Crise hídrica coloca em risco disponibilidade de remédio da natureza
No passado brincamos com o preço do tomate e a escassez dele. Mas, hoje, não estamos falando de um produto que se eliminarmos da nossa salada ou molho não fará falta, e sim de um recurso fundamental para a vida do homem, a água.
A água está em constante processo de renovação em nosso planeta. A população, de modo geral, não imaginava que este recurso tão essencial correria o risco de acabar ou se tornar ainda mais valioso, principalmente sendo o Brasil um dos países que ostenta a maior descarga de água doce do mundo nos rios. A atual crise hídrica coloca em risco um dos oito remédios da natureza.
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Problema humano, solução humana
Em função da distribuição do calor sobre a terra não ser igual em toda a sua superfície e assim como a vegetação e os cursos d’água também estarem mais concentrados em áreas como a Amazônia, ocorre que em determinadas áreas temos um volume maior de chuva do que em outras. Esta má distribuição tem afetado muitas regiões como o sudeste brasileiro e o sertão do nordeste, por exemplo. Na região sudeste, em função da industrialização em massa, do processo de irrigação e do índice populacional elevado e desordenado, o volume de água própria para abastecimento humano está cada vez mais comprometido.
Enquanto algumas cidades sofrem com enchentes, outras passam por secas terríveis. Esse desequilíbrio se dá por diversas razões: desmatamento, emissão de poluentes na atmosfera, falta de planejamento, movimentação de terras em áreas de encostas, entre tantas outras.
Segundo dados da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. A irrigação corresponde a 73% do consumo de água, 21% vão para a indústria e apenas 6% destinam-se ao consumo doméstico.
De acordo com dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiente (Cetesb), cerca de 70% dos leitos dos hospitais estão ocupados por doenças causadas pela veiculação hídrica ou seja, problemas por causa das águas infectadas.
Esse dados poderiam se mudados se fôssemos mais racionais e mais mais solidários. Enfim, mais humanos. A falta de planejamento urbano, de políticas públicas e educacionais voltadas para a população, tem dificultado a manutenção de ambientes mais saudáveis.
O professor da Educação Adventista Caetano Consolo, geógrafo e pós-graduado em Ecoturismo: Interpretação e Educação Ambiental, aponta que este é o momento de arrumar a casa. “Temos que avaliar os impactos causados pelas nossa ações, usar a ciência em benefício da humanidade e descobrir novas formas de produzir e de consumir”, opina.
Ineficiência da distribuição
No ranking de saneamento básico divulgado no final de agosto pelo Instituto Trata Brasil, 90% da maiores cidades brasileiras não conseguiram reduzir o desperdício de água. O instituto considerou para montagem do ranking o volume de água perdido por causa de vazamentos, erros de medição, ligações clandestinas e outras irregularidades entre os anos de 2011 e 2012. O resultado apontou que, nessas cidades, a redução do desperdício foi nula ou de até 10%.
“Estamos vivendo uma era de extremos, a população precisa se conscientizar e autoridades públicas precisam realizar obras nas cidades para sobreviverem em tempos com a falta de chuva ou excesso dela”, comenta Caetano.
Gestão pública
No Brasil, a gestão urbana se torna um item necessário, já que um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) indica que o país precisa investir 70 bilhões para oferecer água de boa qualidade para todo o seu território. Ainda segundo o relatório, 55% dos municípios nacionais podem sofrer com o desabastecimento até 2015.
Já a ONU pediu que os governos reconhecessem que a crise da água em áreas urbanas é um problema de gestão governamental e não de escassez. A organização sugeriu a adoção de melhores políticas em relação ao tema e ressaltou que a falta de água é um risco à dignidade e à boa saúde das pessoas. [Equipe ASN, Gislaine Westphal]
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