Fonte - http://questaodeconfianca.blogspot.com.br/2014/10
SE OS ADVENTISTAS NÃO PENSAREM EM ESTRATÉGIAS, O QUE ACONTECERÁ?
Esse não será um texto de cunho esportivo. Todavia,
para tornar claro meu argumento, recorrerei a um fato recente: o famigerado
Brasil e Alemanha, partida da semifinal da copa do mundo. Sei do risco da
estratégia; meus leitores não reagem bem a futebol e até publicações
denominacionais são criticadas por se referirem ao esporte, mesmo quando a
título de ilustração. Entretanto, espero que o leitor inteligente seja motivado
a chegar ao fim do texto, ainda que em nome da curiosidade, marca primordial do
espírito humano em todas as épocas.
Sem mais: o Brasil foi derrotado pela Alemanha.
Outras seleções foram derrotadas em semifinais e não é incomum que o anfitrião
sofra revés em uma copa do mundo. A partida ganhou repercussão pelo placar
elástico: Alemanha 7, Brasil 1. Os gols alemães se seguiam com uma luxúria
esportiva, uma garra, um não sei o quê de glamour que ganharam comentários pelo
mundo todo. No Brasil, comentaristas, técnicos, jogadores, comissão técnica,
todos se uniram em uma uniformidade quase plena de discursos. Parecia coisa
ensaiada. Diziam, sem sequer corar, que aquilo era fatalidade, algo impensável,
inusitado. Ficava a sensação de que pelas terras tupiniquins era desconhecida a
exuberância do Bayern de Munique, base da seleção campeã da copa.
Ora, não me fale em fatalidade: fatalidade é aquele
tipo de tragédia inesperada, incalculada, da qual ninguém pode ser culpado.
Atropelar uma pessoa que correu na frente do carro é uma fatalidade: em muitos
casos, o motorista nada poderia fazer para evitar a colisão. A explicação da
derrota brasileira não se deve às forças getulistas ou a mistérios inusitados.
O nome é despreparo, desorganização, desqualificação profissional, chame como
quiser. Apostamos tudo no talento individual e esquecemos de que o futebol
moderno é diferente daquele de Pelé & cia. Hoje se exige estratégia,
tática, diminuir os espaços, marcar sobre pressão, etc.
Como avisei a princípio, o meu interesse não é
esportivo. Ressuscitei a derrota homérica impingida sobre o Brasil para
refletir sobre nosso espírito nacional no campo eclesiástico. Qual a relação?
Assim como nos esportes, gostamos de atribuir sucesso (antecipadamente) ao
pretenso talento. Não nos planejamos e escolhemos (propositadamente) as
soluções simplistas, evitando reflexões sérias e mudanças necessárias.
Porém, os tempos exigem outras abordagens. Olhe a
Igreja Adventista nos EUA: associações encolhendo (um amigo me dizia que em um
ano, sete associações se fundiram em duas!), crise nas publicações (a Pacific Press e a Review se fundiram, para equilibrar o fracasso financeiro que
vinham acumulando) e uma membresia cada vez mais envelhecida. Pensamos que aqui
é diferente. Os membros são envolvidos na missão. As publicações, fortes (a
colportagem bate recordes a cada ano). Muitos batismos. Novas igrejas e campos
sendo abertos. Ou seja, nosso talento conduz a um sucesso notável.
Porém, os números contam outra história.
Crescimento de membros ínfimo, perto do crescimento populacional. Divisões de
campos que apenas geram mais gastos organizacionais. E isso sem contar com as
mudanças que se avizinham: o que hoje a Europa vive, em termos de secularização
e que os EUA passaram a viver nas últimas décadas, já começa a despontar no
Brasil. Quando a secularização amadurecer, como os adventistas sul-americanos
reagiram? Não muito bem, infelizmente.
Antes de me acusar de pessimismo, é só parar e
pensar: se temos importado o que os adventistas americanos fizeram (que, por
sua vez, importaram ideias e metodologias do mundo evangélico), como poderíamos
esperar nos sair melhor do que eles? A estratégia errada irar gerar fracasso. E
isso não poderá ser atribuído à fatalidade. Se o plano divino fosse fielmente
seguido nos territórios em que a igreja enfrenta dificuldades, os resultados
seriam mais encorajadores. Um amigo que participou de um projeto de missões no
Uruguai me disse isso. Todos falam da secularização naquele país. Entretanto,
como ele comentava comigo, em cada esquina há um terreiro de macumba – religião
afro que nem sequer é originária do país (é, aliás, bem brasileira). A letargia
de muitos adventistas uruguaios é que enfraquece os esforços evangelísticos.
Deus nos convida para irmos a Ele e encontra-Lo em Sua Palavra. O Divino técnico nos dará a estratégia vitoriosa, como fez com Josué (Js 5:13-15; aliás, Deus usa metáforas de guerra no texto, mais fortes do que as esportivas…).
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