O assassinato de pessoas por órgãos militares virou rotina, a tortura
aos presos passou a ser algo normal. O total de desaparecidos durante os
anos de ditadura, até hoje não foi revelado, o certo é que muitas
famílias viram seus entes queridos serem presos por motivos fúteis e
nunca mais voltarem para casa. Muitas mulheres foram violentadas nos
porões da repressão militar só por serem filhas de acusados de traidores
do regime. Muitos pais confessaram crimes jamais cometidos apenas para
não verem seus filhos serem torturados.
É triste ouvir pessoas dizendo: “tempos bons eram os tempos da
ditadura”. São pessoas totalmente desinformadas, que só sabiam o que o
governo permitia que fosse divulgado. A imprensa em geral vivia
amordaçada, sem poder publicar noticias que divulgassem a maldade e os
atos criminosos dos militares.
A IGREJA EVANGÉLICA DURANTE A DITADURA
No início dos anos 60, a sociedade brasileira vivia os conturbados anos
posteriores à renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. Era uma
época de incertezas. Jânio foi sucedido por seu vice, João Goulart, cuja
postura mais à esquerda incomodava os setores conservadores e acendeu a
"luz vermelha" nos Estados Unidos, que temiam o surgimento de uma Cuba
no Cone Sul. A polarização entre esquerda e direita era inivitável,
inclusive dentro das igrejas. Muitos setores criticavam o envolvimento
da Igreja com a política, para eles o papel do crente era apenas pregar o
evangelho.
O 31 de março de 1964 marcou mais do que uma reviravolta nos rumos do
país. Foi também um momento crucial para a Igreja Evangélica no Brasil. O
mesmo golpe que tirou do poder o presidente João Goulart, afetou também
os púlpitos. Sobretudo aqueles onde o pregador tinha coragem de
defender a cidadania e a liberdade de expressão. Muitos pastores foram
presos, crentes torturados e até desaparecidos nos porões da ditadura.
Quem era evangélico e tinha atuação política ou comunitária nos anos
pós-64 tem lembranças amargas.
O Departamento de Mocidade da Confederação Evangélica do Brasil (CEB)
foi à primeira entidade de orientação evangélica a sofrer a perseguição
do regime. A CEB promovia a cooperação entre as igrejas nas áreas de
ação social, educação cristã e atividades diaconais. Foi fechada sem
direito de defesa.
Reunindo algumas das principais correntes evangélicas do país, como as
igrejas Presbiteriana, Luterana, Metodista, Assembléia de Deus e
Congregacional, a CEB promoveu eventos que ficaram célebres como a
Conferência do Nordeste, em Recife, com o tema “Cristo e o processo
revolucionário”. Foi a primeira vez que os cristãos e os marxistas se
encontraram para discutir a relação da igreja com a realidade social e
cultural brasileira. Um dos preletores foi o sociólogo Gilberto Freyre. A
conferência do Recife reuniu 160 delegados de 16 denominações
evangélicas. Houve uma grande repercussão em todo Brasil. A CEB reunia
os líderes para discutir como a Igreja Evangélica enfrentaria a nova
realidade: o agravamento da crise econômica e social, da pobreza e da
desigualdade social. A Igreja estava em busca de uma identidade
nacional, foi um período rico na busca de um caminho, a igreja
brasileira refletia os mesmos movimentos da sociedade.
Quando o golpe se intensificou e as perseguições começaram a apertar o
cerco sobre as igrejas, o movimento da Conferencia do Recife se desfez. O
Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas (SP), foi fechado e os
alunos expulsos. Colégios e faculdades de teologia, também expulsaram
professores que tinham a visão de uma nova Igreja. Para os militares os
inimigos estavam em todos os lugares, inclusive nas igrejas. A Faculdade
Metodista Rudge Ramos em São Paulo foi fechada por ordem do governo
militar em 1967, depois que os formandos escolheram D. Helder Câmara,
bispo de Olinda e Recife e inimigo declarado dos “fardados”, como
paraninfo da turma.
Naquela época os jovens evangélicos eram politizados, preocupados com o
país. A ideologia era ensinada também na escola Dominical de algumas
igrejas. O templo da Igreja Metodista Central de São Paulo foi cercado
pela policia e muitos jovens saíram presos. O pastor da Igreja Batista
em Volta Redonda no Rio de Janeiro, Geraldo Marcelo, foi preso três
vezes como agente da subversão, chegando a ficar 43 dias em poder dos
militares. Hoje ele conta que superou os traumas e relembra os cultos
que realizava na cadeia: “cinco companheiros se converteram e um deles
hoje é pastor”. O pastor Geraldo conta que sofria torturas diárias,
pensou em suicídio para não entregar os irmãos na fé. “Eu pensava em me
matar. A pressão era muito grande. Só que eu era forte, precisava de
cinco ou seis agentes para me torturar”, conta ainda comovido com as
lembranças. “Foi pela ação de Deus que eu não morri, eu me sentia como
Jesus, querendo passar de mim aquele cálice”.
Neste tempo o número de evangélicos no pais era na ordem de 4,5% da
população. Então porque uma comunidade tão pequena incomodava tanto o
regime? As ações da repressão militar mostram que o pequeno grupo
causava incômodo. A explicação é simples: num pais que tinha 39% de
analfabetos, os evangélicos eram uma elite pensante, exercia influencia
política e era percebido socialmente. Nem todos os crentes no entanto
faziam parte deste grupo, a igreja em geral se comportou muito mal, o
medo das mudanças reforçou o conservadorismo, e muitas igrejas cediam
seus púlpitos para propaganda a favor do regime militar. Muitos pastores
entregaram ao Regime, membros de suas igrejas, acusando-os de
comunistas. Os que entregavam colegas era beneficiados pela Ditadura.
A partir de 1970 houve um desmonte da consciência política da Igreja
Evangélica Brasileira, um movimento com forte influência americana, o
chamado "Grupo da Califórnia", da extrema direita protestante americana,
uma organização com muito dinheiro veio para o Brasil. A ação desse
movimento consistia em enviar ao Brasil professores de teologia e
recursos para tocar projetos educacionais ligados as igrejas. Era o
fortalecimento da direita dentro das igrejas, e consequentemente o
enfraquecimento e afastamento da liderança de pessoas com pensamento e
ação anti-ditadura. A partir de então, os evangélicos que eram
enquadrados na Lei de Segurança Nacional, não recebiam qualquer apoio
das igrejas, sequer palavras de apoio, lembram alguns pastores que foram
presos. Um pastor, que passou 11 meses preso no famigerado DOI-Codi,
principal orgão de repressão do regime militar, soube pelos torturadores
que foi denunciado por um pastor da Igreja Metodista. A certeza só veio
quando anos depois teve acesso à sua documentação nos arquivos da
ditadura. No processo dele estava o bilhete que dois pastores de sua
igreja enviaram ao coronel Faustine, diretor do Serviço Nacional de
Informações, o entregando. Havia uma aliança implícita entre os setores
conservadores da Igreja e os orgãos de repressão. A falta de registros
históricos do período da ditadura pela Igreja Evangélica é uma das
formas de não revelar seus paradoxos. A mesma denominação que delatou
esse pastor também tinha setores que o apoiavam e à sua família.
Pastores tentaram visitá-lo e não conseguiram. Igrejas se reuniam e
oravam pelos presos, em atos de fé e coragem.
A Igreja Metodista do Brasil pediu perdão, oficialmente aos que foram
denunciados e presos por atos de líderes da denominação. Mas, muitos
protagonistas da repressão que agiram de dentro das igrejas evangélicas,
que colaboraram com o Regime Militar, entregando irmãos na fé,
preferiram o silêncio.
OS PORÕES DA IGREJA
A
Comissão Nacional da Verdade (CNV),
grupo que investiga a violação dos direitos humanos durante o regime
militar (1964-1985), instalou um grupo de trabalho para avaliar a
atuação da igreja no período. O trabalho começou no dia 8 de novembro de
2012, com a análise de estudos acadêmicos sobre o tema. Diversos casos
envolvendo fiéis e líderes das igrejas evangélicas e católica serão
analisados. Serão investigados tanto casos de religiosos que deram
abrigo a perseguidos políticos como daqueles que praticaram a deleção de
ativistas. Um dos mais rumorosos é o de Anivaldo Padilha, crente
metodista que foi denunciado aos militares por seus pastores. Na época
ele dirigia o Departamento Nacional de Juventude da sua denominação.
Preso, torturado e exilado, só voltou ao país com a Anistia em 1979.
CONCLUSÃO
Hoje, a maioria do povo não sabe o que realmente acontecia com os
considerados inimigos dos militares, não sabem que muitos pastores foram
presos e torturados. Por isso se ouve alguns irmãos elogiando os tempos
da ditadura.
Procure se informar mais sobre a historia recente de seu país, só assim
você saberá que muitos dos que elogiam os militares não sabem do que
estão falando.
FONTE: Revista Eclésia | Revista Cristianismo Hoje
Comentário do Blog do Pastor Manoel Barbosa da Silva
Muito esclarecedora a matéria acima. Concordo que tudo foi verdade. No período dos militares, houve sim, perseguição, tortura, falta de liberdade e dos direitos de cidadania. tudo o que o autor conta com detalhes no texto acima.
Porém o que os escritores, jornalistas, sociólogos, professores de história, e os próprios perseguidos, não contam, de forma nenhuma, é o motivo que gerou a ditadura militar.
Nunca ouvi, nem vi, ninguém, mas ninguém mesmo, falar do sonho fracassado em todo o mundo, chamado comunismo. Muito menos, dos milhões de pessoas mortas e da perseguição desenfreada aos evangélicos e católicos em todos os países comunistas.
Os militares foram maus? Foram. Torturam muitos?.. Sim! Torturaram pastores?.. Evidente. O artigo do J. dias revela isto. Só não revela, o romantismo piegas que havia no Brasil, de que o socialismo seria a solução de todos os problemas sociais. Romantismo que ainda permeia a mentalidade de muitos hoje, e que ainda sonham em ver nosso pais transformando em uma grande Cuba, ou Venezuela.
E se tivesse sido implantado o comunismo no Brasil, o que teria acontecido com as igrejas?... Com certeza teria acontecido o mesmo que aconteceu na Rússia, onde mais de 200 pastores adventistas foram torturados, e centenas de pastores de outras igrejas e padres foram mortos pelo "crime" de crer em Deus e de ler a Bíblia. (veja o livro O Boi que Guardava o Sábado, por exemplo)
Na Albânia, o pastor adventista foi preso e morto na cadeia, Em cuba igrejas nossas foram fechadas e pastores mortos, e perseguição generalizada a pastores e padres de outras denominações.
Cadê a liberdade religiosa da Coreia do Norte?... Quantas igrejas evangélicas existem ali? Alguém já leu, em algum informativo, sobre o trabalho de nossa igreja na Coreia do Norte?.. e de outras igrejas?
Por que é que esses professores de história, e jornalistas de esquerda, que condenam os excessos da ditadura, nunca falam das atrocidades feitas pelos comunistas ao redor do mundo?... Por quê?...
Por que não falam das atrocidades feitas pelos comunistas no Brasil, Dilma entre eles, que matavam friamente, e assaltavam bancos, e atiravam bombas em meio a pessoas inocentes?...
Foi para nos livrar da praga comunista, que tentava dominar o mundo, nos anos sessenta, que os militares tomaram o poder.
Se houve excesso, ninguém duvida. Os militares deixaram uma mácula na história que nunca será apagada, mas os comunistas nunca foram santos, e se eles tivessem tomado o poder, o estrago nas igrejas evangélicas seria dez vezes pior.
Mesmo com todas as perseguições que os militares fizeram, e só fizeram com quem estava envolvidos no sonho socialista, diga-se de passagem; é mil vezes preferível, o regime militar, que a desgraça comunista. Deus nos livre dessa praga!..
Bom mesmo é a democracia. com ordem e progresso e liberdade de pregar o evangelho. De frequentar a igreja que quiser, ou não frequentar igreja nenhuma.
Fora comunistas! Fora PT!