Me engana que eu gosto, PT
Folha
Eliane Cantanhêde
Marketing é
coisa de gênio e nós, meros mortais, não somos gênios. Mas também não
precisam tratar os 145 milhões de eleitores do país como idiotas.
Querer vender
Marina como “elite branca”, quem sabe como “elite branca de olhos
azuis”, quem sabe até como “elite branca de olhos azuis do capitalismo
paulista”, vai colar?
Depois do
sociólogo, do migrante nordestino e da primeira mulher, faz sentido uma
mulher negra, saída dos cafundós do Acre e alfabetizada a duras penas
aos 16 anos. Um “Lula de saias”. Daí o pânico da campanha de Dilma. O
poder da imagem de Marina, a força da sua simbiose com a maioria do povo
brasileiro.
E lá vem Dilma e
sua propaganda deformando a cor, a cara, a imagem, a história e as
intenções de Marina, adulterada como representante de banqueiros e um
perigo para o prato de comida dos pobres. E lá vem João Pedro Stedile,
do MST, ameaçando invadir tudo, todo dia, se ela vencer. É a implosão da
Marina real e a construção da Marina “de direita”.
Será que os
eleitores brasileiros somos tão imbecis, caímos como patinhos em
qualquer lorota? Ou será que só cai quem é manipulável e quem está
pendurado nas boquinhas e verbonas, na promiscuidade entre o público e o
privado? Para cair no engodo, na “genialidade” da propaganda, só por
ignorância ou por má-fé, pura e simples.
Se Lula saiu de
um casebre do interior de Pernambuco, Marina emergiu de um seringal do
Acre. Se Lula fez curso de torneiro mecânico, Marina teve de lavar chão
para formar-se em história. Se Lula se tornou o grande líder sindical no
Sul Maravilha, Marina impõe-se na órbita do ambientalista Chico Mendes.
A diferença é
que Lula se rendeu aos lucros estratosféricos do setor financeiro, aos
jatinhos das empreiteiras, às vantagens camaradas para filhos e noras e
aos convescotes das oligarquias políticas mais atrasadas. Logo, o
candidato dos sonhos dos banqueiros não é Marina. É Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário