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domingo, 29 de dezembro de 2013

OS SETE PECADOS MORTAIS - N° 5 - GULA OU GLUTONARIA



BILLY GRAHAMA  

Conheço um homem que pesa aproximadamente 135 quilos. Come como ninguém. Certa vez almocei com ele e o vi comer uma torta de frango inteirinha. Quando lhe disse que seria bom que ele perdesse peso, deu uma estrondosa gargalhada e a seguir pôs mais uma rodela de manteiga sobre a sua fatia de pão torrado. Ele assim está cavando sua sepultura com a faca e o garfo. Esse homem está cometendo o pecado que a Bíblia chama de gula.
Nos últimos dias nos Estados Unidos da América do Norte está se elevando o padrão de vida. A maioria dos norte-americanos está vivendo cada vez com maior folga e mais alimentos para comer do que qualquer outro povo do mundo. Nisso tem resultado um materialismo horripilante e o culto do conforto que passo a passo vão tomando conta da grande nação. O comunismo, há poucos anos considerado como o nosso maior inimigo, fica aquém dessa "filosofia de prosperidade e abundância", a qual muito bem pode ser tida e havida como o inimigo público número um. Tal filosofia advoga a comodidade e a luxúria, e prega que o homem pode viver só de pão. O apetite se tornou uma finalidade, ou alvo, que tem por altar o balcão da mercearia ou das feiras livres. O credo deles é a abundância, e o conforto é o céu para eles. Em épocas de prosperidade econômica, há um grande perigo a rondar o povo – é o pecado de gratificarmos demasiado os nossos apetites carnais, caindo em desordenados comes e bebes e orgias.
A gula é um dos sete pecados mortais e os pais da Igreja Cristã a colocaram lado a lado com o orgulho, a inveja e a impureza. É pecado cometido por muitos de nós, mas mencionado por poucos. Entre os cristãos é um dos mais comuns. Muito embora nossas constituições e códigos penais não a condenem, a Bíblia a condena abertamente.
Muita gente positivamente gulosa mui de pronto condena outros por seus pecados. Pode descobrir prontamente um argueiro de impureza noutras pessoas, mas se mostra cega à trave que traz em seus olhos. A uma pessoa que empanturra e abarrota o seu corpo com desnecessárias iguarias é muito fácil olhar para um homem que bebe demais e dizer a ele como disse o fariseu de antanho: "Ó, Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda como este publicano" (Lucas 18:11). Ao homem que é escravo do seu estômago é fácil condenar o escravo das bebidas. Mas, aos olhos de Deus, pecado é sempre pecado.
A gula, o empanturramento e a indulgência própria são condenados com a mesma energia com que se detesta outros pecados mortais que infelicitam o homem. Em Filipenses 3:19, lemos: "Cujo fim é a perdição; cujo deus é o ventre; e cuja glória assenta no que é vergonhoso; os quais só cuidam das coisas terrenas." Aqui se identifica a gula com o materialismo, pois que "só cuidam das coisas terrenas".
A gula é pecado, primeiro: por ser a expressão física da filosofia materialista. Ela se ri da justa restrição, caçoa da temperança e da decência. Ela diz: "Comamos, bebamos e alegremo-nos, porque amanhã morreremos." Ela não dá lugar a Deus e desconsidera a eternidade. Vive para a hora que passa, e sua filosofia é esta: "Vivemos só uma vez, portanto, vivamos regaladamente."
Jesus nos deixou um exemplo clássico do homem que vive só para esta vida. Nos dias de sua prosperidade, tal homem dizia: "Derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens. E direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te" (Lucas12:18, 19). A filosofia desse homem diferia muito pouco da filosofia materialista dos homens de nossos dias – Aumentar... descansar... beber mais... comer mais... gozar ainda mais esta vida.
Ouvimos a pregação dessa filosofia através de nossos rádios e televisores, e isso quase ininterruptamente dia e noite. Frisa-se muito o conforto, a comodidade e satisfação de nossos apetites. Vemos isso em nossas revistas. Por todos os lados somos aconselhados a uma vida mais folgada, mais cômoda, com melhores comes e bebes – salientando-se as coisas materiais deste mundo. Esquece-se facilmente a temperança, a restrição e a disciplina própria, nessa louca corrida em pós da abundância e da comodidade. A nossa presente geração, inclinada para a filosofia materialista, em vão está tentando abrir caminho para a felicidade, em vão quer gozar da paz e em vão corre atrás da prosperidade, em vão busca abrir caminho para o céu.
E, como é fácil encher nestes dias, a nossa mente com asneiras e tolices, nossos estômagos com entulhos e porcarias, e assim prejudicar nossas almas! No livro de Deuteronômio 8:3, Deus diz: "O homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem."
A gula é perversão ou desvirtuamento do apetite, que é dom natural provindo do próprio Deus. Devemos ter em mente que o pecado nem sempre é transgressão aberta e flagrante. Não raro, ele é uma perversão ou distorção de apetites e desejos naturais e normais. O amor não poucas vezes degenera em concupiscência. O respeito próprio muitas vezes se perverte e acaba em ambição pagã e ímpia. Quando a fome normal, que é dada por Deus, toca as raias da anormalidade, a ponto de prejudicar o corpo, embrutecer a mente e enlouquecer a alma, torna-se isso grave pecado.
Em Provérbios 23:21 lemos: "Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem." A gratificação de nossos apetites carnais não deve ocupar o primeiro lugar em nossa vida. Jesus recomendou: "Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? ... Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mateus 6:31, 33).
Muitos têm esquecido o conselho de Jesus, e têm posto em primeiro lugar seus apetites carnais. Gastam seus dias e sua vida correndo atrás de coisas materiais, e deixando Cristo de lado. Depois, nos últimos dias, apressados e intimidados, clamam: "Ò Deus, sê propício a mim." Agora, pergunto: "É proceder inteligente e limpo aguardar o último instante para resolver o problema mais urgente desta vida, que é o de pôr em ordem as nossas contas para com Deus?! É claro que isso é grave e perigoso erro, e duvido muito da genuinidade desses arrependimentos de última hora, em face da morte. Deus pode dar ao homem o dom do arrependimento, mesmo quando ele se acha no leito de morte, caso nunca ele tenha tido essa oportunidade, ou nunca tenha ouvido falar do Seu plano de salvação. Mas, quando se trata duma pessoa que deliberadamente tem rejeitado a Cristo e permanecido em seus pecados, há poucas esperanças de poder ela encontrar paz com Deus nas últimas horas. A Bíblia nos avisa que há um dia em que você procurará a Deus, mas não mais O encontrará, em que você clamará a Ele mas Ele não mais o ouvirá.
Muita gente não considera a gula como um pecado vicioso, mas sabemos que do início ao fim a Bíblia o detesta e condena. Quando nos pomos à mesa e agimos desbragadamente, sem nos conter, estamos, abrindo caminho não só para o túmulo, mas também para o inferno e a destruição. Por certo, a gula não consiste apenas em se comer demasiado. Pode ser o pecado de beber, de dissipar, de ficar até madrugada em prazeres e diversões, perdendo-se tempo sem necessidade para satisfazer ambições, cobiça e concupiscência. A gula pode também ser praticada e cultuada por casais que não se moderam, nem são temperantes em suas relações sexuais. Quando abusam, o resultado é certo: sofrem seus corpos, mentes e almas. A Bíblia nos recomenda que em tudo sejamos temperantes, comedidos e que nunca abusemos de qualquer privilégio ou dom, ou poder, que Deus nos tenha concedido.
A gula é a síntese ou o substrato do egoísmo humano. Ela deverá ser julgada como os demais pecados mortais. Em Amós 6:4, Deus diz : "Ai de vós. . . que dormis em camas de marfim, e vos estendeis sobre os vossos leitos, e comeis os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio da manada.., que bebeis vinho em taças, e vos ungis com o mais excelente óleo..."
Três quintos da humanidade vivem em sordidez, miséria e fome. Por muitos e muitos anos, um número pequeno de privilegiados têm ignorado e explorado milhões de semelhantes seus, que vivem subnutridos e subdesenvolvidos. E o nosso egoísmo nos escraviza, por fim, também a nós. Se não agirmos de pronto, se não repartirmos com os necessitados e não fizermos alguma coisa para socorrer esse grande exército de semelhantes nossos que geme na miséria e privação, Deus nos julgará.
O comunismo, com seus crescentes milhões de adeptos, promete ajudar os necessitados deste mundo. Se os cristãos não renunciarem a tempo o seu egoísmo e desinteresse pelos necessitados, e não correrem a ajudar os povos que, aos milhões, estão perecendo nas garras da fome, tais povos se voltarão para quem mais lhes prometa, isto é, para o comunismo.
Muito embora a nossa era seja de prosperidade, vemos por aí inúmeras e chocantes provas de egoísmo e cobiça desordenada. É certo que Deus nos permitiu toda essa prosperidade para que pudéssemos socorrer a tempo os necessitados e sofredores e para que, por esse meio, com nosso amor e compaixão por eles, também pudéssemos afastá-los do perigo comunista. Na sua Primeira Carta, que fala por si, o apóstolo João (I João 3:17) nos pergunta: "Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?"
Somos chamados a dar testemunho de Cristo não só com nossos lábios, mas também com nossas mãos – com mãos que alimentam o faminto, que vestem o nu e matam a sede ao sedento. I João 3:18, lemos isto: "Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." Que vergonha, sim, que vergonha, quando, nesta hora em que milhões pendem entre o amor de Cristo e as garras do materialismo, nós, cristãos, estejamos entregues à gula, ao empanturramento e à bebedeira,! Que Deus nos desperte desse pecaminoso estupor antes que seja muito tarde!
A gula é pecaminosa porque conspurca o corpo que é o templo do Espírito Santo. Deus nos deu um corpo não para ser objeto de abuso e dissipação, mas para por ele glorificarmos a Deus, tornando-se ele a habitação do Seu Espírito. Em I Coríntios 6:19 e 20, diz a Bíblia: "Ou, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo." Qualquer pecado é pecado contra Deus, porque ele nos criou e somos obra de Suas mãos.
Os romanos, antes da queda de Roma, entregavam-se aos três maiores pecados: à gula, à bebedeira e à imoralidade. Cavaram suas sepulturas com seus próprios dentes, mataram-se com sua ilícita indulgência e se embalsamaram com suas libações alcoólicas. Diz-se que em seus suntuosos banquetes era comum verem-se comensais correr até às janelas para vomitar e regressarem à mesa para encher de novo o estômago! Nenhum indivíduo, ou nação, ou raça que se entregue à glutonaria, à embriaguez e à dissipação pode contar com o agrado e a bênção de Deus. O império romano desmoronou pelo fato de abarrotar e empanzinar seu corpo e matar à fome sua alma. Milhões de indivíduos de apetites descomedidos e de almas glutonas, como animais estúpidos em louca abundância, deixam de lado a razão e o comedimento e passam a comer até morrer. O apóstolo Paulo em I Timóteo 5:6, declara que "a que se entrega aos prazeres, mesmo viva, está morta." Uma vida descontrolada, uma vez que deixa a Deus fora de cena, inevitavelmente leva ao suicídio espiritual.
O fato de numa época grandemente próspera os nossos psiquiatras, conselheiros e pastores se atarefarem dia e noite por aliviar os padecentes de distúrbios mentais e espirituais prova à sociedade que atingimos apreciável prosperidade econômica, mas que estamos definhando espiritualmente. Indubitavelmente temos prosperado muito mais nas coisas materiais do que nas espirituais.
Dois aspectos de nossa natureza chamam energicamente a nossa atenção. O corpo exige alimento, água e ar e não é pecado satisfazer tais exigências. É pecado correr atrás dos apetites carnais, excluindo ou negligenciando as necessidades espirituais, e assim nos tornamos culpados do pecado de glutonaria.
O filho pródigo é exemplo clássico desse erro humano, assaz comum. Ele foi presa fácil do materialismo. O resultado final daquele materialismo pagão encontramos nestas palavras: "Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade." (Lucas 15:14). O materialismo suga-se a si mesmo – e assim também acontece com a gula, o orgulho e a impureza. Nunca se dão por satisfeitos, e jamais satisfazem, porque se inclinam unicamente para um setor de nossa natureza. A alma humana só em Deus acha sustento e descanso.
Os ladrões crucificados com Cristo no Calvário representavam tudo quanto há de pecaminoso e condenável na humanidade. Tinham vivido egoisticamente, de maneira condenável e reprovável. Um daqueles dois, porém, se arrependeu e confessou ao Senhor Jesus os seus erros e pecados, e, cheio de fé, voltou-se para Jesus, dizendo: "Jesus, lembra-Te de mim." Cristo, sempre pronto a salvar, mesmo em meio de Suas lancinantes dores, deu-lhe a certeza da salvação, respondendo ao ladrão contrito: "Hoje estarás comigo no Paraíso (Lucas 23:42 e 43).
Milhares e milhões de pessoas têm  vivido egoisticamente, sem Deus e sem fé, e estão fazendo ingentes esforços para apagar o passado e modificar o futuro curso de suas vidas. Podem, pelo arrependimento de seus pecados e pela fé, se chegar à cruz de Cristo e recebê-Lo como seu Senhor e Salvador. Jesus lhes perdoará o negro passado, e lhes dará o poder de autodisciplina, temperança e comedimento para o futuro.
Certa mulher que me telefonou durante uma de nossas cruzadas, disse: "Tenho um pecado que me aguilhoa dia e noite. Não posso obter vitória, conquanto haja tentado milhares de vezes. O meu pecado é a gula." Era a primeira vez que alguém me confessava o pecado da gula. Muitas e muitas pessoas, rindo-se, me haviam contado que estavam "superalientadas" ou estufadas de tanto comer e beber, mas poucos indivíduos consideram isso um pecado. Não obstante, a Bíblia é perfeitamente clara, positiva e específica, ao asseverar que a gula é um dos piores pecados, e a Igreja Cristã diz que ela é um dos sete pecados mortais.
Pois, aquela mulher se chegou à cruz de Cristo e achou perdão para os seus pecados do passado, e, com a graça de Cristo, venceu a glutonaria.

Você também, prezado leitor, pode receber a Cristo em sua vida, e Ele o transformará, e lhe dará aquele poder que você não tem, e o ajudará a vencer os pecados da intemperança, da gula, e do descomedimento. Jesus lhe pode conceder vitória completa e permanente.

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