Fonte - Genizah
Tendo
em vista a aproximação do domingo de Páscoa percebi que valeria a pena
escrever algo que envolvesse o tema da ressurreição de Cristo, sendo
este um pilar fundamental da cristandade.
No
dia 18 de Maio de 2004 foram convidados para um debate no “The John
Ankerberg Show”, nos Estados Unidos, no qual John Ankerberg foi o
moderador. Os convidados para o debate forram dois respeitados
filósofos, um ateu e outro teísta. O filósofo ateu foi o renomado Dr.
Antony Flew, da distinta Universiry of Reading na Inglaterra, e o
filósofo teísta foi também renomado professor e filósofo cristão, Dr.
Gary Habermas, da igualmente distinta Liberty University in Lynchburg,
na Virgínia.
O
que tornou este debate especial foi o currículo destes dois filósofos.
Dr. Flew escreveu e publicou um número considerável de livros, jornais e
artigos famosos nas áreas da teologia filosófica e em especial um
importantíssimo artigo usado por muitos filósofos ateus sob o título
“Milagres”, publicado na “The Encyclopedia of Philosophy”, bem como seu
livro “New Essays in Philosophical Theology and the Ressurection
Debate”. Nestes textos Dr. Flew alega que os milagres não são
historicamente comprováveis, por isto devem ser desacreditados, o que
inclui a ressurreição de Jesus.
O
Dr. Habermas também também escreveu um considerável número de livros,
em especial sobre a ressurreição. Um deles sob o título “The Historical
Jesus: Ancient Evidence for the Life of Christ”, no qual foi documentado
129 fatos históricos concernente a vida, pessoa, ensino, morte e
ressurreição de Jesus. O Dr. Habermas é a maior autoridade acadêmica
sobre a ressurreição de Jesus em nossos dias, e possivelmente ninguém
tenha estudado e coletado evidências sobre a ressurreição de Jesus o
tanto quanto ele, nos últimos dois mil anos.
Com
base nestas informações, é possível compreender o peso deste debate e
toda a argumentação, teses e antítese que envolveram este momento
histórico. Este debate foi gravado reproduzido na integra no livro
“Resurrected? An Atheist and Theist Dialogue”.
Nos
próximos dias aproximadamente 2.185.060.000 cristãos celebrarão a
ressurreição de Jesus Cristo, enquanto quase 5.000.000.000 rejeitam
fortemente esta possibilidade, como os ateus e muçulmanos e os demais
não fazem qualquer esforço para crer em tal coisa e um grande número
destes nem sequer sabem que Jesus nasceu, quanto mais se ele morreu.
A
ressurreição de Jesus é um dos pilares inegociáveis cristianismo,
negá-lo e por em causa todas as demais doutrinas cristãs, pois sem a
ressurreição de Jesus nada no Cristianismo se sustenta ou tem algum
valor real, visto que se Jesus estivesse ainda morto, suas palavras
perderiam sua autoridade, seus milagres questionados, sua divindade
improvável, e a esperança da eternidade seria uma utopia, para além de
sermos completamente cegos por insistir em adorar, orar e se relacionar
com um Deus morto.
Ryrie afirma que "O Evangelho é a boa nova sobre a morte e ressurreição de Cristo.”[1]
Portanto,
sem a ressurreição de Jesus teríamos “meio” evangelho para salvar o
mundo “todo”. É imprescindível que os cristãos sejam convictos e seguros
de que a ressurreição de Jesus é um ato consumado e inquestionável,
embora o mundo questione.
No
entanto seria a nossa fé cega o suficiente para aceitar o contrário
daquilo que nós acreditamos? Será que nossa fé é uma fé sem sentido
lógico e incompatível com as realidades históricas e científicas? Será
que fomos todos tomados pelo mesmo absurdo que tomou os cristãos do
primeiro século? Será possível que Jesus não tenha ressuscitado coisa
alguma e tudo não passa de uma bonita lenda? São perguntas que merecem
nossa atenção.
Segundo
o filósofo e escritor Jack Kent, em seu livro “The Psychological
Origins of the Ressurrection Myth”, há duas razões pelas quais seria
possível explicar a experiência dos primeiros cristãos com respeito a
ressurreição de Jesus. Em primeiro lugar seria uma “alucinação coletiva
originada pela dor” - ou seja as mais de 500 testemunhas oculares que
testemunharam do aparecimento de Jesus após sua ressurreição, foram
todas tomadas por uma síndrome de alucinação, muitas em grandes grupos,
num espaço de quarenta dias.
A
segunda razão é um pouco mais complexa, pois envolve uma testemunha
ocular do Cristo ressurreto mas que não era cristã, no caso Saulo. Neste
caso, a explicação de Jack Kent é que Saulo sofria de uma ou duas
desordens psíquicas, uma seria “desordem da conversão” - isto quer dizer
que Saulo foi contagiado de alguma forma pelas muitas conversões que
aconteciam naqueles dias, e a outra ou ainda, Saulo sofria do Complexo
do Messias - isto quer dizer que Saulo tinha tantas expectativas quanto a
chegada do Messias, que foi contagiado por este complexo ao ter que
lidar com cristãos tão convictos de que Jesus era de fato o Cristo.
Uma
outra possibilidade, é a que aparece nas Escrituras, que é a
possibilidade do corpo ter sido roubado do túmulo, pelos próprios
discípulos alucinados. No entanto, as autoridades judaicas com medo
desta hipótese solicitaram que alguns guardas vigiassem o túmulo, no
entanto, os mesmos guardas foram testemunhas da ressurreição de Jesus,
mas foram subornados pelos judeus para não falarem sobre o assunto (Mt
27:62-68; 28:1-15).
O
evangelista Mateus narrou o episódio da ressurreição de Jesus da
seguinte forma: “No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da
semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. E eis que
houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu,
chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era
como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas
tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos.” (28:1-4). E
ainda: “E, indo elas, eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram
aos principais sacerdotes tudo o que sucedera.” (28:11).
Quem
mente no texto não são os discípulos, mas as autoridades judaicas. Os
discípulos tinham uma série de obstáculos para vencerem a fim de que
esta hipótese pudesse ser verdadeira, o que seria impossível. Como por
exemplo enfrentarem uma guarda romana, romper o selo do túmulo, carregar
e esconder o corpo, etc. Resta portanto aqui a versão lógica do
testemunho dos guardas, das mulheres e do túmulo vazio.
Uma
outra hipótese seria a de que Jesus teria desmaiado na cruz, e depois
de alguns dias tivesse recobrado o juízo e saído do túmulo por si mesmo,
e então se apresentado aos discípulos numa falsa ressurreição. O
problema aqui é grave para a ciência provar a possibilidade de um
possível desmaio que tenha durado quase três dias, e como este corpo
terrivelmente debilitado foi capaz de romper os selos e rolar a pedra
que fechava o túmulo e perambular por aquela região num espaço de
quarenta dias no estado crítico no qual foi removido da cruz.
Então
nossas mais significantes antíteses são alucinação coletiva originada
pela dor, desordem da conversão, complexo do Messias, roubo do corpo e a
não morte e continua aparência de um corpo no estado deplorável no qual
se encontrava o corpo de Jesus, e tudo isto sem UMA ÚNICA evidência.
A
realidade é que temos evidências suficientes para além dos evangelhos
para acreditarmos na ressurreição de Jesus. Segundo Habermas [2] para se
chegar a estas evidências podemos percorrer os seguintes caminhos: i)
Utilizar somente os recursos que comprovam os fatos - estes recursos
são: Públio Cornélio Tácito que mencionou em seus escritos a execução de
Jesus durante o reinado Tibério Cláudio Nero César, no período em que
Pôncio Pilatos foi prefeito da província romana da Judeia; O satirista
grego do segundo século chamado Luciano, que mencionou em seus escritos a
crucificação de Jesus; Mara Bar-Serapion que foi um escritor sírio,
considerado, por alguns, como aquele que forneceu uma das primeiras
referências não judaica e não cristã sobre Jesus, isto numa carta to
primeiro século onde ele recomenda a seu filho para imitar a Jesus; Os
escritos de Flávio Josefo e dos escritores Gaio Suetônio Tranquilo,
Talo, Plínio o Jovem, Justino Mártir, Tertuliano e o Sanedrim judeu. E
poderíamos recorrer ainda ao Alcorão, mas a maioria dos filósofos não
aceitam o Alcorão como uma narrativa histórica fiável. ii) Habermas diz
que estes mesmos fatos fornecem um conteúdo seguro para evidenciar a
ressurreição de Jesus. iii) Habermas reclama o direito de ser ouvido,
visto até que não fez uso sequer dos evangelhos para provar sua tese.
E
para concluir, Habermas [3] apresenta quatro fatos, selecionados entre
doze fatos inquestionáveis, que evidenciam a ressurreição de Jesus.
1.
Jesus morreu de forma terrível na cruz do calvário, algo que nenhum
historiador respeitável nega devido ao volume de evidências externas,
isto é extra-bíblicas, que comprovam este fato histórico.
2.
Os discípulos tiveram algumas experiências lúcidas nas quais eles
acreditavam terem visto o Cristo ressuscitado. Isto envolve um numero
muito grande de testemunhas e um espaço de tempo considerável entre uma
aparição e outra.
3.
A vida daqueles que viram o Jesus ressuscitado foi completamente
transformada e passaram a estar dispostos a morrerem por esta verdade.
4.
Paulo, um crítico e assassino de cristãos, pessoas as quais arrastou
para prisões, se converteu ao evangelho através de uma experiência que
ele acreditou ser uma visão do Cristo ressurreto.
Estas
evidências devem servir para fortalecer a nossa fé, e não para que
tenhamos recursos o suficiente para provar para o ímpio a nossa tese. Na
verdade nenhuma diferença faz se um ímpio acredita na ressurreição de
Jesus ou na existência das girafas, se ele não estiver disposto a ser
transformado pelo Cristo que venceu a morte. No entanto, para nós
cristãos, conhecer tais detalhes certamente nos enriquece a fé, a paixão
e convicção de que estamos no caminho certo.
Bibliografia:
[1]Willard, Dallas. A Conspiração Divina. Editora Mundo Cristão, 2001.
[2]Gary R. Habermas and Antony Flew, Resurrected? An Atheist and Theist Dialogue (Lanham, Md.: Rowman & Littlefield Publishers, 2005).
[3]Idem, 12.
Luis A R Branco é colaborador do Genizah
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