Uma análise desse movimento que se diz o único dono da verdade. Acompanhe a série de estudos, e no final você terá uma compreensão dos ensinos e métodos de trabalho dessa seita
Por Azenilto G. Brito
Teólogo e escritor, respeitado
Estudo
nº 1:
A
TEOLOGIA DAS “TESTEMUNHAS DE JEOVÁ” NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
I – Breve Síntese Histórica
1. A
esperança da volta de Cristo–alento dos cristãos desde os tempos primitivos: João 14:1-3; Atos 1:10 e
11; Tito 2:13; I João 3: 2 e 3.
2. O
“Credo dos Apóstolos”, datado do 1º século, sempre lembrando que Cristo “há de vir para julgar os vivos e
os mortos”.
3. A
mensagem obliterada durante séculos pelo cristianismo apóstata: Atos 20:29-31.
4. A
Reforma Protestante e a difusão de Bíblias entre o povo: reafirmação da
doutrina, mas não suficientemente (Lutero dizia que a volta de Cristo estaria a
300 anos no futuro).
5.
Somente em princípios do Séc. XIX a mensagem ganha maior destaque entre os
pregadores do evangelho:
A) Na Europa, Eduardo Irving (Inglaterra) e
José Wolff (vários países).
B) Na América do Sul, a publicação de La Venida del Mesias en Glória Y Majestad
por um religioso católico.
6. Maior
impacto nos Estados Unidos, onde se destaca Guilherme Miller, pregador leigo
batista.
A) Com base em Daniel 8:14 conclui que
dentro de poucos anos o mundo chegaria ao fim.
B) Imagina que a purificação do santuário
referida no texto representa a Terra sendo purificada pelos fogos do advento.
C) Julga inicialmente que as “2300 tardes e
manhãs”, ou dias proféticos, como entendia, terminariam em 1843, e depois, ao
verificar ter cometido equívoco de um ano no cômputo, admite a data do Advento
como outubro de 1844 fixada por outro de seus seguidores.
7. Não
havia ainda uma igreja com o nome de “Adventista”. Membros das várias igrejas evangélicas são chamados
“adventistas” por acatarem a esperança do advento em 1844, ensinada por Miller.
8. Chega
o mês de outubro de 1844, e passa. Logicamente, a esperança dos mileritas se
transforma em amargo desapontamento.
9.
Guilherme Miller, um cristão fervoroso e humilde, reconhece o seu erro e não
mais pretende marcar datas para o Advento.
10. Os
desapontados “adventistas” dividem-se em três grupos:
A) Os que deixam de lado a esperança da
breve volta de Cristo e voltam a suas antigas igrejas que não adotaram a
esperança centralizada em 1844.
B) Os que se dedicam a estudar a Bíblia
buscando compreender onde haviam errado, sem se dispersarem.
C) Os que não se conformam com o
desapontamento e continuam a marcar novas datas para o retorno literal de
Jesus.
11. Os do
segundo grupo chegam à conclusão de que Cristo virá em breve, sim, mas não se
pode estabelecer uma data precisa.
A) Adotam várias interpretações bíblicas
particulares, não admitidas pelas denominações religiosas tradicionais: a
observância do sábado, o estado de inconsciência dos mortos até à ressurreição,
o ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial (que seria o ponto
abordado em Daniel 8:14 – um santuário a ser purificado no Céu, não na Terra),
etc.
B) Em 1863 organizam-se para formar a
igreja que recebe o nome de Igreja Adventista do Sétimo Dia.
12. Os do
terceiro grupo continuam especulando com as profecias de Daniel e Apocalipse.
Um deles, Jonas Wendell, prega que Cristo haveria de voltar em 1874.
A) Wendell defende que a vinda seria
literal e visível, a exemplo dos “adventistas” de 1844.
B) Esse Wendell não era um obreiro, nem
tinha ligações com a Igreja Adventista do Sétimo Dia, como às vezes se
menciona. Tal denominação jamais quis estabelecer o tempo exato da volta de
Jesus após o grande “desapontamento” milerita.
II – Nasce o Russelismo
Um cavalheiro chamado Charles Russell
assistiu a uma das conferências desse Jonas Wendell. Ele fora a princípio
presbiteriano, depois unira-se à Igreja Congregacional, mas aceitou prontamente
as idéias de Wendell em 1872, segundo é relatado em The Finished Mystery [O Mistério Consumado], publicado inicialmente
em 1917 como obra póstuma de Russell.
2.
Obviamente o ano de 1874 chegou e passou sem maiores surpresas. Os que
esperavam o cumprimento da promessa do Advento para aquele ano viram-se a
braços com novo desapontamento.
3. Dois
anos depois, em 1876, um tal Nelson Barbour surgiu com uma explicação sui generis: baseando-se na tradução bíblica Diaglótico Enfático, que traduz a palavra “vinda” de Mateus 24 por
“presença”, sugeriu que Cristo realmente veio na data assinalada, 1874.
Fizera-se presente de modo invisível: The
Finished, págs. 53* a 55*; Aproximou-se
o Reino, pág. 187.
4. Essa
interpretação inédita no seio da cristandade foi de pronto aceita por Russell.
Em 1879 ele passou a publicar a revista Zion’s
Watch Tower and Herald of Christ’s Presence [Torre de Vigia de Sião e
Arauto da Presença de Cristo] na qual defendia essa “presença” como desde 1874.
5.
Russell fundou a corporação Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, que
dirigiu até sua morte, sendo o líder espiritual dos “Estudantes da Bíblia”, que
em 1931 adotaram o nome oficial de “testemunhas de Jeová”.
Obs.: No resumo dessa história em Aproximou-se o Reino, págs. 186 a 189, não fica claro um
desapontamento em 1874 pela expectativa de um Advento visível e literal, mas
tal foi o que sucedeu.
6. Após
a morte de Russell, em 1916, Joseph Franklin Rutherford assumiu o comando da
Sociedade Torre de Vigia. Dirigiu-a até 1942, quando faleceu.
A) A ascensão de Rutherford a esse posto
foi contestada por vários elementos de sua grei que romperam com a “Sociedade”,
formando vários outros grupos à parte.
B) Rutherford alterou grandemente a
teologia defendida por Russell e por tal razão, entre outras, o número dos
revoltados cresceu. Certos grupos assim formados existem até hoje, como a
Igreja do Reino de Deus, na Europa, os Auroristas na América do Norte, de cujos
representantes no Brasil conseguimos a série completa de Russell, Studies in
the Scriptures, em seis volumes.
Obs.: Não é verdadeira, pois, a
alegação das “testemunhas” de que jamais tiveram divisões em seu meio. Mais
recentemente, outros grupos se separaram, como alguns na Austrália que passaram
a publicar material protestando contra atitudes ditatoriais e posições doutrinárias
da Sociedade Torre de Vigia. Possuo alguns desses materiais, um deles
intitulado “A Pronoucement Concerning Justice for Jehovah’s People”, de nove
páginas, e outro discutindo o tema da ressurreição dos mortos, contrariando
posição tradicional da seita a respeito do assunto. E no Apêndice IX, pág. 95,
transcrevemos uma carta anônima de líderes TTJ que propõem bem
intencionadamente que sua organização renuncie à irracional proibição às
transfusões de sangue. São pessoas sinceras que dentro da organização
mobilizaram-se para reformá-la, mas tiveram de fazê-lo secretamente, sob pena
de serem sumariamente expulsas por sua inaceitável independência.
7. O
terceiro presidente da Sociedade Torre de Vigia, Sr. Nathan Knorr, deu ênfase às escolas de preparo de
obreiros e ao trabalho missionário mundial. O presidente seguinte, Frederick
Franz, teve o dissabor de ver o sobrinho, Raymond Franz, que era membro do
“corpo governante” de 17 membros, que dirige os destinos da Sociedade,
repudiando os ensinos da organização, sobretudo sua pretensão de ser o canal
exclusivo de Deus para transmitir a verdade aos homens, e a “cronologia
bíblica”, sendo por isso excluído.
III – Um Exame Realista Para os Que Amam a
Verdade
1. O
livro Verdade Conduz, pág. 13 (§ 5),
dá o seguinte conselho:
A) — “Precisamos examinar não só o que nós
mesmos cremos, mas também o que é ensinado pela organização religiosa com que
talvez nos associemos. Estão os seus ensinos em plena harmonia com a Palavra de
Deus ou baseiam-se em tradições de homens? Se amarmos a verdade, não precisamos
temer tal exame”.
Obs.: Uma recomendação muito válida
que conviria às “testemunhas de Jeová” aplicar a sua própria religião.
B) Um estudo cabal das doutrinas das
“testemunhas” requer que seja empreendido numa perspectiva histórica,
analisando-se as origens de seus ensinos e as razões por que se fixaram.
Obs.: A idéia do Advento secreto,
por exemplo, surgiu como explicação sucedânea ao desapontamento de Russell e
seus associados em 1874. Para sustentar tal ponto de vista, teve de contornar
uma série de problemas na interpretação de várias passagens bíblicas: a
ressurreição corporal de Cristo teve de ser negada, o episódio da ressurreição
dos justos foi reinterpretado segundo o ponto de vista do Advento secreto, etc.
2. O
convite da própria Torre de Vigia:
A) Diz o evangelho que “pelas tuas palavras
serás justificado e pelas tuas palavras serás condenado” (Mateus 12:37).
Observemos estas pretensiosas declarações da Torre de Vigia:
“Naturalmente é fácil dizer que este grupo [as “testemunhas”] age como
‘profeta’ de Deus. Outra coisa é provar isso. A única maneira em que isso pode
ser feito é recapitular a história. O que demonstra ela? . . . estes estudantes
da Bíblia haviam-se preocupado por muito tempo com Ezequiel e sua profecia. Em
1917, publicaram em inglês um livro intitulado ‘O Mistério Consumado’, que
explicava tanto o livro de Ezequiel como o de Revelação. Este livro criticava
os clérigos da cristandade como falsos para com a palavra de Jeová”.–“‘Saberão
Que Houve um Profeta no Seu Meio’”, Sentinela,
1º de outubro de 1972.
Obs.: Um convite para recapitular a história da organização para
comprovar ser um ‘profeta’ de Deus, com base em O Mistério Consumado é surpreendente. Dito livro continha vários
ensinos e interpretações proféticas hoje rejeitados por esse mesmo grupo, de
supostos profetas, que outrora o difundia.
3.
Alguns dos falsos ensinos de O Mistério
Consumado, segundo será detalhado no estudo seguinte (Subt. II), são: O
Segundo Advento de Cristo em 1874; a ressurreição dos salvos em 1878; a
destruição das igrejas da cristandade em 1918 e morte de seus membros aos
milhões no mesmo ano; a glorificação do “pequeno rebanho” (que seriam os
membros da Torre de Vigia) em 1918; o desaparecimento das repúblicas envoltas
em grande anarquia em 1920; o fechamento do “caminho celestial” (a oportunidade
de salvação para os homens) em 1921; as sete últimas pragas: os sete volumes da
coleção Studies in the Scriptures
preparada por Russell; base profética das medidas da Pirâmide de Gizê; o Reino
de Deus estabelecido na Palestina em 1915. . .
4.
Afirmativas contraditórias quanto a tal livro:
A) Apesar de todos esses erros, o Santificado Seja, pág. 309, declara que
com a publicação de O Mistério Consumado “começou
uma execução dos profetas modernos de Baal da cristandade”.
B) O Cumprir-se-á
Então alega que tal livro continha “profecias amargas para a humanidade
rebelde” (pág. 258), mas acrescenta que explicava algumas profecias “cedo
demais” (pág. 45). Diz ainda que “com o
decorrer do tempo, O Mistério
Consumado mostrou ser insatisfatório” (pág. 252). No entanto, afirma que a
publicação dele foi um soprar de “destruição ardente sobre eles [os líderes
religiosos da cristandade] por . . . divulgar a exposição de doutrinas falsas e
não cristãs dos cristãos apóstatas”, concluindo: “Todas estas mensagens
bíblicas praticamente consumiram os inimigos, religiosos e políticos–Jeremias
5:14” (págs. 266 e 267).
C) O Seja
Feita aponta a proscrição desse livro no Canadá e Estados Unidos por algum
tempo como parte do cumprimento dos 1.260 dias de Apoc. 12:6 (págs. 166, 167 e
347).
Obs.: Ocorre-nos, pois, perguntar:
1º – Como um livro repleto de profecias
falsas e interpretações negadas agora pela própria Torre de Vigia pôde ter
criticado “os clérigos da cristandade como falsos para com a Palavra de Jeová”,
quando o próprio conteúdo do livro é que se demonstrou falso?
2º – Sendo que a Torre de Vigia cometeu tantos equívocos em suas
interpretações das profecias de Apocalips e Ezequiel, como podemos confiar em
suas atuais posições? Não poderiam posteriormente ser também consideradas “cedo
demais” e “insatisfatórias”?
Fonte - O desafio da torre de vigia pags 11-15
Fonte - O desafio da torre de vigia pags 11-15
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