Azenilto G. Brito
UMA CRONOLOGIA IRREAL
I – Historiadores Incompetentes
1. Vimos como “historiadores” da “Sociedade” se esquecem, amiúde, de certos pormenores de sua história.
A) A verdadeira intenção de marcar-se o ano de 1914 (ver Est. nº 3; Subt. I).
B) A omissão de indicação dos livros Milhões Agora e The Way (Est. nº 3, Subt. III, § 10).
C) A declaração falsa de que as “virgens discretas” foram acordadas em 1919 “e nunca mais se puseram a dormir” (Est. nº 3; Subt. II, § 1, F).
2. Mas tais “historiadores” também cometem gaffes significativas quanto à história secular. Exemplos:
A) “O papado costumava proibir a leitura da Bíblia por qualquer pessoa fora da classe clerical. . . . Em 1799 o poder bestial de Roma, onde predominava a influência papal, foi mortalmente ferido”.– Criação, pág. 300.
B) “No fim do século seguinte, em 1799, Napoleão aprisionou o papa”.– Paraíso Perdido, pág. 168, § 34.
Obs.: Segundo as boas enciclopédias e livros especializados, a data correta para a prisão do papa é fevereiro de 1798. Atesta-o a Enciclopédia Italiana, vb. “Pio VI”, o Dictionaire des Papes, de H. Kohner, págs. 219, 220 (ed. 1958), a Enciclopédia Britânica e outras.
C) “Algum tempo depois da destruição da antiga Jerusalém, em 606 A.C. . . .”. Inimigos, pág. 189.
Obs.: a) Qualquer livro atual da Torre de Vigia indica que a data correta para a destruição de Jerusalém é 607 A.C.
b) Em ambos os casos, a “Sociedade” errou por 1 ano, diferença não muito alta, realmente, mas comprometedora para quem tem pretensões tão elevadas de direção teocrática.
c) Como se verá no subtítulo seguinte, a verdade é que nem 606 nem 607 A.C. corresponde ao ano historicamente estabelecido para tal evento, segundo dados precisos da Arqueologia e Astronomia.
II – Autoridades em Confronto
1. Os esquemas cronológicos da Torre de Vigia partem de datas estabelecidas historicamente: 539 A.C. (queda de Babilônia) e 537 A.C. (decreto de Ciro autorizando o retorno dos judeus cativos a sua terra).
2. Com tais datas, chegam a 607 A.C., supostamente o ano da desolação de Jerusalém por Nabucodonosor. A partir dessa data (607) traçam um esquema que leva ao “ano marcado” de 1914.
Obs.: Sendo que 1914 é uma “data marcada” extremamente importante para todo o arcabouço de interpretação profética e doutrinária das “testemunhas”, basta provar que estão equivocadas quanto ao ano 607 A.C. como data da desolação de Jerusalém e início dos 70 anos de cativeiro babilônico para destruir os próprios fundamentos da pretensiosa seita. É, pois, importante compreender bem este tema e suas implicações.
3. Historiadores e obras citados em Certificai-vos, cap. “Cronologia”, como autoridades que atestam as datas 539 e 537 A.C.:
A) The Encyclopaedia Americana, Vol. III, pág. 9 (ed. 1956), sobre queda de Babilônia em 539 A.C.
B) Jack Finegan, Light From the Ancient Past (publicação da Princenton Univ.), págs. 227-229 (ed. 1959), sobre queda de Babilônia em 539 A.C.
C) James B. Pritchard, Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament (publicação da Princenton Univ.), pág. 306 (ed. de 1955), sobre queda de Babilônia em 539 A.C.
D) Werner Keller, E a Bíblia Tinha Razão . . ., págs. 264, 265 (S. Paulo, ed. 1958), sobre o retorno dos judeus em 537 A.C.
4. O raciocínio para estabelecer a data da desolação de Jerusalém pelos babilônios e início do cativeiro, supostamente 607 A.C., é o seguinte: “70 anos contados para trás, desde o retorno dos judeus à Judéia em 537 A.C., até o tempo da desolação completa do país após a destruição de Jerusalém em 607 A.E.C.”– Certificai-vos, pág. 140.
Obs.: Referências bíblicas citadas: Dan. 9:2; Jer. 25:11, 12; 29:10; II Crôn. 36:20, 21 e obras de Flávio Josefo.
5. Contudo, o testemunho unânime das mesmíssimas autoridades citadas em Certificai-vos para atestar as datas 539 A.C. e 537 A.C. indica o ano de 586 A.C. como a data correta para a desolação de Jerusalém, e não 607. Senão, vejamos:
A) The Encyclopaedia Americana, Vol. XVI, pág. 31, art. “Jerusalem”: “Senaqueribe, o sucessor de Sargão, que destruiu Samaria em 722 A.C. e enviou as dez tribos para o exílio, marchou contra Jerusalém em 701 A.C., mas ele não a conquistou. Mais de um século depois, quando o rei Jeoaquim de Judá se rebelou contra Nabucodonosor, o exército babilônico ‘transportou a toda a Jerusalém, como também a todos os príncipes e a todos os homens valorosos. . . . E o rei de Babilônia estabeleceu a Matanias, seu tio, rei em seu lugar, e lhe mudou o nome em Zedequias’ (II Reis 24: 14, 17). Zedequias, porém, rebelou-se igualmente, de modo que Nabucodonosor retornou, destruiu Jerusalém e o templo e levou os judeus para Babilônia em 586 A.C. Quando Ciro da Pérsia conquistou Babilônia em 539 A.C., permitiu aos judeus retornar a Jerusalém e reedificar o templo”.
B) Jack Finegan, Light From the Ancient Past págs. 114 e 115: “7. O Novo Império Babilônico, 612-539 A.C. O Novo Império Babilônico logo teve de enfrentar um desafio do Egito. Em 605 A.C. o Faraó Neco marchou até o Eufrates. Nabopolassar enviou o seu filho, Nabucodonosor II, para enfrentá-lo e a batalha decisiva foi deflagrada em Carquemis. Neco foi derrotado e Nabucodonosor II perseguiu-o através da Palestina e até a fronteira do Egito. (Cf. Jeremias 46). Ali chegou a Nabucodonosor a notícia da morte de seu pai e ele
apressou-se em voltar à pátria a fim de assumir o trono (605-562)”. Ver também pág. 188.
Obs.: a) De acordo com II Reis 25:8-22, foi no 19º ano de Nabucodonosor que ocorreu o ataque decisivo dos babilônios a Jerusalém. Uma vez que Nabucodonosor assumiu o trono em 605 A.C., isso nos leva a 586 A.C. (605 – 19 = 586) como o tempo da desolação de Jerusalém. Essa data, 586, é atestada pelos mais consagrados historiadores, como Jack Finegan, ao falar do início do reinado do herói babilônico em 605.
b) A verdade é que a “Sociedade” é incapaz de indicar qualquer historiador de gabarito que dê apoio à data 607 A.C. para a desolação de Jerusalém.
C) James B. Pritchard, The Ancient Near East, an Anthology of Texts and Pictures, (publicação da Princenton Univ., 1958), pág. 205: “Nabucodonosor II (605-562) “(1) Dos documentos administrativos encontrados em Babilônia pode-se coletar agora alguma informação concernente à sorte de Jeoaquim, rei de Judá. Esses tabletes cuneiformes alistam entregas de óleo para subsistência a indivíduos que eram prisioneiros de guerra ou
dependentes de outras espécies da casa real. São identificados pelo nome, profissão e/ou nacionalidade. II Reis 25:27-30”.
Obs.: Nessa obra ainda mais recente de Pritchard, com novos dados da Arqueologia, ele confirma que Nabucodonosor começou a reinar em 605 A.C. O contexto da passagem de II Reis 25, indicada em seu livro, (vs. 8, 9 e ss.) revela que foi no 19º ano de reinado que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém destruindo a cidade e o Templo–portanto, em 586 A.C.
D) Werner Keller, E A Bíblia Tinha Razão. . ., págs. 245 a 248: “. . . os recibos de barro babilônios continham como data o 13º ano do rei Nabucodonosor, isto é, o ano 592 A.C.” (pág. 245).
Obs.: a) Se o 13º ano de Nabucodonosor corresponde a 592 A.C., seu 19º ano infalivelmente será 586 A.C.
b) Na pág. 242 desse livro há a confirmação de que Nabucodonosor ocupou o trono em 605 A.C.: “No ‘décimo mês’ (IV Reis 25-1) do mesmo ano de 588 A.C.–era ‘o nono ano’ do rei Sedecias–Nabucodonosor chegou de Babilônia com um exército poderoso. As forças punitivas avançaram com a rapidez do raio contra Judá rebelado. . .” (pág. 246).
“Durante dezoito meses Jerusalém foi sitiada e heroicamente defendida. ‘E a cidade ficou fechada e circunvalada até ao undécimo ano do rei Sedecias’ (IV Reis 25-2)” (pág. 248–grifos acrescentados).
c) Se o 9º ano de Sedecias (Zedequias) foi 588 A.C., o seu 11º será 586 A.C., quando a cidade foi desolada.
dependentes de outras espécies da casa real. São identificados pelo nome, profissão e/ou nacionalidade. II Reis 25:27-30”.
Obs.: Nessa obra ainda mais recente de Pritchard, com novos dados da Arqueologia, ele confirma que Nabucodonosor começou a reinar em 605 A.C. O contexto da passagem de II Reis 25, indicada em seu livro, (vs. 8, 9 e ss.) revela que foi no 19º ano de reinado que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém destruindo a cidade e o Templo–portanto, em 586 A.C.
D) Werner Keller, E A Bíblia Tinha Razão. . ., págs. 245 a 248: “. . . os recibos de barro babilônios continham como data o 13º ano do rei Nabucodonosor, isto é, o ano 592 A.C.” (pág. 245).
Obs.: a) Se o 13º ano de Nabucodonosor corresponde a 592 A.C., seu 19º ano infalivelmente será 586 A.C.
b) Na pág. 242 desse livro há a confirmação de que Nabucodonosor ocupou o trono em 605 A.C.: “No ‘décimo mês’ (IV Reis 25-1) do mesmo ano de 588 A.C.–era ‘o nono ano’ do rei Sedecias–Nabucodonosor chegou de Babilônia com um exército poderoso. As forças punitivas avançaram com a rapidez do raio contra Judá rebelado. . .” (pág. 246).
“Durante dezoito meses Jerusalém foi sitiada e heroicamente defendida. ‘E a cidade ficou fechada e circunvalada até ao undécimo ano do rei Sedecias’ (IV Reis 25-2)” (pág. 248–grifos acrescentados).
c) Se o 9º ano de Sedecias (Zedequias) foi 588 A.C., o seu 11º será 586 A.C., quando a cidade foi desolada.
dependentes de outras espécies da casa real. São identificados pelo nome, profissão e/ou nacionalidade. II Reis 25:27-30”.
Obs.: Nessa obra ainda mais recente de Pritchard, com novos dados da Arqueologia, ele confirma que Nabucodonosor começou a reinar em 605 A.C. O contexto da passagem de II Reis 25, indicada em seu livro, (vs. 8, 9 e ss.) revela que foi no 19º ano de reinado que Nabucodonosor investiu contra Jerusalém destruindo a cidade e o Templo–portanto, em 586 A.C.
D) Werner Keller, E A Bíblia Tinha Razão. . ., págs. 245 a 248: “. . . os recibos de barro babilônios continham como data o 13º ano do rei Nabucodonosor, isto é, o ano 592 A.C.” (pág. 245).
Obs.: a) Se o 13º ano de Nabucodonosor corresponde a 592 A.C., seu 19º ano infalivelmente será 586 A.C.
b) Na pág. 242 desse livro há a confirmação de que Nabucodonosor ocupou o trono em 605 A.C.: “No ‘décimo mês’ (IV Reis 25-1) do mesmo ano de 588 A.C.–era ‘o nono ano’ do rei Sedecias–Nabucodonosor chegou de Babilônia com um exército poderoso. As forças punitivas avançaram com a rapidez do raio contra Judá rebelado. . .” (pág. 246).
“Durante dezoito meses Jerusalém foi sitiada e heroicamente defendida. ‘E a cidade ficou fechada e circunvalada até ao undécimo ano do rei Sedecias’ (IV Reis 25-2)” (pág. 248–grifos acrescentados).
c) Se o 9º ano de Sedecias (Zedequias) foi 588 A.C., o seu 11º será 586 A.C., quando a cidade foi desolada.6. Outras obras abalizadas (dentre as muitas que a “Sociedade” costuma citar em seus artigos de revista e livros) que confirmam a data 586 A.C. como a da desolação de Jerusalém pelos babilônios:
A) The Encyclopaedia Britannica, vb. “Jews”, Vol. 13, pág. 48.
B) The International Standard Bible Encyclopaedia, vb. “Temple”, Vol. V, pág. 2934.
C) Dictionary of the Bible, W. Smith, sobre Nabucodonosor e Zedequias, págs. 445 e 768 respectivamente.
D) The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, Vol. XII, sobre Zedequias, pág. 501.
E) Deuses, Túmulos e Sábios, C. W. Ceram, pág. 384.
F) Collier’s Enciclopedia, vb. Nabucodonosor, Vol. 17, pág. 270.
G) Ver também Harper’s Bible Dictionary, Dicionário da Bíblia, de John Davis e Cyclopaedia, de John M’Clintock e James Strong.7. CONCLUSÃO: Por uma questão de coerência, se essas autoridades em História são citadas para confirmar certas datas admitidas pela Torre de Vigia, deveriam ser aceitas igualmente quando assinalam outras datas, sobretudo quando se relacionam com eventos tão próximos uns dos outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário