BILLY GRAHAM
O pecado da
impureza a princípio não parece tão hediondo e venenoso. Aparece ele disfarçado
em beleza, simetria e desejabilidade. Não há nada repulsivo a seu respeito.
Satã enroupa a sua deusa da luxúria como se fosse um anjo de amor, e a sua
aparência tem iludido os homens mais fortes do mundo. O racionalista diz
"Afinal, não passa dum instinto mui natural, pois foi Deus quem no-lo
deu."
Mas, ouçamos o
que a Bíblia nos diz em Provérbios 6:32 e 33: "O que adultera com uma
mulher é falto de entendimento; destrói a sua alma o que tal faz. Achará
castigo e vilipêndio, e o seu opróbrio nunca se apagará."
Deus abomina o
pecado da impureza. Ela tem levado à ruína impérios e raças. Ontem e hoje vem
ela destruindo a santidade do lar. Ela trabalha contra a saúde e o
desenvolvimento da personalidade, e tem levado milhares à impotência
espiritual. Leva milhares ao tribunal do divórcio; milhões de inocentes
crianças ela deixa sem lar e leva ao naufrágio a esperança, duma manhã ridente,
de muitos jovens.
A impureza é um
dos pecados mais revoltantes porque enleia, torce e conspurca um dos mais
preciosos dons que Deus concedeu ao homem – o amor – rebaixando-se ao nível
bestial. Não obstante, a sua hediondez é, das artimanhas de Satã, a mais comum,
a mais disseminada. Os seus sonidos estridentes e roufenhos chegam a nossos
ouvidos quase que o dia todo, na forma de histórias picantes e pornográficas,
de comentários sujos e de deslavada vulgaridade. Ela chama a nossa atenção
através das páginas de nossos jornais e revistas, da televisão e das peças
teatrais nem sempre limpas e decentes.
A impureza tem,
é certo, um melhor corretor de propaganda do que a pureza. Em geral o povo
considera a pureza como coisa delambida, tendo-se a impureza na conta de
requinte e elegância. Essa é a maior "lista de mercadorias" que o
diabo já apresentou à raça humana. Vendendo-se sexo por atacado, explora-se a
excitação momentânea, mas as conseqüências do vicioso pecado são funestas. Satã
nunca fala no remorso, na futilidade, na desolação e nem na ruína espiritual
que andam de mãos dadas com a imoralidade. Nem tampouco fala ele nos lares
desfeitos, nas vidas amarguradas e perdidas, nos cérebros que degradam e nos
corpos que enfermam por causa do comportamento impuro e descontrolado.
Pergunte-se às
"shadow girls"
de Londres, às "B girls"
de Nova Orleans ou às
prostitutas comuns de Tóquio se vale a pena viver na impureza. Pergunte-se à
mulher tantas vezes divorciada, cujo nome aparece diariamente em nossos
jornais, se as trocas de companheiro lhe trouxeram qualquer mudança de coração
ou paz íntima. Os jornais publicaram a história duma famosa mulher
norte-americana que se casara quatro vezes, e diziam: "Ela se mostra
ansiosa e conturbada, cansada e envelhecida." Anotava-se que o brilho
radiante de outrora desaparecera do rosto dela, e parecia enfastiada e
descontente com a vida. Todo o artificialismo de sua face e aparência exterior
era como um símbolo de sua decepção e vacuidade interior.
Pergunte-se aos
incuráveis de nossos hospitais e sanatórios, os quais estão pagando caro no
corpo o pecado da quebra do sétimo mandamento ("Não adulterarás"), se
o pecado traz felicidade. À medida que vêem passar as horas e à medida que a
loucura de sua mocidade se avantaja, suas vozes dizem eloqüentemente que
"o salário do pecado é a morte" (Romanos 6;23).
O pecado da
imoralidade é uma das mais afiadas armas do inferno para a destruição das
almas, e Satã a tem usado eficientemente desde a aurora da criação até o dia de
hoje. Esse pecado parece que nunca perde o caráter sutil do seu ataque inicial
e nem o caráter destruidor de seu resultado final. Sua beleza perde unicamente
para a sua natureza mortífera.
Notável
escritora norte-americana escreveu um artigo com este título – "Estou Enojada
do Sexo" – e com isso queria significar que se sentia mal ao ver isso por
toda a parte. E dizia então: "Corro os olhos por uma banca de jornais e
revistas, ou fixo-os numa televisão, ali está o assunto do sexo." Ao que
parece milhões de norte-americanos discordam dessa escritora.
Certo editor de revistas me
disse que para vender bem tais publicações tinha que colocar na capa de
frente algo referente a sexo. Em minha opinião este é provavelmente o maior
pecado dos Estados Unidos da América do Norte. Ele tem prejudicado e envenenado
tanto a sua juventude ao ponto de uma recente estatística confirmar que, em
cada dezena de moças, seis tiveram relações sexuais ao atingirem a idade de
vinte e um anos.
Nos últimos
anos se nos tem dito que a moral é relativa e não absoluta. O humanismo e o
behaviorismo riem dos Dez Mandamentos e da idéia de Deus. Ensina-se por aí que
o homem é mero animal, e que os jovens devem dar asas a seus sentimentos e
paixões. Aos nossos ginasianos e acadêmicos se ensina que aquilo que a geração
puritana de ontem condenava já não deve ser levado a sério nos dias atuais. O
pecado escarlate agora toma cores róseas, e se caçoa do moço e da moça que
buscam uma vida pura e limpa. Deles se riem até algumas das nossas autoridades
educacionais! Não admira, pois, que nossas pátrias (os Estados Unidos da
América do Norte e as nações latino-americanas) se vejam hoje engolfadas nessa
imoral patuscada que está a ameaçar a estrutura de nossa sociedade!
Há três fatos
relacionados com a impureza que desejo anotar aqui. Primeiro: o pecado da
impureza marca o indivíduo. Nos tristes dias da escravidão, identificava-se o
escravo pelas marcas do seu senhor. Quando os homens se deixam dominar pelo
pecado, as marcas dele se apresentam nítidas nos escravos do pecado. Assim,
olhos vermelhos e bochechas inchadas marcam os alcoólatras; os tiques nervosos
marcam as vítimas de entorpecentes; o olhar lascivo denota o impuro de coração
e pensamentos; o olhar sobranceiro indica o orgulhoso. São marcas indeléveis de
suas perversões íntimas.
A imoralidade,
que é o pecado da perversão e imoderação, tem uma maneira especial de revelar
aqueles que a abrigam em seu íntimo. O olhar astuto e matreiro e ligeiro, o
corar do embaraçamento e a olhadela furtiva – eis as marcas da pessoa impura.
São os sinais externos da impureza que lavra no íntimo do indivíduo.
As marcas
exteriores, porém, são bem mais leves, comparadas com as manchas que a impureza
ocasiona à personalidade e à alma humanas. Complexos de culpa e consciências
amortecidas e más se moldam no fogo da licenciosidade. Da prática desordenada
da impureza nascem e crescem fobias que chegam a alarmar até mesmo os nossos
mais abalizados psiquiatras.
Mas, pior que
tudo: a impureza macula nossas almas. A Bíblia diz em Gálatas 5:19: "Ora,
as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a
lascívia." E diz ainda a Bíblia que o pecado da impureza é resultado da
falácia do pecado. Ela nos diz que "não há quem faça o bem, não há sequer
um" (Salmo 14:3), e diz ainda que toda a raça humana padece da doença
chamada pecado. E diz também que os culpados do pecado da impureza não poderão
herdar o reino de Deus. Jesus interpretou o Sétimo Mandamento, que diz:
"Não adulterarás" quando disse: "Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar
para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração adulterou com ela"
(Mateus 5:28). Jesus asseverou que a pessoa pode tornar-se culpada deste
pecado tanto por palavra como por pensamento e por ação. Milhões há hoje
inteiramente culpados, e cujas almas estão amarguradas e estragadas pelo pecado
da impureza, estando separados de Deus por causa desse pecado que os domina e
escraviza.
Vemos ainda que
a impureza zomba do indivíduo e o engana descaradamente. O apóstolo Paulo,
escrevendo a Tito, revela que ele mesmo conhecera a falácia da impureza, antes
de se entregar a Jesus Cristo. Em Tito 3:3 ele diz: "Porque também nós
éramos outrora insensatos, desobedientes, extraviados, servindo à várias
paixões e deleites. . . "
A impureza tem
enganado reis, profetas, sábios e santos. Nunca pense, prezado leitor, nem
sequer por um momento, que você está imunizado contra a praga da impureza! Até
o grande sábio Salomão, de experiência própria, disse: "Os loucos zombam
do pecado" (Prov. 14:9).
Muita gente
subestima o poder da impureza. Sansão brincou com a impureza, fez dela uma
espécie de esporte, pensando que podia controlá-la, mas acabou sendo dominado
por ela, pois a impureza lhe arruinou completamente a vida. Davi, eleito de
Deus, também se deixou levar pelo engano da impureza, e, num momento de
fraqueza, foi subjugado pelos ruinosos poderes dela – e teve anos tristes e
dolorosos em sua vida quando se voltou para Deus, na subida da ladeira do
arrependimento. Muitos lares têm sido dissolvidos num ligeiro momento de
fraqueza, reinos se têm perdido por causa dum prazer transitório, e a herança
eterna muitos a têm perdido por uma hora de divertimento infernal.
A impureza
zomba daquelas pessoas que a abrigam em seu íntimo, Ela zomba quando chega o
tempo de sua colheita. Em Gálatas 6:7 e 8, o apóstolo Paulo diz: "Não vos
enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso
também ceifará. Porque quem semeia na sua carne, da carne ceifará a
corrução..."
A impureza, uma
vez atendida e praticada, traz o remorso. Algumas das pessoas mais miseráveis
que conheci são essas que vivem com sua consciência a remorder, à lembrança de
anos e anos de vacuidade e esbanjamento, gastos na prática da impureza. Deus
está pronto a perdoá-las; no entanto, elas não desejam nem querem perdoar-se a
si mesmas. A magnitude de seus pecados cresce de ano para ano, e lhes traz a
colheita de tristezas, desilusões e remorso. Semearam na carne, e dela
obtiveram a corrução. A impureza agora zomba delas, obceca-as e as
ridiculariza, Como qualquer outra artimanha ou ardil de Satã, esvaziou-as de
tudo quanto é bom e as deixou entregues ao nada a que se reduziram. O Diabo
sempre ganha muito e muito na barganha!
A impureza
também escraviza. A Bíblia diz em Romanos 6:16: "Não sabeis que daquele a
quem vos apresentardes como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a
quem obedeceis?" Muita gente é hoje dominada pela impureza pelo fato de se
ter entregue a ela.
Certo médico de
Londres aceitou a Cristo por ocasião da nossa primeira Grande Cruzada de
Londres. Antes de sua conversão, entregara-se a paixões animalescas, e tivera
vida inteiramente dedicada à impureza, Seu gabinete de leitura fervilhava de
literatura e fotos imorais e francamente lascivos. Convertendo-se, e tendo o
pensamento agora purificado pela presença de Cristo em sua vida, já não mais
suportava aquela literatura e fotos, Que fez, então? Um belo dia reuniu tudo
aquilo, foi até uma ponte e atirou tudo ao rio Tâmisa. Tendo passado pelo novo
nascimento, entregou-se inteiramente ao novo Senhor – Jesus Cristo. Tornou-se
um dos leigos mais ativos da cidade de Londres, e agora todo o mundo o
respeita.
Milhões de
indivíduos estão presos às gargalheiras da impureza e da imoralidade. Pelo fato
de terem obedecido e cedido ao pecado, ele é agora o senhor de suas vidas.
"... todo aquele que comete pecado é escravo do pecado" – diz Jesus
em João 8:34. Sabem que aquilo que estão fazendo é mau, mas se sentem incapazes de romper com a
impureza. O pecado deles já não lhes agrada tanto, mas estão
escravizados a ele. É o senhor, o patrão deles! Antes gostavam do pecado; agora
o detestam, mas estão escravizados por ele!
Haverá
esperança para quem está agrilhoado ao pecado? Sim, é certo que há. Maria
Madalena, a mulher do poço de Jacó, bem como a mulher apanhada em adultério,
podem cantar em coro:
Há uma fonte, cheia, sim, do sangue
Vertido pelo nosso Emanuel;
E nela os pecadores podem, todos,
Banhar-se e ver-se livres dos
pecados.
Há, sim, um sangue que cura o pecado
escarlate.
Quando os
fariseus trouxeram à presença de Jesus a mulher adúltera, exigiam que se lhe
tirasse a vida por apedrejamento. Jesus, inclinando-se, começou a escrever na
terra com o dedo. O que Jesus então escreveu (podia bem ter sido os Dez Mandamentos)
fez com que os acusadores fossem saindo um a um. E Jesus ficou só com a mulher,
e daí lhe perguntou: "Ninguém te condenou?" E ela disse:
"Ninguém, Senhor." Jesus então lhe disse: "Nem eu te condeno.
Vai-te e não peques mais" (João 8:3-11). Essa mulher impura é o símbolo de
todos quantos se deixam prender pelos grilhões da impureza. Pecara, é verdade;
mas "todos pecaram, e foram destituídos da glória de Deus" (Romanos
3:23).
Para com o
pecado Cristo tem só uma atitude. Ele não o suporta e nem o condena: perdoa-o.
Em João 3:17 lemos que Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para julgá-lo ou
condená-lo, e sim "para salvá-lo". Quando Cristo morreu na cruz,
morreu tanto pelo pecado da impureza como por quaisquer outros pecados. É certo
que a impureza é apenas um sintoma do pecado original, do pecado em que Davi
disse ter nascido e ter sido formado. Toda pessoa que nasce de mulher nasce
pecadora. Só há um lugar onde podemos alcançar perdão: ao pé da cruz de Cristo,
quando para lá nos dirigimos tangidos pelo arrependimento e pela fé, para
receber a Cristo como o nosso Salvador pessoal. É somente baseado na morte de
Seu Filho que Deus pode perdoar o pecado.
Se você, amigo
leitor, entregar sua vida a Jesus, Deus perdoará todos os pecados que você haja
cometido. Ele até Se esquecerá de que você pecou. Você será justificado diante
dEle e purificado de toda a impureza. E não só isso: Ele também lhe concederá
vitória sobre o pecado. Jesus disse à mulher, adúltera – "Vai-te e não
peques mais." Milhares costumam dizer: "Já tentei milhares de vezes,
mas nada tenho conseguido." Sim, mas Jesus deu esperança àquela mulher, de
que ela alcançaria vitória sobre o pecado. Jesus nunca aconselhou a alguém que
fizesse uma coisa para a qual não lhe desse o necessário poder.
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