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sábado, 3 de maio de 2014

Quem são as testemunhas de Jeová? Estudo N° 1



Uma análise desse movimento que se diz o único dono da verdade. Acompanhe a série de estudos, e no final você terá uma compreensão dos ensinos e métodos de trabalho dessa seita

Por Azenilto G. Brito

Teólogo e escritor, respeitado
Estudo nº 1:

A TEOLOGIA DAS “TESTEMUNHAS DE JEOVÁ” NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA

I – Breve Síntese Histórica



1. A esperança da volta de Cristo–alento dos cristãos desde os  tempos primitivos: João 14:1-3; Atos 1:10 e 11; Tito 2:13; I João 3: 2 e 3.



2. O “Credo dos Apóstolos”, datado do 1º século, sempre lembrando  que Cristo “há de vir para julgar os vivos e os mortos”.



3. A mensagem obliterada durante séculos pelo cristianismo apóstata: Atos 20:29-31.



4. A Reforma Protestante e a difusão de Bíblias entre o povo: reafirmação da doutrina, mas não suficientemente (Lutero dizia que a volta de Cristo estaria a 300 anos no futuro).



5. Somente em princípios do Séc. XIX a mensagem ganha maior destaque entre os pregadores do evangelho:



A) Na Europa, Eduardo Irving (Inglaterra) e José Wolff (vários países).



B) Na América do Sul, a publicação de La Venida del Mesias en Glória Y Majestad por um religioso católico.



6. Maior impacto nos Estados Unidos, onde se destaca Guilherme Miller, pregador leigo batista.



A) Com base em Daniel 8:14 conclui que dentro de poucos anos o mundo chegaria ao fim.



B) Imagina que a purificação do santuário referida no texto representa a Terra sendo purificada pelos fogos do advento.



C) Julga inicialmente que as “2300 tardes e manhãs”, ou dias proféticos, como entendia, terminariam em 1843, e depois, ao verificar ter cometido equívoco de um ano no cômputo, admite a data do Advento como outubro de 1844 fixada por outro de seus seguidores.



7. Não havia ainda uma igreja com o nome de “Adventista”. Membros  das várias igrejas evangélicas são chamados “adventistas” por acatarem a esperança do advento em 1844, ensinada por Miller.



8. Chega o mês de outubro de 1844, e passa. Logicamente, a esperança dos mileritas se transforma em amargo desapontamento.



9. Guilherme Miller, um cristão fervoroso e humilde, reconhece o seu erro e não mais pretende marcar datas para o Advento.



10. Os desapontados “adventistas” dividem-se em três grupos:



A) Os que deixam de lado a esperança da breve volta de Cristo e voltam a suas antigas igrejas que não adotaram a esperança centralizada em 1844.



B) Os que se dedicam a estudar a Bíblia buscando compreender onde haviam errado, sem se dispersarem.



C) Os que não se conformam com o desapontamento e continuam a marcar novas datas para o retorno literal de Jesus.



11. Os do segundo grupo chegam à conclusão de que Cristo virá em breve, sim, mas não se pode estabelecer uma data precisa.



A) Adotam várias interpretações bíblicas particulares, não admitidas pelas denominações religiosas tradicionais: a observância do sábado, o estado de inconsciência dos mortos até à ressurreição, o ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial (que seria o ponto abordado em Daniel 8:14 – um santuário a ser purificado no Céu, não na Terra), etc.



B) Em 1863 organizam-se para formar a igreja que recebe o nome de Igreja Adventista do Sétimo Dia.



12. Os do terceiro grupo continuam especulando com as profecias de Daniel e Apocalipse. Um deles, Jonas Wendell, prega que Cristo haveria de voltar em 1874.



A) Wendell defende que a vinda seria literal e visível, a exemplo dos “adventistas” de 1844.



B) Esse Wendell não era um obreiro, nem tinha ligações com a Igreja Adventista do Sétimo Dia, como às vezes se menciona. Tal denominação jamais quis estabelecer o tempo exato da volta de Jesus após o grande “desapontamento” milerita.



II – Nasce o Russelismo



Um cavalheiro chamado Charles Russell assistiu a uma das conferências desse Jonas Wendell. Ele fora a princípio presbiteriano, depois unira-se à Igreja Congregacional, mas aceitou prontamente as idéias de Wendell em 1872, segundo é relatado em The Finished Mystery [O Mistério Consumado], publicado inicialmente em 1917 como obra póstuma de Russell.



2. Obviamente o ano de 1874 chegou e passou sem maiores surpresas. Os que esperavam o cumprimento da promessa do Advento para aquele ano viram-se a braços com novo desapontamento.



3. Dois anos depois, em 1876, um tal Nelson Barbour surgiu com uma  explicação sui generis: baseando-se na tradução bíblica Diaglótico Enfático, que traduz a palavra “vinda” de Mateus 24 por “presença”, sugeriu que Cristo realmente veio na data assinalada, 1874. Fizera-se presente de modo invisível: The Finished, págs. 53* a 55*; Aproximou-se o Reino, pág. 187.



4. Essa interpretação inédita no seio da cristandade foi de pronto aceita por Russell. Em 1879 ele passou a publicar a revista Zion’s Watch Tower and Herald of Christ’s Presence [Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo] na qual defendia essa “presença” como desde 1874.



5. Russell fundou a corporação Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, que dirigiu até sua morte, sendo o líder espiritual dos “Estudantes da Bíblia”, que em 1931 adotaram o nome oficial de “testemunhas de Jeová”.

     Obs.: No resumo dessa história em Aproximou-se o Reino, págs. 186 a 189, não fica claro um desapontamento em 1874 pela expectativa de um Advento visível e literal, mas tal foi o que sucedeu.



6. Após a morte de Russell, em 1916, Joseph Franklin Rutherford assumiu o comando da Sociedade Torre de Vigia. Dirigiu-a até 1942, quando faleceu.



A) A ascensão de Rutherford a esse posto foi contestada por vários elementos de sua grei que romperam com a “Sociedade”, formando vários outros grupos à parte.



B) Rutherford alterou grandemente a teologia defendida por Russell e por tal razão, entre outras, o número dos revoltados cresceu. Certos grupos assim formados existem até hoje, como a Igreja do Reino de Deus, na Europa, os Auroristas na América do Norte, de cujos representantes no Brasil conseguimos a série completa de Russell, Studies in the Scriptures, em seis volumes.

     Obs.: Não é verdadeira, pois, a alegação das “testemunhas” de que jamais tiveram divisões em seu meio. Mais recentemente, outros grupos se separaram, como alguns na Austrália que passaram a publicar material protestando contra atitudes ditatoriais e posições doutrinárias da Sociedade Torre de Vigia. Possuo alguns desses materiais, um deles intitulado “A Pronoucement Concerning Justice for Jehovah’s People”, de nove páginas, e outro discutindo o tema da ressurreição dos mortos, contrariando posição tradicional da seita a respeito do assunto. E no Apêndice IX, pág. 95, transcrevemos uma carta anônima de líderes TTJ que propõem bem intencionadamente que sua organização renuncie à irracional proibição às transfusões de sangue. São pessoas sinceras que dentro da organização mobilizaram-se para reformá-la, mas tiveram de fazê-lo secretamente, sob pena de serem sumariamente expulsas por sua inaceitável independência.



7. O terceiro presidente da Sociedade Torre de Vigia, Sr. Nathan  Knorr, deu ênfase às escolas de preparo de obreiros e ao trabalho missionário mundial. O presidente seguinte, Frederick Franz, teve o dissabor de ver o sobrinho, Raymond Franz, que era membro do “corpo governante” de 17 membros, que dirige os destinos da Sociedade, repudiando os ensinos da organização, sobretudo sua pretensão de ser o canal exclusivo de Deus para transmitir a verdade aos homens, e a “cronologia bíblica”, sendo por isso excluído.



III – Um Exame Realista Para os Que Amam a Verdade



1. O livro Verdade Conduz, pág. 13 (§ 5), dá o seguinte conselho:



A) “Precisamos examinar não só o que nós mesmos cremos, mas também o que é ensinado pela organização religiosa com que talvez nos associemos. Estão os seus ensinos em plena harmonia com a Palavra de Deus ou baseiam-se em tradições de homens? Se amarmos a verdade, não precisamos temer tal exame”.

     Obs.: Uma recomendação muito válida que conviria às “testemunhas de Jeová” aplicar a sua própria religião.



B) Um estudo cabal das doutrinas das “testemunhas” requer que seja empreendido numa perspectiva histórica, analisando-se as origens de seus ensinos e as razões por que se fixaram.

     Obs.: A idéia do Advento secreto, por exemplo, surgiu como explicação sucedânea ao desapontamento de Russell e seus associados em 1874. Para sustentar tal ponto de vista, teve de contornar uma série de problemas na interpretação de várias passagens bíblicas: a ressurreição corporal de Cristo teve de ser negada, o episódio da ressurreição dos justos foi reinterpretado segundo o ponto de vista do Advento secreto, etc.



2. O convite da própria Torre de Vigia:



A) Diz o evangelho que “pelas tuas palavras serás justificado e pelas tuas palavras serás condenado” (Mateus 12:37). Observemos estas pretensiosas declarações da Torre de Vigia:



     “Naturalmente é fácil dizer que este grupo [as “testemunhas”] age como ‘profeta’ de Deus. Outra coisa é provar isso. A única maneira em que isso pode ser feito é recapitular a história. O que demonstra ela? . . . estes estudantes da Bíblia haviam-se preocupado por muito tempo com Ezequiel e sua profecia. Em 1917, publicaram em inglês um livro intitulado ‘O Mistério Consumado’, que explicava tanto o livro de Ezequiel como o de Revelação. Este livro criticava os clérigos da cristandade como falsos para com a palavra de Jeová”.–“‘Saberão Que Houve um Profeta no Seu Meio’”, Sentinela, 1º de outubro de 1972.

     Obs.: Um convite para recapitular a história da organização para comprovar ser um ‘profeta’ de Deus, com base em O Mistério Consumado é surpreendente. Dito livro continha vários ensinos e interpretações proféticas hoje rejeitados por esse mesmo grupo, de supostos profetas, que outrora o difundia.



3. Alguns dos falsos ensinos de O Mistério Consumado, segundo será detalhado no estudo seguinte (Subt. II), são: O Segundo Advento de Cristo em 1874; a ressurreição dos salvos em 1878; a destruição das igrejas da cristandade em 1918 e morte de seus membros aos milhões no mesmo ano; a glorificação do “pequeno rebanho” (que seriam os membros da Torre de Vigia) em 1918; o desaparecimento das repúblicas envoltas em grande anarquia em 1920; o fechamento do “caminho celestial” (a oportunidade de salvação para os homens) em 1921; as sete últimas pragas: os sete volumes da coleção Studies in the Scriptures preparada por Russell; base profética das medidas da Pirâmide de Gizê; o Reino de Deus estabelecido na Palestina em 1915. . .



4. Afirmativas contraditórias quanto a tal livro:



A) Apesar de todos esses erros, o Santificado Seja, pág. 309, declara que com a publicação de O Mistério Consumado “começou uma execução dos profetas modernos de Baal da cristandade”.



B) O Cumprir-se-á Então alega que tal livro continha “profecias amargas para a humanidade rebelde” (pág. 258), mas acrescenta que explicava algumas profecias “cedo demais” (pág. 45). Diz ainda que “com o  decorrer do tempo, O Mistério Consumado mostrou ser insatisfatório” (pág. 252). No entanto, afirma que a publicação dele foi um soprar de “destruição ardente sobre eles [os líderes religiosos da cristandade] por . . . divulgar a exposição de doutrinas falsas e não cristãs dos cristãos apóstatas”, concluindo: “Todas estas mensagens bíblicas praticamente consumiram os inimigos, religiosos e políticos–Jeremias 5:14” (págs. 266 e 267).



C) O Seja Feita aponta a proscrição desse livro no Canadá e Estados Unidos por algum tempo como parte do cumprimento dos 1.260 dias de Apoc. 12:6 (págs. 166, 167 e 347).

     Obs.: Ocorre-nos, pois, perguntar:

     1º – Como um livro repleto de profecias falsas e interpretações negadas agora pela própria Torre de Vigia pôde ter criticado “os clérigos da cristandade como falsos para com a Palavra de Jeová”, quando o próprio conteúdo do livro é que se demonstrou falso?

    2º – Sendo que a Torre de Vigia cometeu tantos equívocos em suas interpretações das profecias de Apocalips e Ezequiel, como podemos confiar em suas atuais posições? Não poderiam posteriormente ser também consideradas “cedo demais” e “insatisfatórias”?

Fonte - O desafio da torre de vigia pags 11-15

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