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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Os Sete Pecados Mortais.- N° 6 - A PREGUIÇA OU OCIOSIDADE





BILLY GRAHAM


Alguns mestres de Bíblia acham que o pecado da preguiça não é tão comum nos dias presentes como o foi no mundo antigo. Todavia, à medida que estudava a Bíblia para apresentar esta mensagem, me convenci de que tal pecado é hoje um dos mais disseminados no mundo.
O dicionário de Webster define a preguiça como "aversão à ação ou ao trabalho; indolência, vadiagem, ociosidade e negligência." Na linguagem teológica, ela traz consigo não só a idéia de vagarosidade ou desinclinação para as coisas espirituais, mas também de apatia e inatividade na prática do cristianismo.
A Bíblia tem muito a dizer a respeito do maléfico, destruidor e mortal pecado da preguiça. Em Provérbios 19:15 ela nos diz que "A preguiça faz cair em profundo sono, e o ocioso vem a padecer fome." Ainda no mesmo livro, no cap. 21, verso 25, diz que "O preguiçoso morre desejando, porque as suas mãos recusam trabalhar."
A Bíblia afirma que o pecado da preguiça engendra uma qualidade negativa de vida que se revela pela estagnação e ineficiência, e impede a pessoa de ser uma seguidora de Jesus Cristo. A ociosidade espiritual não é pecado somente contra Deus: é também contra você mesmo. Ela mede a distância entre aquilo que você deve ser e aquilo que você hoje realmente é. Ela mostra a diferença que há entre a pessoa que você é e a pessoa que você podia ser.
A preguiça é a destruidora da oportunidade e a assassina das almas. Ela mata furtiva e silenciosamente, mas mata de fato.
O homem ocioso é como madeira ou cortiça a flutuar sobre as águas duma corrente - sem fazer força alguma e inteiramente despreocupado. O caminho da indolência é a estrada popular, a estrada larga, o caminho pelo qual transita a multidão. Para se andar nessa estrada não se faz necessário esforço, nem energia, nem disposição. O bote sem motor sempre corre água abaixo – nunca para cima. Assim, a alma sem energia e preguiçosa inevitavelmente se encaminha para a perdição eterna.
Inúmeras pessoas têm perdido a vida em acidentes automobilísticos não por serem más motoristas, mas por serem boas condutoras... a dormir na direção. Muitas pessoas estão perdendo batalhas espirituais, dormentes e indolentes. O apóstolo Paulo em Efésios 5:14, declara isto: "Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará."
Muitas e muitas pessoas têm perdido a saúde e a vida, não por terem abusado de seu corpo pelo pecado, mas pelo fato de não terem dado ao corpo os devidos cuidados e atenções. Eram tão indolentes que não trataram de seus corpos como deviam.
A preguiça faz sua colheita anual de milhares de mortes nos caminhos deste mundo, de milhares de colapsos físicos e de uma surpreendente qualidade de sofrimentos e misérias.
O pecado de nada se fazer é chamado, nas Escrituras, o pecado de omissão, e é ele tão perigoso e destruidor quanto o pecado de comissão. Você não precisa fazer nada para se perder: basta negligenciar quanto à alma, e não cuidar de suas necessidades espirituais. Jesus afirmou que é muito fácil a gente se perder. Ele sentenciou: "Larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela" (Mateus 7:13).
Na parábola dos talentos, proferida por Jesus, vemos a recompensa dos servos fiéis e também o julgamento do servo indolente. Pelo fato de não haver feito nada, foi duramente julgado e castigado e posto na mesma plana dos adúlteros e homicidas. Em Mateus 25:26-30, vemos a sentença dada: "Servo mau e preguiçoso. . . tirai-lhe, pois, o talento. . . e lançai o servo inútil nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes." O servo inútil nada fizera abertamente errado ou nocivo: simplesmente deixara de cumprir seu dever, a tarefa que lhe fora confiada. O pecado dele foi o da preguiça, o pecado de não fazer nada.
O pecado mortal das dez virgens não foi a imoralidade, nem a mentira, nem a trapaça, e sim a indolência. Apenas deixaram de tomar a quantidade necessária de óleo para suas lâmpadas. E foram julgadas, não por um pecado flagrante, mas por sua indolência e infidelidade. Quando chegou o noivo, se fechou a porta da oportunidade, e a voz do Senhor ecoou, em juízo: "Não vos conheço" (Mateus 25:12).
Em todos os setores da vida, o preguiçoso sempre é quem sai perdendo. O estudante preguiçoso e ocioso, que passa o tempo vadiando e batendo papo nos bares e nas esquinas, nunca pode esperar ver um dia o seu nome no quadro de honra. Os diplomas em geral são conferidos a pessoas que estudam e trabalham com afinco – e não aos inteligentes ociosos. Em geral a pessoa que se esforça é que recebe aplauso e louvor de seus professores. No trabalho rural, no comércio, na escola, na fábrica, no balcão e em qualquer setor das atividades humanas, a preguiça é sempre castigada e a fidelidade é recompensada.
A preguiça destrói a vida de cada dia. Por causa dela se perderam vidas e cidades se incendiaram e lares se dissolveram. Do homem respeitável fez um vagabundo; da mulher pura e honesta fez uma prostituta e do moço bem educado fez um ladrão ou beberrão.
Alguém disse com carradas de razão que "não é aquilo que fazemos e sim aquilo que deixamos de fazer o que nos dá dor de cabeça ao pôr do sol."
A palavra de ânimo que devíamos levar a um amigo desencorajado, a ação ajudadora que tornaria mais leve e mais suportável o fardo de alguém, um pouco de dinheiro colocado amorosamente na mão do necessitado – eis aí ações negligenciadas que nos trazem remorso e privam outros da ajuda tão necessitada. Quando, por causa da preguiça, deixamos de realizar um ato de generosidade e amor cristão, as palavras de Jesus, a nos condenar, ecoam em nossos ouvidos: "Sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer." (Mateus 25:45).
Inúmeras são as pessoas que têm preguiça de ir à casa de Deus. Gostam de dormir até tarde no domingo de manhã ou então de jogar umas partidas de golfe. Outros gostam de ficar em casa para ler os jornais, ouvir um sermão pelo rádio, ou um programa religioso no televisor. Acham que assim fazendo já cumpriram seu dever religioso.
Outros descuidam e negligenciam a oração, a intercessão. O apóstolo Paulo disse que "se deve orar sem cessar" (I Tess. 5:17). Ele queria dizer com isso que devemos a todo tempo nos conservar na atitude de oração. Pelo fato de sermos preguiçosos e indolentes, negligenciamos a oração, e, assim, se secam os nossos mananciais espirituais.
Descobri há muito que, se saio de casa de manhã sem haver gasto um bom período em oração, o dia não vai nada bem, e se amontoam os problemas e dificuldades.
Muitos de nós preferimos ter uma soneca extra a separar quinze minutos para estarmos em oração a sós com Deus, pela manhã. Em geral consentimos em que qualquer coisa interfira com o nosso encontro com Deus, pela oração e intercessão. Se você tem uma hora marcada para audiência com o Presidente da República, é mais que certo que chegará antes da hora, e nunca depois. Você gastará bom tempo se vestindo e pensando no que vai dizer a uma pessoa tão distinta. No entanto, você continuamente deixa para depois a hora de estar a sós com Deus em oração. Quase nunca prepararmos nossa mente para o período de oração. Costumamos dar para Deus os momentos de lazer, ou os últimos instantes antes de irmos ao leito. Daí, estamos tão cansados e com tanto sono que às vezes nem podemos firmar nossa mente naquilo que estamos fazendo. Somos culpados do pecado da preguiça.
Milhares de cristãos pecam por preguiça de ler a Bíblia. Em I Pedro 2:2, se nos ensina que "desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação." O motivo por que muitos cristãos não crescem espiritualmente está no fato de não lerem a Bíblia. E por que não estão lendo a Bíblia? Porque são negligentes e preguiçosos. O Salmista dizia que meditava nas leis de Deus, de dia e de noite; e o resultado foi este: as palavras de Deus lhe eram como mel ao coração e alma. Muitos cristãos se admiram e estranham o fato de não sentirem em sua vida aquela alegria e o entusiasmo que vêem noutros discípulos de Cristo. Isso se explica porque não estão lendo a Bíblia.
Talvez, você, leitor antigo, seja culpado deste horrível pecado da negligência. Você está deixando de fazer aquilo que devia fazer.
Outros muitos são negligentes no testemunho de Cristo. Quanto tempo faz que você não fala a alguém sobre Cristo? Quanto tempo faz já que você trouxe aquela alma ao conhecimento redentor de Jesus Cristo? E trouxe depois mais algumas? Há inúmeras pessoas a seu redor, com quem você está em contato diariamente, que estão precisando de Jesus em suas vidas, e no entanto não saiu ainda de seus lábios uma palavra que tentasse ganhá-las para Jesus? Você é culpado do pecado da preguiça e outros se perderão por causa de sua negligência!
Outros se mostram preguiçosos, lerdos, negligentes e displicentes na sua maneira de viver. É pecado ser preguiçoso no vestir e no conversar. É pecado ser preguiçoso nas cortesias ordinárias da vida de cada dia.
O pecado da preguiça se estende a muitas esferas, tais como: negligência ou descuido nos seus hábitos que podem fazer perigar a vida de outros; negligência no asseio ou limpeza pessoal, prova de que não se tem Deus na vida; negligência no conservar sempre o sorriso que deve aparecer no rosto do cristão, sejam quais forem as circunstâncias; negligência ou preguiça de auxiliar os vizinhos em necessidade; negligência na caridade e amor cristãos, deixando de se esforçar para que os infelizes, pobres e subnutridos tenham com o que enfrentar as necessidades da vida.
Há muitos outros que são negligentes no pagar seus dízimos e dar suas ofertas para a promoção do reino de Deus. Se a escrituração comum das casas comerciais fosse tão descuidada e negligenciada como o é a que relaciona nossos débitos para com Deus, em poucos dias o comércio de nossas cidades abriria falência.
Há milhões de cristãos hoje que vivem descuidados e entorpecidos, de boca fechada, ao passo que o mundo, em desesperada necessidade, anseia pelo evangelho de Jesus Cristo. Pela boca do profeta, a Bíblia nos alerta, dizendo que "Os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; sonhadores preguiçosos, gostam de dormir." (Isaías 56:10). E o apóstolo Paulo, em Romanos 12:11, nos admoesta: "Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor." Há muitas maneiras de você servir a Cristo, sejam quais forem as circunstâncias.
O Novo Testamento de contínuo nos põe de sobreaviso para que não nos deixemos levar pelo pecado da preguiça: "Para que não vos torneis indolentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas" (Hebreus 6:12).
Martinho Lutero, num de seus sermões, disse que "o Diabo convocou um dia seus emissários para que apresentassem os resultados das tarefas a ele confiadas.
"Um deles foi dizendo que atiçara animais ferozes contra uma caravana de cristãos em pleno deserto, e que os ossos deles estavam agora alvejando sobre as areias do deserto.
"E o Diabo replicou: 'Ora, que vantagem! As almas deles foram salvas.'
"Um outro de seus asseclas disser 'Desencadeei o tempestuoso vento oriental contra um navio cheio de cristãos, e todos morreram afogados.'
"E o Diabo de novo disse: 'Ora! Grande vantagem! As almas deles se salvaram.' E um terceiro súdito de Satã relatou; 'Dez anos levei, tentando fazer com que certa pessoa descuidasse de sua alma, e por fim consegui isso; e ela agora é nossa.'
"Então o Diabo exultou e deu um grande grito, e as vedetas noturnas do inferno entoaram um salmo de alegria."
O pecado da preguiça e da criminosa negligência espiritual têm contribuído bastante para aumentar a população do inferno, tanto quanto o têm feito os outros pecados mortais. Ele parece tão inocente, tão indene, mas o seu veneno é mais mortífero ao espírito humano do que outros dos mais odiosos.
O maior mal que a preguiça ocasiona é o de roubar ou tirar do homem a finalidade espiritual – o poder de se decidir por Cristo. Essa espécie de embriaguez espiritual, levando o homem à indolência e à estupidez, tira dele a capacidade de escolher a Cristo. A negligência pode levar a criatura humana a se convencer da verdade, pode mesmo levá-la ao conhecimento das doutrinas redentoras do Evangelho de Cristo, mas pode torná-la incapaz fie se decidir positivamente a favor de Cristo. A estrada lhe é clara diante de seus olhos. O homem percebe qual o caminho em que deve andar, mas a preguiça amoleceu sua vontade e o tornou irresponsável, ou irresoluto. O pecado da preguiça deve ser confessado, do mesmo modo como os outros. O apóstolo Tiago, em sua Carta, cap. 4, Versículo 17, diz que "aquele, pois que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado."
Na multidão dos que se reuniram ao redor da cruz de Cristo havia muitos que estavam cometendo o pecado da preguiça. Quando Cristo morria pela humanidade, diz-nos Mateus 27:36: "E, sentados, ali, o guardavam." Quanta indiferença! Que triste e horrenda negligência!
Pouco antes de entregar Sua alma ao Pai, Jesus olhou para os pecadores ao pé de Sua cruz – ladrões, assassinos, jogadores, hipócritas, profanos, imorais, orgulhosos, invejosos, cobiçosos, glutões e preguiçosos, e disse: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). Naquele momento, o Cordeiro de Deus (para todos aqueles que assim o crêem) tirou os pecados do mundo. Por meio desse ato redentor, cabal e perfeito, Jesus Cristo abriu o carrinho para o céu.
A vida eterna está ao alcance de cada um e de todos. O Salvador está tão perto quanto a sua vontade que a Ele deve ser entregue; e também Ele está tão longe quanto você O queira afastar. O seu espírito obstinado, negligente e preguiçoso é o único grande elemento que pode impedir que Jesus entre em seu coração e o salve por toda a eternidade.

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