Azenilto G. Brito
V – QUERENDO “TAPAR O SOL COM A PENEIRA”
1. Há um importante achado arqueológico guardado no Museu de Berlim Oriental que merece análise cuidadosa e constitui a refutação das teses cronológicas da Torre de Vigia pela Astronomia:
A) O tablete chamado V.A.T. 4956, com texto cuneiforme do tempo de Babilônia, esboça as posições dos corpos celestes por doze meses, e inclui um eclipse, dados que podem ser facilmente cotejados com os calendários até cobrir nossa época.
B) Tal documento declara que foi no 37º ano de regência de Nabucodonosor que se deu o eclipse registrado.
Obs.: Diz um pesquisador sobre esse documento arqueológico da maior importância: “As posições dos corpos celestes naquele período de tempo podem ser identificadas precisamente sendo de abril de 568 a abril de 567 A.C. Os detalhes dados reocorreriam em apenas 40.000 anos”. E. B. Price, Our Friends: The Jehovah’s Witnesses, pág. 25.
C) Ao visitar o Museu de Berlim, E. B. Price fez questão de tirar uma foto segurando o precioso documento arqueológico, e diz em seguida no seu livro de refutação das doutrinas e cronologia das “testemunhas”: “A Torre de Vigia tem tentado desacreditar este tablete, mas autoridades destacadas declaram que ele oferece amplas informações para torná-lo completamente confiável” (Ibid.).
D) Outro autor, Carl Olof Jonsson, um sueco que foi ancião por vários anos entre as “testemunhas” em seu país, conta como se interessou pelo assunto da cronologia e logo descobriu as contradições e problemas da “Cronologia Bíblica” da Torre de Vigia. Ele apresentou à sede da organização os problemas e dúvidas que sua pesquisa suscitara, apenas para sofrer a “cassação” por ter desafiado os ensinos tradicionais de sua religião. Em resultado, fez publicar o livro The Gentile Times Reconsidered [Reavaliação dos Tempos dos Gentios] contendo o material que reunira como fruto de suas pesquisas no campo da Arqueologia e História.
E) No segundo capítulo dessa excelente e erudita obra, o autor trata com a cronologia do período neo-babilônico onde apresenta irrefutável material histórico e arqueológico. Ao mencionar as antigas inscrições reais babilônicas, cita a lâmina cuneiforme Adda Guppi que os “cronólogos bíblicos” da Torre de Vigia se empenham em desacreditar no livro Aid to Bible Understanding [atualmente intitulado Insight on the Scriptures] págs. 326, 327 (Verbete “Cronologia”, subtítulo “Cronologia Babilônica”). O argumento da Torre de Vigia é que tal documento está muito fragmentado e as informações não são completas. Contudo, havia duplicatas dessa lâmina e outras mais não fragmentadas que confirmam os dados históricos e cronológicos tais como admitidos por TODOS os historiadores de gabarito, negando as datas infundadas da Torre de Vigia.
Obs.: De duas, uma: ou os pesquisadores da Torre de Vigia estavam desinformados de tais duplicatas e outros documentos paralelos, ou preferiram ignorar tais fatos.
F) Jonsson também discute o tablete V.A.T. 4956 oferecendo excelente prova de sua autenticidade e refutando as objeções contra a validade de tal documento que em desespero de causa a Torre de Vigia levanta para sustentar sua falsa cronologia sobre que se apoia a “data fundamental” de 1914.
2. Torcendo a história mais uma vez, eis outro fato embaraçoso para os “cronologistas” da “Sociedade”:
A) No livro Babylon the Great Has Fallen [Caiu a Grande Babilônia], pág. 134, ocorre a seguinte declaração seguida de menção de uma obra de pesquisa: “Por esta razão Nabucodonosor veio contra Jerusalém pela segunda vez, para punir o rei rebelde. Isso foi em 618 A.C.”.–Ver Harper’s Bible Dictionary, por M.S. e J. L. Miller, edição de 1952, pág. 306, vb. ‘Jehoaikim’”.
B) Contudo, quem se der ao trabalho de examinar o Harper’s Bible Dictionary na edição e página indicadas não encontrará a data 618 A.C. com referência ao acontecimento sugerido no livro da “Sociedade”, e sim outra data com diferença de quase 20 anos, que se harmoniza com os dados históricos para a desolação de Jerusalém admitidos pelos mais abalizados historiadores e arqueólogos. Mais manipulação de dados!
C) O livro Aid to Bible Understanding [atual Insight on the Scriptures, ou Estudo Perspicaz das Escrituras, em português] reconhece que Nabucodonosor reinou “quarenta e três anos” (pág. 1212). A Bíblia informa que ele destruiu Jerusalém no 19º ano de sua regência (II Reis 25:8-10). Dizem historiadores indicados pela própria Sociedade Torre de Vigia (ex.: Harper’s Bible Dictionary) que isso vai até 562 A.E.C. Assim, seu 19º ano seria 587/586 A.E.C. infalivelmente.
D) Comparando-se Caiu Babilônia, a Grande, págs. 183 e 184, e Toda Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa, pág. 139–rodapé [ambos da edição em inglês], que falam das regências de Amel-Marduk (sucessor de Nabucodonosor), de “2 anos”, Neriglissar, de “4 anos”, Labashi-Marduk, de “9 meses” e Nabonido, de “17 anos”, com a do último findando na “data absoluta” de 539 A.C., é só fazer as contas para apanhar a “Sociedade” em incrível erro: A partir da data reconhecida pela Torre de Vigia, 539 A.C. (o fim da regência do “último monarca supremo do Império Babilônico”–Aid do Bible Understanding, pág. 1195), a soma das regências leva, não ao ano 581 A.C., como requer a “cronologia bíblica” da Torre de Vigia, mas a 562 A.C., data do fim da regência de Nabucodonosor aceita pelos historiadores de gabarito. Senão, vejamos:
Amel-Marduk............................. 2 anos
Neriglissar.................................. 4 anos
Labashi-Marduk......................... 9 meses
Nabonido.................................... 17 anos
TOTAL....................................... 23 anos e 9 meses
Obs: Anos A.C. (ou A.E.C.) são somados para indicar o recuo dos anos a partir da data básica, e subtraídos para cálculo inverso.
E) Para chegar ao ano de ascensão de Nabucodonosor é simples: 539 + 23 = 562. Daí 562 + 43 = 605 (605 - 19 = 586).
Obs.: Detalhando a “fórmula matemática”–a partir do ano 539 (que a “Sociedade” aceita sem discussão para a queda de Babilônia, no que concorda com a história secular), somem-se os 23 anos e nove meses das regências dos últimos reis de Babilônia, após Nabucodonosor, até a queda do grande império, e se chega à data 562. A partir daí, somando-se os 43 anos de regência de Nabucodonosor, conclui-se que ele assumiu o trono em 605. Sendo que foi no seu 19º, como diz a Bíblia e confirma a Arqueologia, que ele desolou Jerusalém, isto nos leva a 586 A.C. Não há por onde escapar!
G) Mas o golpe mortal às teorias cronológica absurdas da Torre de Vigia vem de Raymond Franz, o próprio coordenador do verbete “Cronologia” do livro Aid to Bible Understanding, a obra de maior peso teológico da “Sociedade” (um dicionário bíblico enciclopédico, publicado em português sob o título, Estudo Perspicaz das Escrituras). Ele é nada menos do que o sobrinho do presidente mundial da seita de 1977 a 1992 e autor da tradução bíblica ‘Novo Mundo’, Frederick W. Franz (já falecido). Raymond Franz chegou a ser, durante nove anos, membro do Corpo Governante da Sociedade Torre de Vigia, organismo de máxima hierarquia daquela entidade, mas abandonou a organização e suas crenças desiludido, ao constatar a falta de fundamento bíblico e histórico de sua cronologia, e, consequentemente, de sua teologia. Eis como ele expõe o seu “drama de consciência” no livro que escreveu após deixar a “Sociedade”:
“Meses de pesquisa foram gastos sobre este assunto de ‘Cronologia’ que resultou no artigo mais longo da publicação ‘Aid’ [referência a Aid to Bible Understanding, atualmente Insight on the Scriptures, em português Estudo Perspicaz das Escrituras]. Muito do tempo foi gasto no esforço de encontrar alguma prova, algum respaldo na história, para a data tão crucial de 607 A.E.C. para nossos cálculos relacionados com 1914. Charles Ploeger, membro do staff da sede mundial, nesse tempo estava servindo como meu secretário e ele pesquisou nas bibliotecas da área de Nova Iorque qualquer coisa que pudesse substanciar aquela data historicamente.
“Não encontramos absolutamente nada em apoio a 607 A.E.C. Todos os historiadores apontavam para uma data vinte anos posterior. . . . Conquanto eu julgasse isso perturbador, desejava crer que nossa cronologia estava correta a despeito de toda a evidência em contrário. Assim, ao preparar o material para o livro ‘Aid’, muita parte do tempo e do espaço foi gasta em tentar diminuir a credibilidade da evidência arqueológica que tornaria errônea nossa data 607 A.E.C. e dava um ponto de partida diferente para nossos cálculos e, portanto, uma data de conclusão diferente de 1914. . . . Tal como um advogado que defronta evidência que não pode superar, meu esforço era desacreditar ou enfraquecer a confiança nos testemunhos da antiguidade que apresentavam tais evidências, a evidência de textos históricos relacionados com o Império Neobabilônico. Os argumentos que eu apresentei eram honestos, mas eu sei que a intenção deles era sustentar uma data para a qual não havia suporte histórico. (Raymond Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], págs. 25, 26). Ver entrevista com Raymond Franz com este autor no Apêndice X, pág. 97.
3. CONCLUSÃO:
A) Grandes homens do meio jeovaísta têm repudiado tais ensinos, como Ray Franz, Carl O. Jonsson e Max Hatton, agora pastor evangélico na Austrália, ex-Servo da Escola de Ministério de uma congregação australiana, que após estudar por três anos o tema da Cronologia também descobriu as falsidades da religião a que dedicara tanta fidelidade.
B) Essa cronologia defendida tenazmente pela Torre de Vigia é a mesma de suas origens e serviu para sustentar datas depois alteradas pela própria Torre de Vigia, como as da criação de Adão em 4.129, os seis mil anos da Criação completando-se em 1872, a “presença” de Cristo tendo-se iniciado em 1874, o início do milênio em 1975, etc.
APÊNDICE II
FASCISMO, COMUNISMO. . . MAIS PROFECIAS QUE FALHARAM
O livro Inimigos (de 1937), escrito por Joseph F. Rutherford, segundo presidente mundial da Torre de Vigia, sugere uma sombria maquinação política para dominar os Estados Unidos de parte da hierarquia católica romana, ao acentuar que o governo dos EUA “tem um católico como diretor dos correios . . . que de fato é um agente e representante do Vaticano” (pág. 178). Mais adiante, o mesmo livro antecipa que “Quando a hierarquia católica obtiver completo controle temporal sobre a terra” a “Liga das Nações” se tornaria de fato “uma liga de fascismo ou governos fascistas combinados, dominados pela hierarquia católica romana” (pág. 292).
O que se deu, porém, é que a Liga das Nações terminou se enfraquecendo com a eclosão da II Guerra Mundial, findando em 1946. Tampouco a hierarquia católica obteve controle sobre a terra, nem parcial, quanto mais “completo”.
Outro livro da mesma organização, o Seja Feita a Tua Vontade na Terra (de 1958), trazia um cenário do fim dos tempos destacando a luta entre “o rei do norte” e “o rei do sul”, segundo o livro de Daniel, cap. 11. O moderno ‘rei do sul’ era tido como uma combinação de Grã Bretanha/Estados Unidos na pág. 263 (edição em inglês), e o ‘rei do norte’ era, continua o livro, “a União Soviética, o poder comunista que desde que arrebatou o poder na Rússia em 1917 tem mantido como sua meta o domínio mundial até o presente” (pág. 278).
O Seja Feita continua predizendo: “Até o ‘tempo do fim’ durante o Armagedom haverá coexistência competitiva entre os ‘dois reis’” (pág. 297), ou seja, a União Soviética (URSS) e a combinação das potências Estados Unidos/Grã Bretanha. E declara mais, na pág. 300: “o anjo de Jeová predisse agressões adicionais pelo rei comunista do norte ANTES DE SEU FIM NO ARMAGEDOM” (destaque em maiúsculas acrescentado).
Em Watchtower (A Sentinela) de 1º de abril de 1984, pág. 20, há menção à referida obra, destacando que a União Soviética é uma nação atéia, materialista. Contudo, se isso a levaria ao Armagedom parece que de algum modo tal rumo foi perdido. O fato é que hoje a ‘guerra fria’ não só findou, como aquele antigo regime comunista e ateu não mais existe.
Por outro lado, é sabido e notório que a religião está em plena prosperidade nas terras da antiga URSS, atual Rússia e demais repúblicas ex-comunistas associadas. Isso revela mais um fracasso da Torre de Vigia em suas antecipações proféticas à luz de suas interpretações bíblicas.
O Desafio da Torre de Vigia Pags 40 - 43
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