Suzane von Richthofen vira crente e se casa com uma mulher com quem pretende ter filhos
Triângulo Amoroso na cadeia: Para se casar com Suzane (acima e a esquerda), Sandra Regina deixou Elize Matsunaga (acima e a direita) com quem se relacionou até recentemente. - google imagens |
Ela resolveu esperar. Estava esperando desde 2002, quando foi presa por matar os seus próprios pais.
Até que em 2010, Suzane se converte a religião evangélica e ameaça virar pastora. Não chegou a tanto, ou pelo menos não encontrou ainda um maluco disposto a ordena-la. Se bem que, como sabemos, não é missão difícil...
De toda forma...
Depois de anos usando o anel da pureza e se guardando para um varão... Veio a esperada bênção!
Eita Gizuz maravilhoso!
Já está restaurando a vida da seu serva Suzane! Não é assim? Crente sério tem de casar! E Suzane achou outra moça crente, de "deus" para juntar os trapinhos na cela comunitária das casadas de Tremenbé! Vamos glorificar de pé, crentaiada!
E como podemos ler a seguir, o próximo sonho de Suzane é ser mãe... Podemos esperar por outro milagre! Um ainda maior que o primeiro!
A primeira matéria é da Folha. A entrevista a seguir é da Marie Claire
Suzane ao lado do irmão lamentando a morte de seus pais. |
Suzane von Richthofen se casa com sequestradora em presídio de São Paulo
FOLHA
Os cerca de 12 anos de prisão foram transformadores para a vida da ex-estudante Suzane von Richthofen.
Condenada
a 38 anos e seis meses pela morte dos pais, em outubro de 2002, atrás
das grades Suzane se tornou evangélica, conselheira de outras detentas
e, agora, inicia uma nova vida.
Abriu mão de lutar pela herança dos pais, tenta se reaproximar do irmão e, desde setembro, está casada.
Suzane
trocou a ala das evangélicas, que sempre ocupou em Tremembé (interior
paulista), e passou a habitar a ampla cela das presas casadas, onde
divide espaço com mais oito casais.
Para
poder dormir com seu novo amor, a ex-estudante teve de assinar um
documento de reconhecimento de relacionamento afetivo, exigido para
todas as presas que resolvem viver juntas.
Em
Tremembé, esse papel funciona com uma certidão de casamento. Permite o
convívio marital, mas também impõe algumas regras de convivência aos
casais.
Após
assinatura desse compromisso, por exemplo, caso se separe, a presa não
poderá voltar à cela especial – única destinada a casais –num prazo de
seis meses.
A
mulher de Suzane, Sandra Regina Gomes, condenada a 27 anos de prisão
pelo sequestro de uma empresária em São Paulo, teve de cumprir a
quarentena para poder se casar novamente.
No
começo deste ano, Sandra havia se casado com a também famosa Elize
Matsunaga, 32, presa pela morte e esquartejamento do marido Marcos
Kitano Matsunaga, 41, em junho de 2012.
O relacionamento entre Elize e Sandra terminou, segundo relato de pessoas ligadas ao ex-casal, justamente em razão de Suzane.
As
três trabalhavam na fábrica de roupas da prisão, onde Suzane ocupa
cargo de chefia. O triângulo amoroso rompeu a amizade entre elas.
O
novo amor é apontado com um dos motivos para Suzane ter aberto mão do
direito de passar os dias fora da prisão. Em agosto passado, a juíza
Sueli de Oliveira Armani, de Taubaté (a 140 km de São Paulo), concedeu a
chamada "progressão de regime".
Os
advogados tentavam essa decisão desde final de 2008 e começo de 2009.
Surpreendentemente, Suzane pediu à magistrada para adiar sua ida para o
regime semiaberto.
Se
fosse agora, teria de ir para outra unidade, já que a unidade feminina
de Tremembé onde elas estão só tem autorização para receber presas em
regime fechado.
Por outras penitenciárias por onde passou, Suzane sempre despertou paixões.
Em Rio Claro, por exemplo, duas funcionárias do presídio se apaixonaram por ela.
Com
isso, recebeu algumas regalias ilegais, como acesso à internet. A
história só foi descoberta porque as funcionárias brigaram uma com a
outra pelo amor de Suzane.
Em
Ribeirão Preto, para onde foi transferida, um promotor teria se
apaixonado por Suzane e prometido lutar para tirá-la da "vida do crime".
Ela não gostou da proposta e denunciou as investidas.
O promotor foi punido pelo Ministério Público por comportamento inadequado –ele nega o suposto assédio.
Pessoas
que conversaram com Suzane recentemente afirmam que ela pretendia fazer
uma cerimônia no começo de novembro para comemorar sua união. Tinha
escolhido até padrinhos.
Suzane soube que uma TV preparava uma reportagem sobre ela. E, com medo de expor a relação, adiou o evento.
Quando
foi presa, Suzane namorava Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21. Teria
sido em nome desse amor que eles arquitetaram a morte dos pais. O pai
da menina não aceitaria esse namoro porque Daniel não estudava nem
trabalhava. Para concretizar o plano, contaram com a ajuda do irmão de
Daniel, Cristian.
Todos
foram condenados. Os irmãos cumprem pena no regime semiaberto. O
Ministério Público acredita que ela foi a mentora do crime.
Agentes
penitenciários descrevem Suzane como a "Marcola de saias", numa alusão
ao principal chefe do PCC, Willians Herbas Camacho, pela forma como a
detenta consegue persuadir as demais.
FOTO ANDRÉ VIEIRA |
Suzane von Richthofen nega suposto abuso do pai e diz que sonha em ser mãe: “Quero a chance de recomeçar”
MARIE CLAIRE
Ela
diz que sonha com a mãe, toma antidepressivos e reza antes de dormir.
Trabalha na oficina de costura do presídio, gosta de bordar e de livros
de autoajuda. Condenada por ter planejado o assassinato dos pais em
2002, Suzane von Richthofen recebeu Marie Claire em Tremembé (SP), onde
cumpre pena, para sua primeira entrevista em oito anos. Em uma longa
conversa, negou boatos de que seria abusada pelo pai e afirmou que sonha
em ter uma família
“Isso
aqui é o paraíso”, me disse uma das presas quando cheguei ao presídio
de segurança máxima de Tremembé para o concurso Miss Primavera 2014, a
festa que, todos os anos, elege a detenta mais bonita da prisão. O
paraíso a que ela se referia é a quantidade de pretendentes disponíveis
na cadeia. São dezenas de mulheres que, muitas vezes heterossexuais
antes de serem presas, encontram na companheira de cela um alento para a
solidão. Enquanto me contava sobre os preparativos para o concurso – as
sessões de ginástica, os ensaios sobre o tablado – e os romances entre
as detentas, uma outra presa, candidata a miss, disse: “A mulher dela
vai ser a jurada representante das presas no concurso”, apontando para a
colega que “se sente no paraíso”. “Moramos todas na mesma cela”,
completou. Minutos depois, o locutor da festa chamou a detenta para
participar do júri. Sob aplausos, gritos e assovios das colegas, Suzane
von Richthofen, 31 anos, sentou na mesa dos jurados.
Suzane elegendo a presa mais bonita da prisão ao lado de sua futura esposa FOTO ANDRÉ VIEIRA |
O
concurso é a grande comemoração de Tremembé, o evento para o qual as
detentas se preparam o ano todo, e também uma estratégia de disciplina
do comando da prisão. “Só podem participar as que têm bom
comportamento”, afirma a diretora da penitenciária, Eliana Maria de
Freitas Pereira. A festa de 2014 teve o tradicional desfile das
candidatas e apresentações de dança. Uma dupla de detentas dançou ao som
de “O Show das Poderosas”, de Anitta; outras fizeram coreografias
ensaiadas nas semanas anteriores. No fim da noite, dançavam sob a chuva e
cantavam, extasiadas, “Beijinho no Ombro”, de Valesca Popozuda. Nesse
momento, me aproximei da presa que disse se sentir no paraíso e dançava
ao lado de Suzane. Perguntei se topava dar entrevista. Depois da
negativa, pedi, então, que me apresentasse para a colega, a presa mais
famosa do Brasil.
Esta
foi a primeira vez que Suzane topou participar de uma festa da
penitenciária onde cumpre pena desde 2007. Ela, que sempre fugiu dos
holofotes, anda mudada, dizem as colegas. Está mais sorridente e
conversadora. Surpreendeu a todos quando se candidatou a jurada do
concurso, tanto que as presas que concorriam à vaga desistiram do posto
em solidariedade a ela.
Em
Tremembé, a maior parte dos funcionários e detentas torce por Suzane.
Os primeiros por causa de seu comportamento exemplar; as segundas,
porque a consideram simples e simpática. “As outras presas famosas são
mais fechadas”, disse uma detenta, que não quer ser identificada, sobre
Anna Carolina Jatobá, condenada a 26 anos pelo assassinato da enteada
Isabella Nardoni, e Elize Matsunaga, acusada de esquartejar o marido,
Marcos Kitano Matsunaga, CEO da indústria de alimentos Yoki.
Dias
depois da festa, a diretora do presídio me disse que Suzane falaria à
Marie Claire com algumas condições: o passado, a noite do crime e a
relação com outras presas não poderiam ser abordados na conversa.
Imposições aceitas, a doutora Eliana, como é conhecida, me recebeu em
sua sala no presídio e pediu para chamar Suzane, que estava na oficina
de costura da cadeia, onde é funcionária.
Ela
entrou tímida na sala em que eu, o fotógrafo André Vieira e a doutora
Eliana a aguardávamos. De uniforme azul, Crocs nos pés, unhas vermelhas e
cabelos soltos, nos cumprimentou sorrindo e recusou a água e o café que
lhe oferecemos. Visivelmente tensa e insegura, sentou à nossa frente
com as mãos entre as pernas. De cara, pediu que não ligássemos o
gravador. “Tive experiências ruins no passado com outras entrevistas”,
disse, temendo que o áudio fosse divulgado na TV. Antes de responder a
cada pergunta, buscava a aprovação da diretora com o olhar. Negou-se a
responder as mais delicadas, hesitou em tantas outras ou as comentou
laconicamente.
Suzane
não quis falar sobre os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos,
respectivamente o ex-namorado e o ex-cunhado que mataram seus pais, o
engenheiro Manfred Alfred e a psiquiatra Marizia von Richthofen, com
golpes de barras de ferro, em um plano elaborado e acobertado por ela em
2002.
“Fiquei assustada. Percebi que a vida pode ir embora em um minuto”, disse sobre episódio que teria mudado sua vida
Em
nenhum momento se emocionou, mas disse que havia chorado naquela manhã
com medo de dar entrevista. Falou dos pais com carinho e, algumas vezes,
como se não tivesse participado da morte deles. Contou que há algumas
semanas levou um tombo em que bateu a nuca e ficou desacordada. Quando
despertou, não conseguia falar nem se mexer. “Fiquei assustada”,
afirmou. O episódio, segundo ela, teria mudado sua vida. “Percebi que a
vida pode ir embora em um minuto”, disse, como se fosse seu primeiro
contato com a morte. Também se referiu ao crime como se tivesse
“acontecido” e não sido praticado por ela.
Com
um português correto e a voz doce, explicou o motivo pelo qual decidiu
falar. “Quero que as pessoas saibam que sou um ser humano comum. Cometi
um erro, estou pagando por ele e quero recomeçar minha vida.” Segundo as
colegas de cadeia, a “nova” Suzane, mais alegre e aberta, é fruto do
rompimento com o advogado Denivaldo Barni, amigo de seus pais que a
acompanhou durante todos estes anos e foi flagrado orientando a cliente a
chorar em uma entrevista para o "Fantástico", em 2006. Isso porque
Barni exerceria uma proteção obsessiva sobre ela, a ponto de impedir
amizades.
Vários
motivos teriam levado Suzane a romper com o advogado. De acordo com
pessoas próximas, Barni queria que ela fosse trabalhar em seu
escritório, em São Paulo, durante o semiaberto. Suzane teria negado o
convite, para sua decepção, e teria desistido de brigar na Justiça com o
irmão Andreas von Richthofen, 27, pela herança dos pais, batalha da
qual Barni não abriria mão. Procurado pela reportagem, o advogado negou o
rompimento e disse que não é mais responsável pelos processos de
Suzane.
A VIDA NA PRISÃO
Hoje,
ela trabalha na mesa de distribuição de tarefas da oficina de costura
da Funap (Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel, que emprega presos
dentro de cadeias paulistas), onde coordena as funções de outras
detentas. Admitida em 2008, recebeu promoções e hoje ocupa o cargo
máximo na hierarquia, pelo qual recebe R$ 705 mensais. Diz que guarda
boa parte do dinheiro e gasta o restante com compras de supermecado
organizadas no presídio, que incluem produtos de higiene pessoal e
alimentos, e também com consultas com um dentista particular que atende
ali dentro.
“Quando
cheguei, fiz o caminho de todo mundo: comecei varrendo o pátio, um
trabalho que não tem salário mas conta para remissão da pena"
“Quando cheguei, fiz o caminho de todo mundo: comecei varrendo o pátio, um trabalho que não tem salário mas conta para remissão da pena. Depois fui servir comida, com uma pequena remuneração. Na sequência, virei monitora da educação, era a assistente da professora e dei aulas de inglês para um grupo de presas até que entrei na oficina.”
Ela
começa a trabalhar às 7h30, almoça na cela das 11h30 às 13h e encerra o
expediente às 17h. Nos dois turnos, há uma pausa de 15 minutos para o
café, momentos em que faz caminhadas. “Até aqui dá para ter alguma
vaidade”, diz. Entre os rituais de beleza, passa hidratante no corpo,
pinta as unhas, corta e hidrata os cabelos. Todos os pertences ficam em
uma prateleira perto de sua cama. “São algumas cartas e unifomes. Se
tenho algo fora da cadeia, não sei”, disse.
Ela
conta que aprendeu a fazer trabalhos manuais – bordou toalhas de mesa,
fronhas – e que lê muito. Gosta de obras de ficção, como as do americano
Nicolas Sparks, e de autoajuda. No momento diz estar lendo "Quem Me
Roubou de Mim?", do padre Fábio de Melo.
"NÃO SOU FRESCA"
Nascida
e criada em uma família de classe média alta, Suzane afirmou que se
surpreende com os hábitos e histórias de vida das colegas. “Outro dia
uma presa colocou a escova de dentes no chão. Ela não sabia que não
podia fazer aquilo por causa da sujeira. Isso me fez ver que as pessoas
não sabem regras básicas de higiene e valorizei ainda mais a educação
que tive.” A diferença social, segundo ela, não é um problema. “Depois
que me conhecem, as presas veem que não sou fresca e se surpreendem
quando sento no chão para comer com elas.”
“Meu grande sonho é me reconciliar com meu irmão. Sei que não tenho direito ao que era dos meus pais, nada daquilo me pertence. Dele [Andreas], quero apenas o amor e o perdão”
Suzane
não recebe visitas. Contou que deixou de falar com o irmão há 11 anos,
quando ele ia vê-la aos domingos na Penitenciária Feminina da Capital, o
primeiro presídio em que cumpriu pena. “Ele era um menino e nos
despedimos como se fosse voltar na semana seguinte”, disse. O motivo da
desavença seria a disputa pela herança. Ela diz que hoje Andreas se
tornou professor universitário e mora com a avó materna e o tio, os
únicos parentes dos Richthofen.
“Meu
grande sonho é me reconciliar com meu irmão”, disse. “Sei que não tenho
direito ao que era dos meus pais, nada daquilo me pertence. Dele
[Andreas], quero apenas o amor e o perdão.” Andreas não respondeu às
perguntas enviadas por Marie Claire.
A
mãe, disse, é tema recorrente de seus sonhos. “São sempre coisas boas,
como se ela viesse para me proteger.” Batizada na igreja protestante,
Suzane acredita em vida após a morte, em reencarnação, e diz que reza
ao acordar e antes de dormir. “Não virei pastora evangélica, apenas
frequentei alguns cultos.” Afirmou ainda que se emocionou quando a
diretora do presídio contou que seria avó. “Imaginei como minha mãe
receberia essa notícia.” Também negou o boato de que era abusada pelo
pai. “Isso nunca aconteceu.”
SONHO DE SER MÃE
Sobre
a privação da liberdade, disse que sente falta da noite ao ar livre –
as presas voltam para a cela antes do anoitecer. “Fico paralisada quando
vejo o céu e as estrelas. A noite tem um cheiro característico que a
gente não percebe normalmente.” Também contou que não usa roupas comuns
há anos. “Não sei mais o que é colocar uma calça jeans ou vestir preto.”
Hoje, Suzane toma fluoxetina, antidepressivo prescrito pela psiquiatra
do presídio. “Quando cheguei aqui só chorava, mas nunca tive dificuldade
para dormir.”
“Não
tem como olhar no espelho e não lembrar [do crime]. Cometi um erro,
vou lembrar dele para sempre. Todos os dias penso que queria acordar e
ver que tudo foi um pesadelo.”
Suzane
acha que não consegue se perdoar, que será difícil ser completamente
feliz, mas que o é na medida do possível. “Não tem como olhar no espelho
e não lembrar [do crime]. Cometi um erro, vou lembrar dele para
sempre. Todos os dias penso que queria acordar e ver que tudo foi um
pesadelo.” Contou que recentemente esteve presa em Tremembé a mãe de um
amigo de infância, que lhe disse os rumos de sua turma de escola.
“Um
foi morar em Dubai, o outro na Alemanha. Acho que [se não tivesse
cometido o crime] estaria morando fora, talvez tivesse filhos.” Seus
planos são mudar-se para o novo pavilhão de Tremembé e continuar
trabalhando na Funap, onde “faz o que gosta”. Quer voltar a estudar e
diz que sonha em ser mãe e construir uma família. “Estou pagando pelo
meu erro e quero a chance de recomeçar”, disse, com uma candura que não
combina com o crime estarrecedor que ela planejou.
Genizah
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