Billy Graham
A Atuação do Espírito de Belém até Pentecostes
Durante o
período de tempo abrangido pelos quatro evangelhos a atuação do Espírito Santo
estava centralizada na pessoa de Jesus Cristo. O Homem-Deus foi concebido pelo
Espírito (Lucas 1:35), batizado pelo Espírito (João 1:32, 33), guiado pelo
Espírito (Lucas 4:1), ungido pelo Espírito (Lucas 4:18; Atos10:38), revestido
com poder pelo Espírito (Mat. 12:27, 28). Ofereceu a Si mesmo como expiação
pelo pecado, pelo Espírito (Heb. 9:14), foi ressuscitado pelo Espírito (Rom.
8:11) e deu mandamentos por intermédio do Espírito (Atos 1:2).
Sem sombra de
dúvida uma das passagens bíblicas que inspiram mais admiração é a que relata o
que o anjo disse a Maria: "Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do
Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de
nascer, será chamado Filho de Deus" (Lucas 1:35). Pessoas excessivamente
céticas e outras com uma visão muito limitada da ciência zombarão em total
descrença, mas o anjo desfez qualquer dúvida quando disse: "Porque para
Deus nada é impossível" (Lucas1:37, BJ).
Para os
cristãos qualquer sugestão de que Deus Espírito Santo não seria capaz de
concretizar o nascimento virginal é absurda. Se crermos que Deus é Deus – e que
Ele governa Seu universo – não há nada difícil demais para Seu poder ilimitado.
E Deus sempre faz o que quer. Quando planejou o nascimento do Messias, fez um
milagre. Pulou um degrau na seqüência fisiológica normal da concepção: nenhum
ser humano masculino participou. A vida formada no ventre da virgem não era
outra que a vida de Deus Filho encarnada em um corpo humano. O nascimento
virginal foi um milagre tão extraordinário, que era óbvio que Deus estava
operando a encarnação, e não o homem. Há hoje em dia alguns assim chamados
teólogos que negam a encarnação – rejeitam a divindade de Jesus Cristo. Com
isto estão muito perto de blasfemarem contra o Espírito Santo!
O Espírito
Santo também estava agindo nos discípulos de Jesus antes do Pentecostes.
Sabemos isto porque Jesus disse deles: "Ele (o Espírito Santo) habita
convosco" (João 14:17). Jesus também disse a Nicodemos: "Quem não
nascer da água e da Espírito, não pode entrar no reino de Deus" (João
3:5). Logo depois repetiu: "Importa-vos nascer de nova" (João 3:7).
No entanto, a
atuação do Espírito nos homens no tempo de Jesus era diferente da Sua atuação
hoje. Em João 7:39 o apóstolo João nos diz das palavras de Jesus: "Isto
ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem;
pois o Espírito até este momento não fora dado, porque Jesus não havia sido
ainda glorificado."
A Bíblia não
revela claramente qual era a diferença. Mas sabemos que a vinda do Espírito no
dia de Pentecostes foi algo muito mais extasiante que qualquer outra
experiência anterior que eles tinham tido. De qualquer forma, vimos que o
Espírito Santo estava atuando de diversas maneiras no nascimento e na vida do
nosso Senhor Jesus Cristo e nas vidas e no ministério dos Seus discípulos.
A Atuação do Espírito de Pentecostes até Hoje
Em Atos Lucas
relata a ascensão de Jesus ao céu (Atos 1:9-11). No capítulo 2 ele destaca a
descida do Espírito Santo à terra (Atos 2:1-4). Jesus tinha dito: "Se eu
não for, o Consolador (Espírito Santo) não virá para vós outros; se, porém eu
for, eu vo-lo enviarei" (João 16:7). Foi em cumprimento desta promessa que
Pedro disse a respeito do Cristo glorificado: "Exaltado, pois, à destra de
Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que
vedes e ouvis" (Atos 2:33).
Há muitos anos
um famoso explorador do Ártico partiu com uma expedição para o Polo Norte. Depois
de caminhar dois anos por aquela região desolada ele escreveu uma curta
mensagem, amarrou-a no pé de um pombo-correio, e preparou-se para soltá-lo,
para que fizesse a longa viagem de mais de três mil quilômetros até a Noruega.
O explorador olhou para a solidão ao Seu redor. Nenhum ser vivo, até onde seus
olhos podiam alcançar. Nada além de gelo, neve e um frio incrível. Segurou a
ave trêmula em suas mãos por alguns instantes e depois soltou-a na atmosfera
gelada. O pombo deu três voltas, e depois partiu em direção ao Sul, sobrevoando
centenas de quilômetros de gelo e mar, até descer junto à esposa do explorador.
Com a chegada do pombo-correio, esta sabia que estava tudo bem com seu marido
na longa noite do Ártico.
Da mesma forma
a vinda do Espírito Santo, a Pomba Celeste, provou aos discípulos que Cristo
tinha entrado no santuário celestial. Tinha se assentado à direita de Deus Pai,
porque Sua obra redentora estava concluída. A chegada do Espírito Santo cumpriu
a promessa que Cristo tinha feito; também testemunhou que a justiça de Deus
tinha sido feita. Tinha-se iniciado a era do Espírito Santo, que não podia
começar antes que Cristo fosse glorificado.
Sem dúvida a
vinda do Espírito Santo em Pentecostes marcou uma mudança crucial na maneira de
Deus se relacionar com a raça humana. É um dos cinco acontecimentos passados,
todos eles componentes básicos do evangelho cristão: a encarnação, a redenção,
a ressurreição, a ascensão e Pentecostes. O sexto componente ainda está para
ser realizado: a Segunda Vinda de Jesus.
O primeiro
acontecimento básico, a encarnação, marcou a entrada redentora de Deus na vida
humana, como verdadeiro homem. O segundo acontecimento foi a maneira de Deus
permanecer justo e mesmo assim justificar homens culpados – a redenção. O terceiro,
a ressurreição, demonstrou que os três grandes inimigos do ser humano – a
morte, Satanás e o inferno tinham recebido o golpe de misericórdia. O quarto –
a ascensão – mostrou que o Pai tinha aceito a obra redentora do Filho, e que as
exigências da Sua justiça tinham sido cumpridas. O quinto evento, o
Pentecostes, nos assegura que o Espírito de Deus veio para realizar Seus
propósitos no mundo, na Igreja e no crente individual!
O calendário
judaico estava orientado em diversas festas durante o ano. As três mais
importantes eram as em que todos do sexo masculino deveriam comparecer perante
o Senhor (Deut. 16:16). Estas três festas eram a Páscoa, o Festa dos
Tabernáculos e Pentecostes.
"A Festa
da Páscoa" comemorava o dia em que os israelitas foram libertados
milagrosamente de um longo período de escravidão no Egito. Depois de matarem um
cordeiro "sem defeito" (Êxodo 12:5) os israelitas passaram o sangue
nas portas de todas as suas casas, e assaram e comeram os cordeiros. O sangue
do cordeiro livrou-os do julgamento de Deus. A páscoa do Antigo Testamento teve
Seu cumprimento final na marte de Cristo no Calvário, "pois Cristo, nosso
Cordeiro pascal, foi imolado" (1 Cor. 5:7). O livro aos Hebreus nos ensina
que devido a isto não há mais necessidade de sacrificar o sangue de novilhos e
bodes. Jesus Cristo, de uma vez por todas, ofereceu a Si mesmo pela salvação de
todos os homens, derramando Seu sangue.
"A Festa
dos Tabernáculos" (a palavra que nós usaríamos hoje seria
"cabana" ou "tenda") lembrava Israel dos dias do êxodo do
Egito, quando as pessoas não viviam em casas mas em cabanas feitas de ramos de
árvores. A festa era celebrada depois da colheita, por isso é chamada de
"Festa da Colheita" em Êxodo 23:16. Talvez a comemoração da
libertação do Egito tenha sido cumprida na libertação e bênção muito mais ampla
que veio com a redenção em Cristo. João 7:38 sugere que a vinda do Espírito
Santo mata mais a sede que a água no deserto e a chuva necessária para a
colheita.
Pentecostes
ficou conhecida como "A Festa das Semanas", porque era comemorada no
dia seguinte ao sétimo sábado depois da Páscoa – uma semana de semanas. Como
isto perfaz 50 dias, o nome passou a ser "Pentecostes", a palavra
grega para "qüinquagésimo". A Festa de Pentecostes era celebrada no
início da colheita; em Números 28:26 é chamada de "dia das primícias
(primeiros frutos)". E é verdade que o dia de Pentecostes, quando veio o
Espírito Santo, no Novo Testamento, foi um dia de "primeiros frutos"
o início da colheita de Deus neste mundo, que será completada quando Cristo
vier de novo. Pentecostes no Novo Testamento marcou o início da presente era do
Espírito santo. Os crentes estão sob Sua direção assim como os discípulos eram
guiados por Jesus. Jesus ainda exerce Seu senhorio sobre nós do céu, mas como
Ele não pode estar conosco fisicamente, Ele transmite Suas instruções através
do Espírito Santo, que faz Cristo ser uma realidade em nós. Desde Pentecostes o
Espírito Santo é o elo de ligação entre a primeira e a Segunda Vinda de Jesus.
Ele aplica a obra de Jesus Cristo aos homens da nossa época, como veremos nas
próximas páginas.
Pouco depois de
me tornar cristão, quando comecei a pesquisar sobre o Espírito Santo, uma das
primeiras perguntas que eu me fiz foi esta: Por que o Espírito Santo teve de vir?
Não demorei a achar a resposta. Ele veio porque tinha uma obra a fazer no
mundo, na Igreja e no cristão individual, como descobriremos juntos agora.
Billy Graham
Do livro O Espírito Santo Pags 7-10
Nenhum comentário:
Postar um comentário