Douglas Reis
Fonte - http://questaodeconfianca.blogspot.com.br/
O
mais destacado entre seus pares. Desde 2006, tive contato com a obra de um
aclamado escritor evangélico. Sua tônica: falar poética e contundentemente
sobre a graça divina. A decepção maior veio ao ler sobre a vida do autor em sua
autobiografia: um alcoólatra, que definha por reincidência no vício, o mesmo
que lhe causou o divórcio. Por mais que ele enfatize a graça em seus best sellers, sua vida pessoal é um
eloquente testemunho de desgraça.
Gostaria
que isso constituísse exceção entre os evangélicos pensantes, ou mesmo entre os
adventistas. Não é. Definir a graça como eterno perdão leva a abonar o pecado
na maioria dos casos. A graça que salva do pecado não apenas limpa o passado
(justificação), como também propicia condições para uma vida vitoriosa (santificação).
Sem essa segunda atuação da graça, é impossível a experiência futura da vitória
definitiva (glorificação).
A
teologia evangélica, reducionista, dissocia graça de estilo de vida. Faz
parecer que, não importa o que faça ou diga, a graça me salva sem implicar em uma
transformação do caráter, a não ser em termos bem gerais, como honestidade, por
exemplo. Assim, assuntos como vestuário, reforma de saúde, estilo de adoração,
separação de práticas mundanas recebe um chute de Tostão e fica simplesmente
fora do âmbito da discussão.
Estou
bem consciente de que serei mal interpretado. Afinal, o analfabetismo funcional
é o menor dos meus problemas, quando já há um quadro de analfabetismo bíblico
muito mais agravante… Porém, em respeito aos leitores inteligentes e com a
mente analítica, deixe-me tentar desenvolver o que disse.
Sempre
seremos essencialmente pecadores ao viver nesse planeta. Mas podemos ser
pecadores regenerados, experimentando a transformação diária, renovando a mente
pela palavra de Deus. A espiritualidade adventista não compartilha da mesma
base da visão evangélica. Entendemos o evangelho como uma mensagem equilibrada,
centrada em Jesus, Aquele que encarnou, morreu, ressuscitou e ascendeu ao céu,
de onde intercede por nós em Seu santuário. Salvação é obra que depende de um
Salvador Todo Suficiente.
Se
eu tivesse um saco de cimento com 50 kg para carregar e o campeão mundial de
levantamento de pesos estivesse por perto, a atitude mais inteligente seria me
afastar para ele fazer o que sabe. Minha melhor ajuda seria não atrapalhar! Cooperar
com o plano de salvação se traduz por colocar a vontade nas mãos de Deus, não
usar meu esforço pessoal para realizar sozinho o que Deus pede. A luta com a
vontade pecaminosa só poderá ser vencida pela atuação de Deus em mim por meio
do Espírito e mediante o poder que há nas Escrituras.
Como
entender a graça no contexto da visão adventista de salvação? A graça se
relaciona ao plano de Deus em reproduzir Seu caráter em nós. Não se resume ao
modo como Ele lida com os pecados que cometemos, mas inclui também o modo como
Deus me leva a tomar decisões práticas, a ser obediente em todas as áreas. Quem
confunde obediência com legalismo deveria, no mínimo, repensar seu adventismo e
se perguntar se as distorções evangélicas não têm afetado sua compreensão da própria
salvação. Temo que muitos se choquem tanto ao ler sobre isso porque sempre
pensaram como evangélicos, sem terem sido ensinados a pensarem como
adventistas. Trágico assim.
Espero que o Espírito de Deus abra o entendimento daqueles que estudam as Escrituras para permitirem que a graça realize uma obra completa em sua vida.
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