/ Blogs e Colunistas
Blog Reinaldo Azevedo
Fonte - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geralAnálises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil
07/05/2014
às 15:38Boko Haram – O mundo ignora a ação de milícias islâmicas que matam 100 mil cristãos por ano
A
milícia islâmica Boko Haram, que sequestrou mais de 200 meninas na
Nigéria, promoveu um massacre que fez entre 150 e 300 mortos, não se
sabe ao certo, no estado de Borno, nordeste do país (ver post). É um dos
braços da Al Qaeda no continente.
Digam-me
aqui: desde quando as milícias islâmicas aterrorizam o mundo, muito
especialmente países africanos? O que fez a comunidade internacional
diante do massacre de mais de 400 mil cristãos em Darfur, no Sudão? O
mais curioso é que, nos centros influentes de pensamento da Europa e dos
Estados Unidos (e até nas universidades brasileiras, que não são
influentes), fala-se numa certa “islamofobia”, que ninguém, até agora,
conseguiu definir direito o que é ou identificar.
O aspecto
religioso dos ataques promovidos por milícias islâmicas na África ou no
Oriente Médio desaparece depressa, é logo ignorado. A Igreja Católica e
as demais denominações cristãs parecem incapazes de denunciar com a
devida gravidade o que está em curso. Ao contrário até: na imprensa
ocidental, a esmagadora maioria das notícias acaba tendo um viés
anticristão por causa, vamos dizer, da “agenda progressista de
costumes”. No mundo, nenhuma escolha pessoal é, hoje em dia, tão mortal
como o cristianismo. Nos 45 dias que se seguiram à deposição de Mohamed
Morsi, no Egito, pelo menos 200 cristãos da minoria copta foram
assassinados. E a matança continua.
Em 2012, escrevi aqui,
105 mil pessoas foram assassinadas no mundo por um único motivo: eram
cristãs. O número foi anunciado pelo sociólogo Maximo Introvigne,
coordenador do Observatório de Liberdade Religiosa, da Itália. E, como é
sabido, isso não gerou indignação, protestos, nada. Segundo a Fundação
Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), 75% dos ataques motivados por
intolerância religiosa têm como alvos os… cristãos. Mundo afora, no
entanto, o tema quente, o tema da hora, em matéria de religião — e não é
diferente da imprensa brasileira —, é a chamada “islamofobia”.
Existe
islamofobia? Sem dúvida. Muitas vezes, no entanto, entra nessa categoria
a justa reação de países ocidentais à tentativa de comunidades
islâmicas de impor seus costumes à revelia da legislação dos países
democráticos que as abrigam. O dado inquestionável, no entanto, é que a
“islamofobia” gera, quando muito, manifestações de preconceito — em si
mesmo odiosas. Já a “cristofobia” causou a morte de 105 mil pessoas só
no ano passado. Há lugares em que ser cristão é, com efeito, muito
perigoso: Nigéria, Paquistão, Mali, Somália e… Egito — especialmente
depois da chamada “revolução islâmica”, ou “Primavera”, na linguagem,
vamos dizer assim, floral da deslumbrada imprensa ocidental.
Mas este
não é um assunto “quente”. Se algum extremista cretino atacar um
muçulmano no Ocidente, aí o debate pega fogo — e não que a indignação
seja imerecida. Mas cumpre perguntar: por que a carne cristã é tão
barata no imaginário da imprensa ocidental?
Há
cristãos sendo crucificados na Síria por jihadistas que promovem a
guerra civil contra Bashar Al Assad. Há poucos dias, ao saber disso,
consta, o papa chorou. Ocorre que a comunidade internacional, o papa
inclusive, tem de fazer mais do que chorar. Quem financia o Boko Haram?
Quem dá dinheiro às milícias islâmicas que aterrorizam a África?
É preciso
que se chame a atenção para o caráter religioso dessa guerra. A Nigéria,
com mais de 170 milhões de habitantes, tem uma discreta maioria de
cristãos na comparação com os muçulmanos: 49% a 48%, mais ou menos. Não
se tem notícia de milícias cristãs armadas. Reitere-se: o confronto que
mais mata hoje na Nigéria e no mundo é religioso, não étnico. E os
islâmicos estão na ofensiva terrorista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário