Cirilo Gonçalves
“E os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o
Egito; mas Deus era com ele”. (At 7.9).
Ao ler o texto bíblico de Atos 7.9, comecei a meditar na motivação que
tiveram os irmãos de José para vende-lo como escravo ao Faraó do Egito. Percebi
que sentimentos de inveja conduzem pessoas ao exercício do ridículo e ações de
morte. Tais ações podem ocorrer na família, na escola, no trabalho, na igreja e
na sociedade. O crime, a separação matrimonial, a despensa ou isolamento no
trabalho, o desprezo e desejo de maldição, tudo isso pode ser motivado por
causa da inveja. Alguns a expressam visivelmente, outros ocultamente. Na
história de José, seus irmãos agiram visivelmente por causa da inveja, indicando
que algo positivo, às vezes,
desperta algo negativo (Bel Cesar). Entretanto, José soube
administrar toda a situação em nome do SENHOR e a sua história foi decorada de honras
e glórias (Gênesis 37 a 50). Mais detalhes sobre a vida e ministério de José em
terra distante ver o sermão sobre José em meu BLOG: www.cirilogoncalves.blogspot.com
A inveja, em suas mais variadas formas, surge da incapacidade de alguém
de alcançar as próprias metas cotidianas e da incapacidade da realização
pessoal como ser humano. Por isso, quando uma pessoa realiza um sonho como a
construção ou a compra de uma casa, obtenção de uma promoção no trabalho, a
aquisição de um carro novo, um casamento feliz, um livro escrito, um cd gravado
ou uma história bem sucedida, o invejoso se depara com a sua incapacidade de
realização, inchando-se de um vermelho invisível em seu interior, qual fogo
ardente queimando por dentro provocando um longo disparo de todo tipo de
crítica para apagar a alegria e felicidade explícitos, encontrados no olhar e
no anúncio das boas novas de quem construiu alguma coisa. É um sentimento
estranho encontrado no coração humano.
A base da inveja está na supervalorização dos outros, que pode fazer
tudo, e no esvaziamento de si, que não pode fazer nada. Assim, nasce o desejo
de esvaziar o outro para que tudo fique igual e ele e o invejoso não fique só. Adaptando
os conceitos do psicanalista Mário Quilici, podemos entender o caminho da
inveja em quatro níveis: PRIMEIRO, o invejoso olha um objeto, situação ou um
traço de alguém que imediatamente admira. Compreende a importância daquele
traço para o outro e deseja para si. Ou seja, vê, admira e deseja. SEGUNDO, faz
uma comparação entre o que o outro tem e o que ele não tem. Toma, assim,
consciência cognitiva de uma falta sua. TERCEIRO dá-se a percepção e, ao mesmo
tempo, a vergonha de uma falta em si que foi admirada no outro. Surge aí,
também, a constatação de que aquilo que desejou, é impossível de ser obtido. QUARTO,
a inveja é disparada pela percepção de uma falta em si. Essa insuficiência faz
com que o invejoso ataque e consequentemente trabalhe para tirar de sua frente
o objeto invejado e desaparecer a diferença que foi percebida.
Numa luta secreta e constante, aquele que se sente insuficiente tenta esconder
sua vergonha de ser incapaz. Assim, procurando evitar qualquer situação que o
faça sentir mais humilhado, ele ataca antes de ser atacado. Isto é, ele
compete sozinho. A competição é um hábito do invejoso, pois ele tem
dificuldade de receber ajuda, fazer junto e cooperar. A inveja
impossibilita o sentimento de gratidão. Isso ocorre porque o invejoso é incapaz
de sentir que o outro está lhe dando algo de bom grado. Sempre se sente sempre
humilhado com as boas ações dos outros.
O Novo Dicionário Aurélio explica a inveja da seguinte maneira:
“Inveja é o desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. Um desejo
violento de possuir o bem alheio”. Já o Dicionário de Psicologia Dorsch explica:
“A inveja pertence aos sentimentos intencionais. É uma insatisfação, o
aborrecimento com a alegria do outro”.
Pr. Cirilo Gonçalves - Evangelista da IASD - AP, SP
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