Alberto R. Timm
Na
tradução dos escritos de Ellen G. White ao português, o termo “Godhead”
(Divindade) acabou sendo vertido algumas vezes como “Trindade” (O
Desejado de Todas as Nações, pág. 671; Testemunhos Para Ministros, pág.
392;Evangelismo, pág. 617; Cristo Triunfante, 25 de julho, pág. 213;
ibidem, 21 de outubro, pág. 301). Também a expressão “the heavenly trio”
(o trio celestial) foi traduzida como “a trindade celeste”
(Evangelismo, pág. 615). Em espanhol, essas expressões foram vertidas
literalmente como “Divindade” e “o trio celestial”. Mas o conceito de
uma Divindade composta por três Pessoas distintas (Pai, Filho e Espírito
Santo) é claramente expresso nos escritos de Ellen White, e não depende
de qualquer tradução interpretativa. Em outras palavras, mesmo que se
mantenha uma tradução literal dos termos, o conceito permanece
inalterado.
Já
a alegação de que a liderança da Igreja Adventista tenha inserido
nesses escritos o conceito da Trindade é uma falsa acusação, não
endossada por uma análise honesta dos textos originais de Ellen White
(ver “Original Sources for Ellen White’s Statements on the Godhead
Printed in Evangelism, págs. 613-617” [Silver Spring, MD: Ellen G. White
Estate, 2003). Os defensores dessa teoria normalmente comparam escritos
paralelos de Ellen White para depois alegar que, se alguns conceitos
foram por ela expandidos ou enunciados de forma diferente, tais
modificações não foram feitas pela própria autora, e sim por outras
pessoas mal intencionadas. Se os profetas não podem expandir e
clarificar conceitos previamente enunciados, como explicar então as
diferentes perspectivas de determinados eventos descritos nos evangelhos
sinóticos de Mateus, Marcos e Lucas?
Os
antitrinitarianos não se intimidam em afirmar que a expressão
“batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mat.
28:18) é uma declaração herética que não se encontra no texto original
de Mateus, embora não existam quaisquer variantes textuais nos
manuscritos gregos mais antigos que comprovem essa alegação. Uma
pesquisa no CD-ROM em inglês The CompletePublished Ellen G. White
Writings (versão 3.0) revela que essa expressão aparece cerca de 166
vezes nos escritos publicados de Ellen White, algumas das quais são
republicações. Se essa expressão fosse herética e espúria, como querem
alguns, por que então a Sra. White a usou já em 1854 em seu livro
Supplement tothe Christian Experience and Views of Ellen G. White (pág.
19)? Por que Deus não lhe esclareceu essa questão?
Se
analisarmos cuidadosamente as 166 vezes em que aparece a expressão
“batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” nos
escritos publicados de Ellen White, bem como as demais declarações nas
quais ela se refere às três Pessoas da Divindade, perceberemos que
muitas delas foram publicadas ao longo de sua existência, e ela jamais
reclamou de qualquer suposta adulteração dos seus escritos por
terceiros! Cuidadosa como sempre foi com a integridade de seus escritos,
ela jamais teria deixado de detectar essas supostas alterações e jamais
as teria tolerado. Por que teria Deus “iluminado” algumas pessoas
apenas a partir da década de 1990 a respeito disso? Lamentavelmente,
porém, tais pessoas consideram as citações de Eusébio da Cesaréia (ca.
260-ca. 340 d.C.) sobre o batismo apenas em nome de Jesus como bem mais
confiáveis do que as declarações de Ellen White a respeito do batismo
“em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.
A
maioria dos antitrinitarianos adventistas alega crer no Espírito de
Profecia. Mas a obra deles acaba gerando descrença nos escritos de Ellen
White, pois estes são tidos como não sendo mais confiáveis por terem
sido “adulterados” pela liderança da igreja. Sem sombra de dúvidas, esta
é uma das mais sutis estratégias satânicas para tornar sem efeito o
Espírito de Profecia. A própria Sra. White advertiu que “o último engano
de Satanás será exatamente anular o testemunho do Espírito de Deus”
(Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 78), pois”não havendo profecia, o
povo se corrompe” (Prov. 29:18). Não estariam as alegações de
adulteração dos escritos de Ellen G. White cumprindo a predição contida
nesta advertência?
Por
mais lógica e atrativa que possa parecer, a teoria da adulteração dos
textos originais da Bíblia e dos escritos de Ellen G. White só é
aceitável àqueles que não acreditam que Deus preservou a integridade
conceitual desses textos em suas respectivas línguas originais. Embora
existam interpolações ao texto bíblico original e problemas de tradução,
Deus não permitiu que ensinos heréticos fossem acrescidos às Escrituras
em suas línguas originais. De acordo com Ellen White, “se não quisermos
construir nossas esperanças celestiais sobre um falso fundamento,
precisamos aceitar a Bíblia como se lê e crer que o Senhor quer dizer o
que diz” (Testimonies for the Church, vol. 5, pág. 171). E o mesmo
princípio é aplicável também aos escritos que constituem a manifestação
moderna do Espírito de Profecia para a Igreja remanescente do tempo do
fim.
Alberto R. Timm
(publicado na revista do Ancião em jul – set 2003)
www.centrowhite.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário