Fonte - http://www.hermesfernandes.com/2014/10
Saiba em quem não vou votar
Por Hermes C. Fernandes
Por favor, não
insistam. Não usarei as redes sociais para indicar candidatos, nem para
manifestar publicamente em quem pretendo votar. Não quero induzir ninguém a
seguir meus passos. Não tenho procuração para pensar e decidir por quem quer
que seja. Tampouco subestimo a capacidade de meus amigos e irmãos de escolherem
seus candidatos sem interferência de terceiros. Não julgo quem o faça. Mas
prefiro manter-me assim até o final.
Todavia, nada me
impede de dizer em quem não pretendo votar. Não vou postar nomes, mas alguns
critérios que adoto na hora de eliminar candidatos.
Não vou votar em quem
teve oportunidade e não fez nada do que agora está prometendo fazer. Quem não
fez quando pôde, não fará quando puder. Simples assim.
Não darei meu voto a
quem gasta uma fortuna com propaganda. Se for com dinheiro próprio, vai querer
reavê-lo tão logo assuma seu cargo. Se for com dinheiro de terceiros, é porque
está comprometido com agendas ocultas. Quem hoje o apoia não o faz por ideais,
mas por interesses questionáveis. Como posso esperar melhoras na saúde pública
votando em quem é apoiado por planos de saúde? Como posso esperar melhoras nos
transportes públicos, se voto em quem é apoiado por donos de empresas de
ônibus? Como posso esperar juros menores, votando em quem tem o apoio dos
banqueiros?
Não voto em quem faça
terror em torno de temas ligados à moral e aos bons costumes, apresentando-se
como o “defensor da família tradicional”. Quem deve defender a família são seus
membros e não o Estado. Precisamos de políticos comprometidos com a justiça,
com a verdade, com a transparência e não com uma agenda moralista hipócrita.
Não darei meu voto a
quem posa ao lado de líderes evangélicos e usa os púlpitos como palanque. Se
forem capazes de comprar os votos do rebanho, do que não serão capazes depois
de estarem lá dentro?
Não voto em quem usa o
título eclesiástico para angariar votos. Nem voto em apelidos. Só voto em nomes
próprios (as exceções são raríssimas).
Não voto em quem é
beneficiado por pesquisas fajutas. Será que os institutos de pesquisa nos acham
idiotas?
Não voto em quem faça
boca de urna. Se não respeita uma lei eleitoral, quem nos garante que
respeitará qualquer outra lei quando estiver lá, protegido pela imunidade
parlamentar?
Não voto em quem suja
as ruas. Isso pode ser um indício da sujeira que vai fazer lá dentro.
Não voto em quem
calunia seus oponentes.
Não voto em quem é
marionete nas mãos de marqueteiros. Quem tenta vender uma imagem que passa
longe do real. Família de propaganda de margarina não me convence.
Não voto em
evangélico, nem em católico, nem em espírita, nem em ateu. Voto em cidadãos
que, a despeito de seu credo, apresentem propostas que melhorem a vida do nosso
povo. Versículos bíblicos ou jargões religiosos usados em propaganda política
me causam asco. Não por eles em si, mas pela intenção de quem os usa.
Não voto em quem tenha
protagonizado qualquer tipo de escândalo de corrupção. Também não voto em quem
saia em defesa dos tais. Precisamos de mãos limpas, mas não de mãos lavadas à
moda de Pilatos.
Não voto em quem
subestime a inteligência dos eleitores com seus slogans moralistas e
pseudo-éticos. O nosso povo merece muito mais do que respeito. Merece ser
tratado com amor e justiça.
Não voto em quem se
insurja contra os direitos das minorias, ainda que não concordasse com algumas
de suas reivindicações.
Não voto em quem
insiste em promover conflitos entre grupos, esperando colher dividendos
eleitorais dos mesmos.
Não voto em quem não
faça coro com os anseios populares expressados eloquentemente nas ruas em Junho
de 2013.
Não voto em quem não
valoriza os professores, os policiais, os médicos e tantas outras categorias
que têm sido alvos da truculência do Estado quando usam seu direito de
reivindicar melhores salários e condições de trabalho.
Não voto em quem parece mais preocupado com as próximas eleições do que com as próximas gerações.
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