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terça-feira, 3 de junho de 2014

Porque adorar com tantas palavras?

 

Porque adorar com tantas palavras?

 

Kevin DeYoung
Kevin DeYoung

E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia. Hebreus 10.24-25
Talvez você já tenha se perguntado por que o culto cristão é tão carregado de palavras. Talvez você ou a sua igreja tenham sido criticados por serem muito proposicionais, por ouvirem demais, por serem muito… prolixos. Bem, aqui estão vinte e cinco razões pelas quais a proclamação verbal – através da leitura, louvor, cânticos, orações e pregação da Bíblia e das verdades bíblicas – deveria ter lugar proeminente na vida da igreja:
1. A fé vem pelo ouvir (Romanos 10.14-15). Não podemos clamar por Jesus se não crermos nele, e não poderemos crer nele se não ouvirmos dele pelos lábios de alguém que anuncia. A fé começa nas palavras.
2. Deus criou dons e ministérios de palavras para edificar a igreja (Efésios 4.11-12).
3. Deus cria através de sua palavra (cf Gênesis 1 e Colossenses 1.16). O ato divino da criação é sempre um ato verbal.
4. Deus regenera através de sua palavra. Nascemos de novo pela viva e permanente palavra de Deus (1 Pedro 1.23). E “palavra” aqui não é meramente Jesus Cristo, mas a pregação de Pedro recebida pelo povo (verso 25).
5. O povo de Deus é chamado a seguir seus mandamentos e cumprir a lei. Jesus exortou “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” (João 14:15; cf Deuteronômio 11.1). Não podemos amar se não formos obedientes, e são podemos obedecer se não formos intruídos na lei de Deus. É por isso que o Salmista não apenas se alegra na pessoa de Deus, mas também se regozija em seus decretos e estatutos (Salmo 119.16,24).
6. Há, por toda a Bíblia, uma inconfundível prioridade de ouvir sobre ver. Ao contrário das religiões populares da época, Deus insistiu que seria um Deus invisível (cf Exôdo 20.3-4). Quando Moisés pediu para ver Deus, o Senhor recusou, dizendo “Você não poderá ver a minha face, porque ninguém poderá ver-me e continuar vivo”. Pelo contrário, Deus fez sua bondade passar adiante de Moisés ao proclamar seu nome – “o SENHOR” – e declarando seu caráter – “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão” (33.19). A fé bíblica é acreditar no que esperamos e a certeza das coisas que não se vêem (Hebreus 11.1; cf 1 Pedro 1.8).
7. Tudo que conhecemos do culto congregacional da igreja primitiva é saturado de palavras. Mesmo que não saibamos muito sobre o culto da igreja primitiva pela Bíblia, nós sabemos que eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos, comunhão, partir do pão e oração (Atos 2.42). Sabemos que se dedicavam à leitura pública da Escritura (1 Timóteo 4.13). Sabemos que entoavam hinos, palavras de instrução, revelações, línguas e interpretações (1 Cor 14.26). Em outras palavras, enquanto podemos fazer algumas inferências e julgamentos cuidadosos sobre o papel das artes visuais nesses cultos, podemos saber com certeza que eram cheios de palavras.
8. Jesus Cristo é a pré-existente, encarnada e eterna Palavra de Deus (João 1.1). Algumas vezes questionam se o foco de nossa adoração deve ser a Palavra (Jesus), e não a palavra (Bíblia). Certamente isso é verdade. Nós adoramos a Cristo, não as Escrituras.  Mas esse questionamento vai longe demais se afasta completamente a Palavra encarnada de Deus (Jesus) e a palavra de Deus (Escritura). Não acreditamos que a Bíblia é Jesus Cristo, mas não podemos esquecer a conexão entre a Palavra e a palavra. Deus criou através do Logos eterno – sua sabedoria, sua fala, sua voz e sua palavra. Ao mesmo tempo, sabemos que Deus criou por e em Jesus Cristo. As duas verdades demonstram que o Logos é o agente mediador de toda criação e revelação, seja pela Voz Divina ou pela pessoa encarnada de Jesus Cristo. Em outras palavras, a Palavra que nós vemos revelada e incorporada em Jesus é a mesma Palavra que encontramos nas páginas da Escritura.
9. Paulo dá alto valor ao máximo de inteligibilidade no louvor da igreja (1 Coríntios 14.1-25). Há momentos e lugares para ambigüidade e sutileza. O culto congregacional, entretanto, é de proclamação. E palavras são o meio menos ambíguo (mesmo que nem sempre sejam elas mesmas totalmente claras) pelo qual a verdade pode ser proclamada. Danças podem honrar a Deus, uma pintura pode glorificar o Criador, e músicas podem agradar ao Senhor, mas nenhuma outra forma de arte pode proclamar a verdade com tanta inteligibilidade como as palavras. Mesmo as palavras, que normalmente são citadas como encorajamento para o uso de histórias e drama, são um tanto ambíguas. É por isso que Jesus contava parábolas: para não ser óbvio. “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus”, disse Jesus aos discípulos. “Mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas, a fim de que, ‘ainda que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados! ‘”. (Marcos 4.11-12)
10. Jesus foi um pregador. “Mas ele disse: “É necessário que eu pregue as boas novas do Reino de Deus noutras cidades também, porque para isso fui enviado”.” (Lucas 4.43)
11. A igreja foi fundada sobre os ensinamentos dos apóstolos e dos profetas (Efésios 2.20; cf João 16.13).
12. Ensino e pregação eram partes normativas do culto cristão primitivo. Os primeiros cristãos herdaram dos Judeus uma forte tradição de ensino e pregação (cf Atos 13.14-16; 15.21). Desde os tempos de Esdras, por exemplo, sabemos que os Levitas “instruíram o povo na Lei”. Eles “leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido” (Neemias 8.7-8; cf 2 Crônicas 15.3). Vemos essa mesma ênfase na igreja do Novo Testamento. Paulo era um pregador (Efésios 3.7-9). Ele ordenou a Timóteo que, principalmente, pregasse e ensinasse (1 Timóteo 4.13) e instruísse os outros a fazerem o mesmo (2 Timóteo 4.2). As principais instruções de Tito eram a respeito do ensinamento de acordo com a sã doutrina (Tito 2.1). Um dos principais papéis dos anciãos era o de ensinar (1 Timóteo 3.2; cf Atos 6.2), tanto que “os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1 Timóteo 5.17). O ensino e a pregação da Escritura eram claramente partes normativas das reuniões da igreja primitiva, se não fossem o evento central de seus cultos.
13. Vivemos de toda palavra que vem da boca do Senhor (Deuteronômio 8.3; Mateus 4.4)
14. Os evangelhos são, antes de tudo, as Boas Novas (Romanos 10.15). As palavras devem ser centrais no culto porque o evangelho é primordialmente uma mensagem – não uma experiência ou expressão, ou mesmo ordens, mas uma declaração de boas novas.
15. Grandes experiências emocionais vêm através de pregações iluminadas pelo Espírito Santo. Dar prioridade às palavras não significa desprezar nossas emoções. Nosso alvo não é usar palavras sábias e persuasivas, mas uma demonstração do poder do Espírito, expressando verdades espirituais em palavras espirituais (1 Coríntios 2.4,13). A verdadeira pregação não simplesmente enche nossas cabeças com conhecimento, mas remove o véu de nossos olhos (2 Coríntios 4.3) e retrata claramente Jesus crucificado (Gálatas 3.1).
16. A palavra de Deus não está morta. É viva e eficaz, mais afiada que qualquer espada de dois gumes, que divide alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e os intentos do coração (Hebreus 4.12; cf Atos 3.37).
17. A transformação à semelhança de Cristo não é menos que uma atividade cognitivo-mental. Precisamos de palavras e verdades para que possamos ser transformados pela renovação de nossas mentes e atingirmos a maturidade do conhecimento do Filho de Deus (Romanos 12.1-2; Efésios 4.13)
18. Jesus habita em nós através de suas palavras. Não há distinção rígida entre a pessoa de Jesus e as palavras de Jesus. Conhecemos Jesus por suas palavras. “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês”, diz Jesus aos discípulos, “pedirão o que quiserem, e lhes será concedido” (João 15.7). Para Jesus, as duas coisas são intercambiáveis: permanecer nele e suas palavras permanecerem em nós. Quando suas palavras habitam em nós, nós habitamos nele.
19. As promessas de Deus nos sustentam nos tempos difíceis. Por exemplo, o Salmista diz “Lembra-te da tua palavra ao teu servo, pela qual me deste esperança” (Salmo 119.49). E “se a tua lei não fosse o meu prazer, o sofrimento já me teria destruído”( Salmo 119.92). E “antes do amanhecer me levanto e suplico o teu socorro; na tua palavra coloquei minha esperança” ( Salmo 119.147). Apenas a palavra de Deus tem o poder de nos manter em pé quando a vida nos puxa para baixo.
20. Deus exaltou acima de todas as coisas o seu nome e sua palavra ( Salmo 138.2).
21. Quando tudo passar, a palavra de Deus permanecerá (Isaías 40.7-8; 1 Pedro 1.24-25).
22. Nossa única arma na batalha espiritual é a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Efésios 6.10-18; Mateus 4.1-11). Nós combatemos as tentações de desobediência e desespero do diabo ao clamar pelas promessas de Deus e conhecendo quem Deus diz que somos; isso é, nós resistimos ao diabo com palavras e fé nas palavras de Deus a nós.
23. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça (2 Timóteo 3.16).
24. Pelas grandes e preciosas promessas de Deus, somos capazes de participar da divina natureza e fugir da corrupção do mundo causada pela cobiça (2 Pedro 1.4).
25. As Escrituras não podem ser anuladas (João 10.35). Há muita flexibilidade quando se trata do culto congregacional, mas como sabemos que a Escritura é inviolável, e que somos santificados pela verdade, que a palavra é a verdade (João 17.17), seríamos tolos se não priorizássemos o que sabemos ter poder para salvar, transformar e permanecer.
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Fonte - http://reforma21.org/artigos

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