Pr. Manoel Barbosa da Silva
O BALDE DA SAMARITANA
Introdução
Leitura João 4. 1-30.
Comentário
Jesus sabia, que os fariseus tinham conhecimento que ele batizava mais discípulos do que João, se bem que Jesus mesmo não batizava; quem fazia isto eram os seus discípulos. Mas sabendo que os fariseus eram extremamente ciumentos, e que esta pratica poderia ocasionar uma perseguição antes do tempo, para evitar problemas, resolveu sair da Judéia e voltar para a galiléia·.
Não compensava pra Jesus ter que esta dando explicações aos seus inimigos, nem era seu propósito criar problemas com ninguém. Pois ele sabia que o mais importante era ensinar os seus discípulos e prepara-los para o ministério, do que ele mesmo fazer o trabalho de batizar. Pois quando os seus discípulos estivessem devidamente preparados, fariam um trabalho muito maior. Portanto era mais conveniente deixar o campo, mudar de ares, do que ficar brigando com homens ciumentos e invejosos como os fariseus. E foi o que ele fez. Saiu da Judéia e foi para a galiléia.
O trágico nessa história é saber que Jesus precisou mudar de região por causa dos fariseus.
Os fariseus era o povo mais encrenqueiro entre os Judeus. Estavam sempre procurando confusão com alguém. E o motivo era sempre o mesmo. Fazer com que o povo andasse na linha; estava sempre cobrando de alguém, um comportamento adequado; sempre encontrava em alguém um defeito pra reclamar, ou uma falta pra apontar, e Jesus se tornou o alvo predileto das acusações deles.
Em muitas ocasiões encontramos os fariseus apontando alguma suposta falta em Jesus.
Quando Jesus foi a um banquete na casa de Levi Mateus, eles, os fariseus, reclamaram. ‘Aquilo não era certo pra um líder religioso’ não ficava bem um mestre, estar misturado com pecadores’, diziam.
De outra vez, reclamaram porque Jesus não reclamou de seus discípulos estarem colhendo espigas em dia de sábado.
Reclamaram também porque Jesus curou o homem da mão ressequida em dia de sábado e de outra vez, porque curou o paralítico do tanque de betesda também em dia de sábado. E assim, Jesus não podia dar um passo que eles achavam do que reclamar e chamar a atenção.
Foi por essa razão que Jesus preferiu sair da Judéia e voltar pra galiléia.
Fariseus ainda existem. Estão em quase todas as igrejas. São pessoas que passam a vida reclamando e encontrado defeitos em alguém para criticar. Criticam a roupa desse, ou o alimento daquele. Critica este, porque não faz trabalho missionário e critica o outro, porque não doutrinou direito o candidato ao batismo, e critica ainda, o pastor porque, não visita, prega mal, e só batiza com interesse de fazer numero e ficar famoso na associação.
Critica ainda os anciões, dizendo que eles são fracos e não corrigem a membresia, e deixam os jovens fazerem o que bem querem.
Onde há fariseus a igreja não cresce. Pois eles não a deixam crescer. Onde há fariseu, há muita critica muita fofoca, e membros brigando uns com os outros. Foi por isso que João Batista não os batizava.
Quando João batizava no Jordão, muitos vinham para serem batizados. A cada grupo de pessoas João dava um conselho e os batizava. Mas quando os fariseus perguntaram; e nós o que faremos? A resposta foi dura, chamou-os de raça de víboras, e não os batizou. Lucas 3. 10-14. Mat. 3. 7-9.
Onde há fariseu nem Jesus permanece.
Jesus saiu para a galiléia e no seu caminho tinha que passar pela Samaria. Era estrada real. Só que havia um problema; os judeus não se davam com Samaritanos. E, portanto, não era seguro transitar por aquelas estradas. E para complicar a situação a reserva de alimentos que levavam para a viagem, acabou perto da cidade chamada Sicar, era necessário comprar o alimento, e foram todos, talvez ate pra se protegerem, caso algum samaritano viesse provocá-los.
Jesus ficou só. Como estava cansado, resolveu ficar esperando em uma sombra, perto do poço; o famoso poço que Jacó cavara a mais de dois mil anos antes.
Nisto surge uma mulher, vinha buscar água. Trazia consigo o pote e o balde. Ao avistar o estranho sentado perto do poço, pensou: ’deve ser um judeu viajante’ e como não gostava de judeus, fechou-se em copas, nem ao menos o cumprimentou. Calada estava calada ficou. Começou a tirar a água e encher pote.
Jesus percebeu que ela era todo preconceito, e também sentiu que por traz da sua mascara de frieza, havia um coração aberto a receber a verdade, portanto resolveu conquista-la, e procurou uma maneira inteligente de alcançar aquele coração.
Resolveu pedir um favor. ‘Por favor. Você pode me dar um pouco de água?’ Se ela tinha dúvidas se ele era judeu, agora nenhuma duvida ficou, pelo sotaque dava pra perceber que ele era realmente judeu, e respondeu-lhe com desdém: “Como sendo tu judeu pede água a mim que sou mulher samaritana? Pois os judeus não se dão com samaritanos”. Jesus não se deixou abalar e na maior calma lhe respondeu. ““ Se conheceras o dom de Deus e quem é o que fala contigo, ao invés de negar, tu é quem estaria pedindo água, pois eu tenho condições de te dar água muito melhor que esta que você esta tirando aí, pois eu tenho a verdadeira água, a água viva.”“.
-Senhor - respondeu ela, - você não tem condições de me dar nem desta aqui, pois o poço é fundo, o balde é meu, e eu não te empresto. Como é que tu vai poder me dar água?... Ou tu pensas que é maior que nosso pai Jacó que nos deu esse poço e ele mesmo bebeu, bem com seus filhos, e seu gado?
Mulher, respondeu Jesus, quem bebe desta água, torna a ter sede; mas quem beber da água que eu lhe der, nunca mais torna a ter sede, pelo contrario, ele se torna uma fonte de água que jorra para a vida eterna.
Então me dar dessa água, disse ela com ironia, pois assim eu nunca mais virei aqui buscar desta, já que a água que tu tens é tão poderosa assim.
Vá buscar teu marido. Só na presença dele que eu posso dar. Jesus disse isto porque lhe conhecia a vida e só assim ele poderia entender que estava falando com alguém o messias que há tanto ela esperava.
Acertou em cheio. Com a menção do marido, ela ficou desconcertada, pois a vida dela sempre fora desregrada estava sempre mudando de marido, e ultimamente havia tomado o marido da vizinha, e vivia com ele apesar dos comentários e desaprovação da comunidade. Não tenho marido foi a resposta que ela deu.
Eu sei. Disse Jesus. Você realmente não tem marido. Você já teve cinco, e desses cincos, nenhum era seu. Você os tomou de outras. E agora mesmo você vive com outro; só que este também não é seu. Isto você disse certo. Você não tem marido.
Esta afirmação lhe tocou. Pois ela não esperava que ele lhe conhecesse a vida, e fosse revelar assim na maior calma. Por isto resolveu mudar de assunto. Vejo que você é profeta. Disse. Pois então me responda uma coisa. Qual é a igreja certa?
É claro que ela não disse com essas palavras, ela disse assim: vocês insistem que só devemos adorar em Jerusalém, mas os nossos pais nos ensinaram que devemos adorar no monte gerezim, qual é o lugar certo?
Ela não estava tanto interessa em saber qual era o lugar certo, o que ela queria mesmo, era testar Jesus. Pois todo Judeu, afirmava que só havia um lugar de adoração, Jerusalém. E que só havia uma igreja certa, a deles. E esse era o principal motivo da desavença entre judeus e samaritanos.
Essa discussão era antiga. Começou quando Jeroboão filho de Nebate, revoltado com a opressão de Roboão, o filho de Salomão, dividiu o pais; e formou o reino do norte com a capital em samaria. Para que os samaritanos não voltassem a Jerusalém, Jeroboão construiu no monte de gerezim um lugar de adoração. Com o tempo eles foram se acostumando com o novo lugar, e elementos de culto pagão, foram acrescidos ao ritual deles; ate se tornar uma religião que não tinha nada a ver com a religião praticada em Jerusalém.
Quando os Judeus diziam que o lugar de adoração era em Jerusalém, não estavam errados. Ali era realmente o lugar certo. Foi ali que Salomão construiu o templo com a aprovação divina, e tudo ali apontava pra Jesus. Os pães, o castiçal, o altar, o sacerdote, o cordeiro, tudo simbolizava Jesus. Mesmo assim Jesus não lhe disse de chofre, que ela estava errada em adorar no monte gerezim. Pelo contrario, quando interrogado qual o lugar certo de adoração respondeu: Nem lá nem aqui. Os verdadeiros adoradores não estão preocupados com o local, mas com a maneira certa de adorar. É isso que importa. Os verdadeiros adoradores adorarão o pai, em espírito e em verdade. É esse que o pai procura para seus adoradores.
Essa resposta ela não esperava. Era o primeiro judeu não fanático que ela conhecia, nem insistia em afirmar que sua religião era melhor que a dela. Apesar de que Jesus não lhe escondeu a verdade. Com muito tato lhe disse. Vocês adoram o que não sabem e nos adoramos o que sabemos. Mas para Deus o que vale é a adoração pura e em espírito e em verdade.
Eu sei, respondeu ela, que um dia virá o messias, e quando ele vier, falará assim com sabedoria e dirá tudo o que você esta falando.
Pois o Messias sou eu. Eu que falo contigo.
Ela creu. E esqueceu ate que viera buscar água, deixou o pote, deixou o balde e correu pra cidade, foi em busca de outras pessoas para conhecer aquele que falava com tanta sabedoria, e que apesar de conhecer sua vida não lhe pregou um sermão, não lhe tratou mal, nem a discriminou; mas pelo contrario; tratou-lhe bem e demonstrou afeto e respeito.
Com o seu testemunho quase toda a cidade desceu para conhecer aquele que aquela mulher falava com tanta convicção.
Nesse ínterim, os discípulos voltaram e ainda viram Jesus conversando com a mulher, e ate ficaram admirados de verem Jesus conversando com uma estranha. Ofereceram-lhe a comida e ele rejeitou. Disse que não estava com fome. Então eles perguntaram? Quem lhe trouxe comida? Ele respondeu. Vocês dizem que ainda faltam meses para o tempo da colheita e eu lhes digo que o tempo já chegou. Levantai os olhos e vejam, os campos estão brancos para a ceifa. Então olharam e viram uma multidão que descia apressada para ver e ouvir Jesus.
Aplicação
Deste episódio aprendemos algumas lições
a) Atitude farisaica só atrapalha o crescimento da igreja.
Pois até Jesus se afasta de fariseus e vai à procura de outros lugares. Jesus mudou de lugar porque os fariseus eram contra ele batizar, ainda hoje há fariseus que são contra o batismo; a menos que o batizando já esteja totalmente puro, quase sendo trasladado.
b) Deus não faz acepção de pessoas.
Mesmo aquelas que para nós, são casos perdido, para Ele não o é. E essas pessoas poderão ser muito úteis à igreja, e fazer um grande trabalho em prol do evangelho.
É o caso da samaritana. Com certeza ela era muito discriminada na sua cidade, e esse perguntassem a um fariseu se ela deveria ser batizada, é bem provável que a resposta fosse um não; porem se tornou a primeira missionária entre os samaritanos.
Por essa razão que não devemos fazer nenhum tipo de discriminação. Nem de raça, credo, cor, posição social ou religião; pois só Deus sabe o motivo porque as pessoas agem e ele tem poder e deseja mudar as pessoas.
c) Precisamos ter tato.
Para levarmos pessoas a Jesus, precisamos ter sabedoria para não agredirmos ninguém nem menosprezar suas convicções religiosas, pois a pessoa pode até estar errada, mas crendo sinceramente que tem a verdade.
A samaritana havia sido ensinada a adorar no monte gerezim e respeitava a sua religião, tanto quando os judeus; se Jesus lhe tivesse dito de cara que ela estava errada, teria perdido aquela alma, mas foi sábio o suficiente para desviar a atenção do lugar da adoração, para aquele a quem devemos adorar. Os adoradores verdadeiros adoraram o pai em espírito e em verdade. Disse. Quando ela já estava de coração aberto, sem mais preconceitos, foi que então que ele lhe lembrou que o templo dos judeus tinha um ritual lógico, pois fora instituído pelo próprio Deus e ali tudo apontava pra Jesus. ‘Nós sabemos o que adoramos’ ele disse. E que o templo de gerezim não tinha nada a vê. Disse ainda que a salvação vêm dos judeus, ou seja, o Cristo nasceria em Belém da Judéia e não em alguma cidade de Samaria.
Foi com tato e amor que Cristo ganhou aquele coração, e só assim seremos bem sucedidos em ganhar, se agirmos igual.
d) Os campos estão maduros para a ceifa.
Em todos os lugares, em todas as igrejas, na vizinhança, entre nossos colegas de trabalho, mesmo em nossa família, há pessoas carentes do evangelho, esperando uma palavra nossa, um convite, um aceno de mão.
Conheci uma senhora vizinha, de um adventista. Que sonhava em ser convida por esses vizinhos para ir assistir um culto em nossa igreja. Mas a vizinha nunca a convidava, e ela tinha vergonha de se oferecer pra ir lá. Algumas vezes chegou a sair de casa para ir a nossa igreja, mas quando chegava à porta, ficava com vergonha de entrar, pois pensava. ‘Já que não me convidam é porque não é permitida a entrada de estranhos’. E voltava para casa. Até que um dia uma outra vizinha da igreja batista a convidou, ele foi e lá está, até hoje.
‘Não dizeis: ainda quatro meses para a ceifa? Eu vos digo: erguei os vossos olhos, e vede os campos! Estão brancos para a ceifa’. João 4: 35.
Amém.
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