Fonte - http://www.istoe.com.br/
O momento infernal de Dilma
Pesquisa feita por instituto americano e confirmada por levantamento encomendado pelo PT provoca mau humor nos principais auxiliares da presidenta e obriga o partido a mudar os rumos da campanha
Coube ao
marqueteiro João Santana, que há poucas semanas insistia em profetizar
uma acachapante vitória da presidenta Dilma Rousseff sobre “os anões da
oposição” ainda no primeiro turno da disputa presidencial, jogar um
balde de água fria no comando da pré-campanha petista. Na segunda-feira
2, durante jantar no Palácio da Alvorada, Santana foi rápido e objetivo.
Tendo em mãos os dados de uma pesquisa contratada pelo PT, ele afirmou:
“Está diminuindo de forma considerável e rápida a confiança do eleitor
na capacidade do governo para realizar mudanças.” A constatação azedou o
humor do ex-presidente Lula, do presidente do PT, Rui Falcão, do
ex-ministro Franklin Martins e dos ministros Paulo Bernardo
(Comunicações) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), que dividiam a mesa
com Dilma. O que todos ali já sabiam é que a pesquisa reportada por
Santana confirmava outra enquete realizada entre os dias 10 e 30 de
abril pelo Pew Research Center, um instituto americano que rastreia os
ânimos dos cidadãos em 82 países. O resultado desse estudo é arrasador
para a campanha de Dilma. Ele mostra, entre outras coisas, que apenas
26% dos brasileiros estão satisfeitos com o País, 86% desaprovam a
maneira como a presidenta lida com a corrupção, 85% criticam a maneira
de Dilma enfrentar questões como segurança e saúde. E, o que é mais
surpreendente, o número de insatisfeitos saltou de 49% para 72% de 2010
para cá. “Essa frustração só tem paralelo com a de países que enfrentam
convulsões sociais, rupturas institucionais e crises como a do Egito”,
disse Juliana Horowitz, responsável pela pesquisa americana.
NOVA POSTURA
Lula pediu a Dilma para mudar de atitude em relação aos aliados
Diante de dados tão negativos, Lula e
Santana trataram de sugerir mudanças imediatas no comportamento da
presidenta e nos rumos da pré-campanha. O primeiro objetivo é o de
evitar que o desgaste da administração acabe favorecendo uma debandada
entre os partidos aliados – que poderão fornecer preciosos minutos ao
tempo de propaganda para a presidenta durante a campanha – em busca de
alternativas de poder na oposição. Para tanto, Lula aconselhou Dilma a
comparecer às convenções de cada um desses partidos. Também ficou
definido que a presidenta precisa tentar reconstruir a imagem de gerente
competente, fortemente abalada durante os três anos de um governo que
não entregou sequer uma grande obra, não conseguiu evitar o
aparelhamento do Estado que vem dilapidando empresas públicas e que não
consegue romper a equação que junta crescimento pífio, juros elevados e
inflação em alta. Para isso, mesmo durante os jogos da Copa, Dilma
deverá percorrer o Brasil inaugurando tudo o que for possível. Também
foi recomendado que a presidenta passasse a dar entrevistas diárias para
as redes de tevê, promovendo a defesa do governo.
Na quinta-feira 5, uma pesquisa do
DataFolha confirmou a tendência de queda da presidenta. Segundo o
instituto, Dilma conta com 34% das intenções de voto, uma queda de dez
pontos em relação à pesquisa realizada em fevereiro. Os principais
candidatos da oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB),
também, segundo a pesquisa, perderam votos. O primeiro caiu um ponto,
dentro da margem de erro, e Campos perdeu quatro pontos. O que aumentou
foi o número de eleitores indecisos. Um cenário muito pior para quem
está no governo do que para a oposição.
SANTANA
O marqueteiro que preconizava uma eleição fácil já fala em segundo turno
Durante o jantar no Palácio da Alvorada,
sobrou conselhos para o presidente do PT, deputado Rui Falcão. A ele,
Lula e Santana sugeriram que seja abandonado definitivamente o discurso
de vitória no primeiro turno, como forma de melhor acolher os aliados.
Também foi pedido que o PT seja rápido e incisivo no tratamento de seus
quadros que estiverem envolvidos em casos de corrupção ou falta de
decoro. Foi por isso que o deputado estadual paulista Luiz Moura acabou
abandonado pelo partido, dias depois de ser acusado de se reunir com
membros do crime organizado. A ideia é embasar um discurso de que o
mensalão foi um divisor de águas dentro da legenda.
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