Fonte - http://tempora-mores.blogspot.com.br/2014/0
Agora gays podem casar na igreja presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA)
No
dia 19 deste mês (Junho de 2014) a Igreja Presbiteriana dos Estados
Unidos (PCUSA) aprovou com maioria folgada uma alteração na sua
Constituição. Em vez de dizer “o casamento é entre um homem e uma
mulher,” a Constituição da PCUSA agora diz “o casamento é entre duas
pessoas”. Obviamente, a alteração foi feita para poder acomodar dentro
da PCUSA os gays que querem casar na igreja e ter cerimônia religiosa
realizada por pastores/pastoras presbiterianos.
Esse é mais um passo na direção da apostasia, desde que a PCUSA entrou pelo caminho do liberalismo teológico. Veja a notícia aqui.
Antes de mais nada, preciso esclarecer que essa denominação
norte-americana nada tem a ver com a Igreja Presbiteriana do Brasil. Na
verdade, a IPB tem consistentemente rechaçado nas últimas décadas todas
as tentativas oficiais de aproximação com PCUSA, feitas tanto das bandas
de lá como das bandas de cá. É injusto colocar todos os presbiterianos
no mesmo saco em que esta denominação apóstata se meteu. Ela traiu sua
herança presbiteriana e o que é mais importante, traiu o Cristianismo
bíblico.
Não vou dizer que fiquei estarrecido, surpreso ou chocado com a decisão
tomada finalmente pela assembléia geral da PCUSA. Não estou surpreso
porque já era de se esperar que tal coisa acontecesse, cedo ou tarde.
Afinal, as decisões que vinham sendo tomadas por esta denominação
presbiteriana em décadas recentes, não poderiam levar a outra coisa
senão a decisões como tais. A decisão de aceitar casamento gay como
sendo cristão é o resultado da fermentação de vários conceitos e
pressupostos que ao longo do tempo foram lentamente sendo introduzidos
na alma da denominação, formando irreversivelmente a sua maneira de
pensar e de agir.
Tudo começou quando a PCUSA passou a tolerar que o liberalismo teológico
fosse ensinado nas suas instituições teológicas, as quais são
responsáveis pela formação teológica, eclesiástica e ministerial dos
seus pastores. O liberalismo teológico retira toda a autoridade das
Escrituras como palavra de Deus, introduz o conceito de que ela é fruto
do pensamento ultrapassado de gerações antigas e que traz valores e
conceitos que não podem mais ser aceitos pelo homem moderno. Assim,
coloca a Bíblia debaixo da crítica cultural. O passo seguinte foi a
aprovação da ordenação de mulheres cristãs ao ministério, em meados da
década de 60, com base exatamente no argumento de que os textos bíblicos
que impõem restrições ao exercício da autoridade eclesiástica por parte
da mulher cristã eram culturalmente condicionados, e portanto
impróprios para a nossa época, em que a mulher já galgou todas as
posições de autoridade.
O argumento que vem sendo usado há décadas pelos defensores do
homossexualismo dentro da PCUSA segue na mesma linha. Os textos bíblicos
contrários ao homossexualismo são vistos como resultantes da cosmovisão
cultural ultrapassada dos escritores bíblicos, refletindo os valores
daquela época. Em especial, os textos de Paulo contra o homossexualismo
(Romanos 1 em particular) são entendidos como condicionados pelos
preconceitos da cultura antiga e pela falta de conhecimento científico,
que segundo os defensores do homossexualismo hoje já demonstra que ser
gay é genético, não podendo, portanto, ser mais considerado como desvio
moral ou pecado. Já que a cultura moderna mais e mais aceita o
homossexualismo como normal, chegando mesmo a reconhecer o casamento
entre eles em alguns casos, por que a Igreja, que deveria sempre dar o
primeiro exemplo em tolerância, aceitação e amor, não pode receber os
homossexuais como membros comungantes e pastores da Igreja? Essa foi a
argumentação que finalmente prevaleceu, pois a decisão permite que
homossexuais praticantes considerem a sua escolha sexual como uma
questão secundária e não como matéria de fé, sujeita à disciplina
eclesiástica da denominação.
Não estou dizendo que todos os que defendem a ordenação de mulheres
necessariamente são defensores da ordenação gay e do casamento de
homossexuais. Tenho bons amigos que defendem um e abominam o outro.
Estou apenas dizendo que, em ambos os casos, o argumento usado para sua
aprovação dentro da PCUSA foi o mesmo: o que os escritores bíblicos
dizem sobre estes assuntos não tem validade para os dias de hoje, e
portanto, a Igreja deve se guiar por aquilo que é culturalmente
aceitável, politicamente correto e que faz parte do bom senso comum.
Existe uma brava minoria dentro da PCUSA que, de longa data, tem lutado
contra a introdução desses conceitos. Agora, assiste com tristeza a
derrota bater à sua porta. Desde que a PCUSA aceitou o homossexualismo,
mais de 10.000 igrejas já saíram dela. Esta que já foi a maior
denominação presbiteriana do mundo hoje está reduzida a 1,8 milhões de
membros. E este número cai mais a cada ano.
Não devemos pensar que esse é um problema que se restringe àquela
denominação americana. Os mesmos pressupostos que a levaram a tomar essa
decisão já estão em operação em nosso país, a começar pelos seminários e
instituições de ensino teológico que já caíram vítimas do método
histórico-crítico de interpretação, do liberalismo teológico, do
pragmatismo e do relativismo. O campo está sendo preparado no Brasil
para que em breve evangélicos passem a considerar a homossexualidade
como sendo uma questão pessoal e secundária, abrindo assim a porta para
ordenação de gays e lésbicas praticantes ao ministério da Palavra e para
a realização de casamento gay nas igrejas evangélicas.
Acredito que a única medida preventiva é não abrirmos mão da
legitimidade e aplicabilidade dos valores e dos ensinamentos bíblicos
para todas as épocas e culturas. Isto nos permitirá sempre fazer uma
crítica da cultura a partir do referencial da Palavra inspirada e
infalível de Deus. Foi quando a PCUSA subjugou a Bíblia à cultura que a
lata de minhocas foi aberta. A Bíblia passou a ser julgada pela cultura.
Vai ser difícil para liberais, neo-ortodoxos, libertinos e outros
grupos no Brasil, que de maneiras diferentes colocam a cultura à frente
da Bíblia, resistir à pressão. Quem viver, verá.
Mais artigos sobre o assunto aqui no blog Tempora-Mores:
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2011/02/pcusa-prestes-se-dividir.html
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2012/01/decepcionados-com-ordenacao-de.html
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2006/07/denominao-americana-finalmente-aprova.html
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2011/05/por-que-igrejas-presbiterianas-pelo.html
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