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domingo, 20 de abril de 2014

Atos proféticos - A nova moda neo pentencostal

Fonte - Genizah 

Sobre atos proféticos, Alan Brizotti já escreveu aqui:


Uma das grandes marcas do nosso tempo é o avanço da mediocridade. No âmbito teológico não é diferente. Algumas mentes “ungidas” criaram um híbrido de “unção” junto com pouquíssimo bom senso batizado de “ato profético”. A culpa é de Ezequiel e os ossos secos (Ez. 37) e alguns outros movimentos baseados nessa “inspiração profética”.

Hoje quase tudo é “profético”. É oração profética, louvor profético, oferta profética, abraço profético, raiva profética e até blog profético! O problema é que se tudo é profético, qual é o objeto da profecia? A quem profetizo?

A Bíblia tem um padrão definido: Deus fala a um profeta, e esse profeta fala ao povo! Agora, se todo mundo é profeta, onde está o povo? Com quem Deus está falando? Na Bíblia, quando um profeta “profetizou” a outro profeta – e não ao povo – deu problema: o profeta velho de I Reis 13.

O abracadabra gospel é viciado em fórmulas mágicas, óleos ungidos e apetrechos sagrados. É a veia animista nunca curada. O vocábulo “profético” tem se tornado numa espécie de senha divina para conferir legitimidade aos atos dos líderes. É a versão pós-moderna horripilante dos “Atos dos Paipóstolos”.


Nesta páscoa, Valadão tirou os sapatos de leão do armário...

Ou como escreveu Augustus Nicodemus:


Acredito que o argumento para “profecias encenadas” ou “atos proféticos” tão em voga hoje nos shows e cultos do movimento gospel e do pentecostalismo sincrético é que, no passado, Deus mandou seus servos transmitirem mensagens ao povo usando objetos e dramatizando a mensagem. Não é difícil achar exemplos disto no Antigo Testamento. Deus mandou que Jeremias atasse canzis (cangas) ao pescoço como símbolo do cativeiro do povo de Israel (Jer 27:2); mandou que comprasse um cinto de linho e o enterrasse às margens do Eufrates até que apodrecesse, como símbolo também da futura deportação dos judeus para a Babilônia (Jer 13:1-11); determinou que ele comprasse uma botija de barro e quebrasse na presença do povo, para simbolizar a mesma coisa (Jer 19:1-11). O Senhor mandou que Isaías andasse nú e descalço por três anos, como símbolo do castigo de Deus contra o Egito e a Etiópia (Is 20:3-4). Há outros exemplos demprofetas que poderiam ser citados.

No Novo Testamento, o único exemplo de um profeta falando a Palavra de Deus e ilustrando-a com um ato simbólico é o do profeta Ágabo, que usando um cinto, amarrou seus próprios pés e mãos para simbolizar a prisão de Paulo (At 21:10-11).

Ao tentarmos entender a “teologia” dos atos proféticos da Bíblia percebemos alguns traços comuns a todas as ocorrências.
  • Elas foram determinadas a profetas de Deus, como Isaías e Jeremias, os quais foram levantados por Deus para profetizar sobre o futuro da nação de Israel e a vinda do Messias. Ou seja, tais atos tinham a ver com a história da salvação, o registro dos atos salvadores de Deus na história.
  • Estes atos simbólicos ilustravam revelações diretas de Deus para o seu povo através dos profetas. No caso de Ágabo, tratava-se de uma revelação sobre a vida do apóstolo Paulo, homem inspirado por Deus, que o Senhor haveria de usar para escrever a maior parte do Novo Testamento. Portanto, a mensagem de todos aqueles atos proféticos se cumpriu literalmente, como os profetas disseram que haveria de acontecer.
  • Sem revelação direta, infalível e inerrante da parte de Deus, não há atos simbólicos. Eles eram ilustrações destas revelações. Uma vez que não temos mais profetas e apóstolos, que eram os canais destas revelações infalíveis, não temos mais estes atos proféticos que acompanhavam ocasionalmente tais revelações.
  • Nesta compreensão vai o autor de Hebreus, que relega ao passado aqueles modos de Deus falar ao seu povo. Agora, Deus nos fala pela sua dramatização maior e suprema, a encarnação em Jesus Cristo (Hb 1:1-3).
  • Tanto assim, que os únicos atos simbólicos que o Senhor Jesus determinou ao seu povo, e cuja mensagem é fixa e imutável, foi que batizassem os discípulos com água e comessem pão e bebessem vinho em memória dele. Tais atos ilustram e simbolizam nossa união com o Salvador. Fora disto, não encontramos qualquer outra recomendação do uso de atos simbólicos para transmitir a mensagem do Senhor.
Portanto, para mim, estes “atos proféticos” atuais e profecias encenadas nada mais são que uma tentativa inútil – para não ser crítico demais - de imitar os profetas e apóstolos, na mesma linha destes que hoje reivindicam, em vão, serem capazes de fazer a mesma coisa que aqueles fizeram.

Atos de Profetas


Sobre o assunto, escreveu Danilo Fernandes:

Contestando as ações dos modernos apóstolos que ao reivindicarem para si uma autoridade usurpada não passam de enganadores e escarnecedores da Palavra, só nos resta abandonar os atos proféticos e, com algum humor, nos voltarmos para os ATOS DE PROFETAS

Diferentemente do que dizem, representam ou fazem os profeteiros dos dias atuais, as Sagradas Escrituras nos lembram que os atos dos verdadeiros profetas muitas vezes envolvem:

- A coragem de fazer aquilo que o Senhor lhes mandou fazer, contestando muitas das vezes uma elite explorando a religião e uma multidão fascinada por esta;

- A determinação para seguir obedecendo ao Senhor, mesmo diante da violência, incompreensão, sacrifícios, dor, perdas e dos resultado visíveis da missão. Contudo sabendo que,  diante destas dificuldades,  tudo podem Naquele que os fortalece.

- A coragem para dedicar a sua vida a uma causa, largando casa, conforto, segurança para viver da Obra, sendo que há dias em que vai faltar o que por na mesa; vai faltar o teto; e haverá perigo de vida. E sabendo, que mesmo estando contigo, poderá o Senhor permitir a fome, o ferimento e a morte. Pois os verdadeiros profetas sabem que tais coisas podem ocorrer ao justo, não porque lhes faltou fé ou obediência, mas para seu crescimento; ou mesmo porque estes podem ser os planos do Senhor.

Ele pode parecer um idiota e até agir como um idiota, mas não se deixe enganar: é mesmo um idiota! Groucho Marx

 

 Atos de patetas

Olhando por outra lente, fico a pensar como seria diferente a vida dos profetas, caso Kenneth Hagin, Peter Wagner e os seus miquinhos, seguidores  da confissão positiva, reescrevessem o relato bíblico:

- Os profetas não falariam o que procede de Deus, mas com Deus exigindo a sua benção sem medida.


- Os profetas não exortariam o povo, mas os incentivaria a tomar posse de sua vitória.

- As músicas de Damares seriam uma coletânea do melhor do pensamento profético vitorioso de Gizuz.

- Isaias jamais teria andando de bunda de fora, tomaria posse de uma calça Armani;

- Jonas teria poupado uma viagem e o sofrimento de comer sushi de dentro para fora

- Neemias seria empreiteiro milionário, sem nunca ter passado pelo perrengue de administrar obra com aquela gente que lhe cabia;

- Paulo jamais seria preso e ainda arrumaria um contrato milionário para fabricar tendas para o exército romano

- Sansão teria vivido para sempre com Dalila e da renda de uma rede de franquia de cabelereiros;

- Pedro teria comprado de Cerrullo a unção papal e contruido, com a grana dos dizimos, a sua "sistina" à beira do mar da galileia .

- João Batista, após ter liderado um movimento hippie por alguns anos, faria fortuna como dono de um SPA e TERMAS às margens do Jordão e sua clientela  seria a nata dos fariseus e saduceus, isto sem falar de sua linha de cremes à base de mel e exfoliação de gafanhotos, o favorito da enteada de Herodes.

- Jeremias não teria passado nem privação, porrada ou prisão e teria morrido rico explorando a melhor empresa de mudanças de sua época, a BORABABILÔNIA.

- Moisés teria exigido comissão sobre a venda da terra prometida; e

- por ai vai.

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