A matéria a seguir, não representa, necessariamente, o pensamento do organizador deste blog. Se o estou publicando é por que alguns temas, são quase tabus no meio evangélico, portanto, também entre nós adventistas. Gostamos de escrever, comentar, e pregar sobre tudo, porém sobre sexo, poucos tem coragem de escrever, por ser tema muito polêmico.
A matéria foi publicada no site Genizah, e reproduzo aqui para reflexão dos meus leitores.
Leiam
Sexo Entre Jovens: Coando o Mosquito e Engolindo o Tiranossauro
Carlos Moreira
“Pastor, sexo antes do casamento é pecado?”. Se você é um clérigo ou um líder, esta é uma das perguntas que você mais ouve quando está no meio de jovens. Obviamente, a grande maioria responde: “sim, é pecado”. E eu, o que penso sobre o tema? Bem...
Eu penso que a igreja trata a questão
como se ela não existisse, quase com desdém. O “problema” só se
materializa quando aquele casalzinho que senta lá no canto, acompanhado
ou não da família, nos procura no gabinete pastoral para informar-nos
que, em 9 meses, teremos mais um membro para ser batizado na família de
Deus! Aleluia!...
A verdade é que a igreja, normalmente,
faz vista grossa para essa questão. O casal está ali, juntinho,
namorando e, se não der bobeira, se transar com camisinha, se fizer tudo
direitinho, não vai ser muito incomodado pela ortodoxia doutrinária
vigente. Aqui, ali, terá de ouvir coisas do tipo: “fornicação é pecado”; “quem transar antes de casar perde a benção de Deus”; “masturbação entristece o Espírito”; e por aí vai... Ora, isso tudo, com um pouco de cinismo e cara de pau, dá para ir levando. Dá?...
Agora, quando a “bomba” explode, e o
bebê está a caminho, aí a coisa muda de figura, pois todo mundo fica
furioso, sobretudo a “fariseada”. Engravidou, tem que casar! Será?... O
casalzinho, coitado, será exposto aos extremos, execrado, em alguns
casos, ficará afastado temporariamente da Ceia, ou, em outros, submetido
a uma “disciplina” maluca qualquer. Quase certamente, sofrerá muito
mais do que seria preciso, contudo se tornará um “exemplo” para todos!
Ora, em tais situações, as
conseqüências, obviamente, virão em curtíssimo prazo, pois, sem apoio da
comunidade, sem orientação e, em muitas situações, sem a ajuda da
própria família, o jovem casal, sem qualquer preparo para a vida
conjugal, estará separado em 1 ou 2 anos no máximo. Estou, neste
momento, com um caso deste na igreja, herdado de outra “comunidade”...
Quer falar sério sobre o tema? Quer
tratar a situação com coragem? Então vamos às Escrituras. Qual o padrão
bíblico para casamento? Vou simplificar: deixar pai e mãe, ou seja,
possuir capacidade de romper os vínculos emocionais e financeiros com a
família; voto público, que é assumir para a sociedade, seja pela via do
casamento civil ou do religioso, que os dois passam a constituir uma
família, com todas as implicações vigentes; e, finalmente, manter
relação sexual.
Nos dias de Isaque e Rebeca a coisa
era assim, muito simples. O garoto começava a se coçar demais, olhava as
cabras de forma estranha, e aí o Pai, macaco-velho, dizia: “este menino está precisando casar”.
Arrumava-se uma noiva, da parentela mesmo ou da vizinhança, desde que
fosse da mesma fé, o pai doava ao filho um pedaço de terra, meia dúzia
de cabras, uma vaca leiteira e pronto! O sujeito entrava na cabana com
sua “gazela” e estava tudo consumado. Que benção!
E como é hoje? O menino e a menina
chegam aos 15, 16, 17 anos e começam a namorar. Estão terminando o
ensino médio e ainda terão pela frente o vestibular e 4 ou 5 anos de
faculdade. Vencida esta etapa precisarão trabalhar, conseguir um bom
emprego. Em seguida, vão comprar um carro legal, depois o apartamento
financiado e, só então, poderão pensar em se casar. E olha que eu estou
falando de jovens cristãos sérios, que começaram a namorar com o
propósito de, um dia, se casarem. Mas, convenhamos, eles são à exceção
da exceção da exceção!
Ora, eu sei, por experiência, que a
grande maioria da meninada quer é curtir a vida, “ficar” bem muito ao
invés de namorar, que dá muito mais trabalho, transar o tanto que puder,
pois muitas relações darão mais experiência – trágico equívoco – e, só
quando se estiver chegando na casa dos 30 é que começarão a desacelerar o
“motor” para pensar em constituir algo sério, ou seja, casar.
Agora, uma questão: pensando no
primeiro exemplo, o do jovem casal cristão sério, que começou a namorar
cedinho, o que eles farão para segurar os hormônios nesta sociedade
erotizada na qual vivemos, onde propaganda de pneu tem mulher pelada? Me
responda mesmo: dos 15 até chegarem aos 30 anos, quando estarão em
condições, dentro dos padrões estabelecidos em nossa cultura, para se
casar, como eles lidarão com estas questões? Vão jejuar e orar? Ora meu
mano, faça-me o favor... Você fez isso?
Aí vem a igreja, e seus ilustres representantes, naquela santidade medieval, e diz para o casalzinho: “olha, vocês devem se guardar um para o outro. Sexo antes do casamento é pecado, viu?”. E fica a meninada com a pulha na cabeça: transar ou não transar, eis a questão! E ainda tem umas almas sebosas que dizem: “quem estiver abrasado, então que se case”.
Ótima solução! Quero eu lhe dizer que o sujeito não está abrasado não,
ele está em chamas já há muito tempo! Isso é que é fogo!
Na verdade, em determinadas
circunstâncias, só existem dois caminhos: como pastor, sei o que estou
afirmando: ou o cara deixa a namorada “em paz” e vai para a internet ver
sacanagem de todo tipo e, como o pecado só se aprofunda, pois “um abismo chama outro abismo”,
mas cedo ou mais tarde ele estará com prostitutas em sua cama, ou vai
transar com a “irmãzinha” e ficarão os dois num complexo de culpa sem
fim, pois recairá sobre eles toda a ortodoxia protestante dogmática e
fundamentalista pregada e inoculada em suas mentes durante anos. Estou
exagerando?!
“Alegre-se,
jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua
juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista
alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento”. Ec. 11:9.
Estou eu aqui aconselhando os casais
de namorados a transar? Não coloquem palavras em minha boca! Sou
defensor de uma teologia liberal e por isso não levo em consideração os
preceitos de santidade das Escrituras? Vocês não me conhecem para
afirmar isto. Então, o que estou querendo dizer, afinal? Duas coisas:
discernirmos o tempo em que vivemos, com todas as suas idiossincrasias, e
investirmos na formação de uma geração que tenha uma consciência
compatível com o Espírito do Evangelho. O mais, queira me desculpar, é
tapar o sol com a peneira, é tratar da conseqüência, e não da causa, é
jogar o “lixo” para debaixo do tapete.
O texto de Eclesiastes nos dá uma dica do que podemos fazer! Ensinar os jovens! Podemos dizer-lhes “façam
suas escolhas, tracem seus caminhos, sigam suas rotas, construam seus
mapas, aproveitem a vida! Mas saibam: tudo na existência humana tem
conseqüência, pois há um princípio bíblico que afirma que aquilo que o
homem semear, isto também ceifará”. Fato é que Deus criou o sexo e o
casamento com um propósito e, só imersos em Sua vontade, nos
realizaremos em nossa sexualidade e conjugalidade.
Olha moçada, namorar com 10, 20, 30
pessoas diluirá sua alma, banalizará em seu coração o significado de
relacionamento, tornará o sexo coisa trivial e não aquilo para o qual
ele foi concebido. Você perderá todas as referências sobre lealdade,
amizade, cumplicidade e, dificilmente, será capaz de construir uma
família sadia, um casamento bem sucedido, uma relação para toda a vida,
pois a frase “que seja eterno enquanto dure”, fica linda do ponto de vista da poesia, mas, existencialmente falando, é um desastre sem precedentes.
Sei que este é
um tema que ninguém quer tratar, ou escrever, pois é “nitroglicerina”
pura! Almocei hoje com um amigo que me disse: “tu vais mexer nisso?”.
Eis aí um de nossos problemas: evitar lidar com o que está diante de
nossos olhos! A igreja, no que diz respeito a estas questões sexuais, e
olha que eu estou só levantando a ponta do iceberg, prefere coar o
mosquito e engolir o tiranossauro rex, é viver no “faz de conta”.
Se eu tenho a solução? Ora, isso é um problema que cada um deve lidar, pois cada um construirá na terra seu caminho com Deus e isso conforme sua própria consciência. Fico impressionado como crente gosta de fórmulas feitas para resolver suas questiúnculas. Agora, quanto a mim, perdoem-me a sinceridade, prefiro engolir o mosquito e, de preferência, com Coca-Cola.
Se eu tenho a solução? Ora, isso é um problema que cada um deve lidar, pois cada um construirá na terra seu caminho com Deus e isso conforme sua própria consciência. Fico impressionado como crente gosta de fórmulas feitas para resolver suas questiúnculas. Agora, quanto a mim, perdoem-me a sinceridade, prefiro engolir o mosquito e, de preferência, com Coca-Cola.
Carlos Moreira é culpado por tudo o que escreve. Está convencido de que a verdade e a consciência são os grandes investimentos que a igreja pode deixar de legado aos jovens de hoje. Ele escreve aqui no Genizah e na Nova Cristandade.
Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/02/sexo-entre-jovens-coando-o-mosquito-e.html#ixzz2mXgEAH00
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Um comentário:
Muito sábio, as vezes não consideramos a seriedade do casamento, e dai vem as consequências uma sociedade com problemas sérios por causa de uniões infelizes.
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