Cristão: adjetivo ou substantivo?
(http://missaoposmoderna.com.br)
É perigoso rotular determinadas
coisas de “cristãs”. A palavra cristão aparece pela primeira vez na
Bíblia como substantivo [Atos 11:26; 26:28; 1 Pedro 4:16]. Os primeiros
seguidores de Jesus foram chamados de cristãos porque haviam-se dedicado
a viver da mesma maneira que o Messias, e que eles criam ser Jesus.
Substantivo. Um indivíduo. Um
indivíduo que segue Jesus. Uma pessoa que vive em sintonia com a
realidade suprema. Deus. Uma forma de vida que gira em torno de uma
pessoa viva.
O problema de transformar o substantivo em adjetivo e em seguida associá-lo a palavras é que podem criar-se categorias que limitem a verdade. Veja o que quero dizer.
Determinada coisa pode ser rotulada de cristã e não ser verdadeira nem boa. Eu estava falando numa conferência de pastores alguns anos atrás e um pastor muito conhecido falaria depois de mim. Pensei em ficar no auditório quando tivesse terminado minha palestra porque eu queria ouvir o que ele diria. Foi chocante. Ele disse a uma sala cheia basicamente de pastores que, se a igreja deles não estava crescendo, se eles não eram felizes o tempo inteiro e se não eram saudáveis nem bem-sucedidos, era porque provavelmente não foram “chamados e escolhidos por Deus” para serem pastores. Não consigo imaginar como essa mensagem chegou ao coração e à mente daqueles pastores ouvintes. Não conseguia entender como ele fez que aqueles versículos dissessem aquilo. E era um pastor cristão falando numa igreja cristã a outros pastores cristãos. Aquilo, porém, não era verdade.Isso ocorre em todos os campos. É possível uma música ser qualificada de cristã e ser uma música horrível. Podem faltar-lhe criatividade e inspiração. A letra pode não passar de clichês reciclados. Aquele conjunto “cristão” pode na verdade dar má fama a Jesus por não ser uma boa banda. É possível um filme ser um filme “cristão” e ser horrível. Pode, na verdade, profanar aquela arte com o roteiro e a produção. Não é só porque um livro é cristão, de um autor cristão e comprado numa livraria cristã que seja um livro todo verdadeiro e bom ou belo. [...]“Cristão” é um excelente substantivo, mas como adjetivo é muito pobre. [...]
Determinada coisa pode ser rotulada de cristã e não ser verdadeira nem boa. Eu estava falando numa conferência de pastores alguns anos atrás e um pastor muito conhecido falaria depois de mim. Pensei em ficar no auditório quando tivesse terminado minha palestra porque eu queria ouvir o que ele diria. Foi chocante. Ele disse a uma sala cheia basicamente de pastores que, se a igreja deles não estava crescendo, se eles não eram felizes o tempo inteiro e se não eram saudáveis nem bem-sucedidos, era porque provavelmente não foram “chamados e escolhidos por Deus” para serem pastores. Não consigo imaginar como essa mensagem chegou ao coração e à mente daqueles pastores ouvintes. Não conseguia entender como ele fez que aqueles versículos dissessem aquilo. E era um pastor cristão falando numa igreja cristã a outros pastores cristãos. Aquilo, porém, não era verdade.Isso ocorre em todos os campos. É possível uma música ser qualificada de cristã e ser uma música horrível. Podem faltar-lhe criatividade e inspiração. A letra pode não passar de clichês reciclados. Aquele conjunto “cristão” pode na verdade dar má fama a Jesus por não ser uma boa banda. É possível um filme ser um filme “cristão” e ser horrível. Pode, na verdade, profanar aquela arte com o roteiro e a produção. Não é só porque um livro é cristão, de um autor cristão e comprado numa livraria cristã que seja um livro todo verdadeiro e bom ou belo. [...]“Cristão” é um excelente substantivo, mas como adjetivo é muito pobre. [...]
Trabalhar “para Deus”Entendo que ser cristão é fazer seja o que for com muita paixão e dedicação. Nós nos dedicamos a nosso trabalho porque tudo é sagrado.
Adoro o jeito de Paulo dizer isso em Colossenses: “Tudo o que fizerem,
seja em palavra ou em ação, falam-no em nosso do Senhor Jesus…”
(Colossenses 3:17). O apóstolo está ensinando aqueles crentes a viver
como cristãos, e assim tudo quanto eles fizerem será trabalho sagrado,
santo. A música já é adoração. A música é louvor. A música é sagrada. A
música é boa. A criação não precisa de nenhum rótulo para ser sagrada ou
aceitável, ou abençoada.
Quando Deus fez o mundo, Deus chamou tudo de “bom” [Gênesis 1:31].
Claro, sem dúvida, qualquer coisa pode ser corrompida e profanada e pode
ser usada com finalidades diferentes das que Deus pretende, mas fazer
música é sagrado. Paulo diz isso assim: “Pois tudo que Deus criou é
bom…” (1 Timóteo 4:4). [...]
É por isso que é impossível ao
cristão ter um trabalho secular. Se seguimos Jesus e fazemos o que
fazemos em Seu nome, esse trabalho deixa de ser secular, é sagrado.
Estamos nele, Deus está nele. A diferença é nossa consciência. [...]
Um dia desses, alguém me
perguntou o motivo de nossa igreja não apoiar as artes. Isso porque não
temos dramatizações nem peças nos cultos. Eu atinei com a pergunta. Como
quase todas as perguntas, ela remete à criação. Não creio que algo
tenha de estar num culto da igreja para ser feito “para Deus”. Como se a
única manifestação artística feita “para Deus” fosse a que se realiza
num culto da igreja.
Igreja é uma comunidade de
pessoas que estão aprendendo a ser o tipo de gente que, não importa onde
se encontre, pode fazer o que quer que seja “no nome do Senhor Jesus”. O
objetivo não é trazer o trabalho de cada um para dentro da igreja; o
objetivo é que a igreja seja esse tipo singular de pessoas que
transformam o lugar onde vivem, trabalham e se divertem, porque elas
sabem que toda a Terra está cheia da kavod [glória] de Deus
[Isaías 6:3]. Deus não Se limita a um prédio construído por homens.
Fazer coisas para Deus é o que ocorre o tempo todo, em todo lugar. Se
você é ator, o objetivo não é que você faça seu trabalho num edifício da
igreja, no culto. Por favor, vá a qualquer lugar no mundo onde as
pessoas encenem e faça isso bem. Muito bem. Empenhe-se em sua arte e dê
tudo a ela.
Como se vê, os rótulos acabam não
dando certo, não importa quanto sejam úteis de vez em quando, porque a
vida de Jesus é tão somente esta: uma vida vivida por gente que a
orientou toda segundo o propósito de ser fiel aos ensinos de Jesus.
– Rob Bell, Repintando a igreja: uma visão
contemporânea (São Paulo: Editora Vida, 2008), p. 99-102.
contemporânea (São Paulo: Editora Vida, 2008), p. 99-102.
Do site - http://deusnareal.blogspot.com.br/
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