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Banalização do culto |
“Minha
casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:7). Esse foi
um dos versos bíblicos lidos ontem no projeto Reavivados por Sua Palavra
(#rpsp), e que me colocou para pensar em duas situações contrastantes.
Recentemente, estive em uma igreja e, enquanto aguardava numa antessala o
momento de assumir o púlpito e pregar, um jovem (não era um adolescente),
sentado ao meu lado, jogava em seu smartphone.
Era sábado e ele estava dentro da igreja. Infelizmente, essa não é uma situação
isolada. Cada vez mais e mais pessoas, crianças e adultos, perdem a noção de
que a igreja é casa de oração e de que ali Deus vem para encontrar Seus
adoradores. Assistimos ao surgimento de uma geração irreverente, desconectada
de Deus e cada vez mais conectada ao mundo virtual. Vivemos num país de tantas
facilidades... Podemos cultuar a Deus em paz em nossas igrejas. Temos acesso
fácil à Bíblia. Podemos comprar nossas lições da Escola Sabatina. Podemos com
liberdade distribuir livros de casa em casa e transmitir nossos programas no
rádio e na TV. Isso tem nos deixado acomodados e nos feito perder o senso da
preciosidade que temos. Há pessoas que nem sequer imaginam como é servir a Deus
com liberdade.
Ontem
conversei um pouco com a jornalista e amiga Fabiana Bertotti, que está morando há
alguns meses com o marido em Londres (confira).
Perguntei-lhe como estavam as coisas e se eles já haviam se adaptado ao novo
país e à nova cultura. A resposta dela me fez pensar no contraste com a nossa
situação aqui no Brasil. Ela me escreveu:
“Aqui
eles comemoram quando batizam um inglês (entenda-se branco, de pais e avós
ingleses). Pra você ter ideia, há um ano e meio reformaram o tanque batismal da
Central de Londres... e só inauguraram ontem. Quatro batismos, nenhum inglês.
Tudo imigrante. O verdadeiro campo missionário é a Europa... Se bem que o mundo
todo é bem diferente do que vemos aí na América do Sul. Estava conversando com
o pastor Elbert Kuhn, que está na Mongólia (confira), pois estou num projeto da Associação
Geral e estou conhecendo todas as Divisões [adventistas]. É outra vida. Até
escrevi um post sobre uma amiga
coreana da escola; leia lá no blog... Jesus é ‘alguém’ de quem já ouviram
falar... só. Tem hora que dá um desespero, pois você não sabe o que fazer, como
fazer... Como que nada funciona, por que tudo é lento? Tenso!
“Entrevistei
pessoas para esse projeto que nem entrevista podem dar, pois podem morrer. Vou
ter que contar a história do pastor Monteiro [adventista preso por mais de um
ano no Togo] de uma forma supermascarada, pois a igreja pode ser fechada lá,
dependendo do que se diz. É gente que faz culto escondido, para não ser morto
pela milícia, pelos vizinhos, pelo governo.
“Última
história: um garoto muçulmano sonhou com batismo, não sabia nada do assunto,
descobriu o cristianismo, convenceu a família, que se converteu. Os mulçumanos
radicais mataram um filho e ameaçaram matar toda a família. Eles saíram [de seu país],
pediram asilo em Londres e vivem aqui protegidos pelo governo. Frequentam uma
igreja em que fui dia desses. Vivem escondidos, pois, se os radicais descobrem
onde estão, vêm pra matar o resto da família! Fiquei chocada. Isso é fé! O
resto é conveniência...”
Fiquei
pensando em tudo o que a Fabi me escreveu. Nas facilidades que temos por aqui e nas pessoas que não
dão valor a tudo isso. Enquanto alguns entregam a vida por uma Bíblia, outros jogam videogame na igreja. Enquanto alguns
suspiram por poder participar de um culto, outros tratam a igreja como um
clube.
Deus tenha misericórdia de todos nós!
Michelson Borges
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