentecostes", a palavra
grega para "qüinquagésimo". A Festa de Pentecostes era celebrada no
início da colheita; em Números 28:26 é chamada de "dia das primícias
(primeiros frutos)". E é verdade que o dia de Pentecostes, quando veio o
Espírito Santo, no Novo Testamento, foi um dia de "primeiros frutos"
o início da colheita de Deus neste mundo, que será completada quando Cristo
vier de novo. Pentecostes no Novo Testamento marcou o início da presente era do
Espírito santo. Os crentes estão sob Sua direção assim como os discípulos eram
guiados por Jesus. Jesus ainda exerce Seu senhorio sobre nós do céu, mas como
Ele não pode estar conosco fisicamente, Ele transmite Suas instruções através
do Espírito Santo, que faz Cristo ser uma realidade em nós. Desde Pentecostes o
Espírito Santo é o elo de ligação entre a primeira e a Segunda Vinda de Jesus.
Ele aplica a obra de Jesus Cristo aos homens da nossa época, como veremos nas
próximas páginas.
Pouco depois de
me tornar cristão, quando comecei a pesquisar sobre o Espírito Santo, uma das
primeiras perguntas que eu me fiz foi esta: Por que o Espírito Santo teve de vir?
Não demorei a achar a resposta. Ele veio porque tinha uma obra a fazer no
mundo, na Igreja e no cristão individual, como descobriremos juntos agora.
A Presente Obra do Espírito Santo no Mundo
A obra do
Espírito no mundo é dupla. Em primeiro lugar, Ele veio para convencê-lo do
pecado, da justiça e do juízo (João 16:7-11). A Bíblia ensina, todos nós
sabemos isto de experiência própria, que todos pecaram e estão afastados da
presença gloriosa de Deus (Rom. 3:23, BLH). Um pecador não pode herdar a vida
eterna. Todos que nasceram neste mundo revivem a queda de Adão. Todos nascem
com a semente do pecado dentro de si, e ao chegarem à idade responsável não
tardam a ser culpados de multidão de pecados. Há diferença entre pecado e pecados. O pecado é a raiz, os pecados são os frutos.
Pode ser que
alguém não esteja consciente de que seu maior problema é o pecado, ou que o
pecado o separou da comunhão com Deus. Por isso é tarefa do Espírito Santo
perturbá-lo e convencê-lo do seu pecado. Ele não pode experimentar a salvação
sem que isto aconteça. Nas concentrações das nossas cruzadas eu tenho visto
pessoas erguerem seu punho para mim enquanto eu pregava. Eles não estavam
hostilizando a mim, tenho certeza, mas o Espírito Santo os tinha convencido.
Muitas vezes estas pessoas depois vêm para aceitar a Cristo.
O Espírito
Santo não só convence de pecado, Ele convence as pessoas também que Jesus é a
justiça de Deus. Ele mostra aos pecadores que Jesus é o caminho, a verdade e a
vida, e que ninguém vem ao Pai a não ser por Ele.
O Espírito
Santo também convence o mundo do juízo, porque o príncipe deste mundo já está
julgado, e todos os que recusarem a oferta de vida eterna que Deus faz também
serão julgados. Quando o apóstolo Paulo falando do que Cristo tinha feita em
sua vida, diante de Agripa, disse que na estrada para Damasco, na hora da sua
conversão, Deus lhe tinha revelado o tipo do seu ministério. Seria entre os
gentios, para "lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à
luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de
pecados..." (Atos 26:18, IBB).
No momento em
que Jesus Cristo morreu na cruz Satanás sofreu uma derrota catastrófica. Pode
ser que a derrota não seja evidente, quando lemos os jornais e ligamos a
televisão, mas Satanás é um inimigo vencido em princípio. Ele ainda arrisca sua
guerra de pecado, mas sua destruição total e afastamento da terra estão
próximos. Até lá ele vai intensificar suas atividades. Cristãos em todo o mundo
podem notar que há novos demônios agindo. Perversões, permissividade, violência
e centenas de outras tendências sinistras se manifestam em todo o mundo com uma
intensidade que houve provavelmente só nos dias de Noé. O Espírito santo veio
para nas mostrar estas coisas, porque Ele tem muito a ver com as profecias
bíblicas, como veremos mais tarde.
O ministério do
Espírito Santo no mundo não se limita a convencê-lo do pecado, da justiça e do
juízo. Seu segundo objetivo no mundo é impedir o crescimento da iniqüidade, ou
seja, engajar-se no ministério de preservação. O apóstolo Paulo disse:
"Com efeito o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja
afastado aquele que agora o detém" (2 Tess. 2:7). A Escritura deixa claro
que este planeta já seria literalmente um inferno na terra se a Espírito Santo
não estivesse presente no mundo. O mundo descrente mal sabe o quanto deve ao
poder controlador do Espírito Santo.
Conversei
recentemente com diversos teólogos, na Europa e nos EUA, que são da opinião de
que o Espírito Santo está sendo retirado lentamente do mundo, à medida que
entramos no que pode ser os momentos culminantes do fim desta época. Quando
tiver ido totalmente "o diabo estará à solta". Haverá guerras,
violência, revoluções, perversões, ódio, medo – no mundo hoje em dia temos só
uma amostra do que vai acontecer. A raça humana se encontrará num inferno que
ela mesma criou. Livre do que o detém o Espírito Santo – o Anticristo reinará
com poderes supremos por um curta período de tempo, até ser esmagado pela vinda
do Senhor Jesus Cristo com Seus exércitos!
O Espírito
Santo também age através do povo de Deus, que é chamado por Jesus no sermão do
Monte de sal da terra e luz do mundo (Mat. 5:13,14). Estas figuras cabem muito
bem, porque o sal e a luz da forças que agem em silêncio, discretamente, mas com
grande eficiência. O sal e a luz falam da influência para o bem que os cristãos
podem exercer na sociedade. Nós que somos crentes às vezes temos dificuldade
para compreender que influência nós, uma minoria, divididos e às vezes
desobedientes, podemos ter. Mas pelo poder do Espírito nós podemos reter o mal
e fazer o bem!
Aplicando mais
estas metáforas, sabemos que o sal e a luz são essenciais em casa: a luz
dissipa a escuridão, e o sal conserva os alimentos. A Bíblia nos diz que o
mundo estará cada vez mais em trevas, quanto mais perto do fim. O mundo não tem
luz própria – e está em acelerado processo de decadência. Jesus nos ensinou que
nós, Seus seguidores, poucos e fracos, somos o sal que pode retardar o processo
de declínio. Cristãos ativos no mundo são a única verdadeira luz espiritual no
meio de grande escuridão espiritual. Se estudarmos os profetas do Antigo
Testamento, descobriremos que uma parte do julgamento dos condenados é a
destruição dos justos.
Isto coloca uma
responsabilidade enorme sobre os nossos ombros. O mundo só vê urna luz
brilhando quando olha para as nossas boas obras. O mundo só nota o sal quando
sente a nossa presença moral. Foi por causa disto que Jesus advertiu sobre o
sal que perde o seu sabor e a luz que fica obscura. Ele disse: "Brilhe a
vossa luz" (Mat. 5:16). Se você e eu cumpríssemos fielmente o nosso papel,
haveria uma revolução dramática mas pacifica no mundo, da noite para o dia. Os
cristãos não estão sem poder. Temos à
nossa disposição, através do Deus Espírito Santo, o ilimitado poder de Deus, já
neste mundo.
A Atuação do Espírito Santo na Igreja
O Espírito
Santo age não só no mundo, mas também na Igreja. Quando eu falo de Igreja, não
estou falando da Igreja Presbiteriana, Batista, Metodista, Anglicana, Luterana,
Pentecostal ou Católica, mas de todos os crentes. A palavra "Igreja"
vem de uma palavra no grego que significa "os que foram reunidas".
A Igreja estava
coberta de mistério no Antigo Testamento, mas mesmo assim Isaías proclamou:
"Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce uma
pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento"
(Isa. 28:16, IBB). O Novo Testamento diz que Cristo é este "firme
fundamento" da Sua Igreja, e que todos os crentes são pequenas pedras
edificadas formando o santo templo do Senhor (1 Pedro 2:51. Cristo também é a
cabeça do Seu corpo, a Igreja universal. E é a cabeça de cada congregação de
crentes local. Cada pessoa que se arrependeu de seu pecado e recebeu a Cristo
como Salvador e Senhor faz parte deste corpo chamado de Igreja. Por isso a
Igreja é mais que uma organização religiosa. É um corpo vivo, com Cristo como
cabeça, vivo porque a vida de Cristo deu vida a todos que creram.
Do livro "O Espírito Santo" Pags 7 - 13
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