Fonte -Megaphone Adventista
Sermão completo e polêmico do Pr. Horne Silva no Unasp
Sermão apresentado no dia 1º de março deste ano pelo pastor e doutor Horne Silva no UNASP, campus São Paulo. Leia e tire suas conclusões. Publicado no Criacionismo.
O ser humano normal, em âmbito intelectual, moral e espiritual, sabe e sente que há um Ser superior, um Criador de todas as coisas. Esse homem (sentido genérico) sente a necessidade de reverenciar e prestar um culto de adoração a Deus. No Salmo 42:2, Davi diz que sua “alma tem sede de Deus”. Todos nós cristãos participamos desse sentimento de Davi e podemos dizer com ele: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor.” Vamos à casa do Senhor para quê? Para prestar-Lhe culto. Mas o que é culto? Jesus, falando à mulher samaritana, disse: “Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para Seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os Seus adoradores O adorem em espírito e em verdade” (João 4:23, 24). Gosto disto aqui: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai.”
E,
então, o que é um culto? É adoração a Deus. Ok. Está claro, mas por que
vou adorar a Deus? Adoro a Deus em virtude do que Ele é. Todavia, tudo
que sei a respeito de Deus foi o que Jesus disse: “Quem vê a Mim, vê o
Pai” (Jo 14:9). Quer dizer que quem quer conhecer a Deus tem que ver
Jesus. Mas quem é Jesus? Jesus é o Senhor, é o Deus do Antigo Testamento
que Se encarnou tornando-Se homem. Que ressuscitou e hoje está nos Céus
e intercede por nós, para nos salvar.
Segundo Hebreus 1:1, 2, esse Jesus é o Criador de todas as coisas; Ele é
onipotente, onisciente, onipresente; Ele é o grande El Shadday, o
mistério dos mistérios, o Deus de amor.
Bom, já que eu sei o que é Deus e quem Ele é, como posso prestar honra a
esse Deus? Como posso homenagear esse Deus? Prestando-Lhe um culto. O
problema é que nossa geração está perdendo o senso do que é Deus e da
Sua presença. Hoje, a criatura quer assumir o papel do Criador. Estão
dizendo que “deus está dentro de você mesmo”. “Adore você mesmo.” Nossa
geração está, literalmente, rejeitando a Deus. É por isso que vemos em
nossos cultos a prática de uma adoração que busca o prazer para os
adoradores, fazendo do culto um espetáculo, um show para agradar às
pessoas.
Ivan Espíndola de Ávila, pastor evangélico ex-presidente da Sociedade
Bíblica do Brasil, diz: “O púlpito esvaziou-se, e os pastores, que não
têm mais mensagem que falem ao coração do rebanho, gostam de dizer que
não são mais pregadores e, sim, comunicadores. A tribuna sagrada foi
substituída pela plataforma, em que se apresentam conjuntos musicais
estridentes, alheios à noção do sagrado. Os cultos têm aspecto de shows,
e a mensagem foi sorrateiramente eliminada. Há sobra de ruído e
carência de verdadeira comunhão.”
Em 1984, publiquei um livro de 389 páginas intitulado Culto e Adoração.
Já faz 30 anos desde sua publicação – e o culto mudou, mas não foi para
melhor. Poderíamos gastar muito tempo analisando as diferentes partes do
culto, mas não temos tempo para isso. Quero falar sobre um aspecto do
culto que está se tornando a parte principal da adoração: a música.
Sutilmente, o tipo de música que usamos na igreja está mudando e
afetando a liturgia. Os ouvintes não têm paciência e preparo para ouvir
um sermão expositivo ou doutrinário, uma boa pregação. Eles querem
mensagens leves, com forte apelo emocional. O pregador é mais um
narrador, um comunicador falando numa entonação e linguagem melosa.
Como Igreja Adventista temos uma orientação para a música apropriada
para o culto? Temos. Ótimo, problema resolvido. Não, não está resolvido,
porque não seguimos a orientação que temos. Veja o que diz o Manual da
Igreja, p. 151: “Toda melodia que partilhe da natureza dojazz, rock ou
formas híbridas relacionadas, ou toda linguagem que expresse sentimentos
tolos ou triviais, serão evitadas.”
Veja aqui o que diz a Lição da Escola Sabatina do 3º trimestre de 2011,
p. 73: “É difícil dizer a diferença entre o que está sendo tocado na
igreja e o que está sendo tocado como música secular (porque,
francamente, não há diferença).”
Será que não sabemos discernir que o sagrado vem de cima e o profano vem
de baixo? Que essa “música gospel” é um engodo do diabo? Será que
Igreja Adventista tem uma clara e segura orientação de Deus?
No livro Música, de Ellen G. White [que não contem tudo o que ela fala
sobre o assunto], o então diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White,
Alberto Ronald Timm, diz o seguinte: “São orientações de Deus,
extraídas dos escritos de Ellen G. White por seu neto Arthur White, a
pedido da Associação Geral” (p. 7). Vejamos algumas dessas orientações
de Deus:
“Não é o cantar forte que é necessário, mas a entonação clara, a
pronúncia correta e a expressão vocal distinta” (p. 24). “Pode-se fazer
grande aperfeiçoamento no cantar. Pensam alguns que, quanto mais alto
cantarem, tanto mais música fazem; barulho, porém, não é música. O bom
canto é como a música dos pássaros – suave e melodioso. Tenho ouvido em
algumas de nossas igrejas solos completamente inadequados ao culto na
casa do Senhor. As notas prolongadas e os floreios, comuns nas óperas,
não agradam aos anjos” (p. 25, 26).
“Os que fazem do canto uma parte do culto divino, devem escolher hinos
com música apropriada para a ocasião, não notas de funeral, porém
melodias alegres e todavia solenes. A voz pode e deve ser modulada,
suavizada e dominada” (p. 30).
“Quão impróprias essas vozes agudas, estridentes, para o solene e
jubiloso culto de Deus! Desejo tapar os ouvidos, ou fugir do lugar, e
regozijo-me ao findar o penoso exercício” (p. 32).
“Vi que todos devem cantar com o espírito e também com entendimento (1Co
14:15.) Deus não Se agrada de barulho e desarmonia... E quanto mais
perto puder chegar o povo de Deus do canto correto, harmonioso, tanto
mais será Ele glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos
impressionados favoravelmente” (p. 32, 33).
“...e quando chegam a uma nota alta, fica impossível de ouvir qualquer
palavra da congregação em seu canto, nem ouvir outra coisa, a não ser
grunhidos parecidos com os que são emitidos por deficientes mentais” (p.
36, 37).
“Eles gritavam e cantavam suas canções até que se tornavam realmente histéricos” (p. 37).
“A verdade para este tempo não necessita disso para conseguir a
conversão de pessoas. Uma balbúrdia de barulho fere os sentidos e
perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção” (p 39).
“Por essas coisas os incrédulos são levados a pensar que os adventistas do sétimo dia são um bando de fanáticos” (p. 42).
“Canções frívolas e partituras de músicas populares de sucesso parecem estar de acordo com seu gosto” (p. 48).
“A movimentação física no cantar é de pouco proveito. Tudo que de algum
modo está ligado ao culto religioso deve ser elevado, solene e
impressivo” (p. 64, 66).
“Notas ásperas e gesticulações exageradas não são exibidas entre os
componentes do coro angelical. O cântico deles não irrita os ouvidos. É
suave e melodioso, e ocorre sem esse grande esforço que tenho
testemunhado. Não é algo forçado, que requer muito esforço físico” (p.
67).
Convido os meus ouvintes a que, se possível, leiam o contexto e vejam os
princípios que Ellen G. White traz para a igreja. Agora, e a Bíblia?
Não fala nada? Não precisa falar muito para incluir tudo que é certo e
errado quanto à música. Vamos ler Amós 5:23, que diz: “Afasta de Mim o
estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas
liras.” A Bíblia na Linguagem de Hoje é mais clara: “Parem com o barulho
das suas canções religiosas; não quero mais ouvir a música de harpas.” E
a Bíblia Viva é ainda mais enfática: “Acabem com esse barulho das suas
canções; eles são um barulho que incomoda Meus ouvidos. Não ouvirei suas
músicas, por mais belas que sejam.”
Ao profeta Ezequiel Deus disse: “Ao Meu povo ensinarão a distinguir
entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o imundo e o limpo”
(Ez 44:23). Espere! Vamos com calma. Estamos vivendo numa nova era.
Temos que levar em consideração a cultura. Cultura? Consideremos o
seguinte:
1. Que tal se disséssemos aos europeus que no Brasil adoramos a Deus ao
som de samba, frevo, forró, pagode ou axé? Esses são ritmos mais
relacionados com a cultura brasileira. E não o rock, o blues, o jazz,
swing da música gospel.
2. O que você vai fazer com a Bíblia? Ela está cheia de cultura, e
cultura milenar. E ainda oriental. E os livros da senhora Ellen G.
White, escritos há mais de cem anos? O Deus que eu adoro e o Deus que a
Igreja Adventista adora é um Deus que está além da cultura; Ele não
muda. “Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb 13:8).
O problema é que a igreja quer se tornar como o mundo, com a desculpa de
trazer os que estão fora, no mundo. Mas com isso ela está se
“mundanizando”, secularizando.
Kenneth Wood foi professor, escritor e diretor do Centro White por 28
anos. Ele diz categoricamente: “A igreja nunca presta um serviço ao
pecador comprometendo-se com o mundo. É melhor que os não regenerados
permaneçam fora da igreja até que se submetam aos princípios da igreja,
do que ela [a igreja] se tornar semelhante ao mundo, alistando como
membros aqueles que desejam trazer suas normas, seus costumes e gostos.”
O pastor Ted Wilson, presidente mundial da Igreja Adventista, falando
para a América do Sul, disse que “o avanço do mundanismo em muitas de
nossas igrejas é alarmante”. É claro que é alarmante. No entanto,
devemos ter equilíbrio. Equilíbrio em quê? Equilíbrio entre o sacro e o
secular? Entre o santo e o profano? Existe equilíbrio entre o “assim diz
o Senhor” e o coração enganoso do homem? “Que comunhão pode ter a luz
com as trevas”? (2Co 6:14). Equilíbrio entre nossas convicções pessoais e
a orientação divina? Salvação não é questão de equilíbrio, mas de fé e
santificação. O que devemos fazer?
Tenho conhecimento e vivência para mostrar o problema e dar a solução.
Mas prefiro que Ellen White nos diga o que devemos fazer, numa citação
que não está no seu livro Música. Depois de escrever um capítulo inteiro
sobre diversos aspectos da música, ela termina dizendo que “há uma obra
a fazer: remover o lixo [rubbish] que se tem trazido para dentro da
igreja” (Evangelismo, p 512). Precisa ser mais claro? Quem vai fazer
isso? Eu tenho a resposta. Mas quero deixar para um homem de Deus
responder, na pergunta que o pastor Kenneth Wood faz: “Tornar-se-á a
música do mundo música da igreja? A resposta cabe aos responsáveis pela
liderança da igreja nestes tempos solenes, e aos que suspiram e gemem
por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela (Ez 9:4).”
Ó, Senhor! Tenha misericórdia de nós. Perdoa a nossa maneira indevida de
Te adorarmos. Ajuda-nos a aprendermos a Te adorar na beleza da Tua
santidade. Que o nosso culto e a nossa música sejam para Tua honra e
glória. Amém!
Assista ao trecho do sermão do Pr. Horne Silva que causou polêmica nas redes sociais:
Assista ao trecho do sermão do Pr. Horne Silva que causou polêmica nas redes sociais:
Um comentário:
Essa é a realidade e quão longe estamos de muda-la infelizmente. Antes pensava ser natural a evolução e o acompanhamento dos novos momentos globalizados dentro da igreja, e, cheguei até mesmo defender o movimento de "inovação". Hoje vejo a senda perigosa em que entramos e como isso interferiu e enfraqueceu minha comunhão e adoração com Deus.
Eu creio que haverá uma grande e solene comoção, para voltarmos a Bíblia o nosso mapa para a Canaã Celestial. E Deus erguerá homens, mulheres, jovens e crianças corajosos a viver e pregar a verdadeira mensagem.
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