Testemunho de fé e coragem, no tempo da segunda guerra mundial
Fonte - http://vanessinhameira.blogspot.com.br/2010/03/john-weidner-o-schindler-adventista.html
segunda-feira, 15 de março de 2010
John Weidner: o Schindler adventista
André Trocmé
As histórias extraordinárias do pastor André Trocmé
e de John Weidner são boas ilustrações de cristãos que tiveram coragem
para preocupar-se durante o holocausto. Trocmé, um clérigo protestante,
abriu sua pequena cidade, Lê Chambon Sur Lignon, no Sul da França, para
os judeus e os protegeu. Sua esposa Magda Trocmé escreveu:
"Meu marido voltou à vila e falou com o conselho da igreja, e eles disseram: 'Ok, prossiga'. Logo depois, eles estavam dispostos a ajudar. nem sempre concordavam cem por cento com tudo o que meu marido dizia, mas concordavam em geral com ele, e assim ajudavam."[1]
André e Magda Trocmé
John Weidner,
um membro leigo da Igreja Adventista do Sétimo Dia, organizou a rede de
comunicações Holanda-Paris e salvou cerca de 800 judeus, 100 aviadores
aliados e muitas outras pessoas que fugiam da tirania nazista.[2]
Lembro-me de perguntar a John: "Por que você assumiu tal risco?" Sua
resposta foi: "Como um cristão adventista, eu não poderia aceitar ver
passivamente os valores que eu servia serem aniquilados".[3]
Em The Courage to Care, Weidner explica sua decisão:
"Eu me lembro de estar na estação ferroviária em Lyon, onde eu vi um grupo de mulheres e crianças judias que haviam sido presas e que estavam sendo deportadas para o leste. Uma mulher tinha um bebê em seus braços. O bebê começou a chorar e fez muito barulho na estação. O oficial da SS que estava no comando ordenou à mulher que fizesse o bebê parar de chorar, mas ela não conseguia fazer. O oficial tomou o bebê dos braços daquela mulher, esmagou o bebê no chão e prensou sua cabeça. Ouvimos o grito de dor daquela mãe. Foi algo terrível. E o tempo todo, os oficiais da SS ficaram em volta, rindo."
Este
evento teve tanto impacto em Weidner, que ele tomou sua decisão:
"Quando vi tais coisas acontecendo aos judeus, foi algo tão oposto ao
meu conceito de vida, a tudo o que fui ensinado a acreditar, que eu
senti que era meu dever em consciência ajudar a essas pessoas".[4]
Depois
da guerra, Weidner não tentou tirar vantagem de ações passadas. Levou
tempo antes que viesse um reconhecimento universal. Ele se descreveu
como uma pessoa comum e acrescentou: "Eu só fiz o que tinha que fazer, o
que minha consciência e ética me obrigaram a realizar".[5]
O
que Tec escreveu sobre a Polônia pode ser aplicado a muitos outros
países: "De fato, em nome da religião, alguns católicos protegeram os
judeus, outros permaneceram indiferentes ao sofrimento deles e outros os
denunciaram".[6]
Uma declaração forte das igrejas oficiais a favor dos perseguidos teria
salvo muitos mais dos nazistas. Quem pode argumentar contra essa
realidade?
Sendo
um cristão, também sou um membro da família cristã. aqueles que
confessam a Cristo são meus irmãos e irmãs. Não posso excluir os
pecadores da minha família. Não posso esquecer a maioria infiel e me
identificar apenas com a minoria fiel.
O
que aprendemos com Auschwitz? Aprendemos a ser construtores de pontes.
Auschwitz não deveria ser uma desculpa para o Estado de Israel violar os
direitos humanos, discriminar os não-judeus ou restringir a liberdade
religiosa. Por outro lado, Auschwitz deveria impedir que os cristãos
encontrassem novas roupas para encobrir um anti-semitismo latente.
Deveria nos ensinar a ser proativos ao defender os direitos humanos. O
que aconteceu ao povo judeu pode acontecer a outras minorias.
Preconceitos contra outras minorias religiosas e étnicas ou assim
chamadas seitas ainda estão ativos. Um ódio latente e constante ainda
reside no fundo do coração humano contra aqueles que são diferentes.
Em
resumo: Auschwitz deveria me ajudar a levar minhas crenças e valores
cristãos a sério e a recusar a vender minha alma ao diabo por
preconceito ou ideologia.
Gosto do modo como meu falecido amigo John Weidner concluiu seu testemunho em The Courage to Care:
"Durante nossas vidas, cada um de nós enfrenta uma escolha: pensar somente em si mesmo, ou servir, ser útil àqueles que estão em necessidade... Se eu tenho um herói, é Deus, que tem me ajudado a cumprir minha missão, a cumprir meus deveres, a fazer o que tenho que fazer. mas para mim mesmo, sou uma pessoa simples. Durante a guerra, fiz o que penso que todos deveriam ter feito".[7]
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